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A FARRA DA PATOTA

::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::::

Na última semana, li uma matéria que dizia que Tite havia definido uma “agenda de observações” para analisar o desempenho de alguns jogadores e definir o grupo que vai disputar a Copa do Mundo. Antes de mais nada, acho um absurdo que, às vésperas de um torneio tão importante, o treinador da Seleção ainda não tenha o elenco formado.

Disputei duas Copas do Mundo, três Eliminatórias e tenho propriedade no assunto. Não é por acaso que o Mundial é disputado de quatro em quatro anos e não vai ser a dois meses da competição que Tite vai descobrir o craque que vai nos salvar.

Se já não fosse o bastante, o que me causou indignação ainda maior foi o roteiro definido para acompanhar os jogos e treinamentos: Brasil, Espanha, Portugal, Itália, Inglaterra, França e México. Ao lado da sua patota, o treinador fará uma viagem dos sonhos com o que há de melhor em termos de gastronomia e hospedagem com tudo pago pela Confederação.

Pelo que li, são dez jogos distribuídos ao longo desse período e a panela contará com Matheus Bachi, filho do treinador, César Sampaio, Juninho Paulista, Fábio Mahseredjian e outros que eu nem sei quem são. No México, por exemplo, li que César Sampaio e Guilherme Passos foram acompanhar Puma x Santos Laguna e viram Daniel Alves perder de 5 a 1, com direito a drible desconcertante que o deixou no chão. Agora me respondam com sinceridade: precisa ir até lá para constatar que o lateral de 39 anos não tem mais condições de disputar o Mundial? Pelo menos a comissão deve ter aproveitado os pontos turísticos da cidade, degustado bons vinhos, tacos, tortillas e burritos! Não sou bobo!

Por falar em lateral, a carência é tanta que teve uma galera cogitando Rodinei na Seleção! Kkkkkk! Vamos aguardar as próximas partidas porque estou ansioso pelo relatório da comissão após esse tour gastronômico abaixo:

17/8 – Athletico-PR x Flamengo (Cleber Xavier e César Sampaio)
17/8 – Fluminense x Fortaleza (Tite e Matheus Bachi)
21/8 – Palmeiras x Flamengo (Tite e Cleber Xavier)
21/8 – Atlético de Madrid x Villareal (Matheus Bachi e Fábio Mahseredjian)
21/8 – Pumas x Santos Laguna (César Sampaio e Guilherme Passos)
23/8 – Benfica x Dínamo Kiev (Matheus Bachi e Fábio Mahseredjian)
24/8 – Pumas x Tigres (César Sampaio e Guilherme Passos)
27/8 – Juventus x Roma (Matheus Bachi e Fábio Mahseredjian)
27/8 – Arsenal x Fulham (Tite e Juninho Paulista)
28/8 – PSG x Mônaco (Tite e Juninho Paulista)

PÉROLAS DA SEMANA:

“Com uma ligação direta e transição no último terço do campo, o cenário se ofereceu desconfortável para o time inflar sem mudar a escalação com a corda esticada, aprimorando o modelo de jogo qualificado por dentro”.

“Para balançar o meio-campo, o time desconecta os setores amassando e empurrando o adversário para trás em direção ao gol e no controle da segunda bola (só existe uma!!). Para quebrar a marcação e algemar o adversário, também potencializa o homem de lado para ganhar amplitude de campo”.

Algemar
Contundente
Transição
Amplitude
Potencializar
Passar na linha Central (Seria Central do Brasil? kkkk)
Quebrar a marcação

Diz aí, geraldino! Entendeu alguma coisa?

QUAIS OS TITULARES DE TITE?

por Elso Venâncio

Faltando menos de 100 dias para a Copa do Mundo, Tite ainda não definiu o grupo que vai disputar a Copa

Há três meses da Copa do Mundo do Catar, você, por acaso, você sabe quem são os titulares de Tite? Será que o próprio técnico tem essa resposta? Me perguntaram se o Daniel Alves, que caminha para os 40 anos de idade, vai jogar. Não sei. E o Thiago Silva, aos 38? A verdade é que o torcedor há bastante tempo já perdeu o interesse pela seleção. Pintar as ruas, os muros? Nem pensar. Esquece…

Até para vestir a “amarelinha” hoje o brasileiro comum pensa duas vezes ou mais se vale a pena. Ela passou a ser símbolo político, e não nacional.

Nos últimos anos, com os interesses comerciais e pessoais prevalecendo, os cartolas retiraram os jogos do país. Amistosos da seleção são definidos por uma empresa que paga e faz negócios. Levar as partidas para o exterior é a melhor maneira de colocar na vitrine aqueles que podem ser observados pelos poderosos empresários europeus.

O que presenciamos por aqui nas últimas duas décadas foram amistosos sem sentido, sem qualquer objetivo ou critério técnico. Após o pentacampeonato de 2002, o Brasil deixou de enfrentar as principais seleções do Velho Mundo e, coincidência ou não, o jejum de títulos já chega há 20 anos.

Sei que o futebol mudou, passou a ser um grande business. A FIFA, com a ganância de sempre, colocará no Mundial seguinte, em 2026, nada menos do que 48 seleções na Copa. Inclusive, já fez as contas: somente de bilheteria, projeta 21 bilhões de dólares. Serão 80 jogos em um mês, e mais, em três sedes! Isso mesmo: Estados Unidos, México e Canadá. Sinceramente, é muito jogo…

Visitando o site da Conmebol me assustei com o número de competições. Fui no da CBF e… a mesma coisa! Por isso é que temos jogos todos os dias, de segunda a domingo. De manhã, à tarde e à noite. Será que ninguém observa que qualidade é mais importante do que quantidade? Paulo Cézar Caju, monstro sagrado do nosso futebol, já levantou o tema em sua coluna na revista Placar. Com menos jogos pode-se faturar muito mais. Nossa sorte é que a Liga está para chegar e, com ela, um novo calendário deve ser desenhado.

Sobre a retomada da identidade e da paixão do povo pela nossa seleção, vejo uma única saída. A volta dos amistosos ao Brasil nas datas FIFA. Só assim para reaproximar nossos craques com o torcedor, que é o verdadeiro responsável por sermos o país do futebol.

SÓ O TITE NÃO VIU

por Zé Roberto Padilha


O treinador da Seleção Brasileira foi assistir aos últimos jogos do Fluminense. E só ele, e sua obsessão por quem atua fora do nosso país, não foi capaz de reconhecer as duas novas pérolas do nosso futebol: Calegari e Luiz Henrique.

Até o Matinelli ele preferiu convocar o similar importado.

Atuando do lado direito, onde nossa seleção tem encontrado sérias dificuldades desde que Cafu se aposentou e Mané Garrincha nos deixou, Calegari e Luiz Henrique tem nos oferecido momentos raros de criação e inspiração.

Um entrosamento que trazem desde as divisões de base. Desde Xerém. Não é todo dia que surgem dois grandes craques assim em nosso futebol.

Um lado direito tão ruim, o da nossa seleção, que Fagner foi titular das últimas Copas do Mundo e Daniel Alves, próximo do seu jogo de despedida, foi convocado para sua milésima participação.

Nem ele aguenta mais apoiar, muito menos Thiago Silva e Marquinhos cobrirem o buraco que ele deixa escancarado às suas costas.

Para nós, que jogamos futebol, a convocação para a seleção brasileira representa um prêmio, um reconhecimento a uma fase esplendorosa da nossa carreira.

Sabe aquele choro do Pelé, saindo do Santos novinho, convocado para defender a seleção do seu país na Suécia? Mais ou menos o que estão sentindo os civis ucranianos, saindo às ruas para defender a sua pátria.

Só que as guerras no futebol são pacíficas, armas de chuteiras, balas de uma bola sintética, que já foi de couro e que não querem destruir ninguém, apenas acertar o gol e impor o talento e a vocação proprios de uma nação.

Calegari e Luiz Henrique mereciam estar na lista, mas não foram jogadores do Corinthians aos quais Tite deve eterna gratidão. Tantas tem demonstrado, que escalou contra a Bélgica, na última Copa do Mundo, Fagner, Paulinho e Renato Augusto.

A Bélgica nos eliminou por 2×1. E ele continuou no cargo a distribuir gratidão, não ao seu país, à sua profissão. Mas aos seus interesses particulares, sensíveis aos assédios dos empresários que rondam à CBF, somados às palestras e preleções de auto-ajuda quem nem o Paulo Coelho aguenta mais.

Fora, Tite !

CRISE NA CBF ABALA FUTEBOL BRASILEIRO, MAS TITE FICA FORTALECIDO

por André Luiz Pereira Nunes


Pela primeira vez, desde a ditadura militar, um presidente da república interferiu nas decisões da Seleção Brasileira a ponto do mandatário afastado da entidade que rege o futebol nacional ter lhe prometido demitir o vitorioso técnico Tite. A mencionada interferência fere o Estatuto da FIFA e poderia resultar na exclusão do país para a Copa do Mundo de 2022, no Qatar.

É sabido que o selecionado de Tite, de fato, não empolga. Porém, os números não mentem. Com 100% de aproveitamento, seria suicídio mandá-lo embora, algo que poderia acarretar na desclassificação da equipe para o Mundial. Sem contar que os jogadores apoiam incondicionalmente o seu trabalho. A safra infelizmente não é boa. A culpa não é do treinador.

O clima de descontentamento por parte dos atletas em disputar a Copa América é bastante grande. E o motivo principal não é a pandemia. A maioria está de férias e gostaria de utilizar esse período para descansar. O torneio, em comparação com as Eliminatórias, tem importância bem menor. O evento ter parado repentinamente no Brasil sem que houvesse qualquer conversa ou explicação também pesou para o elenco. A irritação foi tão grande que um grande boicote passou a ser uma hipótese plausível, embora não acredite que ocorra.

São notórios os casos de jogadores que ao longo dos anos pediram para ser dispensados de uma disputa de Copa América, mesmo se arriscando a desagradar o treinador e não serem mais lembrados. Romário é um dos exemplos mais lembrados. Em 2001, chegou a ser convocado por Luiz Felipe Scolari, mas irritou o treinador ao pedir dispensa da edição devido a uma cirurgia ocular e depois atuar em amistosos pelo Vasco. O preço foi bastante alto. O atacante ficou fora da lista para a Copa do Mundo do ano seguinte que foi vencida justamente pelo Brasil.

O interessante é que em meio a toda essa polêmica, surge na imprensa um providencial escândalo envolvendo o presidente Rogério Caboclo, acusado por uma funcionária de assédio sexual. O fato foi extremamente corroborado pela existência de gravações que já foram até exibidas em rede nacional pela Globo. Em se tratando de CBF nada disso é novidade. A instituição já soma quatro presidentes afastados do cargo: três por corrupção, além do atual. Seu sucessor, Antônio Carlos Nunes, conhecido como Coronel Nunes, era um dos vice-presidentes e acabou escolhido por ser o mais velho. Ele é acusado de ter colaborado com a ditadura militar.

A demissão de Tite agradaria a Bolsonaro e a seu preposto Rogério Caboclo. Mas quem manda mesmo na parada são os patrocinadores. O pool de empresas formado por Itaú, Ambev, Gol e Mastercard já havia demonstrado preocupação com as denúncias e desagrado quanto à demissão do técnico. A razão é muito óbvia. A crise é da CBF, não da Seleção. Para quem não sabe, mesmo sem apresentar um bom futebol, é a única do planeta a ter 100% de aproveitamento nos jogos realizados depois da paralisação por força da pandemia.

O treinador, portanto, tem respaldo total de patrocinadores e jogadores, os quais lhe dão apoio incondicional. Há quem considere ruim o trabalho de Tite porque o futebol não empolga, mas demiti-lo a essa altura seria irresponsabilidade demais. Também não vejo substitutos no momento à altura. Renato Gaúcho, o mais lembrado, não vive boa fase na carreira. Ao que parece, nesse jogo levaram a pior, seguramente, o presidente da república Jair Bolsonaro e o da CBF Rogério Caboclo, justamente os que não jogam mesmo nada!

TODOS IGUAIS, MAS UNS MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS

por Ivan Gomes


O título acima nos remete a uma frase de George Orwell em seu fantástico livro “A Revolução dos Bichos”, lançado em 1945. A frase também foi utilizada em 1992 pela banda gaúcha Engenheiros do Hawaii, na música “Ninguém é igual a ninguém”, que nos remetia ao final do governo Collor e seus escândalos. 

E em 2019, ela pode ser utilizada para o time, para mim seleção não existe mais, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que puniu Douglas Costa, de maneira correta, após cuspir em um adversário, mas não irá punir Neymar, que atingiu um torcedor com um soco há algumas semanas.

Por qual motivo a agressão de Douglas Costa foi punida e a de Neymar não? Acredito que o futebol reflete em muito a sociedade na qual está inserido e, com essa atitude, mostra que realmente as regras no Brasil não são para todos. Como diz um antigo ditado, “aos amigos a lei, aos inimigos os rigores da lei.”

Muitos podem dizer que o jogador do PSG não pode ficar fora, pois trata-se de uma competição importante, que a “seleção” precisa do título, entre outras desculpinhas insignificantes. Mas não podemos esquecer que o futebol é o esporte mais popular do país e adentra às casas de milhões de brasileiros e praticado por muitos jovens e crianças que aspiram um dia tornarem-se profissionais e defender a seleção.


Devido a quantidade de pessoas que são afetadas por essa modalidade esportiva, acredito que ela poderia ser utilizada para mostrar às crianças e adolescentes que todo ato tem consequências. Neymar é tido como ídolo por muitos desses jovens, que mau exemplo ele deu e exemplo pior dá a confederação ao não puni-lo.

Quem é amante do futebol sabe que não é somente um jogo, é muito mais do que isso, mas a competitividade não pode estar acima de questões morais e éticas. Se bem que a CBF e a maioria da classe política brasileira são antros de péssimos exemplos e estão muito longe de valores éticos/morais, basta lembrarmos dos escândalos que envolvem Ricardo Teixeira, Marin e Marco Polo, os três últimos presidentes desta entidade.

Mas se alguém está preocupado com a competição, basta lembrarmos que na Copa do Chile, em 1962, Pelé, o rei do futebol, se contundiu e não disputou a fase final, mesmo assim o Brasil sagrou-se bicampeão do mundo. Também sem Pelé, em 1963, Almir Pernambuquinho substituiu o rei e o Santos conquistou o bicampeonato mundial de clubes. Esses exemplos mostram que quem vence é o grupo, não somente um jogador.

Além de ser péssimo exemplo de comportamento fora de campo, o atacante do time da CBF também o é dentro. Trocar o Santos pelo Barcelona é até compreensível nos dias atuais, devido ao neocolonialismo que sofremos, como se tudo que fosse feito na Europa seja o correto e o restante do mundo tem que seguir seus padrões. Mas trocar o Barcelona por um PSG, aí vemos que algo não está relacionado somente ao futebol… 

Talvez por isso hoje seja difícil termos ídolos no futebol. Os últimos são Rogério Ceni e Marcos, que sempre defenderam com honra e orgulho as cores de seus clubes. Cássio, o atual goleiro do Corinthians, trilha esse caminho, todos eles com carreiras feitas nos clubes e conquistas importantes.


Acredito que para que o futebol brasileiro e o sul-americano no geral melhorar (afinal, são sul-americanos os maiores craques de todos os tempos: Pelé, Garrincha, Maradona, Di Stéfano) é preciso que ocorram mudanças nas gestões dos clubes, profissionalismo é fundamental, incentivo às categorias esportivas dentro das escolas e que os jovens parem de usar os principais clubes de seus países como trampolim para ser contratados por times médios e pequenos de outros continentes. 

Quando criança nos anos 80, o sonho da molecada era ser jogador e ídolo no Santos, Corinthians, São Paulo, Palmeiras… ninguém falava em Europa. Hoje, a maior parte só pensa em jogar fora do Brasil. Precisamos deixar o eurocentrismo de lado e valorizar mais nosso povo e cultura. E, fundamentalmente, fazer com que as regras sejam aplicadas a todos e todas, independentemente da ocasião.

Ivan Gomes é jornalista e professor