por Victor Kingma
Em 1958 o futebol brasileiro vivia uma fase de euforia, pois a seleção tinha conquistado pela primeira vez o tão sonhado campeonato mundial, na Suécia.
Os campeonatos regionais, principalmente do Rio e São Paulo, onde atuavam todos os jogadores da inédita conquista, nunca estiveram tão empolgantes. Os torcedores lotavam os estádios para ver os heróis da seleção, além de outros craques consagrados.
O campeonato carioca da daquele ano, então, talvez tenha sido o mais emocionante de todos os tempos.
Disputado em dois turnos o regulamento previa que o campeão seria aquele com maior número de pontos conquistados. Se dois times terminassem empatados na pontuação a decisão aconteceria numa “melhor de três”.
Caso três equipes terminassem com a mesma pontuação, seria disputado um triangular entre eles para definir o campeão, mini-torneio chamado de Supercampeonato.
O Vasco, dos campeões mundiais Bellini, Orlando e Vavá, liderou quase todo o certame e faltando duas rodadas para o fim bastava um empate nos jogos contra Flamengo e Botafogo para se tornar o campeão daquele ano.
Mas isso não aconteceu. Perdeu de 2 x 0 para o Flamengo de Moacir, Joel e Dida, que estiveram com a seleção na Suécia, e de 2 x 1 para o Botafogo, dos consagrados craques e titulares na Copa, Nilton Santos, Didi, Garrinchae Zagallo, que havia sido comprado do Flamengo.
O campeonato terminou com os três empatados, com campanhas idênticas: 14 vitórias, 4 empates e 4 derrotas. E a decisão foi para o triangular decisivo, o Supercampeonato.
Na primeira partida o Vasco venceu o Flamengo por 2 x 0, gols de Pinga e Almir.
Na partida seguinte, entre Flamengo e Botafogo, vitória rubro-negra por 2 x 1. Dida e Luis Carlos marcaram para o Flamengo e Paulinho Valentim para o Botafogo.
E veio a última partida entre Vasco e Botafogo. Mais uma vez o empate daria o título para os cruzmaltinos. Mas o Botafogo ganhou de 1 x 0, com novo gol de Paulinho Valentim. Tudo igual de novo entre os três.
Foi necessário, então, um novo triangular para definir o campeão, o Super Super, como a imprensa esportiva começou a chamar aquele histórico campeonato.
Na primeira partida, o Vasco derrotou o Botafogo por 2 x 1, com dois de Pinga contra um de Quarentinha, o artilheiro do torneio com 20 gols.
Na segunda rodada Botafogo x Flamengo empataram de 2 x 2, gols de Quarentinha para os alvinegros e Dida e Luis Carlos para o Flamengo. Resultado que eliminou o time botafoguense do técnico João Saldanha.
E a decisão ficou para a última partida entre Vasco x Flamengo. Quem vencesse seria o campeão. O empate, mais uma vez, daria o título ao Vasco.
E no dia 17 de janeiro de 1959, os times entraram em campo no Maracanã para a grande decisão assim escalados:
Vasco: Miguel, Paulinho, Bellini, Orlando e Coronel; Écio e Valdemar; Sabará, Almir, Roberto Pinto e Pinga.
Técnico: Gradim.
Flamengo: Fernando, Joubert, Pavão, Jadir e Jordan; Dequinha e Moacir; Luís Carlos, Henrique, Dida e Babá.
Técnico: Fleitas Solich.
Diante de um publico de 140.000 torcedores e com arbitragem do árbitro Eunápio de Queiróz a partida foi emocionante.
Depois de um primeiro tempo muito estudado, o meiaRoberto Pinto, sobrinho do lendário Jair da Rosa Pinto,abriu o placar para o Vasco, aos 13 minutos. Os rubro-negros reclamaram impedimento, mas o quarto zagueiro Jadir dava condições de jogo ao vascaíno.
O Flamengo partiu para o ataque e aos 24 minutos o ponta esquerda Babá, pegou um rebote da defesa e empatou a partida.
O final do jogo foi dramático. O time rubro-negro pressionou muito, mas dessa vez os vascaínos espantaram o fantasma do empate e souberam segurar o resultado que lhes garantiu o histórico título de Super Supercampeão carioca de 1958.