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Seleção Brasileira

BRASIL, O REI DAS COPAS FORAS…

por Serginho 5Bocas


É raríssimo uma seleção nacional, de qualquer modalidade esportiva, ser tão adorada pelo mundo. Contra tudo e contra todos, o Brasil ainda é assim no futebol.

Americanos são imbatíveis no basquete, chineses dão aula quando o assunto é tênis de mesa, quenianos são pódios garantidos quando o assunto é provas de corrida de média e longa distância, jamaicanos deitam e rolam nas provas de corrida de velocidade, mas poucos tem o carisma e personificam tanto a arte em um esporte como o brasileiro no futebol.

O “X” da questão é que esta idolatria toda não se transforma em predomínio ou protagonismo na hora do “vamu ver”, o Brasil realmente não é bom nisso! Quando somos favoritos é uma desgraça, como damos mole!

Vi onze Copas do Mundo, contando com esta que acabou recentemente e posso afirmar que demos “doce” pelo menos numas cinco delas. Por isso tenho que concordar com o dono do bar que frequentava, quando ele dizia que o Brasil era o rei das Copas foras.

1978 na Argentina foi infame, o 6×0 dos hermanos sobre o Peru foi de doer. Sei até hoje o nome dos atacantes peruanos: Munhantes, Cubillas e Oblitas e do famigerado goleiro argentino Quiroga, mas se Coutinho tivesse levado Falcão e não tivesse feito tantas invenções como escalar Edinho como lateral esquerdo ou colocar em campo dois laterais direitos ao mesmo tempo (Nelinho e Toninho) contra a Argentina, entre outras esquisitices, não sei não…


Veio 1982 e a bruxa de Sarriá resolveu sacanear todo mundo, pois me desculpem os derrotistas de plantão, mas o nome “tragédia” só foi dado porque só mesmo uma tragédia para definir o que foi aquele time perder para os italianos naquele dia. Falem o que quiserem, mas o Brasil de 1982 jogou Copas foras naquele 5 de julho, foi de chorar lágrimas de esguicho, como diria Nelson Rodrigues. Sem mais comentários para não chorar de novo.

1986 e o que poderia dar errado quando tínhamos um goleiro que não havia levado gol em quatro partidas seguidas daquela Copa, quando ainda no primeiro tempo do jogo das quartas de finais contra a França já tínhamos aberto o placar e estávamos sobrando na partida? Fim de jogo, mais posse de bola, muito mais chances de gols, perdemos nos pênaltis e mais uma vez, jogamos Copas foras novamente. Desta vez, enterrando uma geração de monstros que saíam de cabeça erguida para o mundo, mas sem a consagração que muitos daqueles craques mereciam.


1998, depois da final antecipada contra a Holanda em que Ronaldo teve talvez a sua maior atuação em Copas do Mundo, veio a final e todos dizem até hoje que o Ronaldo amarelou naquele jogo, que nos vendemos para a FIFA, enfim, cada versão escabrosa, mas o que sei é que os franceses entraram com sangue nos olhos e nos venceram de novo, consagrando os donos da casa, mas sei que foi mais uma Copa fora, molinho, molinho…

2006 e a seleção sensação. Havia tempo que não reuníamos tanta gente boa numa mesma seleção, tinha tudo pra dar samba, não deu. Veio um joelho na meia lua da entrada da grande área, uma bola alçada sem que o goleiro saísse para cortar e novamente os franceses, sempre eles, nos mandaram pra casa sem dó nem piedade. Outra geração maravilhosa de jogadores de baralho, de outra Copa fora…


Depois disso nunca mais chegamos com protagonismo na competição, nunca mais choramos com gosto, só ironizamos, rimos de nós mesmos, pois a cada Copa vamos banalizando as derrotas e pelo menos estamos aprendendo a entender que não somos mais os mocinhos do filme, que não jogamos mais Copas foras, agora só participamos…que fase!

Que pena…

Forte abraço

Serginho5bocas

TITE E BOLSONARO

por Rubens Lemos

Uma bobagem típica de seca jornalística de fim de ano o noticiário sobre a visita do futuro presidente à seleção brasileira, vetada num corajoso carrinho pelo técnico(?) Tite. Bem antes do fim dos pontas autênticos, aboli extremos de minha vida.

O único ponta-direita razoável da infância chamava-se Nilton Batata, do Santos, vendido ao México onde por lá ficou. Para quem ouvia dos coroas, canções em fintas delirantes de Garrincha, Julinho, Joel, Jairzinho, Paulo Borges, Natal, Mané Maria, Nilton Batata não representou uma lágrima de lembrança. Era a Direita.

A fase do sumiço de Nilton Batata coincidiu com uma safra exuberante de dribladores pela Esquerda, ala política mexendo-se com a Anistia para pregar o que deixou de fazer no poder. Filho de perseguido político na Ditadura, família exilada no Chile, meu pai torturado 44 dias consecutivos, vomito radicais. Dos dois lados.

Em qualquer tendência ou circunstância. No futebol, ainda mais. Vejo o futebol como ente cultural de integração, cartão vermelho para os valentões de gangues de estádio e sabichões grosseiros de rede social.


Craques: Júlio César do Flamengo (a cintura dele era de borracha), Joãozinho do Cruzeiro, Zé Sérgio do São Paulo, Paulo Cézar Caju (esse até de goleiro teria sido gênio), Mário Sérgio, Edu Bailarino, em fim de carreira. Telê escolheu o mais eficiente e não menos cintilante Éder.

O país foi dividido agora em outubro e continua a discussão digital babaca entre partidários de Bolsonaro e do PT. Bolsonaro insinuou visitar a seleção em 2019. Tite disse não.

Tentam traçar um paralelo pobre entre a valentia de João Saldanha com o General Médici que exigiu e levou Dadá Maravilha à Copa de 1970. João perdeu o cargo com duas feras injustiçadas: Dirceu Lopes e Toninho Guerreiro. Dadá canelava a bola. Dirceu, a cortejava.

O presidente eleito torce pelo Palmeiras e foi batizado, segundo ele, em homenagem a Jair Rosa Pinto (e não da Rosa Pinto), um dos meias antológicos de uma entre tantas academias do Verdão. Também do Vasco, do Flamengo, do Santos e do Brasil derrotado pelo Uruguai em 1950. Vovô Bolsonaro tinha bom gosto.


João Saldanha disse em 1970, “o presidente escala o ministério e eu a seleção”. Foi “dissolvido” igual a picolé Chicabon. Bolsonaro anunciou seus 22 e, fora Sérgio Moro e o falastrão da Fazenda, Paulo Guedes, um escrete de incógnitas. Deverá estar bem ocupado quando Tite reunir seus prediletos. Bolsonaro, provável, nem escale a seleção e arquive a visita. Separe Neymar e seus showzinhos e Philippe Coutinho, o time de Tite é “um ministério” difícil de escalar. De tão ruins os meninos do Brasil.

FUTURO SOMBRIO

por Israel Cayo Campos


Sinceramente, eu imagino daqui a quatro anos exatos…

Novamente a imprensa lotada de ex jogadores fazendo um bico e aproveitando para usar do corporativismo pra defender as infantilidades dos novos “craques” brasileiros com síndrome de Peter Pan.

E novamente o povo empolgado (esse ano nem tanto!), com uma Seleção que vai arrebentar nas eliminatórias contra seleções de nível muito mais baixo.

Inclusive, xingando com essa nova profissâo virtual (hater), qualquer um, seja da mídia ou não, que esteja a criticar a equipe do técnico/pastor Tite, que como disse Lugano, e todos os haters que caíram de pau nele esse ano, não passa de um encantador de serpentes!

Neymar com 30 anos ainda será nossa grande esperança! Com a blindagem dos “parças” e ainda visto como “menino Ney”, novamente será cotado como craque do torneio, principalmente pela midia e torcida brasileira!


E novamente nossa soberba de achar que somos os melhores, e que qualquer um que não seja daquele seleto grupo de campeões mundiais mais de uma vez (até excluindo o Uruguai), não tem capacidade de nos desafiar, fará chegarmos de amistoso em amistoso, com futebol burocrático e sem vibração como favoritos ao tão sonhado hexa…

Talvez até um novo título olímpico que ninguém mais liga no futebol ainda corrobore para essa falsa ideia de supremacia… E aí novamente passamos de fase em um grupo fraco rumo às oitavas de final…

Com mais uma geração de jogadores que nem em seus clubes europeus são titulares, continuamos achando que somos favoritos! Passamos até as quartas de final. Festa do Olodum caso Galvão ainda seja o narrador da principal emissora do país… E enquanto vencemos, somos os melhores, e ai daqueles jornalistas, ou conhecedores de futebol que ousem criticar as vitórias suadas e mal jogadas da amarelinha.

Novamente chegaremos a uma quarta de final ou semifinal como favoritos! O menino Ney enfim vai ganhar o prêmio de melhor do mundo após anos de frustrações e “injustiças”. Até porque ele superou Pelé em número de gols com a camisa da Seleção. Pouco importa que mais de 70% desses tentos sejam em amistosos caça níquel e jogos de eliminatórias da baba do boi… O Hexa virá e novamente. Calem a boca os abutres que só sabem falar mal de nosso jogo enfadonho, robotizado ao estilo europeu antigo, e de vitórias com o placar mínimo… Vitória é vitória, não é?


Aí pegamos uma seleção europeia de peso… Nos últimos 16 anos só não apanhamos para a Itália, Inglaterra e Espanha… Perdemos o jogo! Volta a realidade, novamente o país do futebol vira mero coadjuvante da festa europeia!

Os jogadores não dão satisfação alguma, vão se esconder em suas mansões na Europa e talvez no continente asiático. E todos que diziam para calarmos a boca, como fora nas últimas quatro Copas do Mundo, também começarão a xingar jogadores, comissão técnica, a televisão transmissora e até a CBF, que ouvi de algum Pé de Uva ser o Brasil que deu certo…

E assim como foi com o Uruguai com o passar das décadas do século passado, vamos nos apequenando diante dos gigantes europeus… Quando percebermos, já vai ser tarde demais! Já serão novos 24 anos sem o gostinho de ser o melhor do mundo. E esses 24 podem se tornar 28, 32, 36, 40…


Nesse ínterim, vamos tentar recuperar nosso futebol moleque. O mesmo que nos tornou pentacampeão do mundo! Mas ao primeiro insucesso, novamente vamos “fechar a casinha” e voltar a jogar o futebol de resultados em amistosos.

Esquecemos o nosso jeito de jogar futebol. Vamos nos prender a “zoar” os argentinos por termos mais Copas do Mundo que eles! Embora não seremos mais o maior vencedor do torneio…

Mas aí quem vai se importar? O esporte mais amado do Brasileiro será algum jogo online inventado por uma transnacional americana. O nosso futebol aos poucos vai morrendo a cada perda de identificação e ao mesmo tempo de criticidade que deixamos de ter com nossa Seleção.


Aqueles que repudiam os que repudiam esse futebol sem protagonismo que apresentamos atualmente não sabem o mal que fazem ao futebol. Aliás. Sempre descobrem, quando somos eliminados de uma Copa sem jogar absolutamente nada! Uma pena…

Espero que essa projeção tão nefasta para o futuro da Seleção Brasileira e do futebol brasileiro que faço esteja totalmente errada! Mas ela se baseia naquilo que vejo no presente, nos últimos 16 anos ao menos! Só que ao contrário de quando passamos 24 anos sem ganhar da primeira vez, ninguém é bobo de afirmar que nesse meio tempo ainda praticamos o melhor futebol do mundo. Ao menos em períodos que antecedem as Copas do Mundo!

Ou o Brasil e os brasileiros baixam a bola e começam a ter a humildade de tentar recuperar seu estilo de jogo, sem ficar copiando o futebol europeu, ou vamos nos acostumar a observar outras seleções nos deixando para trás por usarem aquilo que elas têm de melhor!


Enquanto nos enganamos pensando a cada quatro anos sermos os melhores e só perdermos por puro azar. O pachequismo exacerbado irá nos afundando num buraco sem fundo.

Mas parece que o hiato de títulos de 1970 a 1994 não ensinou nada aos brasileiros (o que não é surpresa alguma dado ao desinteresse do brasileiro por história), só que dessa vez o hiato além de mais longo pode significar algo bem pio: que será tarde demais para o nosso futebol.

FALTA DE GOL DE FALTA

por Rubens Lemos


Há cinco ou seis anos, estatística deixa para os nerds de resenha eletrônica, a seleção brasileira não faz um gol de falta. É um crime de lesa-futebol tão grave quanto um crioulo do Bronx em Nova York errar lances livres em quadra de basquete. Nada resume com tanta indignidade a falência técnica do nosso escrete.

Detesto o futebol brasileiro de hoje, abomino o estilo pobre, horroroso no domínio de bola, incapaz de um drible e sem charme de uma seleção bem comportada e dependente de um chato multimilionário que passa a mão na virilha aos cinco minutos da pelada de luxo sem o mínimo convincente de malandragem.

Neymar não precisa da profissão e seu desempenho em Copas do Mundo equivale ao do bom Valdo, meia recuado na Copa de 1990 ou ao esforço de Gilberto Silva em 2002, 2006 e 2010. Neymar entra no rol dos comunzinhos de paradas de homem, gladiador eficiente contra Portuguesas Santistas e timecos franceses.


Neymar, o camisa 10, não acerta uma falta, exercício poético de perícia pois é banal. Falta-lhe a folha-seca de Didi, a bossa de Paulo César Caju, a patada de Rivelino, a curva rebelde de Garrincha, o repertório variado e feiticeiro de Zico, a pontaria de Roberto Dinamite, os capítulos e versículos sagrados de Pelé. Todos pistoleiros de entrada de área.

Uma seleção que passa cinco anos sem fazer um gol de falta (cinco ou seis anos, matemáticos do scout irritante?), é a negação da matéria-prima prima peladeira dos gênios de ventre.

Um time treinado por um chanceler de prancheta que, volante à Caçapava, Chicão ou Ruço quando jogava, jamais acertou uma bola no ângulo do goleiro inerte. Tite é uma embalagem. Venceu 13 dos 15 jogos de 2018. Perdeu o que não podia, no chocolate belga da Copa do Mundo. Mais ou menos o cara que posa de pé-de-valsa e termina de cueca na gafieira, desmoralizado pelo otário de paletó xadrez.

ESCALADO PARA A MISSÃO IMPOSSÍVEL

por Victor Kingma


Mais uma história para homenagear um dos maiores gênios da bola. No início dos anos 60, o Botafogo, base da seleção que acabara de conquistar o bicampeonato no Chile, era requisitado para fazer jogos amistosos em todo o país. 

Certa vez foi disputar uma partida no interior de Minas.

Preocupado, o técnico da equipe local estudou durante toda a semana uma tática que pudesse neutralizar o poderoso ataque alvinegro e assim se safar de um vexame que se desenhava.

No dia do jogo, o treinador reuniu seus atletas no vestiário para uma última conversa:

– Quero todo o time concentrado na marcação! Vamos marcar as peças chaves deles! Meio de campo em cima de Didi.  Não o deixe distribuir o jogo!

 E continua:


– Lateral direito na cola do Zagallo e a dupla de zaga sempre atenta aos movimentos de Quarentinha e Amarildo. Não podem chutar a gol de jeito nenhum! Todo cuidado é pouco!

Para o lateral esquerdo Bauru, entretanto, reservou uma conversa especial e mais longa:

– Pra você, meu craque, reservei a missão mais difícil: quero que marque o Garrincha em cima, o tempo todo! Olho vivo! Gruda nele e não descuide um minuto!


O vigoroso defensor, apreensivo, ouve atentamente as instruções e no final, assustado, argumenta:

– Mas sozinho, ninguém vai me ajudar?

– A tarefa é sua, meu craque! Confio em você!

 – Uai! Mas aí não dá, professor! Isso é trairagem! Deixar eu levar baile do Mané Garrincha durante 90 minutos é sacanagem!