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teste de fogo

texto: Sergio Pugliese | vídeo: Simone Marinho | fotos: Marcelo Tabach 

 

Sabe aquelas notícias malas que, além do susto, nos fazem pensar se os exames médicos estão em dia? A do camarada Fábio Varsano foi uma dessas. De cara, lembrei dele, moleque, na sala de escuta do Jornal do Brasil monitorando os movimentos da Polícia Militar, Civil, Bombeiros, cemitérios, Instituto Médico Legal, Defesa Civil e acompanhando os noticiários de rádio e tevê. Eu chefiava a reportagem e quando ele estava ali, enclausurado naquele cubículo, eu relaxava, pois dificilmente seria surpreendido pela concorrência. Caxias, ligado, esperto, competente, “levar furo” não fazia parte de seu dicionário. Depois, libertou-se da saleta, deslanchou e brilhou na redação!

– Parece que está no CTI!!! – ouvi alguém dizer, na outra ponta da mesa, num boteco, habitat natural dos jornalistas.

O problema é que jornalista tem o grave problema de aumentar, acrescentar o seu molhinho na história, e temi que quando chegasse na ponta onde eu estava já fosse tarde demais, missa de sétimo dia, essas coisas. A verdade é que todos tínhamos levado furo e o Fábio acabara de postar uma mensagem no Facebook tranquilizando sua legião de fãs e contando o passo a passo do drama vivido. 

– Ele está bem!!! Vamos brindar!!!! – sugeriu Moreira, seguido por Ahmed, Aquino, Octávio, velhos companheiros de guerra.

Em casa, ainda inspirado pelo excesso de geladas, pensei numa homenagem inusitada ao antigo parceiro de redação, após ler esse trecho de seu relato: “Eu sofrera uma parada cardíaca e tive que ser levado às pressas para outro andar, o da neurologia, onde usaram um desfibrilador para me reanimar. Colocaram tubos pela minha garganta e, sedado, fui para a cirurgia. Agora com quatro ‘stents’ ao lado do coração, sei que é preciso cuidar muito bem deles. Por isso, eles já foram batizados de Zico, Júnior, Andrade e Adílio, pois, afinal, só me deram alegrias”.  Que tal um encontro entre os homenageados e o rubro-negro “de coração”?

 – Só se for agora!!! – gritou, em coro, a equipe do Museu da Pelada.

 

A primeira medida seria combinar a visita-surpresa com Flávia Ribeiro, mulher de Varsano e jornalista top de linha. Autorizada!!! Em seguida, convencer os craques. Para isso, entramos em contato com o dentista-peladeiro Lulinha, queridíssimo das estrelas da Gávea. Marrento, pediu apenas alguns minutos. Adílio e Andrade toparam!!!! Zico, na Índia, e Junior, não localizado, quem sabe topem um futuro encontro?

– Já tinham batizado criança com o meu nome, cachorro, mas stent nunca imaginei – divertia-se Adílio, no táxi, a caminho de Laranjeiras.

Laranjeiras??? Mas Fábio não é rubro-negro? Sim, sim, mas por conta da comodidade até dá suas braçadas no Fluminense. E foi justamente nadando que sentiu o desconforto no peito, que mais tarde culminaria num infarto agudo. Os amigos mais próximos já sugeriram a transferência do título de sócio para a Gávea. Ele está avaliando. O interfone toca!!!! Estão achando que seria surpresa, né? Não, o jornalista farejou pegadinha quando a mulher disse que o Museu da Pelada gostaria de entrevistá-lo sobre o nome dos quatro stents. Muiiiitooo estranho, achou. Pressionada, soltou uma gargalhada e confessou. Mas qual fã não gostaria de receber a visita de dois ídolos de infância?

– Adílio, Andrade!!!! Podem entrar!!!

Quantas vezes aquela dupla fez o coração de Varsano explodir de alegria? Adílio marcando o gol do Mundial em Tóquio!!! Andrade emplacando o sexto gol na histórica vitória do Mengão de 6 a 0 no Botafogo!!! Adílio emocionou-se. É gratificante ser homenageado tantos anos após ter pendurado as chuteiras. Andrade também tremeu o queixo ao lembrar-se da bactéria que quase o matou após uma cirurgia no joelho. A videomaker sugeriu uma rodinha com os três trocando passes na sala. Claro!!! Apareceu uma bola!!! Flavinha afastou os copos da mesa. Toca daqui, toca dali até que Adílio fingiu passar a bola para Varsano, mas a trouxe de volta com o bico do tênis: “aí é sacanagem comigo”, reclamou o fã, que só presenciara essas molecagens das arquibancadas. Abraçaram-se para a foto histórica, vivos, realizados, corações rubro-negros pulsando fortes!  

 

 Fabio com o pai Claudio e o irmão Daniel

De pai para filho: Fabio com o filho Pedro, em campo, no Maracanã

De geração para geração: Claudio, Fabio, Pedro e Daniel Varsano