por Ricardo Dias
Esse pequeno inconveniente na vida do Roberto Dinamite – sim, pequeno, ele é grande demais para ser atingido por algo assim – me lembra o quanto o odiei. Ele e Zico, os maiores da história de seus clubes, eram os protagonistas quando comecei a me interessar por futebol. Por sorte, foi na época do melhor time de todos os tempos do meu Flu, então meu ódio não escorria em inveja.
Roberto sempre foi um craque singular. Não parecia ser craque, tinha pinta de ser apenas um finalizador, mas fez um dos gols mais elegantes e bonitos da história, contra o Botafogo, vitimando o grande zagueiro Osmar. Não chutava com requintes ou firulas, era simplesmente mortal. Uma eficiência cruel, explosiva – e daí o Dinamite que ostenta até hoje.
Quando Zagallo voltou da Copa de 74, tendo sido derrotado pela Holanda, resolveu imitar seu algoz. Até jogar contra o Vasco. Manchete do saudoso Jornal dos Sports:
– Roberto dinamita o carrossel de Zagallo!
No final da carreira recuou, se mostrando um meia talentosíssimo. Era um monstro.
Então nunca comemorei efusivamente gols do Bob Dinamite, como apareceu no gerador de caracteres da TV americana num torneio que a seleção disputou por lá. Mesmo esses gols de amarelinha eram toldados por um certo despeito de minha parte…
Mas a gente cresce e para com a bobagem, e passa a admirar a arte em estado puro que essas criaturas produziam. Zico, Edu, Braulio, Luizinho Tombo, Nilson Dias, Dé, Junior, essa galera toda me fez sofrer, e eu os odiei com todas as forças que um torcedor pode ter. Hoje choro a ausência deles nos campos, pensando no que fariam, quanto valeriam, se jogassem hoje.
Roberto detonou os maiores goleiros de sua geração, ignorou os melhores zagueiros, não vai ser um tumorzinho de bosta que vai pará-lo.
Força, Dinamite! Até teus inimigos te amam!