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BOLT BRASILEIRO COM CHEIRO DE GOL

Um grande contador de causos, o Toninho. Sua convivência com os pescadores de Governador Celso Ramos, sua cidade natal, localizada na Grande Florianópolis, de onde saiu para a capital catarinense com apenas dois anos de idade, pode ter aguçado esse lado naquele que se destacou em meio a tantos Toninhos que o Brasil já teve em seus campos de futebol. Hoje, vivendo mais na casa de praia do que em sua residência em Floripa, foi lá que ele relembrou para nós as muitas histórias que viveu dentro e fora das quatro linhas. Quase sempre com riqueza de detalhes.


Ex-velocista no Exército, Toninho partiu como um coelhinho de desenho animado (salve Nelson!) para as áreas adversárias com a gana do gol. E fez muitos, primeiramente por Avaí e Figueirense, troca que mexeu muito com as duas torcidas rivais de Santa Catarina nos anos 70. Porém, quando fez dois gols pelo Gigante do Estreito num empate com o Palmeiras no antigo Parque Antarctica, de posse de seu passe, zarpou para o Verdão. E se consagrou ao lado de Jorge Mendonça, Ademir da Guia, Edu Bala e Nei para citar apenas o esquadrão ofensivo daquele time que deu o último suspiro de glórias da Academia, em 1976. Depois veio um longo jejum de títulos (até 1992), mas Toninho só ficou até 79, sendo vice brasileiro em 78, perdendo na final para o Guarani do seu amigo Zenon, no mesmo ano em que imaginava que pudesse vestir a camisa da seleção numa Copa do Mundo.

Foi para o Cruzeiro acreditando que teria somente bons momentos com os craques da Toca da Raposa, mas Nelinho o desanimou logo de cara, os salários viviam atrasados e muita gente boa já estava começando a sair do clube azul. Deixou lá sua marca e foi para o Corinthians, logo o maior rival do Palmeiras, bem no nascedouro da Democracia em Preto e Branco (salve Asbeg!), e não se furtou a fazer uma crítica ao regime: treinava-se pouco. Foi para o Chile de Pinochet e disse ter boas lembranças, apesar da ditadura de lá e dos terremotos. Voltou para o Brasil ainda no início dos anos 80 e após passar por Ponte Preta, Avaí, entre outros clubes, encerrou a carreira, mas não fechou o baú de ótimas memórias.

Um lado muito curioso e saudável demonstrado por Toninho neste descontraído bate-papo foi a capacidade de auto-ironia. Ele não evitou contar histórias em que ele mesmo se deu mal e revelou que faz isso para se antecipar às pilhérias e enfraquecê-las. Até nisso ele ainda é veloz para continuar marcando seus gols na vida. Literalmente, inclusive, pois aos 67 anos, completados três dias após a nossa conversa, exibe ótima forma física de quem continua disputando suas peladas com afinco.