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Zagueiro Bravo

ZAGUEIRO BRAVO

por Victor Kingma, de Minas Gerais

Naquela decisão da Liga Mantiqueirense, no interior mineiro, o time de Mantiqueira precisava vencer para chegar ao título. Precavido e temendo alguma surpresa, o presidente do clube, “Coronel” Neca Pereira, escolheu a dedo o juiz e os bandeirinhas e reservou para os visitantes o vestiário ao lado do curral de sua fazenda, onde ficava o campo.

Sabendo que o adversário usaria sua tradicional camisa vermelha, mandou prender, em local bem próximo à passagem dos jogadores, um feroz touro chamado Bravo, o terror das touradas da roça.

Logo ao pisar no gramado, os visitantes receberam as boas-vindas do animal, que avançava ferozmente contra a tela de proteção, tentando chifrar aquelas camisas encarnadas.

E assim continuou durante toda a partida. Sempre que alguém de vermelho se aproximava da lateral, lá vinha a besta fera, bufando e chifrando o alambrado que separava o estábulo das quatro linhas.

Intimidado, o adversário parecia presa fácil. Aos 15 minutos, já perdia por 1×0. O jogo, porém, foi se arrastando, sem outros gols. Aos 44 do segundo tempo, um cochilo do time da casa e, em um contra-ataque, o ponta inimigo driblou dois e chutou: gol! Empatada a partida! Resultado que dava o título aos visitantes.

Pressionado pelo poderoso cartola, o árbitro ainda deu dez minutos de acréscimo, mas o gol não saía. Então, chegou à beira do gramado e avisou:

– Coronel, tenho que acabar o jogo! Seu time está perdido e não fará gol nunca…


Charge de Eklisleno Ximenes

Atarantado, o coronel vira-se para o técnico e ordena:

– Esse título eu não perco. Vamos melar o jogo!

– Mas, melar como? – espantou-se o treinador…

E o coronel taxativo:

– SOLTA O BRAVO!!!