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serginho 5bocas

OS MARCOS DO BRASIL NAS COPAS DO MUNDO

por Serginho 5Bocas

Em sete marcos distintos, tentamos explicar como a seleção brasileira de futebol saiu de uma posição de mero coadjuvante, ascendeu à estrela principal do maior espetáculo esportivo da terra e caminha a passos largos para o ocaso no mundo do futebol.

O texto é um misto de reconhecimento a quem foi importante neste processo e de críticas com verdades incômodas aos que sempre usaram a seleção canarinho como se fosse dono para enriquecimento em detrimento de nossa historia.  


Domingos da Guia se destacou na Copa de 1938

Está aí um bom motivo para repensarmos o futebol brasileiro o quanto antes…

_______1938

Os desbravadores (Lêonidas, Domingos da Guia, Tim, Romeu,…)

Era a época da inocência, levamos um grupo muito bom, mas éramos desorganizados dentro e fora de campo e sem a mínima noção de nossa própria capacidade técnica. Após a derrota para a Itália, na semifinal, sem Leônidas em campo, ficou um gostinho amargo de decepção e asensação de que poderíamos ter ido mais longe. Estava aberto o caminho para as conquistas…

 

_______1950

Os Imperdoáveis (Zizinho, Ademir, Jair, Danilo, Barbosa, Bauer…)


Foi talvez a nossa maior decepção futebolística da história, um grupo de altíssima qualidade e sério candidato a melhor seleção de todos os tempos. Perdemos dramaticamente na final em casa. Ficaram feridas abertas que nunca cicatrizaram, aqueles homens morreram sem ter o perdão dos torcedores e da mídia, mas deixaram lições aprendidas muito úteis que nos deu a “casca” necessária para forjarmos os futuros campeões. Faltava pouco para a glória…

_______1958

Os Escolhidos (Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Djalma Santos, Vává, Gilmar…)


Aqueles homens, conduzidos por Pelé e Garrincha, não precisaram de psicólogos para acabar de vez com o complexo de inferioridade que tanto nos perseguia, conquistaram o mundo fora de casa, dando espetáculo e apresentando uma nova ordem no futebol. Foram escolhidos para nos dar a inédita conquista tão esperada e colocar um ponto final nos nossos fantasmas. Agora era consolidar a fama…

_______1970

Os insuperáveis (Pelé, Tostão, Gerson, Rivelino, Jairzinho, Carlos Alberto…)


Já tínhamos a noção exata do nosso valor, mas aquela seleção conduzida por Pelé chancelou nossa qualidade para os olhos do mundo inteiro. Pela primeira vez ao vivo na TV, todos puderam comprovar que era possível ganhar e jogar bonito sem perder a competitividade. Deixaram a sensação e a quase certeza de que nunca mais poderíamos fazer aquilo de novo. Ficamos anestesiados e soberbos e isto custaria caro…

_______1982

Os inesquecíveis (Zico, Falcão, Sócrates, Cerezo, Junior, Leandro…)


Foi um sonho lindo que durante cinco partidas maravilhosas, um grupo de notáveis nos livrou das amarras e mostrou um futebol solto, alegre, belo, requintado e poderoso, que nos levou da certeza da glória à tristeza profunda e improvável, marcando negativamente toda uma geração de jogadores e torcedores de uma forma que nunca mais voltou a acontecer. A derrota mudou a ordem do futebol, tornando-o mais feio e pobre…

_______1994

Os predestinados (Romário, Bebeto, Aldair, Dunga, Taffarel, Jorginho…)


Era um grupo que conhecia o caminho da vitória desde os mundiais de juniores e trouxeram de volta a glória perdida há 24 anos. Venceram com eficiência mesmo sem ser tão brilhante como outrora. Mas nem por isso faltaram jogadores de qualidade. Ficou marcada pela dureza e pragmatismo empregado em todas as partidas até o título. Tiramos um peso enorme dos ombros…

_______2002

Os últimos moicanos (Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Cafu, Roberto Carlos,…)


Saíram daqui desacreditados e voltaram nos braços da galera, pois dos pés de dois jogadores machucados (Ronaldo e Rivaldo) conseguimos garantir a última glória futebolística do País. Novamente faltou brilho e, desta vez, adversários à altura, mas serviu para consagrar o fenômeno Ronaldo e nos garantir a supremacia mundial. Não tínhamos ideia do que estava por vir…

_______2014

Os banalizados (Kaka, Robinho, Adriano, Julio Cesar, Thiago Silva, Neymar,…)


Nas últimas três Copas do Mundo fomos eliminados sem choro nem vela. Nós brasileiros fomos nos acostumando a perder sem que isso nos causasse indignação. Banalizamos as partidas e as derrotas. É lugar comum dizer que agora não tem mais bobo, que o futebol está nivelado. O triste é não ter um horizonte, uma geração brilhante para apostar no futuro. Feliz é aquele torcedor que ainda se agarra ao passado recente de glórias. Pelo visto, não aprendemos nunca a lição…

OS PELADEIROS

por Serginho 5Bocas


Para o peladeiro fominha, não tem bola perdida (por Marcos Vinícius Cabral)

Hoje não vou falar de craques do passado, do presente nem tampouco do futuro, vou dar espaço aos quase jogadores, aos peladeiros. São espécies raras que não podem faltar na fauna futebolística dos mais longínquos grotões deste nosso Brasil. 

Aqueles caras que vemos sair de casa com roupa de trabalho, mas por debaixo das calças ou dentro da mochila e em alguns casos, até mesmo na mala do carro, sempre carregam o short, o meião e outros aparatos que compõem a vestimenta dele.

Vou começar a homenagem pelo “café com leite”, aquele que de tão ruim, nem conta, chuta pra qualquer lado que vale, normalmente ele tem uma coordenação motora sofrível, tem idade muito abaixo ou acima da média da galera da pelada, ou então tem irmã gostosa e não deve ser contrariado.

Outro que não pode faltar, é o “bom de grupo”, um cara que não joga pôrra nenhuma, mas é maneiro pra cacete, nunca falha na intera para o tira gosto, limpa os coletes, guarda a bola e tem carro grande, que é muito útil quando tem jogo fora.

Tem também o “papagaio”, que é aquele cara mais chato da pelada, fala pra “karaiu”, só ele que sabe jogar, reclama de todos e de tudo, marca com os olhos, apita o jogo e quase sempre estraga a pelada com seu jeito sem noção, tem alma boa, mas é um mala.

Tem o “enganado”, que é aquele cara que já sai de casa nessa condição (me engana que eu gosto), ou seja, a mãe ou a mulher diz que ele tá lindo, pede um gol pra ele, e escuta das coitadas a pior de todas as frases: diz que ele joga bola, pronto! Formô.


O brigão costuma chegar mais forte nas divididas (por Marcos Vinícius Cabral)

Outro que sempre está presente é o “brigão”, aquele cara normalmente policial ou ex-policial, bombeiro, halterofilista, lutador de arte marcial ou somente um brigão de rua mesmo, da antiga, daquela  época que ser bom de briga – até surgir a AR-15 – era sinônimo de ter um respeitozinho na rua. Esse quer arrumar problema com todo mundo que é amigo, só não costuma ser brabo contra estranhos em jogos fora, ai normalmente nem aparece, é um final de comédia, mas se não der muito papo, status, ele acaba sumindo, graças a deus.

O “caixa” é aquele cara que todo mundo vaza quando o fim do mês se aproxima, se ele puxa o caderninho, linha de impedimento nele, rala peito Mané, que fu…

Tem o “ruim de bola mesmo” que não serve nem pra “agarrá no gol”, sempre chega cedo e tenta tirar o par ou ímpar, pra garantir vaga, porque senão, um abraço meu camarada, senta no meio fio e chora.

Não pode faltar também o “cachaça”, esse nem quer jogo, senta no engradado mesmo e tá bom demais, está sempre com uma gelada ou um copo na mão, zoa todo mundo e está sempre de bem com a vida, a única contra indicação é que alguns deles quando passam da conta (quase sempre), choram, te abraçam, falam que te amam e por ai vai…é flórida!


O atacante Aloisio não esconde de ninguém sua admiração por cerveja

E não existe pelada sem o “bichado”, que é aquele cara que parece a múmia, porque ama ter preso ao corpo uma joelheira, uma atadura, uma tornozeleira ou uma cocheira e em alguns casos mais graves, carrega com muita honra essa pôrra toda que eu falei de uma só vez, mas quando a bola rola ele esquece tudo e joga, o dia seguinte é que é sinistro, dói até a vista, sempre dá ruim pra ele.


O bichado é aquele jogador que se machuca constantemente

O “cagão” é aquele cara que de tão ruim, só mesmo a bola batendo nele de raiva ou por pura piedade é que ele faz gol. Acontece que ele é aquele mais genuíno exemplo do raio que cai duas, digo, uma porrada de vezes no mesmo lugar, vai cagar assim lá no raio que o parta! Mas diga-se de passagem, que na maioria dos casos é bom ter um desses no seu time, vai que…

Quem nunca conheceu um “fominha”? Aquele que de tão esganado, até dorme com a redonda, mas seu forte mesmo é não passar a bola pra ninguém. Pode estar mal colocado que sempre tenta o chute ao invés de passar para um companheiro melhor colocado e tem sempre uma desculpa na ponta da língua para não dar a bola. É clichê dizer que deveria ter uma bola só pra ele…

E o “sem sangue”? Ah, esse irrita de verdade. É aquele cara que não corre de jeito nenhum, não ajuda quando ataca, muito menos quando o time se defende. O cara é preguiçoso de doer, parece um gato de armazém, mas geralmente fica pra segunda pelada, se o critério for par ou ímpar.

Já ia esquecendo do “fedorento”, que como a alcunha já entrega é um solitário, um verdadeiro Robson Crusoé das peladas, ninguém quer abraça-lo após um gol, pegar seu colete suado? Nem pensar. É que o cara não lava o meião, guarda o tênis abafado dentro da bolsa na mala do carro fechado e tem mal hálito e um cêcê da pôrra, dorme com esse barulho. É complicado ajuda-lo, mas é um boa praça, também se fosse antipático, apanharia ou levava um tiro.


O baixinho Romário fazia sucesso dentro e fora das quatro linhas

Outro que não pode faltar é o “pegador” de mulheres. O cara é um espetáculo, só anda cheiroso e é um exímio contador de histórias. Diz que sempre dá 3 antes do jogo, que se não comer ninguém não joga bem e o escambau, mas realmente ele sai com muitas mulheres ou seres humanos se assim for politicamente correto chamar as criaturas, porque se juntar todas elas e bater no liquidificador com neston e duas bananas para engrossar o caldo, fica faltando um olho, 2 joelhos e uma perna…fala sério matador!

E tem também o “dono da bola”, que em geral é assim desde moleque, pois nunca jogou porra nenhuma, então comprava a bola, o uniforme e tudo que for preciso para garantir uma vaga na pelada. Quando cresce, acostumado com este estilo de vida, costuma se dar muito bem na política, ou em alguma confederação de futebol, pois terá desenvolvido um enorme o “expertise” de corromper os colegas e ai fica fácil com os homens.


O dono da bola geralmente estraga as peladas

Não podemos esquecer da fera da pelada, o “boleiro”, que é o cara que joga muita bola, que quase jogou em clube, às vezes foi federado e na maioria dos casos, apenas peladeiro e todo mundo diz que era pra ter sido jogador, que com essa turma que joga hoje ele brincaria no meio de campo mole e o escambau. No fundo, no fundo, ele agradece, mas sabe que alguma coisa não saiu como deveria. Teve que ajudar nas despesas de casa, os estudos falaram mais alto entre outras infinitas possibilidades que nos mostra como é tênue a linha que sempre separa os homens dos meninos, pois o Jogo é bruto companheiro.

E pra fechar os trabalhos não poderia ficar sem falar do “ex-peladeiro”. Ele não consegue levantar a bola com os pés, ele não faz 3 embaixadinhas sem deixar a bola cair no chão e nem é bom pedir para dar um chute na bola, porque ou ele fura a bola com a unha grande e a falta de jeito ou pode furar o chute e ai, se ele cair no chão, não vai levantar mais. Mas vive contando causos que ninguém é capaz de achar algum contemporâneo para confirmar. Vive repetindo que jogou com Zizinho, Danilo Alvim e Dino Sani, que seu vizinho “zezinho” era o melhor deles todos na rua, mas não tem um recorte de jornal ou revista da época de glórias para ser lembrado. É uma grande figura dos campos de pelada e é um dos meus personagens favoritos, pois mantém acesa a chama da pelada de verdade.

Todos os peladeiros apresentam algumas características em comum, amam a bola do jogo, amam o futebol, amam ver futebol, amam jogar uma pelada, pagam por tudo que falei neste parágrafo e todos tem pelo menos uma historia de glória para contar, senão, nunca foram peladeiros de verdade.

Ah, e antes que eu me esqueça, não tem essa de “vim” pra brincar, esse papo é a mais genuína conversa fiada. Peladeiro fominha que se preza, pode perder o sono, a namorada, o cinema e até o parto do filho, mas de jeito nenhum ele tolera perder o jogo, nem mesmo o par ou ímpar. Brincadeira de tu é rola, valeu?

REGISTRO DE PATENTES NO FUTEBOL

Por Serginho5Bocas

Se no futebol existisse um órgão nos moldes do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), provavelmente o Brasil seria o líder de patentes. Até que me provem o contrário, foi por essas bandas que se viu pela primeira vez a maioria das jogadas e gols mais espetaculares que o planeta já se encantou.
 
Para começar a conversa vou falar de uma jogada que é mal vista pelos torcedores, mais teve seu maior executor aqui no Brasil, o “chute de bico”, especialidade do jogador Feitiço, que sabia tanto desta técnica que até o “sem pulo” era dado com esta parte do pé sem nenhum pudor, segundo o mesmo, para pegar mais força e precisão. Não dá para afirmar que ele inventou as duas jogadas, mais ninguém fez mais gols deste tipo do que Feitiço, atacante do Santos.
 
A famosa “bicicleta”, que alguns dizem ter sido inventada pelo desconhecido jogador brasileiro Petrolino de Brito, foi imortalizada e ganhou fama de verdade nos pés do homem borracha, o Diamante Negro ou Leônidas da Silva, que apresentou a jogada em 1932 ainda pelo Bonsucesso. Mas foi na Copa de 1938 que ele deixou todos espantados ao executar a jogada e ter feito um gol anulado equivocadamente.
 
Didi, o mestre, o mister futebol, melhor jogador da Copa de 1958, foi outro que se notabilizou pela classe e categoria e é claro pela sua invenção, a “folha seca”. Didi cobrava a falta da entrada da área com um chute em que a bola subia por cima da barreira e caia rapidamente cheia de efeito enganando os goleiros.
 
Rivelino, o “Reizinho do Parque”, foi o rei do “elástico”, aquela jogada em que ele levava a bola para um lado com a parte externa do pé e quando o adversário se movimentava para o lado indicado, ele trazia a bola de volta com a parte interna, enganando o marcador. Ele mesmo confessa não ter inventado a jogada, mas sim Sergio Echigo, um companheiro de clube. Mas foi Riva, certamente, quem apresentou o lindo drible para o mundo do futebol.

O rei Pelé não ficou famoso por ter inventado uma jogada especificamente, mas sim pelo conjunto da obra, ou seja, porque aperfeiçoou várias delas. A bicicleta do rei era a perfeição, sua cabeçada era primorosa e precisa, desde a subida, depois a testada seca de olho aberto e quase sempre em direção ao chão, dificultando a vida dos goleiros. Entretanto, foi na Copa de 70 que Pelé se superou, exibindo jogadas inéditas, tiradas da cartola, que tiravam o fôlego de quem o via em ação.
 
Seu quase gol num chute do meio de campo contra a Tchecoslováquia foi fantástico, seu drible sem bola no goleiro do Uruguai foi fenomenal, espetacular e ainda contra o mesmo Uruguai, Mazurcwieviski bate o tiro de meta e sem deixar a bola bater no chão, Pelé devolve de voleio, obrigando o goleiro a uma defesa inesperada. Sem falar da cabeçada de manual que obrigou a Banks fazer a maior defesa da Copa de 1970. Até quando Pelé não fazia o gol era belo, o criador e suas criaturas podem ser vistas no Youtube.

Tivemos ainda a felicidade de ver o surgimento de uma das mais belas jogadas conjuntas do futebol, a “tabelinha”, que teve em Pelé e Coutinho sua mais famosa combinação de todos os tempos. Os dois enfileiravam adversários com suas tabelas em alta velocidade e eram tão parecidos fisicamente e em termos técnicos que confundiam qualquer defesa. Falcão e Escurinho também fizeram uma “tabelinha” histórica na semifinal do brasileiro de 1976 contra o Atlético Mineiro, coisa de almanaque.

Sócrates consagrou a jogada de “calcanhar”, até gol ele marcou desta forma, era uma saída inteligente para as situações mais difíceis. Zico, seu grande parceiro, já no final da carreira fez um gol “escorpião”, uma “chilena” com o corpo paralelo ao solo, pelo Kashima Antles. Lance que seria quase impossível contar para um cego, como bem definiu o uruguaio Eduardo Galeano.

Bater na bola de “três dedos”, de “rosca” ou mesmo de “trivela”, provavelmente foi Nelinho que “patenteou” a jogada de mestre. Imprimia uma qualidade na batida, que misturava força e efeito sem precedentes, enlouquecendo os goleiros pelo mundo afora. Neste quesito, no entanto, tivemos ainda dois vice-reis: Eder e Marcelinho Carioca não deixaram a desejar.
 
E quem é que não lembra da “lambreta” que Kaneco, o ponta do Santos, imortalizou e é copiada até hoje como um dos mais sensacionais dribles do futebol, que o diga o cracaço Falcão do futebol de salão.


Vestindo a camisa do Real Madrid, Zidane aplica seu drible característico.

Vestindo a camisa do Real Madrid, Zidane aplica seu drible característico.

No exterior, para não dizer que não falei das flores,  vale citar a “cavadinha” de Panenka da Tchecoslováquia que valeu título na final da EuroCopa de seleções de 1976, bem copiada por Djalminha e Loco Abreu mais recentemente. Destaca-se também a a “carretilha” ou em francês “roulete” de Zidane e o antológico gol “olímpico” feito de uma cobrança de córner direta, que o craque sérvio Petkovic adorava realizar. Dizem que um jogador argentino chamado Cesáreo Onzari fez o gol na celeste uruguaia logo após eles terem conquistado o ouro nas Olimpíadas, daí a fim de ironizar os rivais uruguaios, surgiu o nome de batismo da jogada.
 
Foram muitas as jogadas inventadas sem que pudéssemos conhecer o autor de cada proeza, belas artes como o famoso “drible da vaca” que pontas e laterais adoravam utilizar pelos flancos dos campinhos de pelada e o que falar então da plasticidade de um belo “lençol” ou da suavidade de uma “caneta”?
 
Muitas foram as jogadas maravilhosas que fizeram o futebol brasileiro se distinguir no mundo com sua arte peculiar, que encantou as mais exigentes plateias e por este motivo deixou um legado aos fãs do futebol arte em todo o mundo. Mas por incrível que pareça, tem muito brasileiro tentando desvirtuar nossas raízes, mas estou certo que eu e muita gente resiste bravamente, defendendo esta escola maravilhosa e fundamental para a pratica do bom futebol.
 
Daí o motivo desta singela homenagem a este esporte que sou apaixonado e não canso de admirar, mesmo que em outras praças…

UM TÍTULO BOM PRA CHUCHU… (ÁGUA DE MACARRÃO)

por Serginho 5Bocas


O que tem em comum, Índio, do Coritiba que fez gol na final do Brasileiro, de 1985, contra o Bangu, César, do Vitória, da Bahia, que fez gol na final do BA-VI, de 1981, Chiquinho que jogou futsal na Bradesco, na década de 80, entre outros tantos ex-jogadores profissionais e craques anônimos? O campeonato de pelada do Melo Tênis, clube da Zona Norte, do Rio de Janeiro.

Lá, onde se joga um dos campeonatos de pelada (ou de várzea) mais disputados que já conheci, eu, Serginho5Bocas, caçador de peladas, não poderia deixar de jogá-lo, não é mesmo? Então vou contar a história de mais um torneio de peladas que participei e, com muito orgulho, ganhei.

Entre todos os campeonatos, torneios, copas que já participei, nunca um deles foi tão inusitado, pelo menos o capítulo final.

Vejam vocês, que passados cinco ou seis meses, sei lá…três turnos, semifinais, muitos gols, expulsões, cartões amarelos, cerveja, água, gelo e, vejam só, quando chegam as duas partidas finais, os caras do time do “Cuiabá”, não apareceram para jogar, isso mesmo, ganhamos o campeonato por WO!!!

Meu time, o “Assim que se faz”, venceu o 1º turno, Portugal venceu o 2º e os caras do Cuiabá, que foram vices dos dois primeiros, venceram o 3º turno, concluindo uma fase classificatória espetacular, pois fizeram mais pontos e foram às três finais.

Obviamente que isso não garante o título, mas é uma excepcional credencial e enche de moral para as fases finais. Nas semifinais, eles passaram pelo time do “Colômbia” que foi o 4º time classificado por força do regulamento, após um empate e uma vitória suada por 3×2, em que jogaram com um homem a mais todo o 1º tempo. Nós eliminamos “Portugal” nos pênaltis, após uma vitória para cada equipe.

Chega à semana da final e Cuiabá informa que só poderia jogá-la se fosse em apenas uma partida, em razão de outros compromissos e pede nossa anuência. Lógico que numa guerra, não se dá armas para o exército inimigo, sem contar que em outras ocasiões quando nós precisamos de alterações nas datas dos jogos, não fomos ajudados, então só nos restava negar o pedido e jogar as partidas. Fez-se cumprir o regulamento e “toca o enterro, mermão”.

E assim Cuiabá cumpriu o prometido: se fossem em duas partidas eles não apareceriam para jogar, e pela primeira vez na minha vida, infelizmente, fui campeão sem final, por WO.

Confesso que não fiquei feliz porque sou um tremendo “fominha” e, além disso, fica um vazio tremendo pela falta de competitividade, de não vencer no campo uma final tão aguardada. Restou o sabor meio com gosto de guarda-chuva da vitória.

Ocorre que houve mais um fato inusitado para mim, mas que é pratica muito comum no futebol, o de trapacear: pois se Cuiabá foi o time mais regular da competição, muito se deve ao fato de ter muita força física para uma categoria de seniores e nesta categoria a idade faz uma diferença muito grande. Só que o que não se sabia é que eles tinham um jogador (quem sabe se não seriam mais…) que era bem mais jovem do que a idade mínima permitida para o campeonato e ai fazia diferença para sua equipe. Ou seja, eles tinham um “gato” às avessas.

Confesso que preferia não saber dessa história antes do fim do campeonato, até porque enfrentei os caras com esse cara (ou mais) e sinceramente achei os jogos muito iguais, decididos em detalhes. Aliás, em nenhuma das partidas fomos massacrado ou eles tiveram todo o domínio da partida, muito pelo contrário, sempre dominávamos os jogos até cansarmos e só aí eles sobressaíam. Talvez aí esteja o segredo, porque eles tinham tanto preparo físico em relação a nós. Mesmo assim, até mesmo perdendo, não tenho raiva dos caras, tenho indiferença, pois jamais utilizaria um expediente desses para ser campeão. Para mim, isso é como um doping, Deus me livre, vencer assim.

Não sei se o cara ia decidir a partida, mas o certo é que eles tomaram uma goleada de ética e de moral fora de campo. Talvez tenha sido melhor eles não aparecerem mesmo, pois fez-se justiça. Também tínhamos time para ser campeão, fizemos jogos maravilhosos contra eles e essas duas partidas prometiam, uma pena!

Agora, que os troféus e medalhas ficaram com gosto de chuchu, de água de macarrão ficaram, ah, se ficaram!

Agora, um breve resumo dos campeões da esquerda para a direita:

Feinho – acrescentou aos seus mais de 60 anos, mais um caneco, agarra muito o coroa;

5Bocas – caçador de peladas, comprovou sua sina, não é um virtuose, apenas um cara difícil de ser vencido, luta na vida e na bola;

Marcio – cornetou tanto que ficou rouco e com calo nas cordas vocais, mas no final valeu a pena;

Luis – o passe preciso, nosso zagueirão que deu show;

Manel – seu futebol é como sua silhueta, finíssimo, sem exageros;

Alfredo – nosso lateral carteiro, começou bem mas depois sumiu, aparece meu amigo!

Jaiminho – nosso guerreiro azarado, jogou muito esse campeonato (como sempre), mas se quebrou demais, primeiro o ombro, depois o tendão de Aquiles, vai se benzer muleke!

Jorge – foi nosso curinga, jogou bem em todas;

Carlinhos – o nosso Fred Astaire esteve bem, mas precisa se cuidar, esse negócio de treino funcional no Cincão quase te mata;

Belmiro – começou no campo e acabou conquistando o título fora das quatro linhas, parceirão;

Cesar – ex-“profissa” que chegou no meio da brincadeira e conseguiu o seu espaço, um cara gente boa e humilde, mas que sabe jogar muita bola;

Manguinha – muito talento na meiúca, ficou um pouco ansioso durante o torneio, mas se recuperou na fase final, é fera;

Gueré – o cara é um maluco beleza, corre o campo todo, parece garoto, mereceu o título; 

Betinho – faz gol com imensa facilidade, é fera, também gastou a bola;

Pastel – joga fácil e em dois toques, entrou muito bem no decorrer do torneio e nos ajudou muito nesta conquista;

Grilo – ex-boleiro que jogou pouco por conta de problemas de saúde, mas entrou em muitas ocasiões com êxito e fora de campo era só alegria, mas cuidado com o seu sabonete ou sua toalha, com ele no vestiário….chiiiii

Marco Aurélio –  paredão que entrou no final do campeonato e jogou muito na hora em que mais precisamos, é fera.

Faltou na foto o Carlinho, goleiro que agarrou muito e nos salvou nos pênaltis da semifinal, o Jobson que apesar da lesão, nos ajudou muito durante todo o torneio e o Carlyle que nos ajudou muito dentro e fora de campo, com sua seriedade e simplicidade em campo e com seu bom humor, inteligência e ótimas tiradas fora dele, e o Marquinhos que pouco se viu, mas quando aparecia era certeza de qualidade e força.

Obrigado a todos por mais essa conquista.

Faltou alguém? Se faltou foi mal, me avise que eu edito e mando a medalha pelo correio.