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Resenha

NOSSO FUTEBOL DEVE SER SIMPLES

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Tem uma rapaziada que sempre pega no meu pé quando falo sobre a situação de nosso futebol: “Caju, você não acha que sempre bate na mesma tecla?”. Enquanto deixarem dar os meus pitacos continuarei batendo porque não podemos nos deixar levar por essa lavagem cerebral, esse delírio coletivo.

Não consigo acreditar quando rodo com o controle remoto pelos Sportvs, Fox e ESPNs da vida e ouço alguém elogiando a atuação da seleção brasileira contra o Uruguai. Peraí, Kkkkkk!!! Só de ver Renato Augusto, Miranda, Danilo e Walace no grupo já levo na brincadeira. E Neymar na coletiva? Orientado pelos estrategistas de plantão, garantiu que amadureceu, que as últimas Copas perdidas serviram de lição.

Aí começa o jogo e ele segue o fominha de sempre, individualista, personalista, que não leva em consideração o jogo coletivo. Pior, com a arrogância de sempre. Ou não viram a birrinha dele com Cavani?

A seleção continua sem padrão de jogo e venceu por conta de um pênalti maroto. Em um jogo desses, Felipão, quer dizer Dunga, quer dizer Mano, quer dizer Tite, entrar com três cães de guarda soa como ridículo. E sua comemoração no gol? Parecia final de Copa do Mundo! Ele sabe jogar bem com as câmeras.


Outro dia, esteve em uma dessas mesas redondas, em que os jornalistas babam e brilham os olhinhos a cada comentário, e revelou que uma revista especializada publicou o ranking dos técnicos intergalácticos e ele subiu algumas posições, Kkkkkkkkk!!!!! Peraí, qual é o nome da revista, “Me Engana Que eu Gosto”? Sério, o que mudou na seleção e no futebol brasileiro após duas Copas perdidas?

Vejam o cenário: Paquetá, o novo Deus do futebol, foi expulso novamente e segue a passos firmes para atingir o topo dos mais chiliquentos do futebol, Felipão pode ser o campeão com sua tática ultrapassada, a mesma seguida por Odair, do Inter, e Mano, do Cruzeiro, e Gabigol, que não deu certo na Europa, é o artilheiro da competição. Como querem que eu não bata na mesma tecla se nosso futebol não sai do lugar?

O Atlético Paranaense é um time bom de ver jogar, tem o dedo do ex-treinador Fernando Diniz, que pode não ter alcançado os resultados na época, mas traz um frescor necessário ao futebol.

Os times de Roger (por onde ele anda?) também. Passou bem por Grêmio, Palmeiras e Atlético Mineiro. Não falo de resultados, mas na forma de montar os times, você vê uma filosofia diferente de jogo, a busca por algo novo. Mas a falta de tempo e de ousadia levam os dirigentes a investir em técnicos pedreiros, aqueles especializados em muros de contenção, Kkkkk!!!

Não compliquem, nosso futebol dever ser simples, surpreendente, afinado e com a mesma linha de raciocínio da canção imortalizada por João Gilberto: “Eis aqui este sambinha feito numa nota só, outras notas vão entrar, mas a base é uma só…”.

NÃO SOMOS EUROPA

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Imaginem uma Copa do Mundo na Argentina e La Bombonera precisando se adaptar aos padrões FIFA? La Bombonera transformado em uma arena ultra moderna igualzinha a que fizeram com o Maracanã. Imaginem toda essa mística soterrada! Passei o final de semana mergulhado em jogos de futebol. Boca x River foi mágico, não pelo futebol apresentado, mas pela entrega dos torcedores. Um amor que vem das entranhas, que nos contagia e emociona. Isso é o futebol e só isso pode salvar o futebol. Dois técnicos idolatrados, uma torcida extasiada, estádio abarrotado!

Foi um grande jogo? Não importa. Esse clima é o que faz o futebol pulsar. Para a garotada que não conheceu o Maracanã dos bons tempos eu garanto, ele pulsava, nos abraçava e nos embalava ao som de seus cânticos. O Maracanã nos hipnotizava assim como La Bombonera me deixou desconcertado na primeira vez em que pisei lá. E a Conmebol age para transformar a Libertadores em uma Liga dos Campeões. Por favor, não deixem que mais esse crime seja cometido por esses dirigentes hipócritas.


O futebol sul-americano é diferente do europeu e deve ser! Imaginem essa final da Libertadores sendo disputada, por exemplo, na Bolívia ou Equador? Qual o sentido disso? Qual o problema de os estádios serem antigos? Transformá-los em arenas automaticamente afetará o valor do ingresso. O afastamento dos verdadeiros torcedores será inevitável, como aconteceu no Maracanã. As torcidas elitizaram-se e há tempos não são o seu décimo segundo jogador. Não somos Europa, esqueçam! E mesmo na Europa alguns clubes penam para manter suas arenas impecáveis.

Por aqui, meu limitado Botafogo ganhou do ultra dimensionado Flamengo. Como a imprensa exalta esse time? O Tite explicou que precisou convocar Paquetá e Everton, do Grêmio, porque os dois estão jogando muita bola. Se é esse o padrão de qualidade do professor vamos nos afundar mais ainda.

O momento de maior “brilho” de Paquetá foi em uma rasteira no adversário. Em capoeira está aprovadíssimo, Kkkkkkk!!!! O Flu não fez gol no Sport porque seus jogadores sofrem do mesmo problema de 90% dos atacantes brasileiros: deficiência técnica. O Grêmio só venceu o Vasco graças a um frangaço de Martin Silva. Está tudo nivelado por baixo. 

Pode parecer absurdo mas os jogadores brasileiros torcem para não receber a bola porque não têm a menor intimidade com ela. Assistiram Manchester City 3 x 1 Manchester United? Eu, sim! Guardiola continua sendo o maior treinador do futebol mundial. No terceiro gol os jogadores ficaram quase dois minutos tocando a bola, botando o adversário na roda até concluir. Não deixem de ver!!! Isso é treinamento, fundamento! O futebol inglês é o que mais me encanta, Liverpool, Chelsea. Chega de Mourinhos e Felipões! E de Aguirre! Mas quem mandou contratá-lo? Ricardo Rocha, Raí e Lugano, do comando tricolor. Também contrataram Diego Souza e Nenê. Até uma criança do primário sabia que ia dar caca. O ex-jogador tem que ser aproveitado principalmente na base. Ali, talvez não seja a galinha dos ovos de ouro mas é o início da escalada profissional e, por isso, condeno os que usam a influência e o relacionamento para pular etapas.      

PERGUNTAR NÃO OFENDE

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Não sou jornalista e nem especialista em estatísticas. Sou apenas um observador do futebol e hoje venho deixar no ar algumas dúvidas e questões.

  1. Odeio com todas as minhas forças falar sobre arbitragem, mas o que tem acontecido nas competições comandadas por argentinos é para ser discutido seriamente. Os dirigentes estão sempre envolvidos em polêmicas. Teve a Copa de 78, a mão de Deus, em 86, a Conmebol comandando o espetáculo e nada muda. Por que não é realizada uma séria investigação a esse respeito?

  2. A CBF não gosta do VAR, mas o VAR tem servido para alguma coisa? Outro dia me disseram que na sala do VAR havia 12 pessoas. Tanta interferência pode dar certo?

  3. Após o jogo contra o Vasco o dirigente do Inter soltou o verbo contra a arbitragem e, agora, contra o Atlético Paranaense, ele falou alguma coisa ou apenas comentou entre os amigos: “Tá vendo como foi bom reclamar?”.

  4. Qual o orçamento de Boca e River comparado aos de Palmeiras e Flamengo?

  5. É sério que vou ter que continuar ouvindo os comentaristas tentando nos convencer de que o Vitinho é craque?

  6. A torcida do Flamengo concorda no valor pago por ele?

  7. É fake news a entrevista do Maradona, na Fox, em que ele diz que não convocaria mais o Messi porque não dá para acreditar em um jogador que vai dez vezes ao banheiro antes de cada jogo importante? KKKKKKKK, isso é maravilhoso! Muitos podem achar Maradona maluco e inconsequente porque todo dependente químico é visto dessa forma. Passei por isso, mas entendo o que ele diz e de futebol ele sabe muito!

  8. Vocês acham que ex-jogadores de qualidade podem ser bons técnicos? Acho que devemos apostar nisso. Adoro ver o futebol argentino. Atualmente, o Boca é dirigido por Guillermo Barros Schelotto, atacante de seleção, muito inteligente, e o River tem Marcelo Gallardo, um meia excepcional que dava gosto de ver, da geração de Saviola e Ortega. Fantástico, o futebol tocado por quem entende do riscado! E o toque de bola é bonito de ver.

  9. Sou doido ou a qualidade dos jogadores trazidos de nossos países vizinhos está abaixo da média? Pouquíssimos, mas pouquíssimos mesmo, se salvam. Chará e Cazares, do Atlético Mineiro são bons, mas não são regulares. Bom D´Alessandro ainda estar em atividade. Gosto do Nico López e gostava do Cuevas. Seria bem mais vantajoso investir nos jogadores da base.

  10. Por falar em base por que só nas últimas rodadas o técnico do São Paulo lançou o jovem Helinho? Não suporto essa história de não lançar “meninos” por medo de queimá-los. Frescura!!! Quem sabe jogar bola já nasce com personalidade!

  11. O Cruzeiro quando levou a tríplice coroa, em 2003, ficou poupando time?

  12. Quem merece ser campeão brasileiro? Por mim, o campeonato podia acabar agora, sem vencedores. Seria mais justo com o futebol. A vitória do Palmeiras, claro, animará a sua torcida, mas será mais um retrocesso, afinal ninguém suporta mais time-canil, aquele em que os cães de guarda são as maiores atrações.

FUTEBOL DE SALA DE AULA

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Muita gente pede que eu escreva sobre estratégias de jogo, esquemas táticos, essas chatices que inundam os programas esportivos. Você liga a tevê para ouvir uma resenha divertida e vê essa garotada que nunca chutou uma bola na vida desenhando e analisando quadros cheios de setas coloridas. Se acham os professores, Kkkk!! Esse é o problema do futebol, ficou acadêmico demais.

Não sei se o Brasil é o país onde mais se assiste futebol, mas, com certeza, é o lugar do planeta onde mais se joga. Por isso, somos o país onde formam-se (hoje, se deformam-se) mais jogadores. E com estilos diferentes porque brotam em todas as regiões: Rivaldo, de Recife, Tostão, de Minas, Sócrates, de São Paulo, Falcão, de Santa Catarina, e Zico, do Rio. Essa mescla sempre foi nosso diferencial. Por isso, reclamo de uma escola com a cultura retranqueira.

O futebol brasileiro sempre foi conhecido por surpreender os adversários com jogadas inusitadas e belíssimas. Me lembro de uma excursão ao México, com escala em Peru e Bogotá. O time do Botafogo havia passado horas e horas no aeroporto, as viagens eram bem mais cansativas. Durante o jogo, exaustos, ficamos tocando a bola, colocando o adversário na roda, sempre liderados pelo Gerson. Era um recurso para descansarmos. Fazíamos isso com extrema facilidade porque o brasileiro cresceu jogando em espaços reduzidos, nas ruas, praia, salão e várzea. Podem acreditar, isso faz uma tremenda diferença.

O improviso sempre foi nosso trunfo. Em 62, podem pesquisar, o Brasil foi campeão do mundo com vários titulares acima dos 30 anos. Era óbvio que os adversários menos técnicos precisavam frear isso de alguma forma e na Copa seguinte a Inglaterra venceu graças ao preparo físico.


Tim, um dos maiores estrategistas que conheci, certa vez mandou Luiz Claudio, do Flamengo, não me deixar jogar. Foi irritante, mas ele conseguiu. Mas o Tim formou um Bangu e um San Lorenzo maravilhosos, inesquecíveis. O problema é que hoje só se investe em marcadores.

Em 70, o nosso preparo físico precisou ser forte por conta da altitude. Em 74, falaram sobre inovação, Carrossel Holandês, com jogadores não tendo posições fixas. Balela! Brasil x Holanda foi um dos jogos mais violentos da história das Copas e essa conversa de não ter posição fixa já fazíamos há tempos.

Em 78, com Claudio Coutinho, os treinamentos começaram a mudar e começou esse papo de apostar corrida. Os velocistas ganharam força. Mas havia uma pequena diferença, Dirceuzinho, Búfalo Gil e Zé Roberto, por exemplo, corriam muito, mas jogavam uma barbaridade. Hoje, só correm.


No Sul, Minelli e Ênio Andrade ganharam títulos e notoriedade investindo no futebol força, com dois cabeças de área. Hoje, alguns times jogam com até quatro. A diferença, mais uma vez, é que a qualidade foi enterrada. Falcão, Carlos Roberto e Pintinho eram cabeças de área. Vejam a diferença! Hoje os técnicos são peças figurativas e as comissões técnicas, enormes, ensinam futebol nas salas de aula.

Tô fora! Adoro Legião Urbana, mas não me convidem para essa festa estranha, com gente esquisita. 

O FUTEBOL AGONIZA, MAS NÃO MORRE

por Marcelo Soares


Meu pai, parceiro de arquibancada, cresceu com o futebol das décadas de 70 e 80. Hoje já não tem mais vontade de ir aos jogos.

Será que naquela época eram muito bons mesmo ou hoje são muito ruins? Acredito que as duas opções estejam certas.

Anteontem, toda essa festa antes da final da Copa do Brasil mostrou como as coisas estão mudando no futebol brasileiro. Após a bola rolar acabou a festa. Cartões para todos os lados e os onze jogadores atrás da linha bola. 

Certamente não é essa a mudança que queremos.

VAR… Não me lembro de ouvir do meu pai e do meu avô reclamações sobre arbitragem. Esqueceram o futebol nas décadas passadas e buscam sempre um vilão.  Árbitros, jogadores. Talvez o problema não estejam neles. Sabemos que não estão dentro de campo.

Categorias de base em situações precárias, dívidas bilionárias…

Aquele que é considerado o melhor time do país apresenta um futebol fraquíssimo. Vence pois os adversários são piores ainda. O famoso “extracampo” está cada vez mais sendo decisivo.

Apesar de tentarem e muito acabar com ele, o verdadeiro futebol agoniza, mas não morre. Como diria Nelson Sargento.


O que fez e faz meu pai perder a vontade? Times sem padrão de jogo? Escassez de craques? Ingressos caros? Ou toda essa palhaçada que estão fazendo fora de campo?

Anteontem, infelizmente não fomos ao estádio.

Para o Corinthians, nunca foi fácil. Mas está cada vez mais difícil. Difícil comemorar um gol, uma boa partida.

Talvez o mais difícil será convencer a próxima geração a ser meu parceiro de arquibancada. 

As próximas gerações podem olhar para o futebol e dizer:

Que jogo mais chato, VAR pra PQP.