por André Felipe de Lima
Rildo era um camarada que não se entristecia ao deixar o gramado derrotado. Isso até acontecia, mas não era o normal. Verdadeira raridade. Foi o ex-lateral canhoto, na maioria das vezes, um vencedor nas pelejas que disputou, especialmente as pelo Botafogo e pelo Santos, duas máquinas de jogar bola que contaram com Rildo firme e forte em seus poderosos esquadrões dos anos de 1960. Caso perdesse o jogo, tudo bem. Rildo chegava à sua casa e procurava assistir a um filme de comédia. “Vida que seguia”, como sempre ouvira de João Saldanha. No vestiário, nunca teve medo de banho frio. Foi, realmente, um destemido. Mas aprendeu com Nilton Santos, como ele uma vez contou à Revista de Esporte, a tomar banho morno. Imagine, tomar sempre banho frio, ora! Osabonete era Phebo, o fixador de cabelos o da marca Fios de Ouro e a colônia era a Topaze, da Avon. Em cinco minutos ele estava arrumado para regressar ao lar. Ah, Rildo como você fará falta; como você curtia crianças. Quando jogava, elas o procuravam incansavelmente e felicíssimas para um autógrafo. Ele nunca deixou de atendê-las. Os sobrinhos Raimundinho e Robertinho, filhos de dona Lindináurea, que morava em Bonsucesso, que o diga. Rildo adorava os dois garotos. Cara bacana era esse tal de Rildo. Todos gostavam do seu jeitão expansivo. Não faltavam amigos na sua lista telefônica e, claro, no seu generoso coração. O “Esquilo”, apelido que recebeu pela sua constante movimentação e alegria nas partidas, jogava limpo dentro e fora de campo. Um cracaço de alma iluminada. Gostava muito do pai, o seu Antonio da Costa Menezes, com quem pescava quando era menino, e da mamãe dona Maria Judite. Sempre que podia, mandava um dinheirinho para ajudá-los. Foi assim, sem entremeios, ao longo carreira campeã, que teve o amado irmão Beroaldo como uma espécie de guia. No comecinho dela, aliás, dividia com os amigos Edson e Nagel um pequeno apartamento de dois quartos em Copacabana. Nunca reclamou do aperto. Aprendeu a superar dificuldades desde pequeno, em Recife, onde nasceu, e sob a extremosa proteção de Nossa Senhora das Graças, sua Mãezinha do Céu que, neste exato momento, deve estar abraçando o nosso querido ídolo Rildo. Vá com Deus, nosso craque. Rildo, você não morreu. Você venceu!