por Elso Venâncio
Há 21 anos Petkovic marcou, contra o Vasco, o histórico gol de falta que rendeu ao Flamengo seu quarto tricampeonato estadual. Eternizado, o lance transformou o gringo – um dos mais importantes estrangeiros da história rubro-negra – em ídolo na Gávea.
A partida em si foi tensa. No primeiro confronto decisivo o Vasco ganhou de 2 a 1, ampliando a vantagem de jogar por dois resultados ‘iguais’. Na finalíssima, porém, o ‘Capetinha’ Edílson fez dois gols, Juninho Paulista descontou e aquela cobrança de falta, aos 43 do segundo do tempo, consagrou o sérvio, fazendo o treinador Zagallo vibrar igual criança, a ponto de agarrar e beijar com fervor uma imagem de Santo Antônio. O ‘Velho Lobo’ admitiria tempos mais tarde que a emoção sentida somente era comparável à conquista de uma Copa do Mundo.
Gols marcantes ficam gravados em nossa memória e deles lembramos até onde estávamos e que amigos se encontravam ao nosso lado na ocasião. Mas, voltemos no tempo. Mais precisamente, ao domingo, dia 27 de maio de 2001.
Eu trabalhava na cabine da Rádio Globo, no Maracanã, ao lado de José Carlos Araújo, do “Canhotinha de Ouro” Gerson e do “Comentarista da Palavra Fácil” Luiz Mendes. Além de comandar os debates antes dos jogos, atuava também como âncora no intervalo, e no final acionava os comentaristas e repórteres.
Pet não iria para o jogo. Insatisfeito com os atrasos nos salários, sobretudo os direitos de imagem, o craque decidiu abandonar a concentração para tomar umas e outras. O Flamengo se concentrava no Copacabana Mar Hotel. Todos jantaram, menos ele. Lá pelas tantas o gringo apareceu. Foi recebido pelo supervisor José Eduardo Chimello:
– Vai jantar ou prefere um lanche?
– Não, quero cerveja! – retrucou.
Presidente do clube, Edmundo Santos Silva, ao ser comunicado do fato, mandou retirá-lo da grande decisão.
Zagallo acordou naquele domingo com o mal-estar formado. Seríssimo e com o rosto avermelhado, reagiu com força:
– Ele vai jogar, sim! Quero falar com o presidente… O clube é que está errado, não ele.
Considero aquele gol, pela emoção, inspiração e vibração, o melhor de todos os tempos dentre todos os milhares até hoje narrados, ao longo de décadas, pelo Super ‘Garotinho’ José Carlos Araújo. Em São Paulo, inesquecível é ouvir Osmar Santos naquele mítico gol de Basílio – claro, aquele Corinthians x Ponte Preta que quebrou o incrível tabu corintiano que já se prolongava por 23 anos, no Campeonato Paulista.
Aliás, para você, qual a narração, o gol inesquecível que você ouviu, seja pelo rádio ou na tevê? Cite um momento histórico do seu clube do coração ou mesmo do futebol brasileiro. Aguardo aqui os comentários!