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renato gaúcho

VIDA DE GADO, VIDA DE TREINADOR

por André Luiz Pereira Nunes


A derrota do Flamengo diante do Palmeiras, válida pela decisão da Copa Libertadores da América, que culminou na demissão de Renato Gaúcho, expôs mais uma vez o quão imediatista e obtusa é a visão de torcedores, dirigentes e jornalistas acerca do valor do trabalho de um treinador de futebol.

Renato Gaúcho chegou à Gávea, para o lugar de Rogério Ceni, com status de herói após obter ótimo desempenho à frente do Grêmio na temporada anterior. Curiosamente, seu nome era lembrado, quase de forma unânime e, ainda bastante insistente, para o comando da Seleção Brasileira. De acordo com a opinião pública, o técnico Tite, mesmo liderando o Brasil nas Eliminatórias, não teria conseguido implantar um padrão de jogo satisfatório no escrete nacional. Por isso, Renato seria o nome ideal.

Exageros à parte, é importante frisar que o ambiente do futebol é um dos mais traiçoeiros e ingratos. É perceptível que no decorrer do tempo as queixas da imprensa e torcida se tornaram mais recorrentes. Os esperados títulos não vieram, apesar do alto investimento do clube, representado por uma folha absurdamente inflacionada. Em relação às críticas, há até quem tenha aventado a hipótese, obviamente disparatada, de que o treinador teria favorecido o Grêmio por ocasião do empate contra os rubro-negros pelo Campeonato Brasileiro. O certo, porém, é que Renato não comemorou os gols de seu time contra os gaúchos em sinal de respeito.

Mas o pior mesmo ainda estaria por vir. O ápice da injustiça e da barbaridade ocorreu, finalmente, quando a filha, Carol Portaluppi, foi ameaçada nas redes sociais por quem se diz torcedor do Flamengo. A atitude condiz mais com terroristas ou, na melhor das hipóteses, delinquentes, bandidos da pior espécie.

Renato fez história, principalmente, como jogador do Grêmio, Flamengo, Fluminense e Seleção Brasileira. Foi um ponta-direita ágil, polêmico e extremamente habilidoso. Não lhe faltava talento para romper as marcações e chegar à linha de fundo, além da facilidade em conquistar o coração das mulheres e dos torcedores brasileiros. Por isso, ganhou de forma justa a alcunha de ‘Rei do Rio’.

Mas esse ano as vitórias não vieram. Os resultados ficaram aquém do esperado. No Brasil um segundo lugar é sinônimo de último. Portanto, ninguém mais se recorda de que era o nome certo para o lugar de Tite na Seleção Brasileira. De uma hora para outra Renato Gaúcho caiu em desgraça. Não está mais à altura do Flamengo. De acordo com as suas próprias palavras, ‘No Brasil só é bom quem ganha.’

A PERDA DO TRI

por Marcos Eduardo Neves


A perda do tricampeonato da Libertadores para o Palmeiras faz duplamente história na Gávea.

Em primeiro lugar, a dúvida se essa geração superaria a de Zico perde força. Mas nada impede que no ano que vem, tal qual o Ronaldo derrotado de 98 que virou mártir na Copa seguinte, essa turma volte à nova final e obtenha dois titulos em quatro anos, um feito incrível.

Se essa dúvida se posterga, uma certeza se concretiza. Renato Gaúcho se torna o primeiro treinador do Flamengo a perder uma final de Libertadores.

Não se luta contra fatos. Seu time levou um gol muito rápido, martelou e empatou, mas foi traído por um acidente de percurso, uma falha individual, uma bola infeliz, que, é bom que se diga, já ganhamos de Márcio Theodoro e de Gonçalves no passado, mas hoje entregamos.

Renato que acertou em começar com a força máxima, foi obrigado a substituir Filipe Luís, mas escolheu inserir Kennedy em campo.

Contra o Liverpool, entrou Lincoln.

Contra o Palmeiras, Kennedy.

Obama nas alturas, o técnico desmontava a criatividade, diminuía a qualidade técnica do time.

Michael entrar era óbvio. Mateuzinho, Vitinho e Pedro, ótimas pedidas. Ao perder o lateral, optou por Renê, mais experiente que Ramon, ok. Mas… Kennedy?

Até por uma questão de misticismo, nessa trama Diego era o quinto elemento a entrar. Ele que lançou Gabigol em 2019. O super-herói rubro-negro, inclusive, já tinha feito o dele, empatando, mas faltava ainda o da virada, muito menos impossível do que há dois anos.

Sem Arrascaeta, Everton Ribeiro ou Diego, esse lançamento para frente não veio. Nem o título para o Flamengo.

Parabéns, Abel Ferreira. Jogo perfeito, de acordo com suas limitações e possibilidades. Campeão merecido. Faca nos dentes desde o apito inicial.

Que seja forte o belo jogador Andreas Pereira. Não merecia. Mas nada como um dia após o outro. Tita perdeu um pênalti decisivo em 77 e no ano seguinte deu início a uma saga inesquecível de glórias.

A Renato, fica a loteria de conseguir ver o imponderável tomar o título brasileiro que ele mesmo ajudou a aproximar das mãos do Atlético. Não conseguindo, até sua presença no tradicional Jogo das Estrelas, o jogo do Zico, pode embaraçar a relação entre ele e a torcida. Eu me preservaria. Salvo eneacampeão.

Renato se abster da festa a seu ídolo será inédito. Assim como o fato de um treinador ter nas mãos a chance de ganhar três títulos importantes em um mês, e hoje correr o sério risco de não conquistar sequer um deles.

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A NOVA COVARDIA DE RENATO

por Marcos Eduardo Neves


Renato está com números espetaculares. É o treinador com mais vitórias na Libertadores. É o treinador brasileiro que mais disputou partidas na competição. E pelo Flamengo, em 18 apresentações, venceu 15 vezes, empatou uma e perdeu apenas dois jogos.

Só que Renato está também com jogadores espetaculares. E apesar das ausências de Filipe Luís e Arrascaeta na partida de ontem, o time sobra na América do Sul.

Por isso soa inadmissível o que se viu no segundo tempo. Aliás, no primeiro também. Não fosse Diego Alves, com intervenções incríveis ao longo dos 90 minutos, o Flamengo sofreria, em casa, gols de um adversário que está longe de competir com o Rubro-Negro de igual para igual.

Pior do que isso foi receber um presente no apagar das luzes da etapa inicial, a expulsão de um jogador do Barcelona de Guayaquil, e entrar indiferente a esse fato nos 45 minutos finais. Era para ter sacramentado a classificação para a final já na partida de ida. Na volta, quarta-feira que vem, tudo agora pode acontecer. Não se pode afirmar que o caixão do time equatoriano está fechado.

Ao ver a covardia de Renato, que só colocou Michael e Pedro no finzinho do jogo, lembrei de 2008. No comando do Fluminense, Portaluppi conseguiu reverter a desvantagem da LDU, que saltou à frente do placar no Maracanã, fazendo os três gols que garantiam ao tricolor carioca a loteria das penalidades. Ora, pois pois. Quem faz três faz quatro, faz cinco, seis… Thiago Neves empatou o jogo, em seguida virou, depois ampliou, e nisso Renato se deu por satisfeito, que nem ontem, e paralisou a equipe. Se acovardou. Preferiu garantir os penais. E perdeu a Libertadores em casa.

Claro que o Flamengo tem time até para golear o Barcelona no Equador. Mas levou sufoco no Maracanã. Isso não pode ser esquecido. Atenção total e está tudo muito bem caminhado para Renato Gaúcho disputar sua quinta final na competição mais cobiçada do continente.

Ele, que já foi campeão e vice como jogador e como técnico, tem tudo para cravar de vez seu nome na história do Flamengo. Melhor jogador de um time que tinha Zico, Renato ganhou o Brasileirão de 1987 e só não é unanimidade entre os ídolos eternos da Gávea por ter marcado de barriga um gol que estragou o centenário rubro-negro, oito anos depois. Todavia, agora, se levar o time à conquista de sua terceira Libertadores, voltará ao panteão da Gávea. E ainda poderá sonhar com o bicampeonato mundial. Tanto o seu, particular, porque ganhou com o Grêmio em 1983, quanto do Flamengo, que mandou no planeta bola em 1981.

Está nas mãos dele. E, principalmente, na sua coragem.

O SÃO PEDRO DO FLA

por Marcos Eduardo Neves


Renato era camisa 7. Assim como Bruno Henrique. Assim como Michael. Assim como Vitinho. Em uma semana, três jogos, três vitórias, 10 gols marcados e um único sofrido – e, detalhe: não por mérito do ataque adversário, mas por falha bizarra de um grande goleiro de corte de cabelo bizarro.

O Flamengo começou o jogo irresistível, como desde Jorge Jesus não se via. Bruno Henrique lembrava o Renato de 1987. Um autêntico cavalo de raça, com sua vistosa crina e tudo. Um tanque. Talento e força física.

Tudo ia bem na equipe até Diego Alves entregar. Fiquei com saudade dos goleiros-raiz, que não sabiam jogar com os pés. Por essas e outras Hugo se queimou. E complicar um jogo fácil, em plena Libertadores, decididamente, não vale a pena.

Após o tenso intervalo, tudo mudou. Se Bruno Henrique é o seu Renato, o Portaluppi resolveu mandar a campo seu Alcindo, o Michael. Que é outro com ele. Autoconfiante e aliando objetividade a seu estilo agressivo. Depois, tirou da cartola Vitinho, que seria o artilheiro do jogo, mesmo jogando menos tempo. Nas apostas de Renato, o jogo que, se não fosse a falha de Diego Alves, acabaria uns seis ou sete a zero pôde terminar, sem defesa mas com justiça, 4 a 1 para o Flamengo – outra vez e cada vez mais temido.

Óbvio que Renato não é Jorge Jesus, nem vai ser. Mas é Renato, e continuará sendo. Jorge Jesus montou o grupo, desenvolveu o estilo de jogo e embutiu na galera o espírito vencedor. Parafraseando a Bíblia, Jorge Jesus é um Jesus Cristo para os fiéis rubro-negros. Mas, segundo a Bíblia, vale lembrar que Jesus deu ordem a seu apóstolo Pedro para, após sua morte, fundar a igreja e propagar sua mensagem. Sendo assim, Jorge Jesus é Jesus, mas São Pedro tá com toda pinta de ser não Pedro, o queixudo atacante reserva do Gabigol barba de carranca, mas São Pedro tem tudo para ser Renato.

Que se cumpram as escrituras!

Avante, Flamengo!

#RenatoGaúcho #RenatoPortaluppi #Flamengo #Maisquerido #Rubronegro #Raçaamorepaixão #umavezflamengosempreflamengo #CRFlamengo #Mantosagrado #camisa7

O CRAQUE DO BRASIL EM 1987

por Luis Filipe Chateaubriand


Depois de cinco anos jogando no Grêmio de Porto Alegre, em 1987 Renato Gaúcho desembarcava no Rio de Janeiro, para jogar no Flamengo.

O início, na disputa do Campeonato Carioca, foi difícil.

Fora de forma, apresentou um futebol apenas mediano.

Um jogador com porte físico avantajado, como Renato, tem mais dificuldades de entrar em forma do que jogadores mais leves, naturalmente mais afeitos a adquirirem condicionamento físico.

No entanto, veio o Campeonato Brasileiro.

E, aí, a história foi outra.

Vimos um jogador que, em forma, corria o campo inteiro, fazia cruzamentos certeiros, lutava pela bola, e a recuperava muitas vezes, tinha uma raça incomum, entortava marcadores, fazia gols e sofria faltas, para Zico bater.

O homem parecia estar possesso!

A cara de Renato Gaúcho naquele campeonato foi o lance do jogo da semifinal contra o Atlético Mineiro, em Belo Horizonte em que, com o jogo empatado em 2 x 2 e já quase aos 40 minutos do segundo tempo, Renato arranca quase do meio campo, dribla o goleiro João Leite e toca a bola para o fundo do gol.

Quase no fim do jogo, o cara ainda foi arrumar fôlego para fazer isso…

Por essas e outras, Renato ganhou a Bola de Ouro da Revista Placar daquele ano.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!