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Rubens Lemos

UM LUGAR PARA CAIR MORTO

por Rubens Lemos

O lugar do Vasco é a Série B. Sou um cara beirando os 50 anos de idade e perdi a capacidade de me desiludir posto que não me iludo com mais nada. São 30 anos de profissão e se elogio fosse dinheiro, compraria quatro São Januários para mim com todos os craques sonhados reais, cada um na flor da forma, para fazer torneios de imaginação.

Escalaria Acácio; Mazinho, Ricardo Rocha, Mauro Galvão e Marco Antônio (de meiões arriados); Zé Mário, Geovani e Dener; Edmundo, Roberto Dinamite e Romário. Seriam os onze do primeiro estádio desejado. Desejar é grátis.

Depois, Leão; Orlando, Torres, Daniel González e Pedrinho; Zé do Carmo, Zanata e Arthurzinho; Mauricinho, Dé (cheio de areia nas mãos pra jogar nos olhos dos goleiros) e Dirceu. O terceiro time: Mazarópi; Luis Carlos Winck , Abel, Geraldo e Felipe; Pintinho, Mário Português e Juninho Paulista; Euler , Luizão e Bismarck.

Os outros onze saem aleatoriamente, saltando de alegrias esparsas ou sentenciais aos dribles, lançamentos e gols espíritas: Carlos Germano, Paulo Roberto, Donato, Válber e Cocada improvisado (entra, abençoado pela fúria do gol de 1988 contra os urubulinos); Luisinho, Boiadeiro e Tita; Donizete, Sorato e William.


Juninho Pernambuco, não. Estou em pleno gozo dos meus direitos individuais e o tal sujeito é um militante tão insuportável que apagou seus milagres de minha retina. Um chato metido a Che Guevara sem motocicleta nem ternura.

Vou duelando no cansaço mental, os quatro Vascos, um de cada São Januário do meu coração. Pedaços flutuando no tempo e despertando o sorriso feito carranca por um clube que a cartolagem conseguiu transformar em ex.

Recuso-me a aceitar qualquer um do Vasco de hoje. Craque com nome de boneco eletrônico japonês de franquia é o meu baralho. Argentino gagá tratado feito bibelô é cascata não casaca, nosso brado de viradas heroicas lusitanas. A eles, o anonimato da insignificância.


O Vasco dos meus quase 50 anos (tenho 48) não mira taças, títulos, epopeias. Esperneia e se debate feito vira-lata rodrigueano crônico para não cair à Série B, seu devido barraco por fracasso imposto por um capo caricato e um ídolo grotesco fantasiado de cartola.

Quando se chega às imediações dos 50 anos de vida, sonhar é recordação e dependência. É o doce cansaço da primeira divisão existencial onde o passado e a impaciência, jogam na linha de fundo o que faz mal e é desamor. Série B, Vasco. É teu lugar pra cair morto.

FALTA DE GOL DE FALTA

por Rubens Lemos


Há cinco ou seis anos, estatística deixa para os nerds de resenha eletrônica, a seleção brasileira não faz um gol de falta. É um crime de lesa-futebol tão grave quanto um crioulo do Bronx em Nova York errar lances livres em quadra de basquete. Nada resume com tanta indignidade a falência técnica do nosso escrete.

Detesto o futebol brasileiro de hoje, abomino o estilo pobre, horroroso no domínio de bola, incapaz de um drible e sem charme de uma seleção bem comportada e dependente de um chato multimilionário que passa a mão na virilha aos cinco minutos da pelada de luxo sem o mínimo convincente de malandragem.

Neymar não precisa da profissão e seu desempenho em Copas do Mundo equivale ao do bom Valdo, meia recuado na Copa de 1990 ou ao esforço de Gilberto Silva em 2002, 2006 e 2010. Neymar entra no rol dos comunzinhos de paradas de homem, gladiador eficiente contra Portuguesas Santistas e timecos franceses.


Neymar, o camisa 10, não acerta uma falta, exercício poético de perícia pois é banal. Falta-lhe a folha-seca de Didi, a bossa de Paulo César Caju, a patada de Rivelino, a curva rebelde de Garrincha, o repertório variado e feiticeiro de Zico, a pontaria de Roberto Dinamite, os capítulos e versículos sagrados de Pelé. Todos pistoleiros de entrada de área.

Uma seleção que passa cinco anos sem fazer um gol de falta (cinco ou seis anos, matemáticos do scout irritante?), é a negação da matéria-prima prima peladeira dos gênios de ventre.

Um time treinado por um chanceler de prancheta que, volante à Caçapava, Chicão ou Ruço quando jogava, jamais acertou uma bola no ângulo do goleiro inerte. Tite é uma embalagem. Venceu 13 dos 15 jogos de 2018. Perdeu o que não podia, no chocolate belga da Copa do Mundo. Mais ou menos o cara que posa de pé-de-valsa e termina de cueca na gafieira, desmoralizado pelo otário de paletó xadrez.

GOLEIRO NO ALMIRANTE É NÁUFRAGO

Rubens Lemos


Sem melodrama, vascaíno é expectativa de vida de segundo-tenente dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Uma, duas, três horas. Otimista, você leitor. Eram 45 segundos o deadline de um jovem quase aspirante no front da guerra sem propósito. Vascaíno, hoje, espera pelo pior e, se combinar cerveja gelada com oração, vem o milagre da exceção.

O último Vasco de que tenho notícia é o de 2000, com Romário, Juninho Paulista, o Pernambucano que imagina ser Zidane e o azogue Euller. Meus times ficaram mesmo pelos anos 1980, Romário de cabeleira brega-quase costeleta, Dinamite e Geovani, o melhor deles.

O Vasco sempre foi uma escola de goleiros. Aprendi com meu celeste pai, vascaíno desde Ademir Mezezes e mortificado de idolatria pelo meia Walter Marciano de 1956 (Carlos Alberto, Paulinho e Bellini; Laerte, Orlando e Coronel; Sabará, Livinho, Vavá, Valter e Pinga). Pinga, um colosso em campo consumido em homônimas doses plurais pelo técnico Martin Francisco.


Segunda-feira pós-frango homérico de Martin Silva é um libelo aos sofridos de baliza do meu clube, hoje um Terceirão (de Série C, mesmo,), de grife capengando no passado. Foram dois erros do uruguaio. Até a Copa do Mundo ele foi tal Barbosa, o grande, crucificado por uma dúvida entre fechar o ângulo e sair para defender um cruzamento na final da Copa em 1950. Barbosa foi absolvido nos 7×1 de 2014. Ou nos 2×1 de galinaceos tomados por Júlio César. Contra o Holanda.

Martin Silva é um goleiro razoável. Ganhasse por defesa feita, compraria, à vista e cash, uma praia em Nassau, nas Bahamas. Goleiro em timeco aparece. Errando, curte o cadafalso da maldita missão. No jogo com o Grêmio, falhou ao assistir a bola voar feito drone pela área até Jael cabecear e, no segundo gol, caiu de joelhos tão ator quanto Al Pacino ou Dom Michael Corleone berrando após a morte hamletiana da fillha Mary em O Poderoso Chefão 3. Trageridículo.


Nem foi o primeiro. Mazarópi, o pequenino, pegou dois pênaltis em 1976 de Zico e Geraldo, dois primores do balé-bola artístico. No ano seguinte, voou e espalmou a cobrança de Tita, imprescindível para o título carioca. Em 1983, cruzamento sobre a área, em voo cego, Mazarópi deixa a bola escapar ao pé esquerdo do flamenguista Júlio César (não o fabuloso driblador, uma imitação limitada). Um toquinho, Vasco desclassificado e o goleiro ágil e de protuberantes sobrancelhas, é banido para ser campeão mundial pelo Grêmio, sete meses depois.

Nem titular Mazarópi era mais. Jogava por conta do dedo quebrado de Acácio, um gigante jogado ao fogo na decisão de 1982 em lance suicida do técnico Antônio Lopes. Acácio pegou tudo, até um balaço à queima-roupa de Zico e pôs-se ídolo. Até 1986. Um erro bisonho, em chute do tal Júlio César estraga-prazer de camisa 1 cruzmaltino, deixou Acácio na desgraça da ingratidão. Nos três anos seguintes, foi bicampeão carioca e brasileiro.


Martin Silva, remake de Helton em 2001. A cobrança de falta de Pet do Flamengo nos improváveis 3×1 da decisão não seria defendida nem se o esguio camisa 1 vascaíno estivesse com esqui e não luva no inútil salto ao impossível. Ao vazio do fracasso silencioso da própria alma.

O frango é a dignidade violada do goleiro. Displicência, arrogância, surpresa, é a sua morte por afogamento na ira da torcida. Honra pisoteada. Marcelo, vascaíno em 1964. Agachou-se a um chute tosco, do volante Carlinhos e a bola passou por entre suas pernas. Marcelo deixou o campo chorando, amparado por jogadores dos dois times e aplaudido por um Maracanã inteiro. Náufrago de si mesmo. Rendeu-se jamais. Mostrou que, do bizarro, a vida extrai o comovente, a dor de tantos contra um só.

LEMBRANÇAS DE ROMÁRIO

por Rubens Lemos 

É passar em frente ao prédio e a angústia é instantânea. Volta como em reprise a agonia das caminhadas noturnas na calçada do Hospital Infantil Varela Santiago em Natal.

Chorava na rua para não assistir ao meu filho, com um ano e um mês de idade, ser picado por agulhas, amarrado ao berço em intenso tratamento contra uma pneumonia surgida do nada.

Descobri naqueles dias o que é ser pai. Eu, Isabel e Caio só tínhamos a nós mesmos. Quando o pediatra, Doutor Edmilson Freire – médico sereno e eficiente que se tornou amigo -, deu o diagnóstico e determinou a internação, caímos no pranto, pai e mãe inexperientes e abraçados. O meu filho estava naquela fase em que todo cuidado é pouco e tudo o que faz é encantador.

Dormíamos os três no pequeno apartamento do hospital. Ele teve que ser amarrado porque não agüentava de impaciência. E se doía nele, mais ainda em mim. Pai sofre em dose tripla. Caio já demonstrava a valentia sertaneja lá do Oeste potiguar. Soluçava baixinho. Quase 20 dias de tormenta. Quando o libertaram do soro, Caio quase voou do berço e foi pouco para os milhares de abraços chorões.


É, 1994 havia começado mal. Toda a família já tinha sido castigada por uma catapora. Como sempre ocorre desde que me entendo trabalhador, férias, só por doença. Fiquei lindo, todo pipocado. No esporte, golpe traiçoeiro. O moleque Dener, que eu tenho certeza faria história bem mais que os Neymares e Robinhos, morria enforcado pelo cinto de segurança do seu carro nas imediações da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Dener, do Vasco, achava o drible mais belo que o gol. Demais eu chorei por Dener.

Desabafar também é arma de pobre. Lembro que usei uma tarjinha preta na camisa para ir trabalhar, igual ao luto estampado nos homens interioranos.

Eu nunca fui fã de Ayrton Senna, falecido também por aqueles dias. Talvez pela chatice de Galvão Bueno e depois pelo alpinismo de uma namorada galisteia, feminino de papa-defunto em ascensão social e fulanização.

Confesso que não me integrei à comoção pela morte de Ayrton Senna. Se vivo fosse, duvido que Schumacher ganhasse tanto depois. O problema, como nos sonhos delirantes, é um pequenino se.

Caio já estava robusto e nós, felizes em nossa vida simples e assim boa além da conta. Tínhamos o suficiente e ninguém ligava pra gente, o que era melhor, o melhor da história.


Veio a Copa do Mundo. E eu com 100% de fé naquele que jamais me decepcionou em minhas preces: Romário.

Eu gostava mais de Romário do que da própria seleção. Ele levava sem saber a revolta que eu precisava extravasar. Eu tinha de ganhar alguma coisa. Ele correspondeu.Ganhou o tetra pra mim.  

O jogo contra a Holanda pôs meu pulmão de tísico à prova. Na falta cobrada por Branco, a que decidiu a partida (3×2), berrei como um Pavarotti com 50 quilos. Caio assustou-se e chorou o que não pudera quando em seu leito de hospital.

Contra a Suécia, na semifinal, o goleiro deles era um chato, Ravelli, que ficava zombando a cada chute pra fora de Mazinho, Bebeto, Zinho, até Mauro Silva arriscou de longe. Aí Romário subiu como um senador romano à tribuna, mandando a empáfia do goleiro direto pra Estocolmo.


Contra a Itália, nos pênaltis, petrificado eu fiquei quando Baggio mandou a bola pelos ares. E, sem o vozeirão de Cauby, gritei, gritei até ter dó da garganta.

Editava o Bom Dia RN na afiliada Globo em Natal. Encerrei o telejornal com um clip com a música Brasileirinho na voz de Baby Consuelo. Aquele era o hino. De todos os nós desatados.

Faz 24 anos.Isabel me confessa até hoje ter pena do pobre Baggio e a sua solidão após o fracasso e a nossa vitória. E fica indignada quando eu digo que ele fuck!. Minha mulher esquece da tragédia de Zico em 1986.

Feliz 1994. Caio hoje, 25 anos, casado, é torcedor de Copa do Mundo. Nada é perfeito. E acha exagero quando eu digo que Romário foi tudo.Ele alcançou os meus milagres.Cometeu minhas vinganças.

ABC, TERMÔMETRO SENTIMENTAL DE UM POVO

por Rubens Lemos


O Palmeiras da Segunda Academia ganhou o Campeonato Brasileiro de 1972 no bailado em câmera lenta de Ademir da Guia. Quando veio a Natal para jogar contra o ABC, dia 3 de dezembro, estava classificado por antecipação para a segunda fase e poupou quatro dos seus principais astros.

Ademir da Guia ficou descansando em São Paulo e o destaque era na artilharia para o meia-atacante Leivinha e o controvertido artilheiro César Lemos, o César Maluco, irmão de sangue dos também goleadores Caio Cambalhota e Luisinho Tombo, um dos principais ídolos do América do Rio de Janeiro.

Natal recebeu com indignação provinciana a decisão tomada pelo clube palestrino, hospedado no Hotel Internacional dos Reis Magos diante do mar da Praia do Meio.

O Palmeiras era campeão paulista e tivera três titulares entre os convocados para a seleção brasileira campeã da Minicopa, realizada naquele ano com jogos no recém-inaugurado Estádio Castelo Branco, o Castelão.


O público feminino tentava invadir o hotel, hoje aos escombros, pela boate Bambelô, brigando por um mero aceno do goleiro Emerson Leão, titularíssimo do gol do Brasil e dono, segundo a mídia especializada, do par de pernas masculinas mais bonito do país. Sua imagem em
propaganda de cueca aparecia em outdoors espalhados de Boa Vista a Porto Alegre.

Leão, conhecido pela antipatia pessoal, proporcional ao talento debaixo das traves, desceu à piscina de óculos escuros, estirou-se nas cadeiras para o bronzeado, olhou sem sorrir para as fãs, respondeu entrevistas aos monossílabos e voltou ao seu quarto.

O mais tranquilo era o veterano Dudu, remanescente da primeira versão da Academia, no início dos anos 1960, quando entrou no time para substituir o pernambucano Zequinha, campeão mundial na reserva da seleção brasileira na Copa do Chile.

Dudu era o ponto de apoio para os solos de Ademir da Guia. Carregava o piano para o craque de aspecto dispersivo e afinado como um violino Stradivarius. Ademir da Guia usava o cérebro em contraponto ao fôlego e a partida adaptava-se ao seu ritmo, não o contrário.

Dudu estava escalado junto a outro volante, Zé Carlos, seu conformado reserva, numa formação aparentemente defensiva, mas com quatro homens no ataque: Os dois insinuantes e dribladores pontas Edu e Nei, mais dois atacantes de área, o argentino Madurga e Fedato, que jogaria no Náutico de Recife quatro anos depois.

Para o lugar de Luís Pereira, o mítico técnico Osvaldo Brandão, discreto em suas caminhadas esguias, escolheu o jovem João Carlos, revelado pela Portuguesa Santista e de conteúdo oposto ao do titular. Era força e garra, nada do requinte e da vocação ofensiva de Luís
Chevrolet.

O ABC esperava se despedir com dignidade. Havia sido suspenso por dois anos de competições nacionais pela escalação irregular contra o Botafogo (RJ) do zagueiro Nilson Andrade e do lateral-esquerdo Rildo, expulsos contra o Ceará e do meia Orlando, sem autorização da CBD.

Os jogos do alvinegro motivaram Natal. O Castelão revelava-se o palco digno para os desfiles de Alberi, o rei da cidade, com atuações exuberantes que o levariam à conquista da Bola de Prata da revista Placar como melhor de sua posição no Brasileiro.

Uma atuação convincente aos jurados diante do Palmeiras seria crucial para a vitória na disputa contra Tostão do Vasco, Jairzinho do Botafogo, Palhinha do Cruzeiro e Doval do Flamengo, seus concorrentes diretos.

A cidade, que havia parado quatro dias antes para ver Pelé em discreta atuação na vitória por 2×0 sobre o representante potiguar, especulava sobre o interesse do Fluminense por Alberi, contratação que chegou a ser tratada pelo representante do clube em Natal, jornalista
Aluizio Menezes, e não concretizada.


Com a bola rolando, Leão perdeu a pose. Alberi queria o duelo com Ademir da Guia e adorou a solidão do brilho. Deslocou-se como pantera pelos dois lados e procurando tabela com o centroavante Petinha. Aos 25 minutos, caiu nas costas de Dudu e deu de cara com o zagueiro João Carlos.

Aplicou-lhe um drible seco e bateu rasteiro, com força, no canto esquerdo da trave voltada para a direita das cabines de rádio. Leão esticou-se e segurou sem rebote. Alberi dominou o primeiro tempo jogando por ele e pelo seu companheiro de criação, o meia-armador
Danilo Menezes, ausente por problemas médicos.

O Palmeiras abriu o placar aos 3 minutos do segundo tempo com Zé Carlos chutando fraco de fora da área. Falha do goleiro Tião. Em jogada individual, Madurga enganou a defesa alvinegra e chutou sem chances para o goleiro espigado e contratado ao Bonsucesso(RJ) para
caprichar em erros capitais ao longo da campanha do ABC.

No seu pragmático tático, Brandão recuou Madurga ao meio, o Palmeiras fechou-se e passou a tocar a bola para passar o tempo. Faltou apenas combinar com Alberi. Em nova arrancada, aos dribles, o Negão fintou João Carlos que cometeu pênalti. Alberi bateu forte e Leão foi buscar
no fundo das redes.

O ABC acordou e a Frasqueira eletrizou o estádio de arquitetura impecável. Alberi pediu bola. Recebeu na entrada da grande área. Vieram o humilhado João Carlos e o quarto-zagueiro Alfredo Mostarda. Numa finta, passaram os dois. Alberi  tentou driblar Leão, os dois se
enroscaram e a bola sobrou para Maranhão, que chutou fraco demais.


Bola de Prata/1972: Aranha (Remo), Marinho Chagas (Botafogo), Figueroa (Inter), Beto Bacamarte (Grêmio) e Piazza (Cruzeiro). Osni (Vitória), Alberi (ABC), Zé Roberto (Coritiba) e Paulo Cézar (Flamengo)

O lateral-direito Eurico tratou de empurrar para as próprias redes. O empate por 2×2 fez Leão cumprimentar e aplaudir Alberi. O encontro com Ademir da Guia só aconteceu durante a entrega da Bola de Prata (foto), que os dois receberam, cada um na sua posição. Alberi, guia do show do dia sem Ademir, eterna inspiração aos súditos de 46  anos depois. Viva o ABC, 103 anos do termômetro sentimental de Natal.

PS.Nesta sexta-feira(29 de junho), o ABC, recordista brasileiro de títulos estaduais(55), faz aniversário e a lembrança de seu craque maior é homenagem merecida.