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Santos

PITA, O MENINO-MAESTRO, FAZ 62 ANOS

Centro de Memória do Santos


“Que gol fez o garoto!”, exclamou o jornalista Jéthero Cardoso, do Jornal da Tarde, na tribuna de imprensa do Morumbi. Lá no gramado o zagueiro Tecão ainda estava caído depois do drible seco do armador Pita, canhoto de 20 anos e muita habilidade, que corria em direção à pista de atletismo para comemorar o gol de virada contra o São Paulo, na primeira partida da decisão do título paulista de 1978.

Menino pobre nascido em Nilópolis, no Rio, em um 4 de agosto como hoje, Edivaldo de Oliveira Chaves veio com um ano de idade para Cubabão e passou a maior parte da infância jogando futebol e vendendo siris às margens da rodovia Anchieta.

Meia habilidoso, que não só lançava e chutava bem, mas também driblava como um atacante, Pita teve grandes momentos no futebol. Chegou até à Seleção Brasileira, pela qual fez 12 partidas, mas nada se compara com a explosão de sentimentos causada por aquele seu gol contra o São Paulo, aos nove minutos do segundo tempo, na noite de 20 de junho de 1979.

Do Casqueiro ao Santos em dois anos

Tudo estava acontecendo muito rápido na vida do menino que aos 13 anos foi defender o Casqueiro em um torneio de praia e acabou convidado para jogar na Portuguesa Santista. Dois anos depois já estava na Vila Belmiro, treinando ao lado de companheiros que, devido à eterna falta de dinheiro do clube, seriam promovidos ao time principal em 1978.

Pita passava tardes vendo os treinos de Edu, seu ídolo, e prestava atenção nos dribles do ponta para treiná-los depois. Ele acha que por isso se tornou um meia ofensivo, que se sentia à vontade perto da área adversária, a ponto de marcar gols como aquele contra o São Paulo.

Com ele e Ailton Lira lançando os rápidos Nilton Batata, Juary e João Paulo, o Santos infernizava os adversários. Após o título paulista de 1978, conquistado em meados de 1979, aquele Santos ainda venceu o primeiro turno do paulista de 1980, mas acabou derrotado na decisão com o São Paulo.

O título mais importante poderia ter vindo no Brasileiro de 1983, mas aí, além do bom futebol do adversário na final, Pita acredita que já estava tudo armado para Zico ter o seu último título antes de ir para a Itália:


– Em São Paulo ganhamos só de 2 a 1, mas era para fazermos mais dois ou três gols. No Rio, tomamos um gol logo de cara, mas estávamos equilibrando o jogo quando não deram um pênalti inacreditável em mim (o zagueiro Marinho atropela Pita na área e o árbitro Arnaldo César Coelho dá obstrução, cobrada em dois toques. Um absurdo).

– A gente já estava percebendo coisas estranhas em campo. Depois daquele pênalti não dado eu olhei para o Serginho e disse que já estava tudo armado, a gente não iria sair campeão dali de jeito nenhum.

Tímido? Nem tanto

O único defeito que os cronistas da época apontavam em Pita era a timidez. Às vezes parecia sumir do jogo. Isso também o atrapalhava fora de campo, principalmente no ambiente carnavalesco da Seleção Brasileira, dominado pelos espalhafatosos e super protegidos jogadores cariocas.

Na verdade, o futebol de Pita falava por si, não era preciso contar lorotas. Tanto, que no primeiro jogo depois de uma longa suspensão, Ailton Lira recusou a camisa 10 que o técnico Formiga lhe estendia, no vestiário. Apontou para Pita e disse: “Dê para o garoto, ele merece”.

Pita também tinha fama de bonzinho, mas também aprontava. Ele se lembra de uma noite em que colocou um siri embaixo do travesseiro de Serginho Chulapa, justamente o jogador mais temperamental do time.

– Ele estava fora. Pus o siri e antes que ele voltasse fui para o meu quarto e tranquei a porta. Eu sabia que o Serginho iria ficar furioso quando visse o bicho lá.

Realmente. Serginho viu o travesseiro se mexendo, foi checar e viu o siri enorme. Quase quebrou a porta de Pita. Hoje o meia ri, diz que gosta muito do centroavante e que o sentimento é recíproco.

Mesmo muito querido pela torcida, em 1984 Pita foi para o São Paulo, trocado pelos passes do ponta-esquerda Zé Sérgio e o volante Humberto (ambos campeões paulistas pelo Santos em 1984). No Morumbi, Pita foi duas vezes campeão paulista e uma vez brasileiro.

Em 1988 seguiu para o Racing Strasburg, da França, negociado por um milhão de dólares. Antes de encerrar a carreira de jogador e iniciar a de técnico de base, o meia que o técnico Cilinho chamou de “o último romântico do futebol” atuou pelo Guarani de Campinas e no futebol japonês.

Jogador que pouco se machucava, ele é o décimo sétimo jogador com mais atuações pelo Alvinegro Praiano. Foram 408 jogos e 55 gols marcados com a camisa do Santos, alguns deles belíssimos, que deixaram muitos zagueiros sentados, e a torcida de pé.

O OLIMPO DO FUTEBOL

por José Maurílio Paixão


Deus em um momento de alegria e descontração lançou uma fagulha em forma de bola na direção da Terra criando o futebol.

Neste mundo à parte, o senhor supremo fez surgirem povos que se tornaram clubes e os brindou com heróis.

Assim como nas civilizações, nasceram clubes bárbaros, clubes clássicos, clubes guerreiros e acima de todos esses clubes-povos, foi criado o Olimpo do Mundo do Futebol.

A beira mar foi escolhida como o refúgio dessa nação mágica povoada de heróis e lendas futebolísticas.

O branco foi o manto imposto pelos Deuses para cobrir seus lendários habitantes.

Assim começou a trajetória de conquistas e de batalhas memoráveis desta falange de boleiros.

Primeiro foram Feitiço, Arakem e Antoninho. Depois vieram Del Vecchio, Pagão e Coutinho, o gênio da área. Zito, Gilmar e Pepe o único ponta esquerda do mundo a marcar 405 gols.

Heróis e mais heróis brotavam do chão dessa terra mágica para colocar em prática um estilo de combate inigualável; que unia classe, talento e agressividade nata em busca de gols e de conquistas.

E surgiram mais seres especiais; Carlos Alberto, Clodoaldo e Edu o ponta impossível de marcar.

Fábulas guerreiras formaram em fileiras alvinegras: Toninho o guerreiro clássico e Serginho o guerreiro bárbaro, conquistadores natos.

Pita, Giovani e Paulo Ganso os magos requintados do passe. Verdadeiros clarividentes desta terra formadora de meio campistas notáveis.

As façanhas alvinegras acumulam-se. Primeiro foram as batalhas santistas, depois as paulistas e saindo em excursões foram batidas outras nações-clubes.

Oito guerras futebolísticas nacionais, três Libertadores sul-americanas e dois domínios mundiais.

O mar branco domina os campos verdes dos oponentes, mostrando que a ascensão branca e preta é vertiginosa, incontestável e irreversível.


Adversários tremem quando jogam suas partidas dentro do caldeirão da Vila.

As mais importantes batalhas foram lideradas e conduzidas pelo Deus supremo que habitava esse Olimpo da Bola. O Zeus do Futebol. O rei de todos os povos boleiros.

Pelé, o representante do criador em forma de homem para o futebol.

Seus feitos heroicos correm gerações. Suas marcas continuam inatingíveis. Sua artilharia implacável foi a principal arma desde a sua chegada a esse clube encantado. Matadas, dribles, arrancadas, cabeceios e chutes. Armas letais contra qualquer oponente.

Mil duzentos e tantos gols, três Copas do Mundo, além de Recopas e Libertadores. Fortuna de títulos amealhada através de puro talento.

O senhor de todos os campos talhou um pouco dele em dois príncipes que vieram após seu descanso de pelejas triunfais, que são:


Robinho da pedalada fatal e Neymar, o preferido de sua majestade por ser o mais completo e com certeza seu futuro herdeiro.

Pasmem, pois, este Olimpo do Futebol denominado Santos Futebol Clube, atingiu a espantosa marca de doze mil gols desde seus primórdios. Sendo eleito o melhor dos times em todos os tempos e o que mais gols marcou.

Senhoras e senhores admiradores da mais perfeita forma de jogar futebol; comemorem, saúdem, brindem a este clube que completa um século de pura magia dentro das quatro linhas.

Parabéns.

Santos, sempre, Santos.

 

RECORDE MUNDIAL DE GOLS FAZ 60 ANOS

Por Odir Cunha, do Centro de Memória

Estatísticas por Guilherme Guarche


Ao vencer o Bahia por 2 a 0, em Salvador, em 30 de dezembro de 1959, o Santos estabeleceu o recorde absoluto de 342 gols em um ano. Isso em apenas 99 jogos, o que resultou na média de 3,45 gols por jogo. Vivia-se o auge do futebol arte, o Brasil gozava o prestígio de ser campeão mundial e o Santos se consagrava como a maior expressão do futebol bonito e ofensivo daqueles tempos de sonho.

Dos 342 gols marcados pelo Santos em 1959, 183 foram obtidos em 51 jogos oficiais e 159 em 48 “amistosos”. Ou seja, a média de gols em partidas oficiais – 3,58 – foi maior do que a dos amistosos – 3,30.

Colocamos aspas em amistosos porque na época torneios como o Teresa Herrera, o Valencia e o Pentagonal do México eram relevantes, não tinham a conotação atual para um amistoso e conquistá-los era motivo de orgulho. Pois o Santos ganhou as três taças, marcando 27 gols em sete jogos, com média de 4,3 gols por jogo. Nesses eventos goleou o Botafogo de Garrincha por 4 a 1, a Internazionale, da Itália, por 7 a 1, e o América, do México, por 5 a 0.

Outros “amistosos” de 1959 foram jogados contra equipes de prestígio e respeitável nível técnico, como Barcelona, a quem goleou por 5 a 1 em pleno Camp Nou, Real Madrid, Anderlecht, Feyernoord, Fortuna Dusseldorf, Valencia, Sporting, Nuremberg, Standard Liége, Seleção da Bulgária, Colo-Colo,Vasco, São Paulo, Palmeiras, Fluminense e outros mais.

Quanto aos compromissos oficiais de 1959, o Santos fez 38 jogos pelo Campeonato Paulista, competição em que marcou 151 gols durante o ano e que terminou em segundo lugar, após uma super decisão com o Palmeiras disputada no início de 1960.

O Alvinegro marcou ainda nove gols pelo Torneio Rio-São Paulo, taça que ergueu pela primeira vez ao derrotar o Vasco por 3 a 0, e quatro gols pela Taça Brasil/ Campeonato Brasileiro, cuja final só seria realizada em 1960 e apontaria o Bahia campeão e o Santos, vice.

Artilharia pesada, uma antiga tradição

Além do recorde absoluto de gols, obtido com os 342 tentos marcados em 1959, por nove vezes o Santos marcou mais de 200 gols em um ano, quais sejam:

338 gols em 1961
270 em 1957
252 em 1958
245 em 1962
240 em 1965
228 em 1968
225 em 1960
223 em 1970
216 em 1956

O Santos detém ainda a maior média de gols em uma temporada, primazia alcançada em 1927, quando fez 179 gols em 29 jogos, média de 5,93 por partida. Mas não foi um fato isolado.


Desde 1913, ano em que se iniciou nas competições, até 1970, portanto em um período de 57 anos, o Santos só não conseguiu média superior a dois gols por partida nos anos de 1921, 1922, 1923 e 1937.

Em 20 desses anos alcançou média superior a três gols por partida, casos de 1913, 1914, 1915, 1917, 1918, 1926, 1927, 1928, 1929, 1930, 1931, 1936, 1941, 1942, 1957, 1958, 1959, 1961, 1962 e 1963.

Hegemonia prossegue neste milênio

Desde 2002 o Santos já marcou mais de 150 gols em três temporadas: 151 gols em 2003; 166 em 2004 e 180 em 2010. Nesta última, lembrada pela explosão do time de Neymar, Paulo Henrique Ganso, Robinho & Cia, excluindo quatro gols feitos em amistosos, o saldo foi de 176 gols em 74 jogos oficiais, média de 2,35 gols por jogo.

Time com mais gols marcados no futebol mundial – 12.613 até o final do Campeonato Brasileiro – recentemente o Santos se tornou também o primeiro clube a fazer mil gols no Campeonato Brasileiro desde a prevalência dos pontos corridos, em 2003. Nesse quesito, a classificação atual é a seguinte:

1º – Santos,1.008 gols.
2º – Cruzeiro e São Paulo, 978 gols.
4º – Flamengo, 916 gols.
5º – Atlético-MG e Fluminense, 903 gols.
7º – Grêmio, 859 gols.
8º – Athletico Paranaense, 855 gols.
9º – Internacional, 832 gols.
10º – Corinthians, 823 gols.

RICARDINHO: TRÊS GOLS E O PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA

por Ivan Gomes


Há 15 anos, em 19 de dezembro de 2004, um domingo, o Santos vencia o Vasco por 2 a 1 em São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo, e conquistava pela segunda vez o Campeonato Brasileiro, o primeiro em pontos corridos. A conquista ocorreu somente na última rodada, a 46ª, após um duelo de muitas rodadas de tirar o fôlego, contra o Atlético-PR. 

Àquela época o campeonato era disputado por 24 equipes. Ricardinho, ídolo do Corinthians, que em 2002 havia ido para o São Paulo e por desavenças se transferiu para o Santos neste ano, foi um dos principais nomes desta conquista. 

Ricardinho tornou-se um dos grandes nomes da conquista não somente pelos gols importantes que fez, mas sim por um que ele fez contra o Santos, em 2001, mais especificamente em 13 de maio. Ricardinho era um ídolo corintiano, camisa 10 e na data mencionada, jogava contra o Santos a segunda partida da semifinal do Campeonato Paulista daquele ano, no Morumbi. No primeiro jogo, empate em 1 a 1. Nova igualdade tornaria o Santos finalista e enfrentaria o Botafogo de Ribeirão Preto na decisão. 

Segundo a mídia, o Santos não vencia um “campeonato de expressão” desde 1984. Simplesmente ignoravam o Rio-São Paulo de 1997 e a Copa Conmebol de 1998. Todavia, com a gozação dos adversários, víamos naquela semifinal, a possibilidade de, enfim, voltar a sermos campeões.

A partida estava empatada, jogo equilibrado. Tudo nos fazia crer que avançaríamos para decisão, quando no último lance do jogo, Ricardinho recebe uma bola na entrada da área e aos 47 minutos e 45 segundos, do segundo tempo, com o árbitro tendo determinado três minutos de acréscimo, dispara um chute no canto, indefensável para Fábio Costa, e faz 2 a 1. Estávamos eliminados do Paulista.


Esse gol doeu demais! Em 2002, enfrentamos o Corinthians na decisão do brasileiro e vencemos, em um jogo histórico, com um time só de jovens. Em 2003, o Santos foi vice da Libertadores e vice do Brasileiro. No início de 2004 o Santos conseguiu manter Robinho e Diego. Leão seguia no comando da equipe desde 2002. Fracassamos no Paulista, não fomos tão bem na Libertadores, perdemos jogadores importantes, Leão foi demitido.

Após queda de nosso grande comandante, o Santos contratou Luxemburgo, trouxe Basílio, Deivid e uma das pessoas mais odiadas por nós, Ricardinho, nosso carrasco e algoz de 2001. Ricardinho, acredito eu, só não era mais odiado que Márcio Rezende de Freitas, árbitro, que em 1995 tirou nosso título de campeão Brasileiro.

Após início turbulento, o Santos se encontrou e com boa sequência de vitórias, cinco ao todo, brigava para chegar à liderança. Em busca de sua sexta vitória consecutiva, o peixe enfrentou o São Paulo na Vila. O Tricolor abriu o marcador. Deivid empatou ainda no primeiro tempo. O jogo arrastava-se para o empate, quando uma falta próxima à grande área, aos 46 minutos da etapa final, foi anotada. Ricardinho ajeitou a bola, ele, logo ele, que tanto odiávamos. Ajeitou a bola e com perfeição acertou o ângulo, a bola triscou na trave e entrou. Vencemos por 2 a 1. Com aquele tento, o ódio deu uma leve recuada.

Esse não foi um gol qualquer, foi o primeiro gol dele com nossa camisa. Após esse tento, vieram outros e o Santos terminou o primeiro turno como campeão. O segundo turno começou animador. Com alguns tropeços considerados normais para um campeonato tão longo. Em primeiro de setembro, pela quinta rodada do returno, o Santos vai a Caxias do Sul defender a liderança contra o Juventude. No segundo tempo, partida truncada, empatada em 1 a 1. 

Até que em uma bola foi lançada para Basílio, nosso atacante divide com o goleiro na entrada da área, o arqueiro consegue afastar e, mais próximo do meio campo do que da grande área, a bola cai no pé esquerdo de Ricardinho, que, de primeira, toca por cobertura e marca um golaço, 2 a 1.


O gol genial fez o ódio ficar ainda mais contido. Ricardinho fez outros gols, mas o que acabaria definitivamente com nosso ódio veio em 19 de dezembro. Mas antes disso, o Santos havia perdido a liderança para o Furacão, a mãe de Robinho havia sido sequestrada e o craque ficou fora por alguns jogos. 

Com quatro rodadas para o final, com o Atlético/PR um ponto à frente, o Santos somente empatou em 1 a 1 com o Paysandu, em Belém e o Furacão enfrentaria o já rebaixado Grêmio. O rubro negro abriu 3 a 0, era o nosso fim. Mas não sabemos de onde o tricolor gaúcho tirou forças e empatou a partida em 3 a 3.

Na penúltima rodada, o Santos enfrentaria o São Caetano, no Anacleto Campanella e o Furacão iria até São Januário para encarar o Vasco, que precisava vencer para fugir do rebaixamento. Nem um roteirista de Hollywood escreveria uma história tão incrível. O Santos fez sua parte e venceu, 3 a 0. O Atlético sucumbiu diante do Vasco, 1 a 0. O Santos era o novo líder e faria o último jogo em seu mando.

Dias antes da partida, após mais de um mês, a mãe de Robinho voltava para casa. O Santos, punido com perda de mando, faria o jogo em São José do Rio Preto. O Atlético do Paraná enfrentava o Botafogo, em Curitiba.

A rodada começava com o Santos campeão. Mas como só dependíamos de nós, o time foi para cima. Chances foram criadas e desperdiçadas. Mas com quase cinco minutos, Ricardinho, o algoz, o carrasco de 2001, cobra uma falta perfeita e joga no canto do goleiro, 1 a 0. A partir dali sabíamos que o título era nosso. Elano fez o segundo. O Vasco diminuiu no segundo tempo, mas ficou nisso. 

Ricardinho, de carrasco a herói em três gols. E que três belos e importantíssimos gols. Não esqueceremos 2001, mas não te odiaremos nunca mais. Obrigado.

 

 

 

 

 

O BOM FUTEBOL DO SANTOS ME FAZ FELIZ

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Não sei o que acontecerá até o fim do campeonato, mas fico muito feliz em ver o Santos no topo da tabela. Mais feliz ainda por ver a jogada do venezuelano Soteldo, em um dos gols do Santos, contra o limitado Avaí. E mais feliz ainda por ele ser um jogador baixo destacando-se nesse festival de brucutus e gigantões desengonçados que infestam o futebol brasileiro. E mais feliz ainda por ver muitos comentaristas tendo que reavaliar as bobagens que falaram no início da competição.

Mas eles não dão o braço a torcer e ao invés de exaltarem o vistoso futebol do Santos e o ótimo trabalho de Sampaoli preferem fazer uma dessas enquetes chatíssimas: “Será que o Santos terá fôlego para continuar liderando o Brasileirão?”.

Só podem estar de brincadeira! O que uma coisa tem a ver com a outra? Todos sabem que os clubes riquinhos conseguem montar até três times e Santos e Fluminense, os que elogio há tempos, montam um aos trancos e barrancos. A discussão é outra! Falo de bom futebol!

Claro que corre o risco de algum retranqueiro vencer. A imprensa adora dizer que o Mano é especialista em mata-mata, considera isso um ponto altíssimo em seu currículo. O técnico tem que ser especialista em montar bons times, esquemas ousados e não em ganhar covardemente. Quem viu River x Cruzeiro entende o que estou falando.


Salvo raras exceções, tenho me impressionado com a qualidade da imprensa esportiva. Gracinha atrás de gracinha, desconhecimento total do tema e alguns escancaradamente tendenciosos. Mas não estou nem aí para eles. Vejo o futebol no detalhe e ninguém precisa concordar comigo. Aplaudo Sampaoli, Diniz, Roger, Cuca e, agora, Ceni porque colocam os seus times para jogar. O Grêmio também é ofensivo.

No geral, está tudo muito ruim. Mas ainda dá para ver jogar Gustavo Scarpa, Pedrinho, Cazares, Chará, Daniel, do Goiás, e alguns outros que arriscam dribles e chutes, artigos raros no futebol atual. E, me perdoem, mas quando critico a atitude da imprensa é porque ela é fundamental para a transformação de nosso futebol. A discussão deve ser séria, consistente. Não basta anunciar que mais um jovem de 17 anos foi vendido para o exterior, mas precisamos mostrar o estrago que isso vem causando. As leis precisam ser revistas e os clubes se unirem ao invés de se pisotearem. As ligas europeias viraram modelos de negócios, talvez por não terem federações envolvidas.

Enfim, gostaria de estar analisando a rodada passada, mas não tem o que se comentar, está sofrível. E para falar da atuação do VAR eu deveria ser comentarista policial, Kkkk!!!

Mudo de canal e vejo que Ruth de Souza morreu. Primeira negra a atuar no teatro, enfrentou preconceitos, quebrou barreiras, nunca abaixou a cabeça e venceu! Definitivamente não gosto de covardes.