Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Wendell Pivetta

O QUE TE LEVA A SE PREJUDICAR?

por Wendell Pivetta


Tenho uma curta experiência até aqui nos dias de futebol, uma longa jornada ainda para trilhar, porém identifico cada vez mais situações assombrosas no futebol moderno. Uma delas aconteceu em uma partida válida pela Liga Unificada de Futsal no Rio Grande do Sul.

Seria a minha primeira partida assumindo o microfone principal da jornada, saindo da fotografia e das atividades de comentarista para elevar a voz diante da emoção maior do esporte. Junto da equipe de reportagem, adentramos ao Ginásio Municipal, descarregamos os equipamentos para transmissão de voz e vídeo da partida, montamos o equipamento e a pedido da arbitragem da noite, saímos para fora do ginásio para medição da temperatura corporal, tendo em vista a pandemia do COVID-19 e seus protocolos.

A temperatura estava ok, dentro dos conformes exigidos. Porém na lista nossos nomes estavam com um sinal de exclamação impedindo o acesso para transmitir a partida. No ato ficamos decepcionados. Estávamos regularizados no sistema da liga, e em um teste falho quanto ao COVID-19, a liga colocava em uma planilha questões relacionadas sobre se eu estava ou não com sintomas, e por minha própria responsabilidade, eu colocava se estava ou não com o vírus. Um teste infantil, cabível de qualquer pessoa omitir a verdade sobre tal fato. Após discussões sem resultados com o delegado da partida, retiramos nossos equipamentos e seguimos embora. A única foto da partida, tirei rápido, com parte do equipamento e agilizando a saída rápida do local.

Algo mais triste estava ainda por vir. Ao tentar adentrar o ginásio, o delegado bloqueou a entrada da equipe de pronto socorro, assim como a guarda municipal, alegando que a saúde e o policiamento da partida não estavam cadastrados na lista, fazendo os mesmos, ficarem do lado de fora do ginásio sem poderem ao menos assistir a partida. Como pode em uma partida sem torcida, e nem presença da imprensa, deixarem a saúde e a segurança do lado de fora e ainda iniciarem a partida. Em uma noite de sábado, gelada no Rio Grande do Sul, conseguiram deixar de pé e em prontidão a partida inteira a equipe médica e os guardas municipais do lado de fora do ginásio, sem a mínima empatia para pelo menos liberar alguns assentos pro pessoal. Seria o regulamento tão sem educação assim?

Parabenizo aqui a Federação Gaúcha de Futebol de Salão, atenta a estes detalhes e sempre atendendo esses requisitos, partida após partida, disponibilizando aos meus colegas de imprensa e aos órgãos de saúde e segurança uma empatia muito mais agradável, responsável e sem equívocos. Já a Liga Unificada, ficou a dívida de, pelo menos, tratar bem aqueles que salvam vidas.

E-SPORTS

por Wendell Pivetta


O sonho de vestir o manto da canarinho se tornou real.

Em tempos de distanciamento social, complicações para se exercitar, e se comunicar com o mundo lá fora, o E-Sports tem se tornado cada vez mais uma salvação psicológica.

Especialistas em Psicologia Esportiva para Esportes Eletrônicos ressaltam o papel dos games no confinamento por conta da pandemia de coronavírus. Os estudiosos alegam que o videogame cria laços de amizades entre as pessoas, auxiliando contra fatores muito críticos dessa pandemia, como a solidão e os índices de depressão.

Para entendermos mais sobre este artifício presente nos tempos modernos, conversei com o atleta virtual Maykon Kjellin. Catarinense, comemora sua recente convocação para jogar na seleção brasileira, na lateral esquerda. E ele começa contando sobre sua inclusão neste mundo:

– Sempre fui um amante de jogos eletrônicos, desde o atari, passando por Megadrive, super Nintendo, PS1, PS2, PS3 até que cheguei no Xbox 360 e hoje estou na nova geração das plataformas que é o Xbox One Primeiramente comecei na modalidade X1, que é um contra um online controlando o time todo, mas quando descobri o Pro clubs em fevereiro de 2019, foi paixão na hora. Cada jogador controla seu único jogador dentro de campo, após falhar sendo um meia armador e meia esquerda (risos), achei meu lugar como lateral esquerdo, sendo inclusive agora convocado para a seleção.

Seu futebol com a bola no pé nunca foi o mais glorioso, agora se tratando dos consoles, o cara arrebenta. Celebra inclusive um ponto especial em sua carreira virtual:

– Ser convocado pra seleção foi algo que tirou fortes emoções. Fortes emoções porque eu troquei de clube, no e-sports recentemente, saí do Gorillas e fui pro Varzelona, time que me revelou. Inclusive foi o primeiro time competitivo da modalidade no ano em que comecei, e eu não esperava porque a primeira vez que eu fui convocado foi para amistosos contra o Chile. Ganhamos duas partidas e antes de sair a convocação, fomos avisados, dias antes, e agora com a Super Copa das Américas não teve esse aviso prévio. Então eu tava lá, assistindo a live do manager e saiu a lista do goleiro, saiu zagueiro, e chegou nos laterais. E no primeiro anunciado fui eu. Cara, eu não acreditava, recebia áudios de amigos meus do e-sports, e foi um sentimento bem complexo porque era algo que eu não esperava, fiquei feliz de ter acontecido, vou jogar com grandes amigos meus, que jogaram comigo na antiga equipe, vou jogar com caras que nunca tive a oportunidade de jogar e eu admiro pra caramba. Então tem uma semelhança sim com o futebol real porque a gente treina pra caramba, estuda tática, estuda jogada ensaiada, se dedica em dias da semana treinando…. Então, a gente chegar a uma seleção no meio de tanto jogador bom que tem na individualidade é surreal. Tem essa semelhança com o futebol real porque o pessoal, dependendo do assunto, eles não são comunicados, né, igual Copa do Mundo, eles sabem pela TV. Vão ali acompanhar a coletiva do técnico e o cara não acredita que o nome do cara tá ali.

O cara é fã do bom Rock N’ Roll, amante da música pesada, e assim como David Bowie, é um camaleão esportista quanto ao seu lado torcedor:

– Hooo se lembro, eu lembro vagamente assim que eu era muito novo, mas meu pai era colorado e meu avô é flamenguista. Eu nasci em 1991 e na Libertadores de 1996 que o Grêmio tava moendo. O meu pai e o meu avô estavam aqui em casa assistindo, e dizem eles que o Grêmio tava moendo, vencendo, e na nossa casa sempre tivemos uma filosofia de torcer para os brasileiros, independente de rivalidade futebolística, e começaram a torcer pelo Grêmio, gritaram quando teve gol e meu pai disse que eu comecei a gritar ali junto. Aí deu mais alguns meses e ganhei a camiseta do tricolor gaúcho pelo meu tio e aía paixão começou, só que o amor não ficou só no Imortal. Quando conheci o Real Madrid na época dos galáticos, entre 2000 e 2004, foi amor à primeira vista. Sou madrilenho, gosto do Real pra caramba, futebol inglês gosto muito do Liverpool de 2004, são os times que eu mais acompanho. De vez em quando estou aqui na minha namorada e começamos a assistir um Botafogo x Madureira, adoro futebol. Adoro futebol de várzea, principalmente o amador, futebol pra mim é tudo. Teve um tempo em que eu jogava bola, disputava campeonato, então é um dos hobbies que mais gosto é o futebol. E durante a pandemia a coisa que mais me faz falta é assistir um futebolzinho, tranquilo, tomando aquela cerveja gelada, churrasquinho. Sem dizer que era um dos momentos que eu via a minha família se reunir, era pra ver jogo de futebol da seleção, finais de times, então é algo bem característico que está na minha vida.

E os objetivos de um jogador virtual? Até que ponto elas se tornam semelhantes da vida real? Maykon nos conta apresentando seus sonhos na carreira:

– Então, a gente tem diversas federações aqui, e o objetivo é chegar nos times de elite. Tem os times de série A, B, C e D da principal federação que se chama CPN, e tem a ICL Game, sendo duas federações fortes. E atualmente estou trabalhando para subir a um time de elite. Daí é time que trabalha com remuneração, tem patrocínio, disputa os principais campeonatos, inclusive com campeonatos presenciais sendo desenvolvidos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Atualmente estou em um time muito bom, e essa meta é mais a longo prazo mesmo. A meta é essa, evoluir e futuramente ver o e-sports, jogo eletrônico, mais valorizado. Já temos por exemplo o League Of Legends que é um jogo bem valorizado, com vários patrocinadores, vários campeonatos bem remunerados, muitos times também, dando para sobreviver do jogo. O bacana disso é que a gente já tá vendo clubes investindo nessa área. Já temos o time do Flamengo no LoL, times do Fluminense no Pró-Clubs mesmo, no próprio 1 contra 1 do FIFA, controlando o time todo, temos brasileiros representando o Sporting de Portugal, que é o Wendel Lira, ele que era jogador profissional, ganhou o Puskas, e hoje é jogador profissional de FIFA do PS4. Ronaldinho Gaúcho é um cara que investe no E-Sports, tendo vários jogadores que ele patrocina. Então já estou vendo que jogos eletrônicos são o futuro para quem nunca conseguiu ser jogador profissional por exemplo, quem queria ser piloto e nunca conseguiu tem o Fórmula-1 online que também já está crescendo um monte, assim como tem jogos de luta. A gente só tem que ter mais profissionalismo dentro do E-Sports e objetivos.


Jogar é divertido, monta amizades, mas um bom sonhador também tem aquela meta de viver do video-game, e aqui tem um bom método para iniciar a meta:

– Com certeza. Uma das melhores maneiras de ser remunerado no E-Sports hoje em dia é sendo Streamer. O Streamer além de conseguir patrocínio, o público que acompanha os vídeos, a rotina de gamer, podem também contribuir virando sócio pra ter mais vídeos. Eu sou muito de acompanhar streamers. Mas não me prendo só no FIFA, também gosto de assistir Euro Truck, League Of Legends por mais que eu não jogue, mas gosto de ver. É tipo eu que sou músico do rock/metal também gosto de assistir algumas coisas do sertanejo para tentar agregar na minha experiência que eu possa fazer. Ver outros jogos e tentar trazer ao meu jogo itens como a organização, a estrutura. Então acho que uma das melhores maneiras em ser remunerado pra isso é ser Streamer ou YouTuber. Acredito que futuramente terei estrutura para produzir vídeos também.

E assim encerramos nossa conversa, com o atleta que respira futebol. Antes mesmo desta pandemia. o amigo Maykon já atuava no E-Sports. Instrumentista, toca sua bateria na banda Dark New Farm e é redator chefe do Blog O Subsolo, sincronizando música e futebol, algo que torcida e time combinam tão bem.

O FIGURINO DO AMOR E DO FUTEBOL

por Wendell Pivetta


Tem magias que só o futebol reserva. Ser fotógrafo na beira da quadra ou do gramado apresenta histórias lindas, e acaba atraindo amizades muito agradáveis com os atletas, sejam eles profissionais ou não.

Em 2019 ocorreu a primeira experiencia em minha nova jornada fotográfica quanto ao futsal feminino. O citadino na cidade de Cruz Alta reuniu um bom número de equipes, e foi nas fotos de comemorações que percebi algo além da quadra. Entre as equipes finalistas da competição estava a ALF. O time treinava bastante e vinha bem encaixado, e diferente das demais equipes, tinha no comando técnico a personagem de nossa história, a Carolaine. Treinadora e jogadora, percorreu um caminho duro para chegar até a competição fisicamente e mentalmente bem.

– Eu tive problema de saúde, um Cavernoma Cerebral (quase um aneurisma). Não sabia se ia poder jogar, fora que eu tenho lCA rompido, mas em todos os jogos eu não senti nada, somente na final eu senti.

É fato que diante das dificuldades, buscamos forças para superação, e o amor é uma bela arma para superarmos as barreiras da vida. Um sentimento que nos reserva forças imensuráveis, no caso da atleta pelo futebol, e por uma pessoa em especial. Cada gol de Carolaine era uma comemoração simples, porém forte. Um abraço como fora repetido durante a competição. E nestes abraços, sempre fotografados, percebi que a atleta buscava alguém em especial no meio da equipe:

– Comemorar com ela era como se eu quisesse pausar nessa foto aí e não sair mais. Com certeza sentia algo extra quadra, porque a gente sempre quis comemorar gol juntas nesse campeonato, era um sonho. Infelizmente não estávamos juntas, mas ali dentro era o único momento que a gente podia chegar mais perto sem receio sabe.


Carolaine relata seus momentos de abraços calorosos após os gols com a sua namorada, a artilheira Ana Kelly.

– Então era emoção, gratidão, alegria, saudade. Olhar pro nosso time que nós montamos e preparamos o ano inteiro para jogar. As gurias tão novinhas. A gente só sentia orgulho e queria dar tudo de nós pra cada uma delas, eu como treinadora e jogando lá dentro vi o quanto elas são esforçadas para me mostrar o melhor.

Naquela competição municipal elas estavam separadas fora de quadra, e após o citadino, reataram sua relação. Hoje fica como aprendizado. Aliás, em sete anos de relação, a dupla foi logo na edição de 2019 do citadino jogarem juntas pela primeira vez. Acredite, sempre jogavam como rivais, e exatamente como adversárias a dupla se conheceu. Jogando juntas emoções foram resgatadas e tudo acertado. 

Aliás uma brilhante dupla dentro de quadra. Carolaine sempre de cabeça erguida, ótima armadora de jogadas, pensativa na tática. Ana Kelly mais avançada, pronta para dominar os lançamentos de Carolaine e finalizar as jogadas superando a defesa adversária. Uma completa a outra, e vice versa, como manda o figurino do amor e do futebol.

A MÁQUINA AINDA EMOCIONA

por Wendell Pivetta


Estava sendo uma final acirrada, equipes tecnicamente e extremamente equilibradas, porém em um piscar, ou melhor, em um clique a emoção maior tomou conta.

O momento máximo do gol realmente é a comemoração. Um toque na bola pra dentro da rede e os segundos seguintes resultam na expressão que toma conta do momento sublime do jogador de futebol. Já pensou na comemoração que você poderia fazer em uma final de mundial? Todo jogador com certeza já sonhou momentos antes de uma final no melhor estilo de comemorar.

No ano de 2019 contei com a satisfação de fotografar competições futebolísticas através da Secretaria de Esportes e Lazer de Cruz Alta, e com elas, inúmeras fotos foram moldando um acervo municipal. Em uma das finais municipais, ficou reservado o momento único, que jamais vislumbrei seja na TV ou ao vivo. O Ginásio Municipal estava fervendo na final do Citadino Série Bronze 2019 entre Barça x União da Vila. Jogo quente, pegado do inicio ao fim. Em um lateral cobrado, Andrio Tolentino pega a defesa do União da Vila de surpresa, chutando na entrada da pequena área acertando o ângulo adversário. Indefensável o chute. Um gol preciso no qual o camisa 10 se atirou de carrinho ao chão para alcançar a bola e proporcionar o melhor chute.


Este era o segundo gol do artilheiro na partida. Todos esperavam sua tradicional comemoração acenando para o alambrado, procurando visualizar alguém que estava na parte mais alta dos assentos. Quando de repente, o atleta que costumeiramente apenas acenava, vai correndo a beira da grade de proteção que reparte o piso da quadra entre a torcida, de encontro a quem ele sempre acenou. Lá do alto, cabelos longos ao vento, de passo curto e dificultados para superar os degraus do ginásio vinham descendo com um sorriso maior do que a goleira que recepcionou aquele gol. Abraço. Um sincero e afetuoso abraço do artilheiro com sua filha marcou as comemorações e a sinceridade daquele momento de felicidade em que o pai espera para compartilhar da sua felicidade com a pequena torcedora presente ali. 

O cartão amarelo pelo atraso do reinício da partida aconteceu. O árbitro teve de punir, fazia parte da sua regra, porém não interferiu na magia do esporte.

O ESTOPIM DO GRE-NAL DO SÉCULO

por Wendell Pivetta


Há 31 anos, o Internacional de Porto Alegre conquistava mais uma vitória em clássicos Gre-Nais, mas essa foi especial. Em um domingo de calor perto dos 40ºC, quase 80 mil espectadores presenciaram o aclamado Gre-Nal do Século. O colorado venceu o Grêmio por 2×1, dois gols do centroavante Nilson, e conquistou a vaga às finais do Campeonato Brasileiro e um lugar na Copa Libertadores da América. O feito entrou para a galeria das grandes vitórias em Gre-Nais.

Para os colorados, o Carnaval daquele 12 de fevereiro foi ampliado, e a partir daquele jogo, mesmo com um atleta a menos em campo e com a desvantagem do placar, o até então pouco conhecido treinador Abel Braga entrou para o vestiário e fez o Internacional retornar para o segundo tempo fulminante, iniciando uma história gigante.

O gre-nal do século foi o primeiro a valer vaga em âmbito nacional, além do Gaúchão, e depois veio outras disputas como na Copa do Brasil de 1992, quando o colorado também passou pelo Grêmio nas quartas de final e sagrou-se campeão ao superar o Fluminense na final. Em 1999, deixou o adversário para trás na Seletiva para a Libertadores. Nas edições de 2004 e 2008 da Copa Sul-Americana, o Inter também encontrou o Tricolor em fases eliminatórias e levou a melhor nas duas oportunidades. Recentemente, na Copinha, a rivalidade tomou conta logo no aniversário de São Paulo, e o colorado se sagrou campeão com seus jovens talentos.

Em 422 encontros, o Colorado venceu 156, empatou 134 e foi derrotado 132 vezes. São, portanto, 24 vitórias a mais sobre o Grêmio. O gre-nal do século marcou a trajetória da maior rivalidade do sul do país, e uma das maiores do país.

Internacional no Gre-Nal do Século: Taffarel; Luis Carlos Winck, Aguirregaray, Nenê e Casemiro; Norberto, Leomir (Diego Aguirre), Luis Carlos Martins e Mauricio (Norton); Nilson e Edu Lima.