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Vasco da Gama

O PORQUÊ DO MEU AMOR PELO VASCO DA GAMA

por Paulo Souto


O que leva uma pessoa torcer incondicionalmente por um clube de futebol e esquecer o mundo. Domingo ao findar o clássico do Maracanã, senti falta de alguém que me contou o que viu em sua existência de torcedor. Falou-me de Jaguaré, Barbosa, Jair da Rosa Pinto, Ipojucan, Danilo Alvim, Lelé, Ademir e outros jogadores do VASCO. Foi aí que descobri meu amor pelo GIGANTE DA COLINA. Era tanto amor do meu pai pelo seu clube do coração, que me inebriei com suas façanhas de ser o primeiro time a ter um elenco só de negros, de ser o maior time do Brasil nos anos 40 e 50, de ser o primeiro campeão sul americano e a base da seleção brasileira de 1950. Esse era meu pai, um apaixonado pelo clube do seu pai.

O meu amor pelo VASCO se fez presente quando ouviu seu grito de campeão, quando se tornou super, super campeão no final dos anos 50 em cima do nosso maior rival e tinha Bellini, Orlando, Vavá e outros craques que fizeram meu VASCO ser o melhor, mesmo que meu pai sonhasse com um novo campeonato, só comemorado 12 anos depois.

Anos de tristezas se foram, esperanças e o ouvido colado no rádio de pilha, curtindo as resenhas comandadas pelo vascaíno ORLANDO BATISTA, que nunca negou sua preferência pelo clube da cruz de malta. Esse era meu pai, que em 1970, gritou e comemorou o campeonato com um gol de Silva, nos devolvendo o orgulho de sermos VASCO DA GAMA. Esse amor teve outros capítulos de conquistas e emoção, como o primeiro Campeonato Brasileiro comemorado cheio de emoção pelo meu ídolo de sempre. Meu pai parecia um menino e não escondia a alegria com esse feito, repetido com outro Campeonato Carioca e de forma invicta. Esse amor aumentou, quando perdemos nosso maior ídolo, que tempo depois retornou e ouvi cinco vezes os gritos do meu pai, comemorando os gols de Dinamite contra o CORINTHIANS nos 5×2 memoráveis no Maracanã, que o amava quando jogava bem e o odiava quando jogava mal.

Assim era meu pai, o maior torcedor do VASCO que conheci e também o maior crítico de quem considerava ruim. Vitórias muitas, campeonatos outros e o mesmo amor que meu velho pai nutria pelo seu time do coração.

Com o passar do tempo, o entusiasmo diminuiu, mas seu amor não. Mais um Brasileiro e finalmente o silêncio de quem amou e vibrou com o CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA. Morreu meu pai, morreu um pouco de mim, morreu em parte o gostar de escutar os gols do meu time, que nos uniu e separou em comemorações e opiniões. Onde ele chamava o maior ídolo do VASCO de perna de pau. Contraditoriamente ele me ensinou a amar o VASCO, como faço desde os anos 50. Diante de tudo isso, senti uma falta enorme do meu pai e não pude gritar com ele: É CAMPEÃO!

SELEÇÃO DE VERDADE

por Rubens Lemos


A última preocupação de um moleque de 16 anos incompletos, alucinado por futebol, é financeira. Suficiente a grana do ingresso, que a minha avó subsidiava, de coração imenso e sorriso de coração, ao fazer feliz o neto inquieto e respirando campeonatos, craques e clássicos. Em 1986, o ano foi movimentado.

Eu acompanhava os telejornais, vivia paixões platônicas. Preferia o silêncio à probabilidade de um fora. Era magérrimo, o que para mim significava defeito fatal. Dedicava-me ao futebol com avidez, estudos e prognósticos petulantes.

Telê Santana convocava 29 jogadores para escolher 22 à Copa do México. Já não era o Telê de quatro anos antes, resoluto e militante do futebol-arte. Tornara-se ranzinza, seu mau humor, descontava nos jornalistas e, enfim, não conseguiu formar um time.

Peças lamentáveis como Dida do Coritiba, Mozer do Flamengo (craque no time, nervoso de amarelo), Elzo, volante do Atlético(MG), Alemão do Botafogo, o piadista Edivaldo, também do Galo e o intragável Casagrande do Corinthians, levado por influência do cansado Sócrates, eram sinais de que perderíamos.

No bolo, entediados, Sócrates, Oscar, Falcão, Leandro (que mandou a Copa à Pqp na hora do embarque) e os cortados por contusão, Cerezo (sempre tremendo) e o inexplicável Dirceuzinho aos 36 anos. Na vaga que seria do espetacular Mário Sérgio.

Zico, exemplar no sacrifício. Um ano antes, o perverso zagueiro Márcio Nunes do Bangu esfarelara seu joelho. Zico persistiu e conseguiu ir ao Mundial depois de golaços nos amistosos e da resistência dos predestinados.

Os 22 finais de Telê foram decepcionantes. Detesto Renato Gaúcho e a sua grosseria crônica, mas estava no auge e não poderia ter ficado fora. Jogamos com o seguinte meio-campo: Elzo, Alemão, Júnior e Sócrates. Ou seja, não critiquem Lazaroni e Parreira. Telê, a sumidade ofensiva, inaugurou o volantismo.

Em Natal, campeonato local paralisado, marcaram para 22 de junho um amistoso Vasco x Flamengo no Castelão. A rivalidade acentuada. Vasco campeão da Taça Guanabara e Flamengo líder da Taça Rio, o segundo turno.

Meu pensamento, minha vontade, minhas orações seriam para assistir ao maior clássico brasileiro )àquela época). Mais uma vez, minha avó garantiu o ingresso, tirando poucas cédulas da bolsa humilde de aposentada estadual.

No peito, a alegria de ver, ao vivo, da arquibancada, meu maior ídolo cruzmaltino, o Pequeno Príncipe Geovani, meia-armador literato, preterido pela rabugice de Telê Santana. Melhor para mim. Com ele, Mauricinho, Roberto Dinamite e Romário, trio atacante digno de seleção mundial. Roberto merecia vaga na Copa.

A Copa do Mundo afunilou e, no dia 21 de junho, sábado, o Brasil pegou a França de Tiganá, Giresse e Platini, setor de criação de cientistas da bola. E nós com Elzo e Alemão. Careca jogando muita bola, por uns três ou quatro colegas, abriu 1×0. Platini empatou.

Zico entrou, meteu de curva feiticeira para Branco ser derrubado pelo goleiro Bats. Zico bate e Bats defende. Perdemos nos pênaltis e novo luto, imerecido pelas lambanças de Telê Santana.

E o Vasco x Flamengo?, me desesperei ante a hipótese de cancelamento. Confirmado. Meu primo Cláudio, o mais doce flamenguista, falecido vinte anos depois do coração que nele era imenso, me levou. Castelão com ar assombroso de cemitério.

Os dois times entram. Para fazer uma das maiores exibições do estádio. Escolhido melhor em campo pela Rádio Cabugi e o Diário de Natal, Geovani sentou o futuro tetracampeão Jorginho em drible de corpo frente à torcida do Alecrim. Enfileirou Zinho, Andrade e Alcindo em minha homenagem, diante do Frasqueirão. Bebeto fez golaço de falta.

O Vasco empatou com Mauricinho e virou com Dinamite: 2×1. Só 3.840 felizardos na plateia. Fiquei parado, olhando aqueles toques diferentes, categóricos e a pensar. Juntando Vasco e Flamengo, teríamos ido mais longe.

Máxima reverência a uma seleção com Paulo Sérgio (reserva em 1982 e no Vasco); Jorginho, Donato, Aldair, e Mazinho; Andrade, Adílio e Geovani; Bebeto, Roberto Dinamite e Romário (que passou o jogo entediado). Escolheria os 11 acima (e Zico), que não sofriam do pânico do escrete de Telê.

PS. Vasco 2×1 Flamengo – 22/06/1986 – Estádio Castelão(Machadão). Vasco: Paulo Sérgio; Paulo Roberto, Donato, Fernando e Heitor; Morôni, Mazinho e Geovani; Mauricinho, Roberto e Romário. Flamengo: Zé Carlos; Jorginho, Guto, Aldair e Adalberto; Andrade, Aílton e Adílio (Valtinho); Bebeto, Vinícius (Alcindo) e Zinho.

PARABÉNS

por Paulo Roberto Melo


Sou um torcedor comum do Clube de Regats Vasco da Gama. Na adolescência e na juventude, fui torcedor da arquibancada e da geral do Maracanã. Fui pouco ver o Vasco em São Januário. Morador da Tijuca e sem carro, sempre foi difícil ir até São Cristovão, principalmente quando os jogos aconteciam de noite.

Sempre acompanhei o Vasco através dos jornais, dos programas de rádio e TV e quando o videocassete se tornou uma realidade viável nas casas, cheguei a colecionar gols do Vasco. Isso mesmo! Do final da década de 90 até o início dos anos 2000, eu gravava os gols e os anotava em uma folha. Comprei diversas camisas de jogo, algumas de treino, agasalhos e livros sobre o Vasco.

Considero que torcer para o Vasco sempre ultrapassou os limites de um simples gostar de um clube. Torcer para o Vasco significa mesclar sentimentos e memórias, envolvendo meus pais que já partiram, um dos meus irmãos, também já falecido e o irmão que ainda está comigo, parceiro de longas resenhas pós jogos.

Diante do quarto rebaixamento em 12 anos, eu preciso dar os parabéns a todos que classifico como responsáveis por mais essa humilhação. E vou fazê-lo de forma didática e hierárquica, listando dos menos ao mais culpado.

Parabéns aos jogadores. É certo que trabalhar sem receber salário é algo impensável para qualquer profissional, ainda mais em um ambiente de muito dinheiro. Dou os parabéns, porque determinados jogadores desse elenco não tem a menor condição de vestir a camisa do Vasco. São jogadores que não sabem chutar, cruzar, cabecear e dar um passe de dois metros.

Parabéns a todos os envolvidos com a política do Vasco. Parabéns ao grupo que colocou o Roberto Dinamite para ser o cabeça de uma chapa que prometia ter uma fila de empresas para patrocinar o clube, se fosse eleita e, que no fim, deixou o Dinamite sozinho. Parabéns ao Campelo, presidente desse último rebaixamento (não posso colocar essa cruz nas costas do Salgado). Parabéns por ter aceitado participar de um golpe para se tornar presidente e passar os três anos do seu mandato montando times medíocres, lutando para não cair nos dois primeiros anos, para cair no terceiro.


Ainda no campo da política, parabéns a todos os nomes que passei a escutar e ler nos jornais nos últimos tempos. Roberto Monteiro, Mussa, Leven, Brant, Euriquinho e muitos mais que não conseguem realizar uma eleição no clube, sem que ela seja resolvida na justiça. É impressionante como um clube com uma dívida de 720 milhões de reais ainda é disputado. Cada um, ávido por tirar um pouco mais.

E por fim, preciso dar os parabéns ao maior culpado de todos: Eurico Miranda.

É certo que muitos, ao ler estas linhas vão dizer que estou louco em culpar um homem que não dirige o clube há muito tempo. Outros talvez digam, que é um absurdo culpar um homem que já morreu.

Pois bem, engana-se quem pensa que o Eurico está morto. Ele está vivo no projeto megalomaníaco das Olimpíadas de 2000, quando contratou, sem dinheiro, atletas das mais diversas modalidades. Muitos desses atletas ainda estão na lista de credores, com cifras milionárias a receber. Foi o Eurico que não pagou FGTS e salários de diversos jogadores, condição básica de uma relação patrão e empregado. Esse fato fez com que o clube perdesse, de graça, grandes jogadores.

 Muitos vão lembrar dos times maravilhosos que ganharam dois títulos brasileiros, uma Mercosul, uma Libertadores e um Carioca, brilhando no ano do centenário. Gosto de lembrar que o presidente desses títulos se chamava Antonio Soares Calçada. O Eurico era o vice, brigava pelo Vasco, era a voz ativa nos tribunais e era idolatrado pela torcida. Mas tinha o Calçada.

O Eurico se tornou presidente e no raiar do ano 2001, quando o Vasco entrou em campo para enfrentar o São Caetano, no Maracanã, na final de um evento patrocinado pela Rede Globo, estampando SBT nas camisas, ficou clara a mensagem: o Vasco não era mais da sua torcida, dos seus jogadores antigos e atuais, da imensa colônia portuguesa. O Vasco era de Eurico Miranda.


Vinte anos de Eurico Miranda foram e ainda estão sendo mortais para o Vasco. Durante esse tempo, ídolos foram perseguidos e o maior deles foi expulso das sociais de São Januário. Eleições foram fraudadas, urnas sumiram e a imprensa foi diversas vezes impedida de realizar o seu trabalho. 

O legado dele permanece vivo. Luzes foram apagadas na última eleição, a Light foi cortar a luz de São Januário, a Cedae cortou a água. Os jogadores continuam com três salários atrasados. Atletas e técnicos continuam entrando na justiça por valores milionários. O Vasco não tem basquete, não tem voley, não tem atletismo e nem natação. O Vasco ainda tem futebol, mas ele agora é de série B e não sei por quantos anos. O Vasco tem a sua torcida apaixonada, sofrida, ávida por títulos e ídolos.

Eu caí muitas vezes na minha vida. E assim como o Vasco, não caí de surpresa, afinal, vinha caindo há tempos. Consegui me levantar das vezes que caí, graças a minha família e ao amor, principalmente da minha esposa e da minha filha.

Hoje, eu escutei um flamenguista cantar de sacanagem: “o Vasco é o time da virada! O Vasco é o time do amor!” Que seja profético! O Vasco precisa de uma virada e precisa de quem o ame, sem sugar dele aquilo que ele já não tem mais.

Por enquanto, nesses parabéns, eu relembro o poeta: “Vamos celebrar o horror de tudo isso, com festa, velório e caixão.”

VASCO, UM AMOR FORA DE SÉRIE

por Marco Antonio Rocha


Nasci Vasco. Os laços de amizade começaram a se estreitar nos gols de falta do Dinamite, nos lançamentos do Geovani, nas arrancadas do Mauricinho, nos chutes certeiros do Romário. A mesa de botão, grande demais àquela altura, reproduzia lances fantásticos saídos da cabeça do menino com menos de 10 anos e do radinho de pilha. Quando José Carlos Araújo anunciava “casa cheia, casa cheia oi…”, logo imaginava o espetáculo das bandeiras com a Cruz de Malta e da chuva de papel na entrada do time em campo. No bate-bola com meu pai, eu era o Acááááááááácio, homem-elástico que, de São Januário, seria capaz de defender um chute certeiro no ângulo do Maracanã…

Não fazia ideia de quem eram Alexandre Campello, Jorge Salgado, Julio Brant e Leven Siano. Mas sabia de cor os times que conquistaram o Bicampeonato Carioca de 1987-1988. Comprei nas Casas Sendas um dos LP mais tocados na Ilha do Governador naquela década: de um lado, o Hino do Vasco; do outro, a gravação do Garotinho narrando o gol do Cocada. O disco se perdeu no tempo, talvez tenha se desintegrado de tanto rodar no três em um, com a caixa de som devidamente posicionada na janela de casa.


Não fazia ideia de quem eram Alexandre Campello, Jorge Salgado, Julio Brant e Leven Siano. Mas o sentimento pelo Vasco virou algo ainda mais forte quando acompanhei meu primeiro título de Campeonato Brasileiro, em 1989. Lá estavam Acácio, Winck, Quiñonez, Marco Aurélio e Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro e Bismarck; Sorato, Bebeto e William. Comandados por Nelsinho Rosa, representavam o adolescente que não teve coragem de encarar a Dutra de ônibus, às escondidas, para ver a SeleVasco entrar para a história.

Não fazia ideia de quem eram Alexandre Campello, Jorge Salgado, Julio Brant e Leven Siano nos anos 90. Mas já estufava o peito para falar da luta contra o racismo, essência de nossas origens. De quebra, vi em São Januário e no Maracanã boa parte das vitórias que nos deram o Tricampeonato Carioca de 1992-1993-1994. Uma trinca marcada por momentos inesquecíveis e sucessivos: a estreia do Edmundo nos profissionais, a despedida do Dinamite e a trágica morte do Dener.

Não fazia ideia de quem eram Alexandre Campello, Jorge Salgado, Julio Brant e Leven Siano. Mas o Vasco já fazia parte da minha rotina. Dia e noite, noite e dia. Da Ilha até Niterói, dava tempo de sobra para devorar o Jornal dos Sports e a Placar antes de chegar à UFF. Na volta para casa à noite, sacolejando na Ponte ou cruzando suavemente a Baía, o radinho me contava as últimas. E o que começava a nascer não era um time, mas o time. Veio mais uma final de Brasileiro, e desta vez era só cruzar a Linha Vermelha, bem menos curta do que a Dutra… Espremido entre palmeirenses no Maracanã, vi Carlos Germano salvar de forma milagrosa uma cabeçada de Oséas. Não sei como cheguei em casa naquele dia, só sei que foi sem buzina – espécie de releitura do LP do Cocada…

Já fazia ideia de quem eram Alexandre Campello, Jorge Salgado, Julio Brant e Leven Siano quando me formei jornalista e passei a frequentar o clube na cobertura pelo Lance e, posteriormente, pelo Extra. Fui proibido de entrar em São Januário por Eurico Miranda, contrariado com reportagens que escrevi. Do lado de fora, sob sol e sob chuva, na calçada que dá para a arquibancada, tentava entrevistar os jogadores na saída do estádio. Poucos, muito poucos tinham coragem de parar o carro e desrespeitar a ordem do chefe. Mas jamais deixei de gritar o nome de todos eles nas partidas em dias de folga. Fui à loucura com o gol monumental de Juninho Pernambucano, festejei o quarto título do Brasileiro e experimentei uma das melhores sensações que senti na vida quando Romário sacramentou a Virada do Século.


Já fazia ideia de quem eram Alexandre Campello, Jorge Salgado, Julio Brant e Leven Siano nos rebaixamentos. E chorei. Não pelos cartolas ou candidatos derrotados em intermináveis eleições, mas pelo time que escolhi amar. Vejo gente promovendo campanhas de desassociação em massa, boicote aos produtos oficiais e à VascoTV. Somos pioneiros ao criar torcedores de dirigentes. E choro mais uma vez. A mesa de botão, agora, reproduz lances fantásticos saídos da cabeça do meu filho de 11 anos e das histórias que conto a ele. Como sempre, darei ao clube minha fidelidade incondicional. Seguimos um ao lado do outro, em uma relação de amor que não tem data (nem divisão) para acabar. Morrerei Vasco.

O DOCE GOSTO DO TÍTULO

por Luis Filipe Chateaubriand


O Campeonato Carioca de 1988 estava sendo decidido por Vasco da Gama e Flamengo.

Era o segundo jogo da decisão, de um total de três, e a situação do rubro negro era muito desconfortável: precisava vencer esse segundo jogo, para forçar o terceiro jogo.

Para o clube cruz maltino, a situação era bem mais confortável: empate ou vitória no segundo jogo garantiam o título.

Pois o jogo começou, e o Flamengo veio com tudo para cima do Vasco da Gama.

Domínio absoluto.

Mas, como diz-se no jargão do futebol, “não conseguiu traduzir em gol o domínio territorial”.

Aos 40 minutos do segundo tempo, o placar de 0 x 0 permanecia inalterado, e a torcida do Vasco da Gama começava a comemorar um título que parecia cada vez mais próximo.

Mas uma surpresa ainda estava reservada para a peleja…

O lateral direito Lucas – irmão do selecionável Müller e apelidado de Cocada – entrou, no Vasco da Gama, substituindo Vivinho.

Isso foi aos 41 minutos.

Aos 44 minutos, Cocada – que já tinha jogado no Flamengo mas foi dispensado de lá por insuficiência técnica – recebe a bola na metade do campo, do lado direito, avança com ela todo serelepe, e rápido e, ao chegar na entrada da área, desfere um chute violento, mas colocado, que vai parar no fundo do gol.

Este escriba, que estava no Maracanã, achou que a bola ia para fora, mas a pelota fez uma curva, tomou um efeito, que lhe levou para o fundo das redes.

E lá se foi Cocada, comemorar, dirigindo-se para o banco do Flamengo, provocando o técnico Carlinhos, que o dispensou da Gávea.

O Vasco da Gama, assim, que só precisava do empate, venceu por 1 x 0 e sagrou-se campeão.

Doce conquista, com sabor de cocada!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!