por Zé Roberto Padilha
O Fluminense, que fez uma grande partida, deixou escapar a vitória porque seu treinador, para não fugir à regra de complicar o que está fácil, quando seus goleiros e zagueiros precisam sair jogando sem ter qualidade para isso, improvisa Yago Felipe na lateral esquerda.
E deixa de fora os três especialistas que o clube colocou à sua disposição: Marlon, Pineida e Chris. Fernando Diniz é um grande treinador. E um péssimo cientista.
Como se fosse fácil um meia, que nunca havia atuado por ali, sem uma cobertura treinada para dar segurança às suas subidas, enfrentar o lado mais poderoso do Flamengo.
Naquele setor, esse monstro chamado Éverton Ribeiro consegue, com sua habilidade, organizar uma série de jogadas com seus laterais que desmontam qualquer defesa organizada. Imaginem diante de uma improvisada.
Enquanto aquele toque de bola desumano chama a atenção da zaga, e a confunde, quando alcançam a linha de fundo a bola é enviada para o setor que melhor define as jogadas. Fecha o Bruno Henrique. E surge o Arrascaeta. E, ontem, foi a vez do Andreas aparecer e decidir nessa brecha.
Quando fui para o Flamengo, trocado pelo Doval, Toninho Baiano foi também. Era lateral direito da seleção brasileira. E Junior, o lateral direito titular rubro-negro. Aí nosso treinador, Carlos Froner, disse ao nosso Maestro, um solista à época: melhor você tentar a lateral esquerda.
Junior disse que nunca havia atuado ali. Froner explicou que eu, que corria muito, ajudaria na marcação e seu potencial ofensivo era superior ao meu. Era tentar ou sentar no banco de reservas.
E foi com muito treino, jogos amistosos, posicionamentos e coberturas treinadas à exaustão com o Jaime de Almeida e o Dequinha, que ele se adaptou à nova função.
Será que deu certo?
Coitado do Yago, nem pelas divisões de base passou para aprender, na cartilha do prézinho do Professor Pinheiro, que primeiro o lateral marca. Depois realiza as coberturas e só depois apoia o ataque.
Os dois gols do Flamengo surgiram nas costas e nas indecisões do lado esquerdo tricolor. E não será desprezando lições do passado que Fernando Diniz vai nos apresentar o seu futebol do futuro.