por Zé Roberto Padilha
Tudo é muito rápido para a Geração Vizeu. Mal disputou uma Taça São Paulo de Juniores, são alçados à equipe profissional. Campeões Carioca Sub-20, vão direto para a seleção. Não tem o salário reajustado como todo trabalhador em ascensão na sua empresa. São triplicados antes mesmo da estreia. Tão carente anda o futebol de artilheiros, que basta marcar dois gols no estadual, um deles contra o Voltaço, que já vem proposta da Europa. Seu companheiro que deu um drible diferente ao seu lado, mesmo sem completar 18 anos, já vai jogar no Real Madrid.
Não é fácil para a Geração Vizeu cultuar o respeito, exercitar hierarquia sem queimar etapas na vida. Seja em casa, na escola, no futebol. Como uma manga embrulhada em um jornal, uma banana acondicionada em câmara de gás, não há tempo para o amadurecimento adolescente. O bom dia, benção meu pai, obrigado, sim senhor, o carinho com os cabelos brancos que, mesmo desnudando quilômetros percorridos, são ultrapassados pela velocidade do primeiro carro. Antes era um fusca. Hoje, o primeiro já é um Jeep. E o respeito vai ficando para trás.
Se Zico levantasse um dedo daqueles para o Liminha seria suspenso dos treinos. E afastado do time. Mas Zico passou pelo Chevette, teve carteira assinada, reajustes anuais, lições diárias do Seu Bria e respondia aos conselhos dos mais velhos com um aparelho que falava e ouvia.
Já o WhatsApp da Geração Vizeu não escuta ninguém. São tão rápidas as reações que não há tempo para reflexões. Mas tem jogo quarta, é o que mais importa. E como os interesses estão à frente da formação, feitas as pazes com o Rodolpho frente às câmeras. Sem freios, limites ou punições, estes meninos vão continuar erguendo os dedos, perdendo a cabeça e se arrependendo depois. Pode ser tarde. E valer mais do que uma efêmera Copa Sul Americana na vida de um cidadão que vai seguir em frente quando Felipe Vizeu parar de jogar. E de fazer malcriação.