por Serginho 5Bocas
Juro pra vocês que foi difícil ouvir as absurdas comparações de desempenho, baseadas em estatísticas furadas dos craques do pensamento da TV, diariamente na Copa do Mundo do Catar. São informações que não têm nada a ver, que não utilizam duas amostras da mesma matéria, mas que enchem o saco com certeza.
Concordo que recordes são feitos para serem batidos, mas alto lá! Ficar comparando coisas desiguais para enaltecer um lado é falta de bom senso para não dizer antiético.
Se colocássemos o recordista mundial da corrida de 100m rasos da primeira Olimpíadas da história moderna numa prova contra o recordista atual, possivelmente ele comeria poeira, mas há de se destacar que tudo evoluiu no tempo e que naquela época ele era o cara e pronto. Sem comparações, é desse jeito.
No futebol, a coisa é pior! O exército que luta para aumentar os ganhos das estrelas do esporte trabalha incansavelmente para iludir os incautos e precisam de recordes forjados, prêmios de melhor qualquer coisa fajutos e muita exposição na mídia para atingir ganhos estratosféricos, que no passado nem sonhavam que iria acontecer.
Ocorre que estes mercados tem gerado imperfeições propositais que elevam suas marcas a níveis nunca vistos. Para isso, precisam destas comparações infundadas que quero demonstrar:
Ouvi muito dos iluminados durante a Copa propalando que Cristiano Ronaldo superaria o recorde de gols em Copas do Mundo de Portugal, que ainda pertence a Eusébio. Até aí beleza, mas poderiam dizer que Eusébio fez seus 9 gols em 6 partidas de apenas uma Copa e que CR7 fez 8 gols em 22 partidas de 5 Copas, né? Ficou claro?
É claro que tinha que sobrar para o gênio argentino Messi. A pérola é que ele superou o centroavante Batistuta, o “batgol”. Porém, deveria ser dito que Batistuta fez seus 10 gols em apenas 12 partidas, média assustadora de 0,83 gols. Já o gênio Messi, fez 13 gols só que em 26 partidas, média muito mais baixa de 0,5 gols por jogo. Não seria mais elegante e justo assim?
Agora, a melhor de todas é a que Neymar vai passar Pelé e já empatou em gols pela seleção. Pelé fez 95 com a amarelinha em 113 partidas, mas aí veio a FIFA e bate o martelo do Thor, “convencionando” a revelia que só valem os gols de jogos oficiais. Pronto, com uma bela canetada, Pelé passou a ter 77 gols em 90 jogos. Aí Neymar empatou os 77 gols contra a Croácia, só que em 123 jogos. Deu para entender?
Faz isso, não…
Brabo mesmo eram os caras que faziam mais com menos e pouco se fala dos feitos, tratam como se não tivessem existido. A lista é bonita, vamos ver?
Em termos de média nas Copas, Sandor Kocsis, da Hungria, com 2,20 gols por partida e Just Fontaine com 2,17 são assombrosos.
Se falarmos de desempenho em seleções nacionais, referindo-se a média por partida ao longo de muito tempo, Puskas fez 84 gols em 85 jogos pela Hungria e Gerd Muller fez 68 gols em 62 jogos pela Alemanha. Estratosféricos!
Agora se o que a gente quer é conhecer os números espantosos de um ET ou de um Rei, vamos de Pelé que aí ficamos de boa, pois a fera fez 1282 gols em 1363 jogos na carreira, média impressionante de 0,94 gols por partida. Essa “farpelinha” foi no acumulado de mais ou menos 20 anos de carreira, mas temos que considerar que, nos últimos anos, ele tirou o pé do acelerador.
De Pelé, só mais alguns dados para espantar:
em 1959 ele fez 126 gols, em 1961 foram 111 vezes balançando a rede e em 1965 a fera comemorou 106.
Na carreira, fez 92 hat-tricks, ou 3 gols na partida. Em outras 30 oportunidades ele fez 4 gols e em 7 jogos fez 5. Mas o seu recorde pessoal foram os 8 gols marcados na goleada de 11×0 contra o Botafogo de Ribeirão preto.
Acho que tá bom, né? Então vamos parar de comparar banana com laranja, pelo amor de Deus!
Forte abraço
Serginho 5Bocas