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Seleção Brasileira

VINTE E TRÊS ANOS DE AMOR

por Mateus Ribeiro


Vinte e três anos de muito amor e saudade. Vinte e três anos de lembranças que levarei até meus últimos dias.

Vinte e três anos é o tempo de uma vida. Vinte e três anos é o tempo que meu time ficou sem conquistar um título importante. Vinte e três anos é o tempo que a Copa de 1994 está em minha vida. E nunca mais sairá.

Pouco importa se a média de gols foi baixa. Pouco importa se você discorda. Pouco importa se o Brasil jogou feio (como alguns dizem).

Meu primeiro contato com futebol não me apresentou jogadores, mas sim, heróis. Meu primeiro contato com o futebol não poderia ter sido melhor.

Seja pelos jogos ao meio dia, seja pelo simples fato de eu poder assistir futebol 24 horas por dia, seja pelos uniformes escandalosos, seja pelo Brasil ter conquistado o tetra, seja lá o que for: eu te amo e te amarei eternamente, Copa de 94!

Em 1994, eu não fazia muita ideia do que era uma Copa do Mundo. Só sei que só se falava nisso. Resolvi perguntar para meu pai e ouvi dele que a Copa era “jogo de futebol o dia inteiro”. em um tempo que TV por assinatura era um sonho mais que distante, essa resposta foi música para meus ouvidos.

Fiquei ansioso esperando pela abertura do evento. E descobri que toda a ansiedade foi em vão, pois odiei a cerimônia. Aliás, não sei se foi pelo trauma de ver a Diana Ross fazendo aquele papelão, ou pelo simples fato de eu detestar qualquer tipo de enrolação, faço questão de perder toda e qualquer cerimônia de abertura e encerramento de eventos esportivos.

Passado isso, eis que no primeiro jogo, a Alemanha já me deixou encantado com aquele uniforme lindo. Aliás, cada uniforme maravilhoso que vi nessa Copa. Tudo era muito bonito e colorido, e mesmo aquela camisa Jeans dos EUA, ou aquela aberração que foi o segundo uniforme do México me deixaram encantado. Ainda tive tempo de ficar apaixonado pela camisa branca da Holanda, pelo azul eterno da Itália, pelos carnavalescos uniformes de Marrocos e da Irlanda, pelas camisas da Adidas, e pela emblemática camisa azul da Seleção Brasileira. Definitivamente, foi a Copa dos uniformes.



Com oito anos de idade, obviamente que eu não era lá profundo conhecedor de jogadores estrangeiros. Aquele mês foi o suficiente para eu conhecer meus primeiros ídolos gringos. Batistuta, Hagi, Stroichkov, Bergkamp, Larsson, e tantos outros que se tornaram referências para mim.

De longe, foi a Copa que mais reuniu craques e bons jogadores, na minha opinião, é claro. Praticamente, todo time tinha uma estrela, ou um jogador capaz de decidir partidas. E não eram só jogadores de ataque que eram estrelas, não. Baresi, Pagliuca, Preud´homme, Maldini, Aldair, Branco e muitos outros defensores me fizeram tomar gosto por sistemas defensivos.


E o que dizer do Brasil? Taffarel, o citado Aldair, Dunga, Branco, Romário, Bebeto e Mauro Silva viraram meus heróis. Acredite se quiser, meu sonho era ser como qualquer um desses caras. Percebe-se que não consegui, entre outros fatores, por eu não ter talento para a prática do esporte bretão.

O gol de Branco contra a Holanda, o “Eu te amo” de Bebeto para Romário, o gol salvador do Baixinho contra a Suécia na semifinal, o pênalti defendido por Taffarel na final, todos esses momentos moldaram meu caráter futebolístico.

Hoje, dia 17 de julho, a final da Copa completa vinte e três anos. Vinte e três anos daquele que foi talvez o maior jogo que vi na vida. Não importa se não foi o jogo mais emocionante. Não importa se o nível técnico foi baixo. A final da Copa foi como a cereja de um bolo que eu insisto em lembrar o sabor vinte e três anos depois.


Praticamente todos os momentos que presenciei entre junho e julho de 1994 foram mágicos para mim. Levarei eternamente em meu coração e em minha memória cada segundo que vivi durante a Copa mais mágica que assisti na minha vida.

Deus salve Yekini e sua comemoração. Deus salve Baggio batendo o pênalti pra fora. Deus salve Escobar, esteja onde estiver. Deus salve a Romênia e a Bulgária, que tanto me encantaram. Deus salve Lalas e Balboa. Deus salve Meola. Deus salve Taffarel. Deus salve Ravelli. Deus salve a Copa de 94, e mantenha nosso amor intacto.

 

HÁ 60 ANOS, A PRIMEIRA VEZ DO PELÉ

por André Felipe de Lima


Há 60 anos, exatamente no dia 7 de julho de 1957, Pelé vestia a camisa da seleção brasileira pela primeira vez. Isso aconteceu em um jogo contra a Argentina, no Maracanã, valendo a primeira partida da disputa da Copa Roca entre brasileiros e argentinos. Perdemos a peleja pelo placar de 2 a 1, mas Pelé, que entrou no lugar de Del Vecchio, logo na estreia, deixou a sua marca de goleador implacável e assinalou o único tento canarinho.

Pelé foi tão bem no jogo que acabou titular na partida seguinte, realizada no Pacaembu três dias depois da estreia. Com um gol do nosso eterno camisa 10 e do atacante Mazzola vencemos a Argentina por 2 a 0 e levamos a taça.

Infelizmente, não conseguimos o registro de áudio da estreia do Pelé, mas o do jogo do dia 10 de julho de 1957, o do título, sim, nas vozes de Edson Leite, como narrador, e Fiori Gigliotti, como repórter.

FICHA TÉCNICA DOS DOIS JOGOS DA COPA ROCA DE 57

07/07/1957 (16h)
BRASIL 1 x 2 ARGENTINA
Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (Brasil). Público: 80.000 espectadores.
Árbitro: Erwin Hieger (Áustria). Assistentes: Guálter Gama de Castro (Brasil), José Monteiro (Brasil).
Gols: Labruna, aos 30; Pelé, aos 76; Juárez, aos 77.
BRASIL: Castilho, Paulinho de Almeida, Bellini, Jadir e Oreco; Zito (Urubatão, aos 70) e Luisinho; Maurinho, Mazzola (Moacir, aos 46), Del Vecchio (Pelé, aos 46) e Tite. Treinador: Sylvio Pirillo.
ARGENTINA: Carrizo, Pizarro e Vairo; Gianserra, Rossi (Guidi, aos 77) e Urriolabeitia; Oreste Corbatta, Herrera (Antonio, aos 70), Juárez (Blanco, aos 41), Labruna e Moyano. Treinador: Guillermo Stábile.

10/07/1957 (20h45)
BRASIL 2 x 0 ARGENTINA
Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo (Brasil). Público: 38.441 espectadores.
Árbitro: John Husband (Inglaterra). Assistentes: Antonio Musitano (Brasil), Catão Montes Júnior (Brasil).
Gols: Pelé, aos 20; Mazzola, aos 57.
BRASIL: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Jadir e Oreco; Zito e Luisinho; Maurinho, Mazzola (Del Vecchio, aos 61), Pelé e Pepe. Treinador: Sylvio Pirillo.
ARGENTINA: Carrizo (Musimessi, aos 69), Biaggioli e Vairo; Gianserra, Rossi (Guidi, aos 87) e Urriolabeitia; Oreste Corbatta, Juárez, Herrera (Antonio, aos 46), Labruna e Sesti. Treinador: Guillermo Stábile.

SAUDADES DO QUE NÃO VIVI

por Mateus Ribeiro


Qualquer ser humano que não tenha passado os últimos Séculos fora do Planeta Terra sabe que o futebol é um caminhão de emoções. Alegria, tristeza, frustração, decepção, agonia, euforia, e tudo mais que um torcedor possa sentir. É fato que algumas outras atividades e situações de nossa vida podem trazer tamanha carga emocional também, porém, apenas e tão somente o futebol consegue trazer o sentimento mais absurdo e inexplicável de todos: a saudade do que nunca se viveu.

Como um apaixonado, são vários os momentos que eu gostaria de ter vivenciado. Depois do gol de Basílio em 1977, talvez o momento que eu mais queria ter presenciado foi aquele fatídico 05 de julho de 1982. A Tragédia do Sarriá, que completa 35 anos exatamente hoje, foi meu maior trauma futebolístico durante alguns anos. Desde que me conheço por gente, sempre ouvi meus pais falando de um tal Paolo Rossi, sempre com os adjetivos mais carinhosos possíveis. De tanto ouvir meu pai falando de Cerezo, Falcão, Paolo Rossi, Sócrates, Sarriá, eu queria saber o que de tão estarrecedor aconteceu 03 anos, 03 meses e 28 dias antes do meu nascimento, e que mesmo assim, mexia demais comigo.

Certo dia tomei coragem e perguntei para Papai o motivo de 1982 ser um tabu tão grande. Ouvi que “depois de 1950, foi a derrota mais amarga do futebol brasileiro”. Não perguntei mais muita coisa, afinal, com oito anos de idade não conseguiria digerir nada de muito relevante. As coisas começaram a mudar de figura quando, durante a Copa de 1994, ouvi um parente falar que “se a Seleção de 82 não ganhou a Copa, não seria a de 94”. Ouvir aquilo me deixou extremamente nervoso. Afinal, se a Seleção de 1994 estava longe de ser aquelas coisas, pelo menos para este que vos escreve, aquele elenco era um verdadeiro apanhado de heróis, a Liga da Justiça Copeira. Além do que, tudo aquilo me despertou um questionamento: “Se o time de 94 pra mim é bom, imagino como é esse time de 82”. E desde aquele momento, decidi que seria questão de honra ver Romário, Dunga, Taffarel e sua turma vingarem as vítimas de Paolo Rossi.

Após o fim da Copa de 94, a euforia do título apagou um pouco dos questionamentos sobre a derrota tão falada na minha família e nos programas esportivos.

Depois da porrada de 1998, já estava mais velho, e mais preparado para sofrer. Sendo assim, resolvi por mim mesmo pesquisar sobre a Copa de 1982. Na época, Internet era um sonho distante. Comecei a me virar com livros, revistas e alguns VHS que contavam a triste historia daquele Mundial.

Descobri que a Seleção só tinha feras, todos comandados por um treinador de renome, o grandioso Telê Santana. Realmente, foi difícil entender como aquele esquadrão conseguiu perder uma Copa.


Munido de algumas informações, fui questionar meu pai (minha eterna referência futebolística) sobre a derrota por 3 a 2, e ouvi uma frase emblemática: “Não existe time invencível”. A frase entrou na minha cabeça de uma forma quase hipnótica. Depois de ouvir isso, comecei a analisar as coisas mais friamente.

A Copa de 2006, e todo o seu carnaval em cima do famigerado “quadrado mágico” me fez viver talvez aquilo que muita gente viveu em 1982: a sensação de que a taça estava garantida, e de que ninguém poderia parar o Brasil. Novamente, um time de azul apareceu no meio do caminho e acabou com os planos. Sem comparações, mas isso foi o mais próximo que vivi de 1982. Talvez com a diferença de que eu jamais acreditei naquela turma que o Parreira levou em 2006, enquanto em 1982, imagino que o país todo viveu um conto de fadas.

Aprendi que o brasileiro tem uma facilidade gigantesca em se empolgar. Seja com um time mágico, seja com um time ok que consegue resultados obrigatórios, como classificação para a Copa, Copa das Confederações e Copa América. Aprendi também que jamais deve se subestimar um adversário do porte da Itália. Independente da fase.

Mas tudo isso não importa. Posso tirar toda e qualquer conclusão. Queria estar vivo e assistindo ao jogo entre Brasil e Itália naquele 05 de julho de 1982. Gostaria de ter chorado, de ter ficado cheio de raiva, de ter xingado o Telê, o Cerezo. Queria ter a oportunidade de mandar o Paolo Rossi para o inferno, queria achar um culpado, queria falar que a arbitragem teve alguma culpa (mesmo que isso fosse mentira, pra um perdedor é ótimo usar isso como justificativa), queria chutar a tv, queria assistir aos programas esportivos da época. Dane-se que a Itália foi correta. Dane-se que o Brasil tinha falhas. Eu queria (e quero) voltar no tempo para poder viver aquele triste dia. Afinal, o futebol não é feito apenas de rosas, possui seus espinhos. E garanto que os espinhos daquele 05 de julho calejaram muita gente, que depois pode comer o filé 1994 e 2002, após roer o amargo osso em 1982.


Pode parecer loucura, mas sinto falta de ter passado alguma decepção com uma derrota da Seleção. Conforme mencionei acima, passei por algo similar em 1998, mas depois daquilo, nunca mais torci pelo time verde e amarelo. Não por causa da Copa em si, mas pelos personagens que começaram a frequentar as convocações, tudo o que envolve o time da CBF, enfim. Em 2002 já ligava para a Copa do Mundo tanto quanto ligo para o preço do petróleo. Já não fazia sentido sofrer por aquilo, e até hoje não perco um segundo sequer ouvindo Tite, Dunga, Scolari, ou quem quer que seja. Mas passo horas vendo o time de 1970, o de 1958, e até mesmo o time “perdedor” de 1982. E o de 1986 também. Afinal, sempre existe o que possa se aprender, mesmo nas derrotas.

E lá se vão 35 anos. Apesar de tantos anos, continuo com a mesma saudade do que nunca vivi. Continuo com a mesma tristeza por não ter ouvido meu pai falar do time de Telê com o mesmo sorriso no rosto que falava do time de Zagallo (e Saldanha). Porém, como não gosto de passar vontade, uma eu não vou deixar passar: VÁ PARA O INFERNO, PAOLO ROSSI.

E você, qual a saudade do que você nunca vivenciou? Conte pra nós!

XÔ, FRANKEINSTEIN!

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

Não acompanhei a Copa das Confederações, mas adorei a final entre Chile e Alemanha, duas escolas que gostam de jogar futebol. O México também não seria ruim porque joga ofensivamente, sem medo de perder. Mas aí bateu de frente com a garotada da Alemanha, essa nova geração que ainda vai dar muito o que falar.

Já disse e repito: os alemães estão dando aula de renovação enquanto Portugal é aquele fado de uma nota só. Portugal sem Cristiano Ronaldo é como Brasil sem Neymar e Argentina sem Messi, times sem personalidade. Quando a seleção tem um projeto sério o resultado é esse apresentado pelos alemães.

Aqui no Brasil segue a bagunça de sempre: os técnicos perdem e culpam o cansaço por tantas competições atropeladas. É estadual, brasileiro, Libertadores, sul-americana, sul disso, sul daquilo. Os jogadores são poupados da maratona, a qualidade cai, o torcedor é penalizado, mas os dirigentes colocam uma graninha para dentro, afinal de caça-níquel eles entendem.


O calendário é o culpado de tudo, mas quem o aprova? É muito fácil reclamar. Esses campeonatos são verdadeiros shows de horrores. Ontem assisti Ponte Preta x Sol de America. Alguém viu? Que competição era aquela? Dormi sem saber. Melhor se tivesse assistido Frankenstein porque remendado por remendado prefiro o monstrinho.

Ei, alguém está me lembrando aqui que ainda tem o Torneio Rio-Sul-Minas! KKKKKKK, peraí, até onde os Frankeinsteins da CBF querem chegar??? Eles não podem continuar por aí afugentando os torcedores dos estádios, avacalhando o futebol brasileiro e manchando toda uma história construída por anos e anos. Mais do que isso, eles não podem continuar soltos.     

AMOR, PAIXÃO, TRISTEZA E DESILUSÃO

por Mateus Ribeiro


Já faz um tempo que me apaixonei pelo futebol. Não sei a data exata, mas já faz mais de vinte e cinco anos. Uma vida inteira.

Como acontece em (quase) todos os relacionamentos amorosos, existem idas e vindas, risos e choros, mas no final das contas, o amor prevalece. Um sentimento que poderia ser traduzido através do clássico “Entre Tapas e Beijos”, da dupla Leandro e Leonardo. E dentre esses beijos,os mais tórridos que dei em minha paixão aconteceram de 4 em 4 anos. A Copa do Mundo servia como motel durante um mês. Aqui, neste texto, falarei sobre tudo que aconteceu no nosso quarto francês, no ano de 1998, já que a Copa disputada na França foi a que mais me fez sentir tudo o que uma relação de paixão pode trazer.

Devo dizer que em 1994, por ser minha primeira Copa, como em todo começo de namoro, tudo foi uma maravilha. Até o Brasil sendo campeão serviu para criar um horizonte de perfeição intocável. O time que eu torcia era invencível, eu só via jogo bom, um monte de craques desfilando um bom futebol, e belíssimos uniformes me deixaram enfeitiçado por um mês. Após o primeiro término, esperei os quatro mais longos anos da minha nada mole vida para viver a primeira reconciliação.

Após muitos meses de espera, eis que chega o período pré Copa. Aproveitava meu talento em cumprir bem minha obrigação de ser bom aluno, e cobrava para fazer trabalho de escola pros alunos mais preguiçosos. Todo o dinheiro arrecadado tinha uma finalidade: comprar figurinhas para o álbum oficial da Copa do Mundo. Como na época a Internet e a TV por assinatura eram sonhos impossíveis para a minha realidade, utilizava os dados contidos no álbum para descobrir até a data de aniversário dos jogadores.

Enfim, chega o dia da estréia. Meu amor Brasil entra em campo contra a Escócia. Achei que fosse ser vida fácil, mas quase que o boi deita na estreia. Aparentemente, depois de um gol bem confuso de Cafu, tudo ficaria mais tranquilo.


Após a primeira partida, tinha que acompanhar minhas pretendentes remanescentes de 1994, Bulgária e Romênia. Devo dizer que a Bulgária estava bem diferente de quatro anos atrás. Mais chata, burocrática, e parecia não haver muita possibilidade de uma volta. Cheguei a pensar “como um dia me apaixonei por quem hoje despreza tanto minha pessoa (e a bola)?”. A relação acabou quando conseguiram apanhar de 6 da sempre sem sal Espanha. Ambos arrumaram as malas e partiram pra longe após o jogo.

Já a Romênia parecia estar mais madura, mais atraente. Porém, após alguns flertes, resolveu mudar um pouco o visual. Não deu muito certo, e coube a Croácia (que viraria minha paixão de inverno) terminar minha relação com a Romênia de forma mais amena.


Voltando ao meu primeiro amor (Brasil sil sil), a primeira decepção foi a derrota para a Noruega. Para deixar tudo mais triste, a derrota foi no mesmo dia (ou na mesma semana, não me recordo) da morte do Cantor Leandro, um fato que comoveu muita gente, e me fez ouvir a música “Um sonhador” por horas a fio. Inclusive dei o play nela agora. Mesmo após a derrota, que contou com um show de Galvão Bueno reclamando de uma penalidade máxima para os Escandinavos, a classificação estava encaminhada. Foi por pouco que não tive que pagar o motel e voltar pra casa. Pelo menos iria pagar metade do preço.

Já que as outras pretendentes haviam ido embora, criei vergonha na cara e resolvi dar atenção exclusiva para meu único amor. E a próxima seleção que tentaria destruir esse amor foi o Chile. Se você tem menos de 20 anos e se impressiona com esse time aí comandado por Vidal e Sanchez, saiba que apesar de Salas e Zamorano, o Chile era o patinho feio da turma. Basicamente, é aquela pessoa que ninguém dá bola no colegial, e depois de 20 anos pensa que é galã. Enfim, uma paulada com direito a show de César Sampaio colocou os chilenos no lugar deles.

A segunda crise foi ocasionada pela irresponsabilidade. Roberto Carlos foi empinar sua bicicleta e quase jogou tudo pro alto. Ainda bem que Rivaldo ajudou na reconciliação, apesar dos esforços da Dona Dinamarca em me seduzir.


Passado o susto, eis que aparece a sempre formosa Holanda. Por pouco que o suco não ferve, mas o que azedou mesmo foi o suco de laranja, graças ao Santo Taffarel. Agora era só ganhar dos donos da casa para concretizar o casamento.


Acontece que o final de tudo foi trágico. Desde o fato de ninguém saber o que aconteceu na tarde da final (foi a primeira vez que eu ligava e o mozão não atendia as ligações) até o Roberto Carlos batendo balãozinho, passando pelo gol daquele careca maldito que eu nunca tinha ouvido falar na vida, a porrada foi dolorida. Mas nada, nada foi pior do que tomar um gol do Petit. Me senti trocado pelo meu pior inimigo. Senti algo como chegar no baile e dar de cara com minha ex aos beijos com o jovem feioso da rua de baixo.

Foi o pior fim para uma relação que eu achei ser perfeita.

O lado bom de tudo isso é que descobri outros amores, como a Croácia e a Iugoslávia. Pena que tal qual meu coração, a Iugoslávia foi dividida em pedaços, e não me encantou mais. Quanto à Croácia, só fez barulho, bagunçou e foi embora, como todas as minhas paixões da vida real.

Sobre o Brasil, foi o último ato. Depois de sair do motel em 1998, nunca mais torci para os cordeirinhos da Nike e da CBF. Não torço para se dar bem, se tornou aquela ex que eu amei muito um dia. Não tenho a mínima pretensão de voltar, visto as decepções que sofri. A sutil diferença é que as ex namoradas eu não sei e nem quero saber do rumo que tomaram. Já a Seleção eu acho um barato quando perde, e espero que perca em todas as outras Copas que disputar.


Até tentei descobrir novos amores, mas após alugar quartos de motéis no Japão , na Coréia do Sul e na Alemanha, nunca mais senti vontade de deitar na cama redonda que a Copa me oferecia. Hoje, a Copa do Mundo se tornou basicamente um almoço na casa da família da namorada pra mim. Começa bem chato, no meio eu me acostumo, mas não vejo a hora que acabe. e quando acaba, não sinto a mínima falta.

Vamos aguardar para ver se a Rússia reacende essa chama dentro de mim.

Até a próxima!