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Vinicius Vieira

O FLAMENGO QUE IRRITA O TORCEDOR

por Vinicius Vieira


Há algum tempo, vemos em campo um Flamengo que domina e tem bastante posse de bola, porém sem poder de fogo e quando isso acontece, nas arquibancadas os torcedores começam a caçar as bruxas, quase sempre de maneira injusta.

Faz tempo que acho que o maior problema do Flamengo não está nas laterais (que não são boas) ou em atuações abaixo do esperado de alguns jogadores. O problema do Flamengo é exclusivamente tático! Não faz o menor sentido jogar com um único e ótimo volante e obrigar dois jogadores como o Diego e Everton Ribeiro a marcarem desesperadamente o tempo todo.

Alguns podem achar “defensivismo”, mas é justamente o inverso. Se ao lado do Cuellar, tivesse alguém para ajudar na função de proteção da zaga, Diego e Everton poderiam jogar um pouco mais adiantados e já pegarem a bola numa faixa de campo onde poderiam ser mais incisivos e terem mais liberdade para arremates ou uma assistência.


Reparem que os laterais do Flamengo, 90% das vezes que recebem bolas no ataque, não têm com quem jogar, o que acaba forçando o erro ou um recuo da jogada (o que irrita). Reparem que sempre que o adversário está com a bola, tanto Everton, quanto Diego ou Paquetá, estão ajudando na cobertura dos laterais. Quando o Flamengo retoma a bola, estão à milhas de distância do campo e ataque, resultado: o adversário se recompõe, se fecha e tudo fica mais difícil (vide o jogo contra o Corinthians pela Copa do Brasil).

Vejam vocês o paradoxo, mais um volante pode tornar o time mais agressivo e ofensivo e não mais defensivo como a maioria acha. O que me impressiona, é que nenhum teste é feito nessa linha, que além de prováveis benefícios ofensivos, também desgastaria menos alguns jogadores.

O FIM DOS 1000 TOQUES

por Vinícius Vieira


Ontem, após a eliminação da Espanha na Copa, vi alguns jovenzinhos e até mesmo jornalistas, um tanto preocupados com a queda do “futebol arte espanhol”. Bom, acompanho Copas do Mundo desde 1982, não sou tão velho, nem tão novo, mas posso afirmar que não acabou o “futebol arte espanhol”, acabou uma geração que jogava diferente de qualquer seleção espanhola vista em Copas do Mundo até 2010.

Na verdade, a seleção dos 1000 toques na bola era praticamente um time, o Barcelona, enxertado de dois ou três jogadores de outro clube, um deles o goleiro, vestindo uma camisa diferente da que envergavam aos finais de semana.

Jamais uma seleção jogou tão igual a um clube como a Espanha de 2010. Se buscarmos alguns vídeos de atuações espanholas em outras oportunidades, teremos o desprazer de ver um futebol não muito bonito,  sempre corrido e marcado como a maioria das seleções europeias sempre praticaram.


A Espanha nunca foi diferente, nunca incomodou muito em Copas do Mundo, mesmo quando esta foi realizada em seus domínios, então podemos dizer que não morreu uma forma de jogar, morreu apenas uma geração que jogava de uma forma diferente e que, quase toda, defendia a camisa de um único clube, que não coincidentemente, jogava dessa forma.

Fique claro que não é nenhum desmerecimento a jogadores do talento de Iniesta e Xavi e companhia, apenas uma constatação de um fato que está registrado na história do futebol.