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Rubens Lemos

MELHOR DO MUNDO

por Rubens Lemos

Aos gritos de “fica, fica, fica!”, Pelé dava a volta olímpica com o gramado do Maracanã cercado de meninos uniformizados em trajes dos maiores clubes nacionais. Pelé, nu da cintura para cima, chorava e simbolizava o fim de uma era: a do país melhor do mundo no futebol. O Brasil foi número 1 enquanto seu camisa 10 reinou por 14 anos no escrete.

A tarde do empate por 2×2 com a Iugoslávia, a 18 de julho de 1971, diante de 138.573 pagantes no estádio, sinalizou para o futuro da seleção como de elite, mas sem soberania. Pelé saiu para a entrada do gorducho Claudiomiro, paradoxo monumental a escrever em letras de vento: o retrato passava a ser o do substituto. O jogo terminou em 2×2.

O ufanismo do regime de exceção impunha o futebol como válvula de escape para a efervescente e dolorosa conjuntura política sem democracia, portanto Pelé desagradou e muito o Regime Militar, tanto que o General Presidente Garrastazu Médici, contrariado com a saída do principal item do cardápio da propaganda popular, faltou, contrariado, ao jogo contra os iugoslavos.

É maldade com os garotos de agora, os que enchem bancas de revistas em busca de figurinhas para álbuns da Copa do Qatar, insistir que o Brasil pratica o futebol mais bonito ou insuperável do planeta. Mentira. Fraude.

Com Pelé, que estreou aos 16 anos na derrota de 2×1 para a Argentina, gol dele, a 7 de julho de 1957 também no Maracanã, o Brasil ganhou três dos cinco mundiais conquistados. Pelé jogou quatro e estava nos três títulos, fulgurante em 1958 e 1970 e contundido no segundo jogo de 1962. Em 1966, Pelé caçado e, em controversa final com os alemães, os ingleses foram únicos a ganhar com o Rei em atividade.

Depois da volta olímpica de Pelé, o torniquete foi apertando. O Brasil ganhou duas Copas. Em 1994 e 2002. A Alemanha, papou três: 1974, 1990 e 2014. A Itália, duas: 1982 e 2006.

A Argentina, também dois canecos: o de 1978, vergonhoso, escandalosamente corrupto no suborno aos peruanos que abriram as pernas aos albicelestes que precisavam de 6×0, conseguiram e fariam 16 se fosse necessário.

Em 1986, a Argentina se redimiu à humanidade e ao esporte apresentando o semideus Maradona em desempenho impecável, driblando e abrindo clareiras com seu pé canhoto, gols dignos da pena de Jorge Luís Borges, o maior escritor portenho.

Emergente, a França conquistou sua primeira taça em casa em 1998, naquela lambança provocada pela convulsão de Ronaldo Fenômeno e pelo apagão psicológico do time de Zagallo, massacrado por Zidane num 3×0 de fechar a conta, sem direito a despedida.

Em 2018, deu França de novo. A Marselhesa tocava, também, pela segunda vez. Comandada pelo enjoado craque Mbappé, impressionante pela técnica veloz ou pela rapidez habilidosa.

A Espanha do lindíssimo tike-taka, o toque de bola envolvente e digno da arte brasileira dos anos dourados de Didi, Gerson, Rivelino, Zizinho, Zico, Falcão e Sócrates, impôs um ciclo lindo em 2010, pondo os adversários no ridículo, em roda de bobo, nos toques rápidos e deslocamentos de atordoar. Pena que fracassou feio quatro anos depois, time envelhecido e pedante.

A importância de Pelé é incontestável. Nada será igual a Ele. O Rei será Ele enquanto vida existir sobre a terra, embora sua natureza seja da amplidão divina. De carne é o Edson. De fascinação, é Pelé.

O Brasil, tendo Pelé, esmagou a França em 1958 por 5×2, a Suécia por igual escore, humilhou a Inglaterra, o Uruguai e a Itália em 1970. Sem ele, quase não vence o Zaire em 1974. Sem Pelé, qualquer concorrente requer os cuidados que ele pulverizava aos dribles e gols de placa.

O Brasil, ao contrário do que possa parecer, não deve desanimar. Tem um bom time. E a chance, maior que a dos últimos três torneios, no mínimo, de tentar, ao menos, se igualar aos alemães na liderança do grupo coeso e coerente dos campeões sem superioridade incontestável.

DADÁ DE TITE

por Rubens Lemos

Sempre surge o chato, lá pela 35ª rodada de cerveja, para irritar a maioria que enaltece como ritual a seleção brasileira tricampeã no México em 1970. A última Copa em que o Brasil foi, de fato, o melhor do planeta. O mundial da despedida de Pelé, fator de desequilíbrio e de soluções de discussões, entre bêbados ou diplomatas em conflito continental.

Quando o ébrio em lágrimas recita o time do meio-campo para frente com Clodoaldo, Gerson, Rivelino, Jairzinho, Tostão e Pelé, vem o insuportável repetir a sacaneada: “É mas esse time tinha Dadá Maravilha”. Dadá Maravilha era Dario, um centroavante que maltratava a bola e fazia gols feios que valiam tanto quanto os de placa.

Em 1970, o Presidente e General Garrastazu Médici, homem nunca apresentado à cordialidade, resolveu tirar do comando do escrete o jornalista João Saldanha e passou a cobrar a convocação de Dario.

João Saldanha, que fez uma campanha brilhante nas Eliminatórias de 1969 e começou a despencar quando arrumou briga com Pelé, disse que o presidente mandava no ministério e ele, na seleção. Dançou. Voltou a comentar futebol brilhantemente.

Entrou Zagallo em seu lugar e, pimba, chamou Dario para acalmar Garrastazu. Dario foi recrutado e aí os malandros do time passaram a humilhá-lo porque todos queriam o craque Toninho Guerreiro em seu lugar.

Nos coletivos, o diabólico Paulo Cézar Caju enfiava bolas cheias de curva. Dario tropeçava, desabava, saía pela linha de fundo e o resto do time jorrava em gargalhadas. Dario foi ao Azteca, recebeu sua medalha de campeão, mas os companheiros de equipe, quando narram a epopeia, esquecem impunemente dele.

De 2018 para cá, o técnico Tite comportou-se tal Zagallo de tequila. Se não tinha a quem temer ou contrariar, armou uma equipe de bons resultados e superior às terríveis formações de 2010 e, sobretudo, de 2014. Tudo estava ótimo para Tite.

Até que ele, primeiro, ameaçou, não acreditou nas reações e decidiu convocar o lateral-direito Daniel Alves, 39 anos de idade, há tempos sem atuar e o mais velho a representar o Brasil numa Copa do Mundo. Tite, coitado, encontrou seu Dario nas repercussões péssimas.

Daniel Alves, quando no auge, nunca chegou a ser excepcional. Deve ir ao Qatar para motivar a rapaziada. Eu, no Facebook, sugeri Leandro, o melhor da posição em todos os tempos. Aos 63 anos, põe Daniel Alves no meião.

MEU VICE É O MELHOR

por Rubens Lemos

Na escolha do melhor jogador do mundo em 2022, meu candidato perdeu, ficou em segundo lugar, acabou vice-campeão. O francês de origem argelina Karim Benzema(pronuncia-se Benzemá) fez por onde chegar ao topo. É um artilheiro com inteligência na cabeça e beleza no pé. Minha preferência estava destinada ao último dos quase brasileiros na prática: o senegalês Sadio Manè.

Sou fundamentalista na opção pelos criativos. Pelos desenhistas das jogadas que causam alegria ao torcedor. Sou fã do drible. O drible é o que há de mais bonito no jogo, quase empatado com o gol. Sadio Manè é um artista da finta curta, imprevisível, coreografia da superioridade inabalável de um homem sobre o outro.

Futebol-arte é o negro elegante, de toques rápidos, de domínio absoluto sobre volantes e zagueiros, espécies que proliferam tornando hostil o semblante do futebol.

Há quatro anos, quem me apresentou a Sadio Manè, durante uma viagem de trabalho jornalístico, foi o bom garoto Wdson Carvalho, vascaíno não igual a mim porque acredita, devotadamente, na ressurreição cruzmaltina.

Estávamos rodando o Estado em 2018(minha despedida da escravidão de campanha política em campo, período em que vivemos o purgatório em terra), Wdson dedilhando o celular quando surge na tela dele um camisa 10 do Liverpool parado diante do beque no lado direito da grande área adversária.

O cara põe a cintura para exibir a dança banta e, no átimo, corta o beque com a direita, servindo ao atacante que marca o gol dentro da área.

Sedução à primeira genialidade. Passei a acompanhar Sadio Manè e a me divertir com sua substância macunaímica, irreverente, moleque no tratamento à bola, escrava e lhe implorando carinhos. Sou de um tempo em que o futebol inglês se baseava, apenas, em bolas altas jogadas para centroavantes grandalhões.

Quem verticalizou o padrão bretão foi Michel Owen, chamado de Zico Inglês, autor de um dos mais belos gols da história das Copas do Mundo quando, em 1998, descarrilou metade da seleção argentina até chutar com categoria às redes.

Beckham era outro cobra, porém midiático em excesso. Sua beleza de 007 e sua forma esguia de manequim de shopping burguês, eram assuntos tratados com maior frequência do que seu jogo bonito.

Quando Sadio Manè passou a dominar o Liverpool, os amantes da pelada sofisticada encontraram o artista. É. Manè é um artista sem a monstruosidade plástica do Mané brasileiro, passarinho de todas as liberdades e bailes em laterais furiosos e aterrorizados.

Em Sadio(hoje no Bayern de Munique) e em Garrincha, o maneísmo é o movimento em favor da classe no gramado, da técnica em primeiro lugar com vinte casas decimais acima da grosseria majoritária seja no Brasil ou em Bangladesh. O soberbo de artimanhas sutis e fatais sempre será principal.

E Sadio Manè extrapola. Foge ao estereótipo antipático dos boleiros sem tanta graça e com milhões de euros no bolso. Atende aos fãs com carinho, a eles distribui material esportivo e souvenirs e, inigualável, pensa no sofrimento dos seus irmãos pátrios, asfixiados pela miséria e a indiferença dos “irmãos” de países ricos.

Do seu salário, Sadio Manè destina boa parte para a construção de escolas, hospitais e para o pagamento de assistência à saúde por médicos no Senegal, 34º mais pobre do mundo segundo levantamento do Fundo Monetário Internacional(FMI).

Benzema é um ótimo goleador e sua dupla com Mbappé, em tese, é a principal do planeta. Fortíssima na jornada dos franceses em busca do terceiro título mundial.

Se bem que a França, quando vai à Copa tocando a Marselhesa por antecipação, sobra, como no fracasso ululante de 2002, quando saiu na primeira fase sem fazer gols, com Zidane e os vencedores de 1998.

Na minha filosofia de espetáculo, sigo com Sadio Manè, menino paupérrimo e livre, gingando sobre outros garotos nos campos de areia, barro e lixo, herói por construir, da desgraça o sonho real do bailarino de repertório encantador. O homem puro, gerando quimeras de talento e dignidade humana.

DINAMITE, A ESPERANÇA

por Rubens Lemos

Desde criança, no sufoco que a vida me reservou e à vida dos meus pais, a minha crença chamava-se Roberto Dinamite, herói de sorriso triste e gladiador solitário na luta contra o espetacular Flamengo de Zico. Narrava gols de Roberto Dinamite sozinho no quarto, tarde da noite, com fé e orgulho. Ele foi o maior artilheiro que vi jogar com a camisa do meu Vasco.

Hoje nem chamo o Vasco de meu, porque o Vasco é uma catástrofe de falta de vergonho e futebol paupérrimo, sem qualquer jogador acima da média, apanhando de times que goleava nos meus tempos de viciado nos domingos de Gol do Fantástico.

O Vasco de hoje não desperta aquele sentimento confiante de euforia, nem pode, é um time ridículo, com jogadores desconhecidos que podem perfeitamente jogador na Série C e até mesmo na Série D.

O Vasco tirou dos seus apaixonados a confiança nas vitórias tranquilas contra adversários ruins. Sua raça acima da técnica como nas jornadas em que guardava sozinho Roberto Dinamite contra a orquestra flamenguista.

O carisma de Roberto Dinamite, buscando o gol sem qualquer temor, assumindo a escritura da grande área ou partido do meio-campo como o Quixote das conquistas impossíveis. Roberto Dinamite é o maior jogador da história do Vasco, embora meu ídolo seja, também, o genial meia Geovani.

Roberto Dinamite é um estoico, um resignado. Desde o golaço que valeu seu apelido de Dinamite em 1971(ele aos 17 anos), contra o Internacional no Maracanã.

Roberto Dinamite se entregou à massa e ela o assumiu como explosão das causas impossível. Roberto Dinamite assumiu o cetro de ídolo e fez a torcida cruzmaltina assumir uma razão de lotar o Maracanã.

Roberto Dinamite sofreu muito a vida inteira. Introspectivo, de timidez e conformismo indescritíveis, foi convocado para a seleção brasileira de 1978 porque o centroavante Nunes se machucou. Roberto Dinamite parecia um guerreiro sem lança na chuteira, esquecido e sem merecer o menor respeito do falecido técnico Cláudio Coutinho.

O Brasil, tudo bem, tinha um gênio chamado Reinaldo do Atlético(MG) que sucumbiu, não apresentou 5% do seu toque esplêndido. O Brasil seria eliminado se empatasse com a Áustria e o Almirante Heleno Nunes, presidente da Confederação de Futebol, no auge da Ditadura, agiu certo e mandou escalar Roberto de titular.

Um passe preciso do ponta-direita Gil encontrou Roberto Dinamite pronto para o tiro de sniper, bem colocado, ajeitando a bola e fulminando o goleiro Koncília. Roberto – ah, hipocrisia impossível -, passou a ser bajulado sem deixar de manter o semblante blasé e sábio. Os elogios eram oportunistas.

Roberto Dinamite jogou mal uma partida, apenas uma, contra a Tchecoslováquia no Morumbi em 1×1 nos preparativos para a Copa do Mundo e Telê Santana, brilhante e teimoso, simplesmente o ignorou.

Roberto Dinamite fez falta e teria classificado o Brasil contra a Itália em 1982 porque Serginho Chulapa não passava de um zagueiro disfarçado. Só pra lembrar, Zico e Roberto nunca perderam juntos pela seleção.

Então Roberto entregou-se ao Vasco como um libelo, silencioso, grito abafado pela multidão vascaína , liderando time espetacular com Romário, Geovani, Mazinho, Tita, Acácio, Mauricinho, uma máquina que botou no liquidificador o Flamengo de 1987.

Roberto voltou a sofrer. Em 1989, o Vasco o emprestou para a Portuguesa(SP) e ele seguiu, humilde e machucado, para o campeonato brasileiro.

Duvidaram dele e em 1990 até 1992, fez gols decisivos tabelando com o craque e sucessor Edmundo. Roberto, claro, sempre buscando a foça e a liberdade de quem respondia balançando a rede, aqueles que o menosprezavam.

Roberto Dinamite é tão bom que Zico vestiu camisa do Vasco em sua despedida. Roberto é tão bom que os vídeos dos seus gols são repetidos com emoção e o ineditismo das lágrimas que correm de saudade.

Roberto Dinamite está com câncer aos 68 anos e, a cada batalha que vence, rompendo a covardia da doença, ensina que o ser humano é resistência. Roberto Dinamite é perseverança e exemplo. Explodindo o gol da vida que vai prosseguir.

museu da pelada, o filme

por Rubens Lemos

O refúgio da velha guarda, amante do futebol-arte brasileiro chama-se Museu da Pelada, ideia luminosa, sacada de meia-esquerda criativo do jornalista vascaíno Sérgio Pugliese, carioca maduro, maneiro e gente boa. Faço parte da equipe de redatores porque Pugliese considerou meu texto afinado com a filosofia lírica dos programas exibidos em canal do Youtube.

Aqui mesmo de Natal, fiz duas entrevistas com Danilo Menezes. Na primeira, contou sua passagem desde o Uruguai ao Vasco da Gama(RJ), suas vitórias, suas jogadas de artista e os pesadelos vividos contra Pelé e Garrincha nos confrontos do Cruzmaltino diante do Santos e do Botafogo.

Satisfeitíssimo, aos 77 anos, Danilo Menezes celebra uma vitória duríssima em 1968 por 3×2 sobre o Santos na qual saiu do Maracanã com nota 9 do Jornal O Globo pelo futebol canhoto e criativo no sufoco diante do melhor esquadrão do mundo.

Contra Garrincha, sofria pela ordem tática de fazer a cobertura na marcação ao Torto, dando-lhe o segundo combate. Levou um drible diante de 130 mil pessoas no Ex-Maracanã, o das gerais, e levantou-se, humilhado , ao som das gargalhadas. Sorte que Mané perdeu o lance e o jogo por 2×1.

Em toque ousado de craque, Pugliese, que banca tudo com merchandising, fez um mini-filme chamando a todos nós, os nostálgicos, jamais melancólicos, à reflexão saudosista. O título dispensa debates: Já Fomos Bailarinos, Hoje Somos Robôs. É uma pintura, é a sagração do Museu da Pelada, de Pugliese e de todos os seus parceiros que simbolizo em Paulo Cézar Caju, o gênio rebelde e Embaixador do canal e André Mendonça.

É o choque sem medo com a realidade injusta do futebol brasileiro, em que menino com estatura de pivô de basquetebol é mais valorizado no gramado que o baixinho gingado e imarcável do drible. A síntese é: futebol hoje é dinheiro demais acima do talento.

Há um desfile sociológico. Antes, as famílias se chocavam com os diferenciados, os virtuosos, mas pobres, crias de morros e campos de várzea, como Paulo Cézar Caju que fazia malabarismo com uma bola de meia em favela próxima ao Cemitério São João Batista, onde jaz, o estilo moleque e encantador exibido por ele desde os 10, 12 anos.

A história mudou. Piorou. Ficou terrível. Os pais, não importa a capacidade dos moleques, veem nos garotos, um cofre de banco cheio de euros e ouros, forçando a barra para que limitados sejam aproveitados enquanto franzinos de drible fácil perdem no quesito do confronto corporal, imitação terrível das lutas de octógono.

Os clubes – tristemente assessorados por empresários de caráter duvidoso – apontam seus espelhos para o exterior e preferem os fortões. Que se misturam aos pernas de pau europeus, assimilam a barbárie do assassinato contínuo da bola. Um grosso é um serial killer, maltratando a plástica suave de um toque delirante e esgarçando tíbias e perônios rivais.

O que fica: a fantasia é familiar da liberdade, exercício da visão e do pensamento imbatíveis. Tinha que ser Pugliese a criar um espetáculo didático e emocional. Ele que, aos fins de semana, sai em seu carro caçando ex-ídolos, muitos em balcões de boteco, contando episódios imperdíveis do tempo do grito de gol ecoando pelas marquises e do bale-bola empolgando multidões.

Com o mini-filme, o Museu da Pelada se consagra. É nossa casa, é a fuga da mediocridade reinante de um futebol que já foi sem concorrência em qualquer continente. Futebol de país continental.

Na tradução literal, fomos bailarinos nos pentacampeões mundiais, em Ademir da Guia, Falcão, Zico, Sócrates, Geovani, Adílio, Pita e o melhor comentarista e cronista do Brasil: PC Caju. Hoje somos robôs. Sim, Somos Casemiros, Freds, Hulks, Jôs. Sacada genial do Museu da Pelada, a Academia de Letras e Cinemateca do futebol em arquitetura de Niemeyer.