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serginho 5bocas

É O PET!

por Serginho 5Bocas


Hoje vou falar do “gringo” mais bom de bola que vi jogar. O cara era marrento demais, mas sua marra sempre foi diretamente proporcional à qualidade de seu futebol, e que futebol.

Cabeça erguida, passe certeiro, chute preciso, gols e inteligência acima da média, faziam parte do extenso repertório desta fera ambidestra. O sérvio mais brasileiro e carioca deste planeta bola globalizado, foi um dos grandes jogadores que vi atuar pelos nossos gramados.

Além de craque com a bola nos pés, o cara era profissional ao extremo, nunca ouvi dizer que chegara atrasado a um treino ou compromisso com o clube, talvez este comportamento “diferente” tenha até atrapalhado sua passagem pelo Brasil, tendo em vista a reconhecida falta de profissionalismo de nove em cada dez “boleiros” brasileiros, mas vamos ao que interessa.

Começou a jogar no Radnickinis com apenas 16 anos, por isso é o mais jovem jogador profissional iugoslavo a atuar em uma partida profissional. Depois foi para o Estrela Vermelha, foi campeão iugoslavo e aí a ponte para o Real Madrid estava consolidada, mas não obteve o sucesso esperado em terras espanholas.


Veio para o Brasil meio por acaso para substituir o baianinho Bebeto que fora para o Botafogo, o Vitória da Bahia, por incrível que pareça foi buscá-lo na Europa, mas a verdade é que ele veio já pensando em retornar ao Velho Continente. Só que fez um grande sucesso na equipe baiana. Lembro que era comum escutar o nome dele aos domingos nos gols do Fantástico, e eu ficava pensando quem é esse cara com nome de gringo? Será mais um daqueles brasileiros que os pais homenageiam craques lá de fora?

Em eleição da Revista Placar para os torcedores ilustres decidirem qual foi o melhor jogador de todos os tempos do Vitória, ele perdeu por pouco para Mario Sergio, o vesgo, mostrando que mesmo jogando tão pouco tempo, ficou no coração da galera baiana.

Tanto fez por aqui que acabou voltando a Europa para atuar no Venezia, mas novamente não foi bem sucedido, e foi ai que surgiu o Flamengo em sua vida pela primeira vez, comprando-o por US$ 7.000.000,00. Depois disso, venceu dois estaduais e uma Copa dos Campeões nesta sua primeira passagem pela Gávea.

No Vasco de 2002 e no Fluminense de 2005 arrebentou novamente, atuou em alguns outros clubes brasileiros sempre deixando ótima impressão por onde passou. Se tivesse ficado no Flamengo desde a sua primeira passagem em 2000, teria um lugar ainda maior na galeria dos heróis rubro-negros. Para mim, foi o melhor camisa “10”, depois do Messias (Zico), com a camisa vermelha e preta, uma fera.

Teve seus pés eternizados na calçada da fama do MARACANÃ, coisa para poucos. Além disso, fez gol em dois Maracanãs, pois na sua terra natal também tem um estádio com esse nome, em homenagem ao nosso ex-maior do mundo.

Sempre vitorioso por onde passou, além dos prêmios coletivos, recebeu três bolas de prata de melhor jogador da posição do Campeonato Brasileiro, em eleições promovidas pela conceituada revista esportiva Placar, sem contar que no ano de 2009, deveria ter levado a bola de ouro pela sua importância e decisiva colaboração no título conquistado pela Flamengo. Foi “garfado” na eleição, mas como perdeu para o Imperador Adriano, está tudo em casa. Para se ter uma ideia do seu alto nível, fez dois gols olímpicos: um contra o Palmeiras e outro contra o Atlético Mineiro, na “casa” dos adversários e em jogos decisivos daquele Brasileirão, é brincadeira?


Pet deve ter feito inimizades na Sérvia, pois só assim dá para entender como o “gringo” não foi convocado para uma Copa do Mundo pelo seu país. Era só olhar o elenco da Sérvia para não entender, que time fraquinho! Os sérvios e a Copa do Mundo é que “pagaram o pato” pelas burrices dos treinadores, vai entender! Em termos de “Olheradas” acho o futebol realmente globalizado, não somos únicos neste quesito, tem burro em tudo que é canto do planeta.

Entre inúmeras premiações vale destacar que Pet fez nove gols olímpicos em sua carreira, possivelmente detém o recorde mundial deste tipo de gol e é também o jogador estrangeiro com mais gols no Campeonato Brasileiro da era dos pontos corridos, não é fraco não, mermão!

Pet teve um jogo de despedida a sua altura no Maracanã, e nele, recebeu uma linda homenagem por parte da “magnética”, a torcida do Flamengo, que só os grandes conseguem receber em vida. Um mosaico com as cores da bandeira Sérvia e seu nome, inesquecível.


Para a torcida rubro-negra, ele entrou para história em dois momentos: um no gol do tri carioca contra o Vasco,aos 43 minutos do segundo tempo na cobrança magistral de uma falta, gol de enciclopédia, e outra, na sua decisiva participação no título brasileiro de 2009, com gols, passes e uma extraordinária liderança técnica, sensacional e inesquecível.

Dejan é o Rambo!

Rambo é o Gringo!

Gringo é o Pet!

Pet é o cara….e ele é nosso!

É o Pet, é o Pet, É o Pet…

Um forte abraço

Serginho5bocas

VAR TOMAR UMAS PROVIDÊNCIAS, VAI…

por Serginho 5Bocas


Antigamente os árbitros tinham a vida mais suave, não haviam tantas câmeras lhes monitorando, tanto “Big Brother” para caguetar os homens de preto quando faziam das suas, de propósito ou não, e assim a vida dos caras era bem mais tranquila. No máximo, eram arremessadas algumas pilhas de rádio da geral ou ouvia-se na rádio, o trepidante potente a gritar: ERRRRRRROUUUUUU, como diria a plenos pulmões, o saudoso Mario Vianna.

Árbitro já é por essência uma espécie de Robson Cruzoé, um solitário, são diferenciados pela cor preta, são distintos e identificados no meio de 22 jogadores, tem suas mães desrespeitadas constantemente e, como se não bastasse, passaram a ser monitorados por uma infinidade de câmeras dispostas pelos quatro cantos do campo, sem dó nem piedade.

Agora, surgiu o tal do VAR ou árbitro assistente de vídeo, mais uma parafernália que, me parece, veio pra ficar. Uma sala cheia de recursos de TI, com vários árbitros auxiliares, munidos de telas, que monitoram cada centímetro do campo, com câmeras especiais que são capazes de captar e registrar detalhes, que passam despercebidos pela visão humana.

Bom ou ruim, é certo que vem se firmando a passos largos no futebol, já esteve na última Copa do mundo e, agora, vem sendo apresentado aos mais diversos campeonatos de vários países.

Pessoalmente, acho que a ferramenta é boa e ajuda aos juízes de futebol a se protegerem da exposição das inúmeras câmeras que registram os lances das partidas, considerando as limitações humanas que em que nunca seria possível a nossa retina se comparar a uma máquina com inúmeras possibilidades, porém, acho que devem ser efetuados alguns ajustes.


Em primeiro lugar, para dar mais transparência e confiabilidade ao sistema VAR, deveria ser estabelecida a seguinte premissa: as equipes que se sentissem prejudicadas é que deveriam solicitar o recurso, retirando a discricionariedade do árbitro e seus auxiliares. Talvez dois pedidos por tempo de jogo, mas nunca partindo da vontade dos próprios árbitros.

Outra sugestão, seria a colocação de um telão no campo, para que todos os torcedores, possam ver as imagens que permitiram a tomada de decisão do árbitro e da turma de auxiliares do VAR, já que hoje já é assim no vôlei e no tênis, por que não?

Entendo que hoje o que mais incomoda, que é mais dolorido para os torcedores nesta história toda, é que sempre que mais precisamos do VAR, a mesa dos especialistas e o árbitro não pedem o seu apoio, será o Benedito?


Até hoje não me sai da cabeça o pênalti que Gabriel Jesus sofreu do zagueiro Company da Bélgica. O defensor vem na cobertura do colega que acabara de tomar uma caneta e chega atrasado, acertando com a sua chuteira a canela do atacante, pênalti claríssimo mas não foi marcado, o recurso estava disponível, o Brasil perdia o jogo, então por que o árbitro não poderia dar o direito da dúvida para os brasileiros?

Acho que temos muito a aprender e evoluir com a tecnologia, mas, em hipótese alguma, deveríamos abrir mão de toda a sua capacidade. O futebol com certeza após os devidos ajustes, irá agradecer, pode apostar…

Forte abraço

Serginho5Bocas

E AÍ, NEYMAR? O QUE VAI SER?

por Serginho 5Bocas


Neymar é um cara bem esquisito, ou então, como a gente pode entender, um cara que joga bola pra karaiu, ganha rios de dinheiro, joga no maior centro do futebol mundial, vencedor de Libertadores e de Champions League, vive se vitimizando e se esforçando para ser um Peter Pan, aquele cara que não faz aniversário, que não envelhece?

Cara, acorda pra vida! Você já está com 26 anos e vive uma vidinha cheia de enganação. Papai protegendo, CBF protegendo, empresário protegendo, será que sua vida é tão sofrida e ruim assim? Será que as pessoas realmente te perseguem e querem te ver pra baixo?

Acho que você tem que tomar uma decisão pra ontem: como quero ficar lembrado? Um bebezinho chorão desprotegido ou um campeão? Ainda dá tempo, corre que o bonde da felicidade tem lhe dado uma chance atrás da outra e você não percebe.

Tá certo que você não dá muita sorte em Copas do Mundo. Na primeira, você estava bem, 4 gols em 4 jogos e pá! O Zuniga fdp deu no nervo… A porrada foi tão feia que ruborizaria Moises, Abelão, Chicão, Junior Baiano, Marcio Rossini ou qualquer um desses clássicos zagueiros zagueiros das peladas mais feias dos campos mais “cacarecados” deste Brasil brasileiro.


Na outra Copa, chegou fedendo a peixe, mortinho com farofa, por conta de uma contusão no dedo mindinho do pé, quando estava prestes a decidir com CR7 quem podia mais no jogo de volta da Champions League em que o PSG jogaria o jogo da vida, a final antecipada, contra o Real Madrid em Paris. Estava voando, mas ficou na saudade.

Ai veio a Copa, chegou á meia bomba e não sei não, acho que poderia ter tido mais culhão, poderia ir pro sacrifício, mostrar o seu melhor com dor e o escambau, talvez eu esteja errado, mas juro que deixou a sensação de que podia ter sido mais agudo, fazer o quê? Um Fernandinho aqui, um Alisson ali, um VAR que não surgiu na porrada do Company no Gabriel e pá de novo, fora da Copa e ridicularizado pelo cai cai, isso marca a carreira de um jogador. Pense nisso!

Agora é o seguinte meu camarada: ninguém desaprende jogar bola, tal qual andar de bicicleta, mas você vai ter que mudar, parar com essa mamãezada toda, jogar igual homem e aí recuperar a confiança da galera.


Neymar, você sabe que joga bola, o russo na Sibéria também sabe, o guarda real da rainha Elizabeth sabe, o peladeiro do morro do urubu sabe, o repentista, o pagodeiro, o maestro da sinfônica, o guarda de trânsito, o pinguço das 5bocas, enfim, todo mundo sabe, mas só você pode provar pra todo mundo acreditar.

GOL, O GRANDE MOMENTO DO FUTEBOL

por Serginho 5Bocas


Gol sem dúvida é o grande momento do futebol e como todos sabem, bola na trave não altera o placar. Descontado os clichês, a coisa mais importante do futebol merecia uma homenagem, já que por ele, e quase só por ele, vamos aos estádios e assistimos aos jogos na tv, depois, muito depois, vem todo o resto.

Quase um orgasmo para uns exagerados, alegria da galera para outros mais animados, seja feio ou bonito, ele é o protagonista, então vamos ao que interessa e sem pressa…

Dizem que o gol é libertador, como foi para o bambino d´ouro Paolo Rossi ao fazer o primeiro gol da vitória histórica da Itália por 3×2 frente ao Brasil, no jogo épico conhecido mundialmente como a “Tragédia de Sarriá”, abrindo as porteiras de quem não marcava há quatro jogos daquela Copa e há quase dois anos de carreira por conta de uma punição da justiça desportiva. Dali pra frente, mais dois contra o Brasil, dois na Polônia e um na final contra a Alemanha, e pronto, livre e solto, nascia mais uma lenda dos grandes artilheiros.


Um gol no estádio faz estranhos na arquibancada se abraçarem e brincarem de pirâmide humana feito criança. Gol é gol, mas não podemos esquecer que hoje obrigatoriamente tem que ter coreografia. Se fizer três no domingo, tem direito à música e o escambau, mas inventar nessa hora não é coisa nova, como veremos a seguir:

O Rei Pelé imortalizou o soco no ar a partir de um jogo contra o Juventus na Rua Javari, quando a torcida local o hostilizava e ele. A fim de dar uma resposta à altura, fez gol e deu vários socos no ar, xingando palavrões e imortalizando sem querer aquela que seria sua marca registrada e indelével.

Na Copa de 70, Tostão que já estava de saída, pois Roberto fazia sombra à beira do campo, resolveu bagunçar a zaga da Inglaterra, com direito a caneta em Bobby Moore e cruzar no peito do Rei que majestosamente, passou para Jair dar números ao incômodo 0x0 contra os inventores do futebol e atuais campeões do mundo da época. Gol de excelência da maior das maiores seleções.

Reza a lenda que naquele dia, um menino inglês ao ver a qualidade desconhecida e impressionante daquela seleção brasileira, ficou tão encantado com aquele futebol de sonhos, que disse se sentir como se estivesse dentro de  um carro de James Bond, no momento em que apertamos o botão de ejetar e se perde o fôlego como num voo sem escalas, não é mesmo Nick Hornby?


Caio e André Catimba davam cambalhotas acrobáticas comemorando seus gols;

Lela corria balançando a cabeça e a cabeleira dando língua, uma figuraça;

Careca fez gol na final e se jogou para trás, caindo de costas no gramado;

Neto fez de bicicleta e gritou para todos que era f…;

Roger Milla dançou uma lambada africana e deu voltinhas na bandeirinha depois de um gol que acabou com a empáfia de Higuita da Colômbia na Copa de 90;


Bebeto na companhia de Romário e Mazinho fez o gol nana neném (ou nana Mattheus) na Copa de 94, homenageando o filho que acabara de nascer;

Rondineli fez o gol do título carioca de 1978, que virou gol da raça e ele nem sabia que era o inicio de uma era fantástica.

Ronaldo Fenômeno fez dois na final de 2002 e espantou pra bem longe a fama de amarelão que ele iria carregar se perdesse outra Copa do Mundo, já que havia deixado passar em branco a de 1998 diante da França.

Rivaldo não deixou barato e fez gol de sonhos, ao dar uma bicicleta espetacular no fim do jogo, levantando os torcedores do Barcelona, o banco de reservas a até a torcida adversária, um primor.


Junior, o maestro, fez o gol da alegria aos 38 anos, saltando feito garoto e comandando a molecada rubro-negra na final do Brasileiro de 1992;

Almir Pernambuquinho fez o gol da raça ao arrastar seu rosto na lama para fazer um gol que entrou para a história.

Washington, do Fluminense, fez gol de pelada de rua contra o Vasco. Foram tantas fintas e quase chutes que quase matou a torcida do coração até a estocada final com bola na rede.

Assis, seu companheiro de clube, foi o maior carrasco que se tem noticia ao fazer gol em duas finais de Carioca seguidas contra o Fla. No primeiro, em 83, contou com a sorte de pegar mal na bola e enganar Raul, no segundo foi a consagração com uma cabeçada certeira frente ao monstro Fillol, ali nascia a lenda.

Zico fez muitos gols, mas dois deles foram com muita dor, quando entrou febril e cheio de furúnculos contra o Boca Juniors no Maracanã em 1981 e derrotou a gripe, a própria dor, o goleiro Gatti e Diego Maradona de uma só vez, valorizando o ingresso da massa e a despedida do amigo Carpegiani.


Roberto Dinamite fez o gol de enciclopédia que todo menino sonha em fazer um dia, dando um lençol no beque e batendo de primeira sem deixar cair no chão, no finalzinho da partida, uma explosão de alegria. Osmar está procurando o Bob até hoje…

Falcão fez o gol de empate que o mundo todo torceu para entrar e comemorou de um jeito tão contagiante que até os defuntos em suas tumba, levantaram e aplaudiram de pé. Eu chorei no dia e me arrepio até hoje quando vejo aquele 2×2, coisa de cinema.

Depois desse cardápio de gols, podemos dizer que temos gol pra tudo que é gosto.

Hoje se comemora fazendo coraçãozinho, apontando pistola pra torcida, metralhando a tudo e a todos, dançando funk ou sertanejo universitário, mas nada supera o gol.

Tem gol fácil e gol difícil.

Tem gol feio e gol bonito.

Tem de bico, tem de sola, de barriga e de peito.


Tem gol que é decisivo e o que não vale nada, tem de chapa, de trivela, calcanhar e de cabeça. Gol é gol e não há o que reclamar e como dizia a fera do gol: três vezes artilheiro do Brasileiro, o rei Dadá, o peito de aço, o cara que parava no ar feito beija-flor e helicóptero:

– Não existe gol feio, feio é não fazer gol!

Tem gol de todo jeito que se possa imaginar e por isso eu teimo em afirmar, nada é mais emocionante do que ver a rede balançar, pois o gol é ou não é o grande momento do futebol?

E tem gente famosa que diz que é só um detalhe…

FALCÃO X MOCOCA

por Serginho 5Bocas


Pode até soar estranho ouvir hoje tal comparação, muito jovens e torcedores com menos de 30 anos não devem nem saber do que eu estou falando, mas este era o “lead”, esta era a capa dos jornais e das revistas esportivas na semana do jogo de ida em São Paulo, partida decisiva de uma das semifinais do Brasileirão de 1979.

Quem mais ajudou a criar este factoide foi o mestre Telê, por sua incrível capacidade fazer jogadores medianos, evoluírem absurdamente na parte técnica sob o seu comando e chegarem até mesmo à seleção. Foi o que ele fez com Mococa, um meio de campo daquele Palmeiras de 1979.

O Inter era um time excepcional, em suas fileiras jogavam Mauro Galvão, Batista, Falcão, Jair, Mario Sergio e Valdomiro, o Palmeiras não era tão estelar, mas também tinha gente boa, do nível de Gilmar, Polozzi, Beto Fuscão, Pedrinho, Jorge Mendonça, Pires, Jorginho, Baroninho e é claro, Mococa.

Porém o banco das duas equipes eram verdadeiras poltronas, de um lado Ênio Andrade, que viria a ser tricampeão brasileiro (Inter, Grêmio e Coritiba) e do outro Telê Santana, que já era campeão e se tornaria bicampeão (Atlético-MG e São Paulo), dois monstros em armar equipes.

Eram extremos em estilos, Ênio armava equipes com muita marcação e pegada, já Telê gostava de toque de bola, posse e fundamentos, um ótimo cardápio. Quem venceria?


O Palmeiras de Telê era a sensação do campeonato naquele momento, pois acabara de eliminar o Flamengo de Zico em pleno Maracanã, com sonoros 4×1. Já o Inter de Ênio Andrade era um time imbatível, reunia craques e a força da marcação dos gaúchos. Além de tudo, vinha invicto, uma pedreira. 

Falcão era um extra classe, um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos, já tinha vencido dois brasileiros e recebidos uma bola de ouro como melhor jogador da eleição realizada pela conceituada revista Placar. A segunda bola de ouro de sua carreira viria naquele ano, apesar de ter sido ignorado por Claudio Coutinho na convocação para a Copa de 1978.

Mococa era um jogador desconhecido, mas que nas mãos de Telê vinha gastando a bola, um motorzinho do time alviverde, que já sonhava em vencer o Brasileiro pela terceira vez.

Naquela noite, o Palmeiras foi melhor em campo, atacou muito, e até abriu o marcador, mas o Inter não se entregava e empatou numa falha de Gilmar que Jair não perdoou. Jorge Mendonça fez um golaço e colocou o Palmeiras na frente novamente, porém durou pouco. Falcão empatou de cabeça e fez o gol da virada numa jogada de muita raça e de categoria que só os gênios sabem fazer: encarando sem titubear a sola de Mococa, ele chutou com muita rapidez, evitando a chuteira de Mococa, e bateu com extrema precisão, para dar números finais à batalha épica. Depois foi só empatar no Sul (com gol de Mococa) e partir para a final contra o Vasco, vencendo as duas partidas contra o time da cruz de malta.


Mococa

Falcão continuou sua carreira de glórias, venceu aquele Brasileiro de forma invicta, liderando o time que nunca perdeu, ganhou a bola de ouro do campeonato e depois disso foi para a Roma da Itália, se tornando o “VIII Rei de Roma”. Fez uma Copa espetacular em 1982, entrando para história do futebol mundial.

Mococa, que tinha este apelido em razão da cidade em que nascera em São Paulo, fez um baita Campeonato Brasileiro naquele ano, sendo até cogitado para a seleção brasileira, depois teve uma curta e boa passagem pelo Santos e ainda teve umas três temporadas em alto nível no Bangu de Castor de Andrade, e daí para frente sumiu.

Hoje a comparação entre os dois jogadores pode parecer um exagero, mas naqueles idos, pelo menos em 1979, era mais do que realista.

O futebol nos ensina o tempo todo e fica aí mais uma máxima que temos que considerar: um craque deve ser medido pelo conjunto de sua obra, pelo seu legado e não por uma fase, por um ano bom.

Mococa pelo menos pode se orgulhar de que em 1979 teve seus dias de Falcão, e que convenhamos não é pouca coisa.