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Vasco

SERIEDADE NO FUTEBOL TEM SINÔNIMO: ZÉ MÁRIO

por André Felipe de Lima


O saudoso treinador Paulo Emílio tinha um talismã: o volante Zé Mário. Na Máquina Tricolor, em 1975, Emílio entrou no lugar do técnico Didi e o efetivou como titular. Quando Emílio foi contratado pelo Vasco, no ano seguinte, não pensou duas vezes: “Quero o Zé Mário aqui”. Porém nenhum outro personagem do futebol carioca daquela saudosa década de 1970 desenhou melhor Zé Mário que o companheiro de meia cancha Zanata, com quem Zé jogou no Flamengo e no Vasco: “O Zé tem um ótimo toque de bola e um fôlego fora do comum. Isto lhe dá uma enorme capacidade de auxiliar a defesa e o ataque, o tempo todo sem cansar. No final que está no bagaço é o adversário.”

Zé Mário e Zanata se entendiam maravilhosamente bem no meio de campo. O primeiro foi um dos melhores volantes de sua geração; o segundo, um meia estupendo, capaz de lançamentos de longa distância que deixavam todos os centroavantes e ponteiros na cara do gol, como aquela bola que parou na frente do Freitas, que fez o segundo gol do Vasco na vitória de 4 a 2 sobre o Flamengo, no campeonato nacional de 1975. Zé Mário ainda não estava em São Januário, mas quando lá chegou formou com Zanata uma das melhores duplas de meias do Rio e que este humilde jornalista viu [graças a Deus] jogar. Em 1977, os dois craques foram decisivos para que o Vasco fosse campeão carioca, diante do mesmo Flamengo, de Zico e Júnior, que também estiveram naquele memorável “4 a 2” de 75.


Aquele título de 77 foi especial na carreira do Zé Mário. Se a meia cancha já contava com o talento dele e o do Zanata, ficou ainda melhor com a entrada do magnífico Dirceu. Recorrendo ao jargão do turfe, o Vasco “sobrou na turma”, e o Zé Mário foi o pulmão daquele timaço. Jogou tanta bola que acabou eleito o craque da competição. Justíssimo. O “Dustin Hoffman” vascaíno estava demais. E a comparação é também justa. Zé Mário seria facilmente confundido com o grande ator americano caso desfilasse pelas ruas de Hollywood. É o popular “cara e crachá” ou o não menos famoso “separados ao nascer”. Pode parecer piada pronta, mas parecidíssimos. Mas deixemos o astro americano em seu canto cinematográfico. É do grande Zé de quem falamos, de quem recordamos os bons tempos de craque das tardes ensolaradas do Maracanã.

“Zé Mário é o comando do time dentro de campo, tem autoridade até mesmo para modificar o modo de jogar da equipe. E não se trata de uma função baixada por algum decreto: Zé Mário tem ascendência natural sobre seus companheiros, é um homem de comando. Com ele em campo, fico tranquilo”. Palavras do “Titio” Fantoni, técnico daquele Vasco campeão de 77.

Zanata tornou-se recluso e se afastou do mundo do futebol; Fantoni não está mais entre nós; mas Zé Mário continua atuante, inclusive como treinador. Foi um jogador que comprava o barulho dos companheiros. Um líder nato. Exemplo disso aconteceu com Wilsinho, ponta brilhante, que acabara de ser regularizado no Vasco, em 77. “Ô, Wilsinho, já anotaram o PIS na sua carteira profissional?”, perguntou Zé Mário. “Não, Zé, acho que ainda não”, respondeu o inocente Wilsinho. “Então vai lá em cima, apanha a carteira e entrega pra Marlene. Ela anota e fica tudo regularizado”, orientou o zeloso Zé Mário.


Nenhum outro no Vasco era tão preocupado com os companheiros. Zé Mário era a referência de denodo e comprometimento profissional. Era o capitão do time. Não saía da sala do departamento de futebol do Vasco, onde trabalhava a Marlene. Zé era um líder espontâneo, que defendia os direitos dos companheiros de time. O “Narigueta”, o “Pinóquio” — apelidos que ele sempre aceitou numa boa — não deixava ninguém na mão. Ele não pedia. Exigia. Dirigente de futebol tem de respeitar o jogador profissional. Por isso Zé Mário nunca deu margem para que o criticassem. Se havia regras, as cumpria. Era exemplar, mas quase desistiu de lutar pelos direitos dos colegas de profissão após uma eleição da Fugap (Fundação Garantia do Atleta Profissional), em 1975. Nem 30 jogadores apareceram para votar. Um descaso que o fez pensar se valeria a pena cuidar somente de si. Mas Zé Mário não é assim. Ele é um todo. Um coletivo. Um craque dentro e fora dos gramados, cujo modelo tanta falta faz hoje em dia. E pensar que a década de 1970 a ditadura militar estava no auge, amedrontando o país. Mas — pelo menos no futebol — havia um Zé Mário, um Afonsinho (ícone da luta pelo passe livre), um Ubirajara Mota (maior goleiro da história do Bangu) para falar pelos jogadores. Ou seja, gente que sabia jogar bola de verdade, mas também tinha uma consciência real da situação do atleta profissional.

Zé Mário abomina deslealdade. Quando ainda jogava profissionalmente, recriminava companheiros que desciam a pua nos jogos. Podia ser até amigo dele. Não importava. Zé Mário não perdoava. Vacilou, dançou. Com Zé Mário não havia essa de sacanagem e violência em campo. Ele abria o verbo: “O Merica, do Flamengo, é um deles. Já falei com ele, mas não adiantou nada. Já havia batido no Zanata e depois pegou o Dirceu, quando o juiz já tinha até apitado. Assim não dá. Meu amigo Rodrigues Neto (com quem Zé jogou no Flamengo) também abusou outro dia, entrando pra quebrar no Orlando (Lelé). O Uchoa, do América, fez o mesmo com Dequinha, do Flamengo. Esses jogadores precisam entender que os adversários também vivem do futebol e que de perna quebrada eles não vão poder trabalhar, talvez para sempre.”

O amanhã para Zé Mário é o hoje. Ele sempre procurou mostrar aos companheiros que o futebol é eterno, porém as pernas são limitadas. Um dia a bola as deixa para trás sem um pingo de remorso. Ele trabalhava com afinco na Fugap e percebia que muito mais ex-jogadores de grandes clubes procuravam ajuda que os de pequenos. Em 1977, ele fez a seguinte reflexão: “As estrelas vivem sua época, dilapidam seu patrimônio, esquecem-se de estudar. Jogador de time grande só sabe jogar futebol. É incapaz de se adaptar a qualquer outra coisa. Com exceções, é claro. Jogador de time pequeno, por incrível que possa parecer, sempre acaba se arrumando.”


José Mário de Almeida Barros é carioca. Nasceu no dia 1º de fevereiro de 1949, completa hoje, portanto, 70 anos. Uma estrada longa no futebol, que começou com o incentivo do pai, que pedia apenas ao filho que conciliasse a bola com os livros e cadernos. No segundo semestre de 1967, o rapaz parou com o futebol para não se prejudicar na escola. O pai era louco por futebol e insistiu para que Zé não deixasse a bola de lado. “Ele trabalhou nas obras do Maracanã e, desde então, ficou ainda mais vidrado em futebol.”

Zé começou a jogar no time de futebol de salão da Associação Atlética Vila Isabel, do bairro de mesmo nome. O jogador que se tornaria famoso por conta do estilo arrojado e marcador foi antes um driblador dos bons nas quadras. E — creiam — goleador. Da bola pequena e pesada para a grande, dos gramados. Em seguida, Zé despontou no infanto-juvenil do Fluminense, em 66. Não se empolgou muito nas Laranjeiras. Preferia estudar. Adorava as aulas de Física e de Química do conservador Colégio São Bento.


Mas o pai o convenceu a permanecer no futebol. Do Tricolor, Zé foi parar no Bonsucesso. Treinava apenas uma vez por semana para, como de costume, não atrapalhar os estudos. Como a diretoria do clube suburbano atrasou o salário do rapaz, Zé decidiu requerer o passe livre na Justiça. Conseguiu-o e o ofereceu ao Flamengo. Foi de cara contratado: “O técnico, na época, era o Fleitas Solich, que não encontrava lugar para mim no time. Ele chegou a me experimentar na lateral-direita, depois na ponta-esquerda e, após umas poucas tentativas, desistiu de me aproveitar. Aí eu fiquei quatro meses treinando na pista com o preparador Tião Mendes, sem entrar no time nem mesmo para treinar. Com isso, acabei ganhando fôlego, porque do ponto de vista físico acabei fazendo um treinamento prolongado. Quando Zagallo assumiu a direção técnica do Flamengo, resolveu me aproveitar. Ganhei a posição de titular do meio-campo e, depois disso, me dei bem em todas.”

Foi ali o começo para valer do grande Zé Mário. Um dos mais emblemáticos craques do futebol carioca na década de 1970.

ROBERTO DINAMITE

por Serginho 5Bocas


Roberto Dinamite foi o maior artilheiro do estádio de São Januário, do Vasco, do Campeonato Carioca e do Campeonato Brasileiro em números absolutos de todos os tempos. Um dos maiores “faros” de gol que vi jogar.  Parecia lento, mas tinha força, velocidade e precisão para arrancar de longe e levar até aonde pudesse bater em gol, e batia forte e com direção, como poucos.

 Ele era temido pelos adversários, mas não me lembro de ter raiva dele, só medo. Tinha ótimos fundamentos e muito oportunismo, sabia como poucos onde a bola iria estar e suas cobranças faltas eram um “deus nos acuda”.

 Foi artilheiro do Campeonato Brasileiro duas vezes, do Carioca três entre outras marcas excepcionais.

Na seleção não teve muitas oportunidades, a época era bem servida de bons centroavantes, mas ainda assim, Roberto foi a duas Copas do Mundo (1978 e 1982), em cima da hora nas duas, sempre substituindo alguém por contusão, Nunes e Careca respectivamente foram os centroavantes que deram lugar a ele.

Na primeira ele ficou na reserva de Reinaldo e depois ganhou a vaga na “canetada” do Almirante Heleno Nunes, mas ali mesmo, dentro do campo, ele calou a boca dos críticos que duvidaram dele, marcando gols importantes e ajudando muito o Brasil a chegar em 3° lugar. Faltou pouco para vencer aquela Copa e se consagrar, talvez como artilheiro.

 Não fosse aquele jogo infame e “sem vergonha” em que a Argentina meteu 6×0 no Peru, quem sabe até aonde ele poderia ter chegado.

 Fez o gol salvador da primeira fase contra a Áustria e contra a Argentina, na fase semifinal, se o seu chute a queima roupa não tivesse batido no pé esquerdo de Ubaldo Fillol, numa defesa espetacular, e aquela bola tivesse entrado, vai saber até onde o Dinamite poderia chegar…

Em 1982, ele nem para o banco de reservas foi relacionado, foi um turista privilegiado na Espanha, infelizmente ele fez muita falta.


 Roberto teve uma importância enorme para o Vasco. No time da Colina, na época em que o seu maior rival, o poderoso Flamengo de Zico, vencia tudo e todos, contra o Vasco de Roberto, não era bem assim, sempre era osso duro de roer. Pois apesar do Vasco ter uma equipe considerada inferior no papel, os jogos eram sempre decisivos e duríssimos, raras eram as goleadas.

Tenho uma imensa saudade da briga saudável entre Roberto e Zico pela artilharia do Carioca, era palmo a palmo, e olha que vencer o Galinho em gols naquela época era tarefa para poucos, apesar de Zico não ser centroavante.

A gente escutava os gols de um e queria saber quantos o outro tinha feito na rodada, era outra época, uma época de ouro do futebol carioca, em que Roberto Dinamite era protagonista.

Roberto deixou saudades em quem gosta de bom futebol, ele foi um craque da grande área e acima de todas as torcidas, foi patrimônio do futebol brasileiro pelos seus mais de 700 gols em mais de 1000 jogos.

Pena que os meninos de hoje não saibam muito bem quem foi Bob Dinamite, aquele do oportunismo, do chute violento, da falta bem cobrada e do gol de placa que todos nós gostaríamos de ter feito um dia na vida, aquele em que a gente sonha até mesmo acordado que um dia vai fazer um igual. Sim, o gol de placa.


Matada no peito dentro da grande área, Lençol e chute forte de primeira sem deixar a bola cair no chão, aos 40 e lá vai fumaça do segundo tempo, golaço, aço, aço, aço, contra o Botafogo de Osmar.

Pergunte a um botafoguense daquela época se até hoje não tem pesadelos com Roberto? Como ele judiava dos botafoguenses, até quando jogava mal…

O Jornal dos Sports acertou na mosca quando criou o apelido que notabilizou o garoto Carlos Roberto de Oliveira no futebol.

Ô tempo bão!

GOLEIRO NO ALMIRANTE É NÁUFRAGO

Rubens Lemos


Sem melodrama, vascaíno é expectativa de vida de segundo-tenente dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Uma, duas, três horas. Otimista, você leitor. Eram 45 segundos o deadline de um jovem quase aspirante no front da guerra sem propósito. Vascaíno, hoje, espera pelo pior e, se combinar cerveja gelada com oração, vem o milagre da exceção.

O último Vasco de que tenho notícia é o de 2000, com Romário, Juninho Paulista, o Pernambucano que imagina ser Zidane e o azogue Euller. Meus times ficaram mesmo pelos anos 1980, Romário de cabeleira brega-quase costeleta, Dinamite e Geovani, o melhor deles.

O Vasco sempre foi uma escola de goleiros. Aprendi com meu celeste pai, vascaíno desde Ademir Mezezes e mortificado de idolatria pelo meia Walter Marciano de 1956 (Carlos Alberto, Paulinho e Bellini; Laerte, Orlando e Coronel; Sabará, Livinho, Vavá, Valter e Pinga). Pinga, um colosso em campo consumido em homônimas doses plurais pelo técnico Martin Francisco.


Segunda-feira pós-frango homérico de Martin Silva é um libelo aos sofridos de baliza do meu clube, hoje um Terceirão (de Série C, mesmo,), de grife capengando no passado. Foram dois erros do uruguaio. Até a Copa do Mundo ele foi tal Barbosa, o grande, crucificado por uma dúvida entre fechar o ângulo e sair para defender um cruzamento na final da Copa em 1950. Barbosa foi absolvido nos 7×1 de 2014. Ou nos 2×1 de galinaceos tomados por Júlio César. Contra o Holanda.

Martin Silva é um goleiro razoável. Ganhasse por defesa feita, compraria, à vista e cash, uma praia em Nassau, nas Bahamas. Goleiro em timeco aparece. Errando, curte o cadafalso da maldita missão. No jogo com o Grêmio, falhou ao assistir a bola voar feito drone pela área até Jael cabecear e, no segundo gol, caiu de joelhos tão ator quanto Al Pacino ou Dom Michael Corleone berrando após a morte hamletiana da fillha Mary em O Poderoso Chefão 3. Trageridículo.


Nem foi o primeiro. Mazarópi, o pequenino, pegou dois pênaltis em 1976 de Zico e Geraldo, dois primores do balé-bola artístico. No ano seguinte, voou e espalmou a cobrança de Tita, imprescindível para o título carioca. Em 1983, cruzamento sobre a área, em voo cego, Mazarópi deixa a bola escapar ao pé esquerdo do flamenguista Júlio César (não o fabuloso driblador, uma imitação limitada). Um toquinho, Vasco desclassificado e o goleiro ágil e de protuberantes sobrancelhas, é banido para ser campeão mundial pelo Grêmio, sete meses depois.

Nem titular Mazarópi era mais. Jogava por conta do dedo quebrado de Acácio, um gigante jogado ao fogo na decisão de 1982 em lance suicida do técnico Antônio Lopes. Acácio pegou tudo, até um balaço à queima-roupa de Zico e pôs-se ídolo. Até 1986. Um erro bisonho, em chute do tal Júlio César estraga-prazer de camisa 1 cruzmaltino, deixou Acácio na desgraça da ingratidão. Nos três anos seguintes, foi bicampeão carioca e brasileiro.


Martin Silva, remake de Helton em 2001. A cobrança de falta de Pet do Flamengo nos improváveis 3×1 da decisão não seria defendida nem se o esguio camisa 1 vascaíno estivesse com esqui e não luva no inútil salto ao impossível. Ao vazio do fracasso silencioso da própria alma.

O frango é a dignidade violada do goleiro. Displicência, arrogância, surpresa, é a sua morte por afogamento na ira da torcida. Honra pisoteada. Marcelo, vascaíno em 1964. Agachou-se a um chute tosco, do volante Carlinhos e a bola passou por entre suas pernas. Marcelo deixou o campo chorando, amparado por jogadores dos dois times e aplaudido por um Maracanã inteiro. Náufrago de si mesmo. Rendeu-se jamais. Mostrou que, do bizarro, a vida extrai o comovente, a dor de tantos contra um só.

FUTEBOL TRANSPORTADO EM AMBULÂNCIA SEM BATERIA

por Marcos Vinicius Cabral


O encontro entre os defensores vascaínos Bruno Silva e Luiz Gustavo, aos 27 minutos do segundo tempo, no clássico carioca Vasco x Flamengo, mostrou o choque de realidade de duas das principais equipes do futebol brasileiro.

Se por um lado, vascaínos e rubro-negros fizeram um jogo ruim tecnicamente, o empate em si mostrou aos 54.288 pagantes que estiveram nas arquibancadas do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, que as próximas partidas da competição serão de emoções e decepções cada vez maiores.

O Flamengo, que ocupa a 4° colocação neste campeonato brasileiro com 45 pontos, está longe de ser o protagonista que a mídia esportiva quer que ele seja.

Já o Vasco, que amarga 25 pontos, tem a luta real e imediata contra o rebaixamento, que – se ocorrer – será o quarto de sua história.

Mas algumas peculiaridades transformam o Flamengo – imortalizado por Zico, Júnior e Leandro – e o Vasco – respeitado com Roberto Dinamite, Edmundo e Romário – em motivos de chacotas.


O Flamengo, há quase uma década sem o titulo de campeão brasileiro, comemora como título uma mera classificação à Libertadores, para mais uma vez, participando, fazer vergonha.

O Vasco, que deixou há tempos de ser o “Gigante da Colina” ou o “Time da Virada” – para ser exato desde 2000, quando foi campeão brasileiro pela última vez contra o São Caetano – viveu uma entressafra nefasta com Roberto e Eurico à frente do clube de 120 anos, com dívidas megalômanas.

Enquanto o Flamengo de hoje tem Eduardo Bandeira de Mello, que tira selfie com torcedores (as) sem representatividade alguma com as tradições rubro-negras e faz do clube trampolim para ser eleito Deputado Federal pelo Rede – pelo amor de Deus, não votem no número 1818 – se contenta com conquistas regionais e acha o máximo ter colocado as contas em dia.

É como se fosse um favor ao clube, e não uma obrigação, equacionar dívidas.

Já pelo lado da Nau Vascaína, o ditadorismo de um Eurico Miranda, que por anos, soube apenas jogar no ar fumaças carregadas de prepotência nas baforadas dadas em seus charutos, disputas internas e medindo forças com Roberto Dinamite – a estátua do Romário em São Januário foi em retaliação ao eterno camisa 10 – marcado suas passagens em campanhas esdrúxulas.


Portanto, queridos vascaínos e rubro-negras de verdade, devemos agradecer ao Flamengo de 81, por ter nos permitido bater no peito e gritar a plenos pulmões: “Sou campeão da Libertadores e Mundial”; ao Vasco de 97, por ter permitido a cada torcedor a satisfação em dizer que tem uma Libertadores.

E por fim, não esquecer de enaltecer grandes jogadores como Raul, Acácio, Zico, Roberto Dinamite, Júnior, Edmundo, Nunes, Felipe, Leandro, Jorginho, Mozer, Mauro Galvão, Angelim, Mazinho, Tita, Geovani, Pet, Juninho, Adriano e tantos outros que conquistaram títulos, e sendo assim, souberam extrair de nós, torcedores, um sentimento que há tempos perdemos: a alegria de torcer!

E O VENTO LEVOU

por Zé Roberto Padilha


E o vento levou…

Era assim que os grandes clássicos do cinema se perpetuaram na história: um grande ator, Clark Gable, e uma grande atriz, Vivian Leigh, tinham seus nomes exibidos logo abaixo do título. E se destacavam nas imponentes fachadas do Cine Roxy, do Odeon e do Condor Largo do Machado. Era barbada, algum tempo depois o apresentador do Oscar anunciar: “And the winner goes to…todos que amavam a sétima arte”. E nem o vento, nem o tempo, levaram estas lembranças de mim.

No futebol não era diferente: clássicos como Santos e Botafogo, nos anos 60, revelavam seus grandes atores na capa do Jornal dos Sports: Mané Garrincha de um lado, Pelé, do outro. E a trilha sonora era do Canal 100: “Que bonito é…..”. Já nos anos 70, o Fla x Flu anunciava para o domingo, na sessão das 16h00, Zico x Roberto Rivelino. E vários deles disputavam o Oscar do Futebol, a Bola de Prata da Revista Placar, que era entrega na TV Record por Ayrton e Lolita Rodrigues. Em 1975, eles anunciavam: “E o vencedor é …Falcão!


Agora, tal categoria, a de melhor jogador, desapareceu do Campeonato Brasileiro. Seus maiores astros, das grandes bilheterias, estão filmando fora do seu país. Temos apenas a disputa pelo melhor jogador coadjuvante. Eles sempre foram importantes, mas não tinham o brilho necessário para atrair multidões ao pisar aquele tapete verde. Podiam até levantar a Copa do Mundo, e posar para a história, como Cafu, em 2002, mas os atores à sua frente tinham o talento de Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Rivaldo. Em 1994, Dunga levantou o troféu, à frente das câmeras. A manter o público encantado nas poltronas, Bebeto e Romário.

Passou tudo isto na cabeça de um cinéfilo apaixonado pelo futebol, como eu, assistindo Yago Pikachu todo jogo dando entrevistas. Sendo considerado há algum tempo, com toda a justiça e carência, o melhor jogador do Vasco. Mas sem ninguém à sua frente, o tempo, impiedoso por lá, levou Ademir, Roberto Dinamite, Bianchini, Romário, Bebeto, Zanata, Geovani e Philippe Coutinho para atuarem apenas em suas lembranças. No Baú do Esporte e no Youtube também.


No último fim de semana, Santos 3 x 0 Vasco, não passou de uma fita daquelas exibida no escurinho das salas da Cinelândia da nossa adolescência. A elas, escondidos dos pais e responsáveis, assistíamos atrizes de segunda tirar a roupa de primeira. Foi a vez de torcedores de primeira retirarem suas bandeiras mais cedo e irem embora pra casa com medo da segunda. E assistir o vento levar, do alto de sua gloriosa colina, o imenso prestígio de um dos mais respeitados clubes do nosso país.