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Seleção Brasileira

O ABRAÇO

:::: por Paulo Cezar Caju ::::

E Tite assumiu o tão sonhado cargo de treinador da seleção brasileira com um afetuoso abraço em Marco Polo Del Nero!!! Coisa linda!!! E ainda li numa dessas matérias baba-ovo que “Tite chegou demonstrando coragem e personalidade”. Kkkkkkkkkkkk!!!!  Peraí, ele recentemente assinou um documento coletivo pedindo a renúncia do presidente da CBF e agora corre para o abraço???!!!


Se vai manter a assinatura pouco importa. Igualzinho ao presidente do Flamengo, que bate, bate, bate, mas quando recebe o convite para uma viagem internacional esquece tudo e topa! Claro, com uma crise dessas, uma viagem de Bandeira, quer dizer, de bandeja, não dá para ser negada. Tudo balela, tudo conversa para boi dormir. 

Imaginem o Tite, terno alinhado, com seu ar professoral negociando as bases do contrato com o Del Nero!!! Imaginem ele se impondo, dizendo que não admitirá interferências de empresários e patrocinadores na convocação dos jogadores!!!! Kkkkkkkk!!!! Conta outra! A mim, não enganam com esse discursinho de transparência. Os cifrões nos olhinhos vêm antes de qualquer sonho de vestir a amarelinha ou vencer Copa do Mundo e Olimpíadas. O certo seria NENHUM treinador aceitar o convite de Del Nero. Isso, sim, seria um pacto verdadeiro, a união da categoria por uma mudança radical e a reformulação do futebol. 

Aí vem o Bom Senso com aquele papinho de transparência disso, ética daquilo, até surgir mais um convite da CBF. Desmobilização certa! É a tal da vaidade, é a tal sede do poder. Bom, só sei que Del Nero segue sem poder sair do país. Para os Estados Unidos, então, nem pensar. É cana! Mas pensando bem, por que ele sairia do Brasil se aqui ele está tão bem acompanhado de Cunhas, Renans e Jucás?

DE VOLTA AO PASSADO

por Zé Roberto Padilha

Dr. Emmett Brown, que no épico De Volta para o Futuro, de Steven Spielberg, levou Martin McFly em seu DeLorean de volta para o passado, poderia fazer um favor ao futebol brasileiro se repetisse a viagem e embarcasse, desta vez para o ano de 1982, o Ganso. Ele desembarcaria no Estádio Sarriá e seria escalado na meia-esquerda da seleção brasileira  ao lado de Toninho Cerezzo, Falcão e Zico. Telê Santana avançaria o Sócrates para formar o ataque ao lado do Éder. E a máquina do tempo traria Serginho de volta ao presente do nosso futebol, onde mal sentiria a mudança. Nosso grande centroavante jogaria como titular em qualquer equipe. Já o Ganso, não.

Sua classe, habilidade e cadência, definitivamente, não são compatíveis com a correria desenfreada e impensada que se estabeleceu atualmente naquela faixa nobre do campo. Neste filme, dos melhores sonhos dos amantes do futebol-arte, Paulo Rossi não seria protagonista. Seria apenas um coadjuvante que enfrentou a equipe que mais simbolizou em campo a arte do futebol brasileiro. Faltou-lhe apenas o título. Se tivesse o Ganso, quem sabe?


Ganso recebe muitas críticas por ser considerado lento (Foto: Reprodução)

Ontem, durante a transmissão de Flamengo x São Paulo, o futebol refinado de Paulo Henrique Ganso, de toques suaves e passadas cadenciadas, que parecia que alguma criança na sala apertava a tecla Slow Motion toda vez que a bola chegava aos seus pés, não agradava aos comentários do Edinho. No SporTv, o comentarista exigia que ele fosse mais participativo na partida. Um carrinho, por exemplo, como os do Sheik, seria sinal de luta. As roubadas de bolas do Marcio Araújo, então, simbolizaria a glória. A mediocridade jogada tem sido irradiada através das cabines de rádio e televisão, e ela tem contaminado locutores e comentaristas e alcançado dia seguinte às bancas de jornais. Ganso, jogando na década de 80, mereceria toda semana uma crônica de Armando Nogueira no Jornal do Brasil. E outra do Nelson Rodrigues no Jornal dos Sports. Mas os cronistas literatos desapareceram junto à arte do nosso futebol. No seu lugar, ficaram colunistas que por mais que tentem, seus textos não são mais inspirados  nas jogadas dos grandes craques, mas produzidos junto a garra e a luta de alguns gladiadores. Os cada vez mais quilômetros percorridos pelos fundistas que insistem em correr mais que a bola.

Ganso, que parece atuar de smoking, não foi escalado para jogar a Copa América porque não há no comando da seleção um treinador com o bom gosto de Telê Santana. Para jogar no time do Dunga, e do Felipão, o meio-campista tem que marcar, baixar a cabeça, correr e trocar passes com seus zagueiros. Luiz Gustavo, Fernandinho, Elias, Godzila, Homem de Ferro e Volverine crescem à frente dos telespectadores e do ataque adversário. Mas não evitam que voltemos mais cedo para casa para ver a Argentina se exibir inteirinha na tela presente.

Aos 20 minutos do segundo tempo, Ganso caiu de mau jeito na área do Flamengo. Quando o massagista chegou, torcemos para ele tirar daquela bolsinha Iodex, ou um tubo de Balsámo Bengué, aquele com salicilato de metila. Até Gelol, do Pelé, nos daria esperança. Seriam símbolos dos anos 80. Dr. Emmet Brown já teria conseguido transportá-lo. Mas o massagista do São Paulo, e o médico que o atendeu, tirou um tubo com anestésico de ultima geração de aerosóis e borrifou em suas costas. Estávamos mesmo de volta ao presente. Mas se Spielberg recuou McFly no tempo para mudar a vida dos seus pais, levar o Ganso de volta ao passado, a idade em que ele merecia ter nascido e jogado, mudaria seu destino. E do próprio futebol brasileiro.

 

 

PARABÉNS, PADRINHO!!!

por Sergio Pugliese


Não tem jeito, a relação de PC Caju com a torcida é de amor e ódio. Amor porque semeou sua arte por onde passou e ódio porque brigou por seus direitos, chutou o balde na mesma proporção do que a bola, viu o fundo do poço mas não gostou, reergueu-se e fez careta para quem duvidava disso. Pintou o cabelo antes de qualquer um, vestia-se com roupas extravagantes e também gostava de carrões. Mas amava o futebol acima de tudo e dedicava-se como poucos aos treinamentos. 

Foi astro da Selefogo e da Máquina Tricolor, também levantou alguns canecos pelo Mengão e foi campeão do mundo pelo Grêmio. No Vasco foi vice, mas orgulhou-se de vestir o manto cruzmaltino principalmente por sua bela história contra o racismo. E tinha Pintinho, no meio-campo com ele. É idolatrado na França e uma vez por ano é convidado, por amigos, para passar umas semaninhas lá, gastando o seu francês!

“Chupou laranja com quem?”, costuma perguntar. “Cantou o hino nacional quantas vezes?”, provoca. E essa provocação é perturbadora para alguns, mas encantadora para quem o conhece de perto, como nós do Museu da Pelada! Atualmente, temos a honra de receber regularmente crônicas divertidíssimas desse cracaço para a seção Resenha! Caju é puro, chora fácil e não tolera injustiças. Caju é o cara! Ah, esquecemos de dizer que ele foi campeão do mundo na Copa de 70, na melhor seleção da história do futebol.

Negão, pode tirar sua onda porque você merece!!!!!!!

O SUL, DE NOVO

:::: por Paulo Cezar Caju ::::

O gol foi de mão? Meteram a mão no Brasil, CBF? Vocês estão achando injustiça, dirigentes corruptos? Dói, né? Há tempos essa reclamação é nossa, é do povo brasileiro. Metem a mão no Brasil diariamente e o único que sofre é o povão, mas dessa vez não houve sofrimento, não, quase nenhum. Estamos vacinados contra a inércia da CBF, que nada fez desde os 10 x 1 juntando as goleadas de Alemanha e Holanda.


Tite se reuniu ontem com a CBF (Foto: Reprodução)

Que moral a CBF tem para reclamar de um gol de mão? O Dunga não vai mais para as Olimpíadas? Jura? Ah, é o Tite? O Sul de novo? A mesma escola, a mesma retranca, o mesmo “jogo de resultado”? Não dá para inovar, ousar, sair dessa mesmice, CBF? Volta aquele discurso estudado, o terno engomado e a criatividade zero? O Tite deve estar em alta, né? Afinal perdeu do Palmeiras no último fim de semana, não classificou o Corinthians para a Libertadores, perdeu o Paulista. Mas ele deve ser bom de Olimpíadas e Eliminatórias.

É CBF, é empresários de jogadores, essa vitrine, esse balcão de negócios que virou a seleção, não consegue nos surpreender, hein! Elias e Renato Augusto, jogadores apáticos, podem ficar tranquilos porque o Tite gosta de vocês! Alôôôôuuu, vocês estão vestindo a camisa da seleção brasileira!!!! Sabem o que isso representa???

Aí, ao lado, um torcedor indignado solta o verbo: “como o Brasil perde para o Peru, uma seleção que tem o Yotún, barrado no Vasco???”. Kkkkkkkkkkkk!!!!!! Verdade!!!! Não resisti e tive que explicar para ele o óbvio: porque nossa seleção é formada por vários Yotúns, Yotún goleiro, Yotún lateral, Yotún atacante e Yotún treinador!!!! Yotún, mil desculpas pelas comparações!!!!

– texto publicado originalmente no jornal O Globo, em 15 de junho de 2016