por Rubens Lemos
O Brasil deve gratidão a Nosso Senhor pela campanha. O erro do contra-ataque contra a Croácia, que resultou no gol que terminou na eliminação nos pênaltis, significou o limite do futebol decadente.
O time de Tite teria sido esquartejado pela Argentina e perdido o quarto lugar para os marroquinos. O futebol brasileiro não está apenas no resultado em campo. Está no comportamento, no penteado dos seus farsantes, no linguajar vergonhoso de seus treinadores. E na dancinha. E no cinismo de quem finge sofrer.
Jornalista tem mania de contextualizar para que a notícia não escape por completo. Tem de mapear cada frase, intermediar construções por completo, para a casa verbal não cair, porque a de chuteiras já pôs o país em seu secundário lugar. Daí escrever que o Brasil não ganharia do Marrocos pela indigência solidária de Tite e dos seus pupilos.
O futebol brasileiro rodaria no olé dos marroquinos, imaginemos enfrentando Argentina ou França. Seria eliminado tomando baile, porque, afinal, brasileiros não são de coração, mas de recibo ou certidão.
O Brasil não faz um bom papel numa Copa do Mundo desde 2002, quando Lula foi eleito para o seu primeiro mandato a presidente e o baixinho Romário – sacaneado por Felipão, poderia ter sido pentacampeão porque jogava mais, aos 36 anos, do que todos os 22 convocados.
Escolher o técnico nem é o mais importante porque treinador não junta o polegar no indicador, esfrega e, do gesto, sai um supercraque.
O Brasil está abaixo do nível dos maiores times. Faz tempo, mas 2022 cravou a sentença igual a estaca no coração dos dráculas da CBF e dos treinadores ridículos.
O Brasil não tem segredo, ao contrário do que espalha a mídia pacheca. O Brasil é fraco. Começa nas divisões de base formando lutadores de tatame, passa pelos dirigentes de cobiça vampiresca e se autodestrói na insensibilidade dos boleiros que vão embora.
Eles vestem a camisa amarela com menos tara do que incorporam à do clube que lhe paga euros em milhões engasgando nos treinadores sem o básico: conhecimento da força de improvisação e da classe que nos deram cinco canecos.
Enquanto a Argentina passará anos festejando – os quatro – o tricampeonato, o Brasil tentará montar uma nova estrutura, apelando à horrenda comunicação mentirosa do país, que enxerga craques em bagres e diante, como numa disputa dos pênaltis, com a verdade: sem um Deus a guiar a seleção, esta não será abençoada.
Será o Brasil classe média, contra Colômbia, Chile, Paraguai, Peru, Venezuela, a lixeira da pobreza Sudamérica, onde não se encaixa a Argentina, que Messi entrega como a melhor do mundo e, sem ele, com a natural soberba, vai liderar o maltratado continente.
Melhor que acabou, se o bom senso der um chutão, o tempo de Neymar como estandarte, símbolo, salvação, jogador que nunca será mais do que antecessores razoáveis, ribeirinhos. Neymar encerrou, tomara, na seleção, sua carreira de, no máximo, mumificação de Robinho.