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Seleção Brasileira

JOGADOR MORRE DUAS VEZES, NÓS VÁRIAS

por Paulo Escobar


Falcão um dia disse que jogador de futebol morre duas vezes, uma quando para de jogar e a segunda quando morre mesmo. Mas de uns anos pra cá acredito que nós, os torcedores, morremos algumas vezes.

Quantos ídolos acompanhamos desde as categorias de base, vimos suas histórias de saída das realidades de pobreza e nos encantaram nos gramados por décadas. E quantos deles no momento de pendurarem as chuteiras nos fizeram perder o chão?

Somos tão envolvidos com o sentimento que o futebol gera em nós, que não percebemos o tempo passar e quando olhamos se passaram os anos. E com este passar do tempo os nossos ídolos viraram senhores, que a idade lhes gerou as marcas também e os leva ao final de suas carreiras, pelo corpo já não aguentar aquilo que é exigido pelo futebol.


Eu era criança quando Zico se despediu do futebol aqui no Brasil, que depois continuou por mais quatro anos no Japão, naquele jogo Flamengo e seleção do Mundo. Maracanã lotado naquele 1990, que ainda existia a geral, totalmente estrumbado pra ver o adeus do Galinho.

Me senti vazio depois daquele jogo festivo, como se a partir daquele momento faltaria a magia, me emocionei. Pensei o que seria do futebol sem Zico, seria voltar a ver o Flamengo e procurar o camisa dez no meio de campo e não encontrá-lo.

Com o passar do tempo voltamos a viver de novo, aprendemos a conviver com a dor da primeira morte do ídolo, e criamos novos ídolos. No nosso altar interno outros se somam e passamos a viver tudo de novo.


Depois, na Bombonera, tive outra morte quando Diego se despediu naquilo que foi mais que um jogo, foi um verdadeiro ritual. Maradona que me fez vibrar e sonhar, pendurava as chuteiras, um tango se encerrava e ali voltei a ter os mesmos sentimentos de vazio, pensando o que viria depois de Diego.

Quando Roman e Marcelo Salas pararam tive a mesma sensação de tristeza, não os veria mais nos gramados e muitas vezes assisti aos jogos e os procurei me esquecendo que já não estavam mais nos gramados. 

Perdi as contas de quantas vezes chorei com a despedida de um ídolo, de quantas vezes estive de luto pela primeira morte deles. E suspeito que ainda morrerei outras vezes, suspeito que me iludirei de novo achando que eles nunca deixarão de jogar, até ter que enfrentar a realidade de que eles irão parar.

Morri junto também com Gamarra, Djalminha, Zamorano, Rincón, Alex, Gaúcho e com tantos outros que levaram um pedaço de mim. Procurei muitos deles no gramado depois que pararam e a cada dia que o futebol se moderniza, sinto mais a falta deles.

Os anos passam e sentimos as dores da idade dentro e fora dos campos, sei que ainda veremos muita coisa, mas uma delas é certa: que se jogador morre duas vezes, nós morremos e morreremos muitas ainda.

QUE NOSSO FUTEBOL VOLTE A SER FELIZ

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Kkkkkkk, peraí, eu não ouvi o comentarista dizer ao final do jogo contra o Brasil que o futebol do Panamá evoluiu!!!! Preciso rir mais um pouco, Kkkkk!!! Estão brincando conosco, né? A proteção ao Tite é tamanha que alguns profissionais topam passar por esse ridículo.

Mas, olha, há tempos não rio tanto. Fui assistir ao jogo em um bar de Floripa. O total desinteresse pela partida era impressionante. Muitos se espantaram quando eu pedi ao garçom que ligasse a tevê. “O Avaí joga agora?”, perguntou um desavisado. Um outro respondeu, “quase isso, é o Brasil…”.

Claro que não deu para assistir nada. “Quem são esses caras da zaga?”, um magrinho quis saber. Respondi, Fágner, Militão, Miranda e Alex Teles. “Esse Fágner ainda existe?”, rebateu. “Mas não é o cantor, não, hein!!”, alertou um bigodudo. “Vai dar empate, afinal o nosso técnico é o Empatite!”. Kkkkkkkk, com essa não me aguentei. Me senti em casa porque sempre me chamam de ranzinza e vi que não estava só.

Ontem, voltei ao bar, encontrei a mesma rapaziada e novamente me assustei com o desempenho da nossa seleção. O resultado não importa, porque novamente não jogamos nada, mas dessa vez ganhamos por falhas grotescas da República Tcheca. Na resenha, um comentário me chamou atenção, a de que uma seleção formada apenas por jogadores que atuam no Brasil despertará novamente a paixão do torcedor.

Curioso, pensei. Então, resolvi provocar e desafiei a turma do bar a montar uma. Após muita discussão, afinal não temos mais tantos jogadores de qualidade, o time ficou assim: Cássio, Marcos Rocha (Pikachu), Dedé, Geromel, Reinaldo (Léo Pelé/Egídio), Bruno Henrique, Hernanes, Dudu, Everton Ribeiro, Pablo e Everton. Técnico, Fernando Diniz.

“Essa seleção não perde para a do Tite”, atestou o torcedor do Figueirense. Só para deixar claro que acho importantíssima essa renovação da seleção, mas é importante que fique claro que a renovação principal não é a de idade, mas a de mentalidade. E o Tite com o seu discurso chato, motivacional, inspirado em livros de gestores “me engana que eu gosto” não é a pessoa certa. Já deu.


Nada contra o Paquetá e outros jovens, mas é preciso que eles joguem soltos, joguem bola, saiam da forma de gesso que enfiaram nosso talento. Não interessa se o Phillippe Coutinho não está rendendo no seu time, mas na seleção ele precisa dar as cartas, ser feliz. Nossa seleção precisa ser feliz! Bastava olhar para a cara de Tite e seus auxiliares no banco e notar o ar fúnebre, desmotivado, cansado, insosso. Os livros motivacionais não estão surtindo efeito então que tal jogarmos bola?

Querem um bom exemplo disso? O time de garotos do Fluminense jogando contra os titulares do Flamengo. É claro que Fernando Diniz falou “entrem e joguem bola, mostrem o seu valor!”. É claro que a garotada é boa de bola, o problema está nos formadores, nos medrosos, nos covardes.

Mas, valeu, há tempos não ria tanto. A felicidade e criatividade do torcedor deve ser a de nosso time. Sempre foi. Na porta do bar, limpando as lágrimas de rir, vem o magrinho e me mostra no celular a página oficial do Íbis, pior time do mundo: “Do Panamá até nós ganhávamos”,

Kkkkk, que nosso futebol volte a ser feliz! Melhor, que nosso futebol volte a nos fazer feliz.

ZICO, SONHO E ANIVERSÁRIO

por Rubens Lemos


Maracanã das antigas, Maracanã das gerais. Maracanã dos humildes. Maracanã de Waldir Amaral narrando o jogo e João Saldanha nos comentários, Maracanã abocanhando desdentados aos milhares no formigueiro humano a desembocar dos trens da Central do Brasil. Maracanã, 180 mil pagantes. São 200 mil almas, incluída a comitiva de penetras penados.

É jogo de minha melhor seleção brasileira de todos os tempos contra um timaço estrangeiro, também escalado por mim, ao meu critério, do jeito que eu quero, afinal (ainda) tenho direitos. O direito de sonhar não me custa um centavo e é a mola da minha sustentação no dia 3 de março, 66º aniversário do melhor jogador que assisti ao vivo, Zico, meu Pelé consentido.

A partida vai começar e é atemporal. É uma comemoração onde se despreza o tempo. Relógios não entram e cada jogador está na idade de sua sagração, no auge de sua melhor criatividade e forma, todos estão perfeitos em homenagem a Zico.


O Brasil do técnico Rubens Lemos Filho vem com Taffarel; Djalma Santos, Carlos Alberto Torres (é o capitão), Orlando Peçanha e Nilton Santos; Gerson e Didi; Garrincha, Pelé, Zico e Romário. Nenhum volante, ninguém sem intimidade sensual com a bola. Marcação e pegada ficaram para os idiotas do 0x0 como mantra.

Do exterior, Yashin (Rússia), no gol, o feroz alemão Vogts na lateral-direita, o inglês Bobby Moore ao lado do soberano kaiser Franz Beckenbauer. Na lateral-esquerda, para correr atrás de Garrincha, poderia escalar o enlouquecido Kutsnetsov, do baile de 1958. Prefiro me vingar do italiano Cabrini, titular e um dos arquitetos da vitória da Azzurra sobre nossa constelação de 1982. Paul Breitner ficará no banco.

No meio, deslumbrante, Cruijff vai girar o campo inteiro ao lado de Maradona (liberado ao pó) e do baixinho Kopa, francês inventivo e ainda hoje inconformado com o show das semifinais da Copa da Suécia, Didi liderando o massacre de 5×2. Kopa era o Didi deles.

No ataque dos visitantes, um louco maravilhoso, driblador e entornado de uísque. O irlândes George Best, astro das fintas homéricas e principal jogador da Europa de 1968. O argentino Di Stéfano começa de titular sabendo que sairá no segundo tempo para o português Eusébio, a Pantera Negra. O húngaro Puskas, o Major Galopante, está na esquerda.


Para apitar o confronto, escalo, em distinção ao Rio Grande do Norte, o lendário Luiz Meireles, o “Cobra Preta”, senhoria de autoridade nas refregas empoeiradas do velho Juvenal Lamartine. Cobra Preta terá tradutor simultâneo na voz do locutor Zé Ary, da TVE potiguar, para saber o que os gringos estarão dizendo uns aos outros.

João Saldanha reclama a ausência de um protetor para o meio. Está enfurecido na cabine da Rádio Globo e me chama de irresponsável. “Com Zito ou Clodoaldo, mesmo o Piazza, esse time jogaria mais solto, imagina o Kopa liberado e o Maradona partindo para cima de Carlos Alberto.”

Cobra Preta convoca os capitães e o Brasil atacará para o gol do lado direito de quem via pela televisão. O Ex-Maracanã foi assassinado e o circo de arena posto em seu lugar, destroçado.

Carlos Alberto (usando cabelo curto, como em 1970), cumprimenta Beckenbauer, entrega-lhe uma flâmula, recebe outra. O Brasil joga de uniforme sem marca, sem patrocínio e calções de cadarço, em homenagem a Gerson, a quem é dado o direito de fumar, quando quiser, durante os 90 minutos ou enquanto durar o devaneio.

O primeiro ataque é estrangeiro. Cruijff gira sobre a bola, deixa-a sozinha e escapa, atraindo Didi. Maradona domina e lança Di Stéfano. Carlos Alberto toma-lhe na categoria e entrega a Gerson que imediatamente vê Pelé em diagonal, vislumbrando Garrincha. Sai o lançamento imediato e Mané puxa Cabrini para perto da massa geraldina.

Primeiro drible. Cabrini senta. Segunda finta, Cabrini deita, terceiro toque é uma caneta. Mané balança para a esquerda e sai pela direita. Cruza, Pelé mata no peito. A bola gruda e desce redonda como as cervejas lavando peritônios pelos bares populares.

O Imponderável Crioulo ameaça o chute e engana Bobby Moore no balanço do tórax. Dialoga com Romário (só em sonho), recebe de volta e vê Zico passando livre e perseguido por um atônito Vogts. Pelé acha o Galinho que toca de leve, por cima do boné de Yashin.

Comemora abraçado a Pelé e Romário. Garrincha põe a mão na cintura e balança a cabeça, em menosprezo ao sistema defensivo adversário. Diria, depois, que o Madureira daria muito mais trabalho. Com 1×0, o Brasil não descansa.

Didi recua. Faz lançamentos longos. O Príncipe Etíope de Rancho procura Di Stéfano, que o boicotara no Real Madrid para a vingança jamais consumada na vida real. Toca a bola entre as pernas do Hermano antipático e aplica-lhe um cavalheiresco drible da vaca. O povo explode e o presidente, que é Juscelino Kubitscheck, faz saudações emocionadas, naquele sorriso oriental.

Eusébio substitui Di Stéfano e Zidane ocupa o lugar do compatriota Kopa. Best é anulado por Nilton Santos e é trocado pelo alemão Littbarski, da geração de 1982, também posto no bolso imaginário da Enciclopédia do Futebol.

Eusébio e Puskas tabelam e o canhoto da Máquina Magiar de 1954, injustamente vice-campeã, desfere o bólido, no ângulo de Taffarel. O Maracanã – o velho Maracanã – silencia no 1×1, traumatizado pela virada uruguaia em 1950.

Sou vaiado quando ponho Barbosa, o goleiro negro humilhado pelo gol de Ghighia em lugar de Taffarel. Eusébio recebe de Maradona e devolve. Maradona passa por Djalma Santos e corta Carlos Alberto e Orlando Peçanha. Chuta da marca do pênalti. Barbosa encaixa, sem rebote e arremessa ao contra-ataque.


Depois de tragar seu sexto cigarro, Gerson enfia no capricho para Romário ziguezaguear entre Vogts, Beckenbauer e Cabrini. Derrubado. Pênalti. São 44 minutos. Pelé entrega a bola a Zico. “É tua Galo. É pelo aniversário e pelo jogo contra a França em 1986”.

Yashin cresce à frente de Zico, que veste a 9 porque a 10 é do Rei. Zico põe na marca frontal, toma distância e bate no canto direito, efeito, goleiro fora da foto. Vitória de Zico, 2×1. Em sonho, direito indestrutível de quem ama o futebol bailarino.

OS MENINOS TÃO NEM AÍ

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Como a imprensa em geral não dá muita bola para as “sub competições” informo que a seleção brasileira sub-20 é uma lástima, seus jogadores não aprenderam o básico, fundamentos primários como trocar passes e cabecear.

Foram colocados na roda pela Venezuela e anteontem, entre passes de tornozelo, tropeços e furadas, perderam de 3×2 para o Uruguai, e correm o risco de não se classificar para o Mundial. Na verdade, não merecem.

Comecei citando a imprensa porque durante as transmissões e após as partidas, nas mesas redondas _ elas ainda existem? _ o nome de Tite sempre é preservado. Quando ele foi contratado uma de suas promessas era integrar as seleções para dar experiência aos jovens. Foi dessa forma que convocaram Hugo, goleiro do Flamengo, um atacante do Grêmio, e sei lá quem mais. A imprensa noticia os resultados, mas não debate o problema. Pior, sempre tem a preocupação de poupar o “professor número 1”. Os programas viraram stand-ups comedy, com os mesmos personagens folclóricos contando os mesmos causos.

Pelas redes sociais, recebi uma mensagem de Luciano Gobo. Disse que após a derrota do Brasil para a Venezuela, os comentaristas estavam mais preocupados em noticiar a vinda do Vagner Love para o Corinthians do que outra coisa. Gostaria de ver uma matéria profunda mostrando que em 2013 a seleção sub 20 sequer passou para o hexagonal, em 2015 nos classificamos em quarto e em 2017 não nos classificamos, o que pode voltar a acontecer agora.


Estava conversando com Cabralzinho pelo Face. Para quem não sabe, Cabralzinho foi um meia espetacular, que jogou no Santos e no Bangu, com Paulo Borges, Bianchini, Parada, Aladim e Ladeira. Ele me perguntou se eu conhecia o Carlos Amadeu, técnico da sub-20. Realmente, não conheço. Parece que foi lateral do Galícia e Bahia. Antes era o Micale. Será que são os nomes certos?

Antes dos gols contra o Uruguai, o Brasil não marcava há 369 minutos e o principal nome do time, Rodrygo, foi expulso após uma falta duríssima. Mas esse já está com a vida ganha, afinal foi vendido por 45 milhões de euros para o Real Madrid. Parece que outros jogadores também já estão na Europa. Tem algo de muito errado nisso tudo. Em seis partidas, o Brasil levou 16 cartões amarelos, mais esse vermelho. Ou seja, a comissão técnica vem falhando na parte técnica e psicológica.

A impressão que dá é que essa garotada fica com fones de ouvido ligados naquela música: “Tô nem aí, tô nem aí. Pode ficar com seu mundinho, tô nem aí”, Kkkkkk!!! Na verdade, não tem ninguém aí. E eu ainda me estresso e me desgasto.


Não estamos falando de sub-9, sub-10, o tema é sub-20. Quando lembro que Pelé, Coutinho e Edu não tinham nem 18 anos e já brilhavam no Santos, me chamam de saudosista. Eu mesmo, aos 17 anos, meti três no América em minha estreia no Maracanã. Ficam tratando o sub-20 como se fossem menininhos. Na verdade, até hoje ainda acham que o Neymar é um garotinho. É a escolinha do professor Tite! Mas é necessário uma nova metodologia de ensino porque essa está desgastada e mais parece aquela escolinha em que os alunos arremessam giz no quadro-negro e fazem guerra de bolinhas de papel. Mas talvez o problema esteja comigo e deva jogar fora os meus cds da Motown, os de Louis Armstrong, Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald, e passar a ouvir “não tô nem aí…”.  

CONVOCADO POR ENGANO

por Victor Kingma


A mais desorganizada seleção brasileira de todos os tempos foi, seguramente, aquela que disputou o mundial da Inglaterra, em 1966.

Durante  os quase quatro meses de preparação para a Copa, foram formadas nada menos que quatro seleções para os treinamentos. Astros consagrados como Pelé e Garrincha disputavam espaço com outros, muitas vezes desconhecidos do público, selecionados por questões políticas.

Alguns jogadores famosos, mas já em final de carreira, eram convocados apenas para agradar ao público por onde a seleção passava.

O técnico Vicente Feola, com tanta interferência em seu trabalho, passou o tempo todo tentando armar um time base e, apesar do longo tempo de preparação, chegou à Inglaterra sem saber qual era a melhor escalação.

O fato mais marcante da desorganização daquela seleção foi o incrível episódio em que um jogador foi convocado por engano.


Numa das listas divulgada pela CBD, saiu o nome de Gilberto Freitas Nascimento, o Ditão, vigoroso zagueiro do Flamengo. Na verdade, o selecionado deveria ser o outro Ditão, seu irmão mais velho, Geraldo Freitas Nascimento, que após se destacar na Portuguesa de Desportos havia sido contratado pelo Corinthians, time pelo qual brilhou por muitos anos.

Surpreso com a convocação, o Ditão caçula se apresentou à seleção e foi incorporado ao grupo para os treinamentos.

Constrangidos, os cartolas acabaram mantendo a convocação. O raçudo zagueiro rubro-negro, posteriormente, acabou sendo cortado.

Apesar de tantos desacertos, o Brasil ainda foi para a Copa com um grupo muito forte, uma mescla de craques consagrados com jovens promessas.

Mas, como não poderia resistir a tanta bagunça, a seleção acabou desclassificada ainda na primeira fase do mundial. Estreou vencendo a Bulgária por 2 x 0, com gols de Pelé e Garrincha, ambos de falta, na última partida em que os dois gênios da bola jogaram juntos. Entretanto, nos dois jogos seguintes, o Brasil foi derrotado pela Hungria e por Portugal, do grande astro Eusébio, pelo mesmo placar de 3 x 1.  O então garoto Tostão, contra os húngaros, e o lateral esquerdo Rildo, contra os portugueses, assinalaram os gols brasileiros.

Nas três partidas que disputou, o Brasil atuou com escalações diferentes e nada menos que 20 jogadores foram utilizados. Apenas o volante Zito, contundido,  e o ponteiro Edu, que era muito jovem, pois foi convocado com apenas dezesseis anos, não atuaram. O meia Lima e o ponteiro Jairzinho foram os únicos que participaram dos três jogos.


O grande fracasso acabou valendo como lição. Quatro anos mais tarde, na Copa do México, agora com uma organização ímpar, vários destes jogadores, como Brito, Gerson, Jairzinho, Tostão e Pelé, além do reserva Edu, deram a volta por cima e encantaram o mundo na conquista do tricampeonato, fazendo parte daquela seleção mágica.

Jogadores   brasileiros que foram à Copa da Inglaterra:

Goleiros: Gilmar (Santos) e Manga (Botafogo).

Laterais: Djalma Santos (Palmeiras, Fidelis (Bangu), Rildo (Santos) e Paulo Henrique (Flamengo).

Zagueiros: Brito (Vasco), Belini (São Paulo), Orlando (Santos) e Altair (Fluminense).

Meio Campo: Denílson (Fluminense), Zito (Santos) Lima (Santos) e Gerson (Botafogo).

Atacantes: Jairzinho (Botafogo), Garrincha (Corinthians), Alcindo (Gremio), Tostão (Cruzeiro), Silva (Flamengo), Pelé (Santos) Edu (Santos) e Paraná (São Paulo).

Victor Kingma – www.historiasdofutebol.com.br