por Jack Alves
Quando leio ou ouço a famosa frase: “É só futebol”, (uma forma de diminuição e desvalorização da importância do esporte bretão), confesso que sou tomado por uma sensação de lamento. O futebol em campo (e fora dele), é um reflexo direto de nossa sociedade.
Os atos terroristas cometidos contra profissionais do futebol nos últimos dias, em várias cidades brasileiras, são tentativas de homicídio e reflexos de uma sociedade doente, agressiva e intolerante. Enquanto as autoridades brasileiras não buscarem soluções efetivas contra esses criminosos, a tendência é piorar. Será que estão esperando a morte de algum desses profissionais? Criminoso só teme a lei, quando ela é cumprida de forma contundente.
E onde entram os verdadeiros torcedores e amantes do futebol nessa história? Nunca devemos deixar de comentar e cobrar das autoridades competentes a punição para os criminosos. Devemos cobrar posicionamento dos atletas profissionais, pois o que gera mudanças é a mobilização geral. A união sociedade + atletas+ autoridades, sempre vai gerar frutos produtivos.
A violência afasta mulheres, idosos, crianças e os verdadeiros amantes do futebol dos estádios. Muitas vezes causa danos tão graves nas vítimas dessas violências, que muitos não querem nem assistir partidas pela televisão. O futebol “morre” para essas pessoas.
O futebol é um dos maiores entretenimentos do planeta, gera fortunas gigantescas, consequentemente milhares e milhares de empregos diretos e indiretos e é inconcebível, que seja tratado de forma tão simplista e irresponsável por autoridades. Dirigentes e uma parte da mídia, também são responsáveis por barbáries como essa ainda acontecerem no mundo atual. A mídia falha quando chamam esses criminosos de torcedores. Dirigentes falham, quando patrocinam essas “torcidas” com ingressos e com influência direta dentro de seus clubes. E há ainda “torcedores” que romantizam essas barbáries, com frases como “O futebol respira”, ” Futebol raiz” e “Futebol sem mi mi mi”.
O futebol já parou, mesmo que momentaneamente, guerras pelo mundo. Foi assim com o Santos de Pelé, no fim dos anos 60, que parou conflitos no Congo e na Nigéria. Foi assim no Haiti, em 2004, quando o povo haitiano largou as armas e parou pra ver a seleção brasileira de Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno. Cito estes fatos históricos, pois tenho visto pessoas ridicularizando as ações da Fifa ao excluir a Rússia de suas competições. Frases como “Agora Putin para a guerra” e “Agora a paz mundial vem”. Lamentável…
Quem ama o futebol, preza pelo sucesso do mesmo. O futebol salva vidas, cura pessoas da depressão, leva alimento para mesas dos profissionais e suas famílias. Leva diversão e alegria para vidas de pessoas ao redor do mundo. Não devemos aceitar, que bandidos ainda tenham espaço e descarreguem suas frustrações no maior esporte do planeta. Que busquemos como sociedade, cada vez mais a alegria do futebol, para cada vez menos, termos sentimentos de dor e tristeza no mundo.
Tudo está interligado: futebol, sociedade e política. Não devemos aceitar que a violência e o desconhecimento vençam. Afinal, disse sabiamente, Arrigo Sacchi “O futebol é a coisa mais importante, entre as menos importantes”.
Eu sou futebol, na alegria e na tristeza.