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São Paulo

14 DE JULHO DE 2005

por Israel Cayo Campos


Há quatorze anos o São Paulo se tornava o primeiro clube brasileiro a ser tricampeão da Taça Libertadores da América. 

Com uma vitória incontestável no Morumbi por quatro a zero em cima do Atlético Paranaense (que a época não tinha o th), o time do técnico Paulo Autuori começava uma nova trajetória rumo a conquista do mundo. 

Existem aqueles que reclamam que o primeiro jogo que fora remanejado da Arena da Baixada para o Beira Rio prejudicou o clube curitibano. O que é um fato, pois até os dias atuais o São Paulo tem grandes dificuldades quando joga no estádio do Athletico. 

Mas vale lembrar que quem decidiu por essa mudança de estádio foi a CONMEBOL, não o São Paulo. Por mais que os dirigentes tricolores tenham apoiado de prontidão tal ordem da entidade Sul-americana. 

Todavia, por mais que perdesse na ida, que acabou em empate por um a um, o time tricolor fora mais consistente durante todo o torneio e deu um show em casa. Com direito a pênalti perdido pelo meia Fabrício do Atlético. 

Não dá pra dizer que um time que vence o outro por quatro a zero ganhou de maneira injusta. Que me perdoem os torcedores do Furacão! 

Rogério Ceni na melhor fase da sua carreira, um trio defensivo sólido com Fabão, que anotou um dos gols da final, Alex e o grande Diego Lugano. 

Dois laterais de seleção como Cicinho e Júnior, dois volantes, Mineiro e Josué, que eram os pilares do time.

Um meia que nasceu com o DNA de campeão, Danilo. E uma dupla de atacantes que revivia os tempos áureos do Guarani. Amoroso e Luizão. 


Sem contar reservas do nível de Grafite, Diego Tardelli, que sacramentou o titulo com o quarto gol do jogo, e Souza. 

Se formos falar de competições oficiais, só Alex, Fabão, Souza e Danilo não vestiram a camisa da Seleção Brasileira. 

Danilo nunca ter jogado nem amistoso com a amarelinha, pra mim a maior injustiça entre todos! 

Desses, Rogério Ceni, Cicinho, Lugano, Júnior, Mineiro, Josué, Luizão e Grafite chegaram a disputar ao menos uma Copa do Mundo! Sendo o Mito, Júnior e Luizão campeões mundiais em 2002 na Copa da Coréia do Sul e do Japão. 

O São Paulo era mesmo uma Seleção! 

Com uma campanha que acumulou nove vitórias, quatro empates e apenas uma derrota, o São Paulo enfrentou a altitude de La Paz, o forte Palmeiras que vencera nas duas partidas,  o difícil Tigres do México, que foi a única equipe a vencer o tricolor no torneio, O até então favorito River Plate de Marcelo Gallardo, Javier Mascherano, Lucho González e Marcelo Salas e o Atlético Paranaense que tinha jogadores promissores como Fernandinho, Jadson e Aloísio. 

Uma campanha inconteste! Com uma vitória de mesmo adjetivo. 

Amoroso aos dezesseis, Fabão de cabeça aos sete da segunda etapa, Luizão “emocionado”, pois já sabia que aquele seria seu último jogo no clube, aos vinte e cinco e Tardelli nos acréscimos, mostraram que no ano de 2005, o melhor time do continente era o São Paulo Futebol Clube. 

O São Paulo partia rumo ao Japão para o seu tricampeonato mundial. O que seria seu terceiro título naquele mesmo ano! 

A partir dali, começara uma sequência de conquistas que o clube não possuia desde os tempos de Telê Santana. 


Por falar no mestre. Quando o jogo se encaminhava para o final, a torcida São-paulina gritava o nome do técnico já falecido. 

Uma forma de mostrar que ele será sempre lembrado quando o assunto é São Paulo e Libertadores! 

“Olê, Olê, Olê, Olê… Telê, Telê…”

Hoje os tempos são de vacas magras para o time do Morumbi. Mas como é a história quem constrói a grandeza de um clube, fica mais do que evidente que o São Paulo é um gigante mundial. 

Parabéns, ídolo tricolor! 

Que venham novas Libertadores!

OS MENUDOS TRICOLORES

por Luis Filipe Chateaubriand


Menudo era um grupo musical portorriquenho muito famoso nos anos 80 do século XX. Era, basicamente, composto de rapazes muito jovens.

Rapazes muito jovens eram Muller, Silas e Sidney, este um pouco mais velho. Eram garotos muito bons de bola que jogavam no São Paulo de meados dos anos 80.

Muller era um atacante muito veloz que gostava de fazer jogadas imprevisíveis e fazia muitos gols. Silas era um meia atacante cerebral e dinâmico, dotado de grande habilidade. Sidney era um ponta esquerda muito vigoroso que “fechava” quando o time estava sem a bola.

Os menudos faziam parte de um São Paulo fantástico, que foi campeão paulista de 1985 e campeão brasileiro de 1986. 

Em 1985, o time base era: Gilmar, Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereira e Nelsinho; Falcão, Silas e Pita; Muller, Careca e Sidney. Márcio Araújo era um décimo segundo jogador de muita importância.


Em 1986, o time base era: Gilmar, Fonseca, Vagner Basílio, Dario Pereira e Nelsinho; Bernardo, Silas e Pita; Muller, Careca e Sidney.

O técnico Cilinho, notório armador de times com jovens promessas, engendrou o Tricolor Paulista de 1985. Em 1986, Pepe teve a sabedoria de manter as linhas mestras do trabalho do antecessor.

O São Paulo de meados da década de 1980 marcou época pelo futebol de alto nível apresentado, seja pela excelência do futebol de jogadores como Careca, Oscar, Dario Pereira, Bernardo, Pita e mesmo de um Falcão em fim de carreira, seja pela exuberância juvenil dos menudos. Pudera a bola ser sempre tão bem tratada como era por aquela turma.

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.

6-3-3 E AO QUE TUDO INDICA O 1º REBAIXAMENTO

por Marcelo Soares


O São Paulo após a derrota para o Talleres – ARG caminha a passos largos para o seu primeiro rebaixamento.

Antes de mais nada, externo meu respeito pelo São Paulo Futebol Clube e seus torcedores.

Na sexta-feira, em uma dessas conversas sobre futebol que já são costumeiras entre colegas, Kal, um dos meus melhores amigos e São Paulino doente, já demonstrava sua decepção com o time, e pior ainda, escancarava a aceitação de que seu time não reverteria o resultado que o time argentino construiu na primeira partida. Mesmo assim ele estava anteontem no Morumbi apoiando seu time. 

O São Paulo mostrou aquele futebol de alguns anos que conhecemos, sem brilho, sem padrão de jogo, jogadas individuais… futebol feio, nada longe do que os outros clubes brasileiros apresentam ultimamente.

Antes de continuar com a história, quero falar sobre o meu time, o Corinthians. E o que essa derrota do São Paulo tem a ver com a gente.

Eu cresci vendo o São Paulo ser tricampeão da Libertadores e do mundo. Sendo hexa brasileiro, vi o São Paulo acabar com o meu domingo algumas vezes. Vi o São Paulo ser o bicho papão da Libertadores. 


Veio a troca de comando na diretoria, veio também a aposentadoria de um dos maiores jogadores da história da equipe do Morumbi. Veio, com tudo isso, a escassez de títulos e a crise no time foi se instalando. Sem manter sequer uma constância de dois ou três jogos mostrando um bom futebol, o São Paulo nos últimos anos amargou posições na parte inferior da tabela. Seus ídolos estão sendo xingados por estarem na diretoria atual do clube. 

Ontem, minutos após a derrota que culminou na eliminação do time na pré-Libertadores, um outro amigo meu, Willy, um dos caras mais fanáticos que conheço e conhecedor como poucos da história do São Paulo, seu time do coração, disse a seguinte frase: é o pior momento da história do clube. O maior vexame do time. Incrédulo por presenciar in loco o empate sem gols, chegou até a indagar se quem está no comando não vê como está tudo errado. Sempre sensato, fez uma pergunta como se realmente não acreditasse no que via.

Naquele momento percebi que o maior rival do meu time, na minha opinião, estava cada vez mais se tornando um time comum, nem se quer nos clássicos oferecia algum tipo de perigo…como amante do futebol eu torço para que o São Paulo se reerga, volte a brigar novamente por jogos e títulos. Que volte a me presentear com um clássico Majestoso de encher os olhos. Mas que no final o resultado seja negativo para o time do Morumbi.


Os rumores de Cuca e Osorio já circulam, seria essa a solução? Sabemos que não!

Antes de mais nada, respeito o São Paulo e todos os torcedores do clube.

“…Ó tricolor

Clube bem amado

As tuas glórias vem do passado…”

O QUE HÁ COM O MEU TRICOLOR?

por Israel Cayo Campos


Gostaria de enumerar como torcedor que ainda acho que sou alguns motivos do São Paulo Futebol Clube passar por sucessivos vexames, culminando na derrota do fim de semana para a Ponte Preta que pra mim é o limite de minha rasa paciência.

Desde 2012, quando o São Paulo conquistou a Copa Sul-Americana que o clube, antes tido como um modelo para os demais, é um acúmulo de insucessos dentro de campo com alguns vexames absurdos.

Cito aqui de cabeça derrotas em todos os torneios de mata-mata (Paulista, Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores),  para clubes como Audax, Penapolense, Juventude, Bragantino, Avaí, Ponte Preta, Libertad, Colón, Defensa Y Justicia, e agora uma iminente eliminação na Pré- Libertadores para o fraco Talleres de Córdoba. Sem contar eliminações para clubes tradicionais. O que virou uma rotina na vida do torcedor do São Paulo.

Culpar a direção, hoje na mão do ex-atleta Raí e num presidente inexpressivo como o Leco é algo que beira ao senso comum. Mas esse processo de ingerência não começou com eles. O que antes só ouvia de outros clubes sobre briga nos bastidores entre grupos políticos, agora é o normal no time do Morumbi.

O terceiro mandato de Juvenal Juvêncio, o presidente Carlos Miguel Aidar, envolvido em um caso de corrupção e de agressão física com um dos diretores do clube, deixaram a presidência no colo de Carlos Augusto de Barros e Silva, que estrategicamente se cercou de ex-atletas vitoriosos no clube e jogou a “bomba” em suas costas… Assim ocorreu com Pintado, Rogério Ceni, Ricardo Rocha, Lugano e Raí… Atletas que têm o nome na história tricolor, mas que não estavam no momento apropriado para cargos de diretoria do clube… Nessa linha de pensamento também veio o Hernanes, que se não tomar cuidado com quem lhe cerca será o próximo ídolo a ser jogado aos leões.

Além disso, “Leco” jogou pra torcida escolhas que deveriam ser dele e de seus conselheiros! Reuniões com Organizadas, Sugestões aceitas bovinamente enviadas por membros da mesma via documento público… O medo dos protestos parece maior que suas convicções. E com isso a política do “ruim e barato” encheu o clube de dívidas com jogadores medíocres. Enquanto as crias do São Paulo, muitos deles que hoje arrebentam no futebol europeu sem sequer terem conquistado um título profissional no clube, eram (e são) vendidos para tapar o rombo que o clube fez com ex-atletas em atividade e jogadores de nível técnico fraquíssimo.


Enquanto isso, os demais times foram evoluindo. O que o tricolor tinha de diferente agora todos têm igual. E a boa gestão de clube que o São Paulo já teve não possui mais… O único tricampeão do mundo se tornou um clube comum. Talvez até pior. Um modelo a não se seguir pelos demais times que tentam se profissionalizar… E cabe a pergunta: quando o São Paulo se dará conta de que ficou para trás no tempo?

Reitero: a culpa maior é dos dirigentes, por mais que me doa falar isso de grandes ídolos meus dentro de campo. Até porque se são convidados a jogar no tricolor com salários astronômicos, quem não aceitaria? Entretanto, alguns jogadores poderiam se esforçar com a camisa do São Paulo um pouco mais! E gostaria de dentro de campo fazer uma pequena análise do time atual que tanto anda em campo. Pois jogar pra mim é outra história.

1. O São Paulo fez uma aposta em um treinador sem experiência alguma no profissional. Alguns poderiam dizer que é o “Efeito Carille”. Mas o mesmo, que até agora foi o único bem sucedido nessa efetivação de jovens técnicos já possuía antes uma bagagem de auxiliar técnico de Mano e Tite de mais de sete anos! O que se observa no nosso fraco futebol atual é que técnicos com experiência têm se saído bem melhores que os novatos! Lembrando que até o Bauza pela experiência, mesmo sendo um técnico fraco, nos levou a uma semifinal de Libertadores em 2016 jogando mal!


2. O São Paulo vende os craques que estão despontando, e aposta em jogadores acima de 33 anos de idade. Caso de Nenê e Diego Souza. Além de outros que não possuem essa idade, mas jogam como se tivessem. Caso de Willian Farias e J. Gomez. Não é compreensível como a dita melhor base do Brasil com 69 títulos nas divisões inferiores não consigam formar um jogador que seja melhor e com mais fome de títulos que os atuais “trintões” do time principal. E quando demonstram esse talento aí vem a diretoria fazer caixa. Como torcedor, sinceramente prefiro títulos a balanços positivos! Se um dia trabalhar na Nasdaq, quem sabe mude de ideia!

3. O São Paulo que ganhava tudo na primeira década do século tinha um modo de jogar definido, – hoje o Corinthians é aplaudido por isso, e mesmo com enormes dívidas é campeão frequentemente – apostava demais numa dupla de volantes rápidos, brigadores, que sabiam sair pro jogo e que eram o primeiro muro para qualquer ataque chegar a defesa são-paulina, Caso de Mineiro, Josué e até Hernanes mais novo! Jogava com três zagueiros (sendo um mais técnico e os outros dois mais duros!), e liberava dois “alas” de muita qualidade que atuavam como pontas de lança. Ao estilo do futebol jogado hoje em dia por alguns atacantes que também sabem preencher o meio campo! Na frente três atacantes ou um meia e dois atacantes que só tinham o trabalho de empurrar a bola pra rede! Até jogadores medianos como Dagoberto, Borges e Leandro “Gianecchini”se destacaram nesse esquema…


Hoje o São Paulo aposta em dois jogadores lentos e um notoriamente fora de forma… Hudson e Jucilei. Por sinal, Hudson já tem 31 anos (mais um do time dos trintões), que nessa já extensa carreira só vi jogar no Cruzeiro do Mano Menezes, o que entra em outro ponto discutido mais à frente…

As laterais são avenidas há anos. Vivendo de jogos esporádicos! Sem uma sequência de sequer três partidas! Com um meio de campo nulo cabe aos homens de frente vir marcar. O resultado é sua ineficiência para o que foram contratados!  O São Paulo parou de ganhar quando largou mão desse padrão de jogo (a única exceção foi em 2014 quando Kaká corria pra todo mundo mesmo em fim de carreira!). Hoje nem temos jogadores de qualidade para essas funções.

Fazendo um adendo sobre os volantes: Hoje por sinal faltam o Igor e o Luan que estão no Sub-20. Para a vergonha que a Seleção tá fazendo no torneio sul-americano, preferia eles de opção no time. O Luan joga mais que os dois volantes principais juntos!

4. O São Paulo aposta em jogadores que são notoriamente bons em clubes de menor porte. Até aí mal algum! É algo que sempre aconteceu! A questão é que os mesmos já foram experimentados e só jogam nesses clubes!

É o caso do Bruno Peres que só jogou na Torino, do Reinaldo que só jogou na Chapecoense, Everton Felipe no Sport, Carneiro no Defensor e por aí vai… Jogadores que custam milhões e não conseguem dar sequer um gol de retorno! Como o jogador uruguaio! Correndo o risco de ser grosso com os atletas, mas sendo franco, são  jogadores de times pequenos, só se destacam neles! Não conseguem jogar no São Paulo!


5. Para o gol o São Paulo teve a chance de contratar nos últimos anos o goleiro da seleção argentina Armani e o goleiro da seleção uruguaia Campaña. Preferiu Sidão, devido a sua habilidade em jogar com os pés (o que não o ajudou em nada, pois isso deve ser o algo mais, e não a característica principal), e agora o Volpi, um goleiro que tava no México e que não quero chamar de fraco até porque a defesa tricolor não ajuda… Mas que ninguém sabia do nível técnico que ele vinha tendo até ele chegar. Para ser substituto de um dos maiores ídolos da história do clube, e eu entendo que o peso é grande para qualquer goleiro! O São Paulo me parece ter feito escolhas péssimas desde a aposentadoria de Ceni (A do Sidão escolhida pelo próprio Ceni).

6. Éverton e Liziero são bons. Mas vivem no DM. O que houve com o REFFIS? Que recuperava até jogador moribundo? A falta de jogadores desse nível no elenco em 100% de seu estado físico prejudica ainda mais o time! Os citados não são definidores. Mas hoje no elenco do São Paulo que como disse é carente em pontos chaves. Não podem ficar de fora!


7. Hernanes, a principal contratação do ano notoriamente está fora de forma. Mas esse decide! E Pablo parece jogar sozinho. Espero que não seja a volta de “Ricardinho trezentinhos” no Morumbi (Quem é são-paulino de pelo menos início dos anos 2000 sabe que história me refiro). Prefiro acreditar que o time é mal treinado.

É uma missão na próxima quarta muito dura para o São Paulo. Mesmo o Talleres sendo um time de menor expressão na Argentina, as atuações do São Paulo não me levam a num senso crítico crer que o time vá reverter o resultado. Há anos venho vendo esses fracassos. Claro que como torcedor vou torcer muito para que esteja errado. Mas se não estiver. Que o time ao menos aprenda a lição do rival Corinthians com o Tolima, que a partir daquela derrota encontrou de novo o caminho das conquistas!

EU E AS MINHAS CALÇAS DE GOLEIRO

por Rodrigo Cabral


Rodrigo Cabral

Era uma manhã de sábado, acordei todo empolgado para mais um dia ensolarado em Porciúncula, cidade do interior do Rio e fronteira com Minas, onde morei na infância. Era dia de treino do meu time e ali naquele campo de terra eu sonhava junto aos outros meninos e como a maioria deles, em ser um jogador de futebol. Confesso que fui um moleque um tanto privilegiado, as referências da minha geração formam o elenco dos sonhos de muitos até hoje. Sou da época de Romário, Bebeto, Raí, Djalminha, Zinho, Rivaldo, Ronaldo, Edmundo, dentre tantos outros monstros sagrados.

Diferente da maioria dos outros tantos e tantos meninos, eu não calçava apenas chuteiras, meu coração sempre bateu mais forte pelas luvas também. E já que estamos falando de uniforme, para mim nada de shorts, eu gostava mesmo de agarrar de calças, meião, devidamente colocado por cima dessas calças. Modo de vestir que denunciava que meu grande sonho era ser o Zetti.


Me recordo de nos treinos sempre tentar imitar as pontes que ele dava, evitando espalmar a bola, numa busca implacável pelo encaixe perfeito, mas se fosse para espalmar a gorducha, me esticava todo para que fosse plasticamente perfeita, ao menos no meu juízo de criança. Além da obsessão pelas defesas perfeitas inspiradas no meu ídolo, fui um jovem sem cabeça o suficiente para entender que goleiros falham. Cada bola que eu sentia que poderia ter defendido e não defendia me derrubava, não fisicamente como no meu ofício dos sonhos, mas emocionalmente. Contudo, embora às vezes com lágrimas nos olhos, ao lembrar da garra do Zetti, desistir deixava ser uma opção. Seguia eu com meu talento e energia de menino, entre falhas e sucessos, fazendo ótimas partidas.

Afinal, meu craque e inspiração ficava embaixo da três traves. Não me lembro de nada mais empolgante do que ouvir o Galvão Bueno gritando com todo seu fôlego: “Zetti! Que nem um gaaaaaato na bola”. Fechava os olhos instantes antes de sair para defender uma bola, e não me via, via o Zetti fazendo aquelas lindas defesas de mãos trocadas.


As saídas rápidas, que com uma mão, faziam a bola atravessar o campo e ir de encontro ao destino dos pés exatamente de quem ele queria. Mesmo ao falhar não havia tempo para crítica, porque ele era maior do que qualquer erro. A cada defesa dele eu ficava tão feliz, que parecia sempre final de Copa do Mundo. Zetti! Craque, ídolo! Obrigado por ter me inspirado a a seguir meus sonhos, embora tenha seguindo um outro caminho, tudo em mim começou quando você, sem saber quem e nem de onde eu era, me guiou nessa coisa mágica e poderosíssima chamada sonho.

Meus ídolos calçam luvas e no meu esquema de jogo você sempre vai ser o número 1.