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PC Caju

A SAGA DOS TREINADORES

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::

Ainda estou inconformado com a partida de meu irmão Fred. No campo do Costa Brava, onde, religiosamente, ele jogava sua peladinha reunimos amigos, formamos um grande círculo e rezamos uma Ave-Maria. Foi lindo! Meu irmão sempre foi muito querido, mas sei que sentia-se rejeitado e alijado pelo mercado, assim como sentem-se Jaime, Andrade, Búfalo Gil, Cláudio Adão, Arturzinho, Sebastião Leônidas, Jair Pereira e tantos outros. A experiência não conta no futebol. O que os treinadores atuais, a maioria que nunca chutou uma bola, sabe mais do que esses citados por mim? Nada!

Não os colocarem como os treinadores principais já é um absurdo, mas sequer os convidarem para assumir a base, fazer parte da comissão técnica, o que seja, é vergonhoso. Ainda mais hoje que as comissões técnicas são gigantes. Outro dia fique sabendo que nas viagens é preciso reservar um ônibus apenas para essa turma, professores de Educação Física (o Fred era, hein!), analistas de desempenho, filho do treinador, sobrinho do treinador, cabeleireiro etc etc etc.

Zé Ricardo, do Vasco, se mandou no meio de um trabalho e depois reclama quando é mandado embora. Mas já já volta e assume novamente o Gigante da Colina. Os mesmos ficam se revezando, são demitidos e no outro dia já estão com seus 20 auxiliares sugando outro clube. Ou vocês enxergam alguma novidade tática do Inter, do Mano? Que pobreza de futebol, retranca e covardia. São Paulo x Avaí foi lamentável, Vasco x Grêmio tétrico, Juventude x Fluminense nem se fala. A maioria dos jogos tem sido assim.

Por isso, há tempos venho elogiando o Fortaleza. Que time bom de ver jogar! E não falo só pela vitória sobre o Flamengo, há pelo menos dois anos venho batendo nessa tecla. A crise é mundial, mas ainda é bem melhor assistir as seleções da Europa. Adorei a goleada da Holanda sobre a Bélgica, duas seleções que adoro, e a da Dinamarca sobre a França. Itália x Alemanha foi interessante. Vamos continuar assistindo futebol, não tem jeito. Já mudei para Animal Planet, Quilos Mortais, Irmãos a Obra e vários de gastronomia mas acabo voltando mesmo que seja para rir, me indignar e desligar a tevê prometendo que jamais verei novamente aquele festival de horrores.

Pérolas da semana:

“Com um DNA ofensivo, o time tem uma compactação de ideias para agredir o adversário e fazer uma transição dinâmica, explorando o ponto de sustentação e a identidade do ataque”.

“O treinador deveria potencializar o jogo se espelhando no basquete americano. Para isso, precisa de um time automático com potência para espaçar o último terço do campo e os corredores naturais da beirinha”.

É dose aturar esses analistas!

DESCANSE EM PAZ, MEU IRMÃO

::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::

Não sei como seria a minha vida sem Fred. Sei como foi com ele, desde que menino, jogando futebol de salão no Flamengo, ele me “convidou” para ser seu irmão adotivo. Eu era muito pobre da Favela dos Tabajaras, em Botafogo, não conheci meu pai mas era cuidado com muito afinco por minha mãe, Dona Sebastiana, descendente de escravos.

Com Fred cresci e aprendi as melhores coisas da vida, construí caráter e valorizei os laços familiares. Com o meu pai adotivo, Marinho Oliveira, famoso zagueiro do Flamengo e Botafogo nas décadas de 1940 e 1950, mergulhei de cabeça no futebol.

Fred também construiu uma sólida carreira, foi capitão da seleção olímpica e voltamos a jogar juntos pelo Flamengo, agora no futebol profissional. Sempre me orgulhei pela forma carinhosa e respeitosa que a legião de amigos o tratava.

Fred sempre foi uma referência, mas vocês conhecem bem o meu perfil e até com ele tive minhas rusgas e desentendimentos. Mas sempre gargalhávamos quando tudo voltava às boas.

Seu aniversário de 70 anos foi um dos momentos mais prazerosos de minha vida. Vários amigos do futebol de praia mais Jayme, Búfalo Gil, Deley, Carlos Roberto e tantos outros em uma resenha num barzinho do Leblon.

Ontem recebi a devastadora notícia que Fred, meu irmão, meu amigo, meu pai, meu conselheiro, havia morrido vítima de um infarto. Também morri, assim como todos que o cercavam. Fred ajudava muitos ex-jogadores e sofria com o drama de cada um deles, de verdade.

Fred me esticou a mão e me abraçou quando eu achava que meu destino fosse correr descalço nas ruas, mas ele me ofereceu o mundo e suas maravilhas. Fred merecia mais reconhecimento da mídia, mas nós sabemos o gigante que ele foi e como canta João Nogueira:

“O corpo a morte leva
A voz some na brisa
A dor sobe pra’as trevas
O nome a obra imortaliza”

Descanse em paz, meu irmão!

VALORIZAÇÃO DA CERA

:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::

Sei que já abordei o tema aqui algumas vezes, mas rodada após rodada os jogadores parecem mais descarados. O tempo de bola rolando está cada vez menor e os árbitros não fazem nada para se impor. A cada falta, forma-se uma roda de reclamação, a cada defesa, são minutos perdidos de atendimento médico destinado ao goleiro. Os treinadores, que deveriam dar o exemplo, vivem xingando na beira do campo e às vezes até orientam os jogadores a caírem para ganhar tempo. O pior de tudo é que esse é um problema mundial e o futebol está cada dia mais valorizado.

Na minha época, modéstia à parte, a gente dava show de verdade, a bola rolava quase o tempo todo e o reconhecimento era mínimo. Como exemplo, posso citar o Fusquinha que ganhei de premiação após o histórico tri mundial.

Hoje, abro o jornal e leio que Mbappé renovou com o PSG por não sei quantos milhões de euros e o maior salário da história. Acho que foi a melhor decisão possível para o atacante, não só pela questão financeira, mas também por estar em seu país em ano de Copa Mundo. Além disso, ele é muito jovem e terá tempo para respirar novos ares no futuro.

Por fim, gostaria de parabenizar o Guardiola pelo título inglês. Podem falar o que quiser, que ele foi eliminado da Champions, mas é impressionante a capacidade dele de jogar um futebol coletivo, sem medo do adversário. Foi assim no Barcelona, no Bayern de Munique e agora no Manchester City.

O campeonato inglês é o mais disputado do mundo, com craques de todos os continentes, o Liverpool quase não desperdiça pontos e levantar esse caneco não é para qualquer um. Nos últimos cinco anos, foram quatro conquistas de Guardiola pelo City. Se analisar a carreira toda, foram 10 ligas conquistadas em 13 temporadas de trabalho. Precisar dizer algo mais? É hoje, sem dúvidas, o melhor treinador do mundo!

Pérolas da semana:

“Para baixar a marcação e flutuar no 4-5-1, o treinador mandou o time abrir a caixa de ferramentas, evitando o perigo, e conseguiu fazer o atacante dar uma chapada banana e guardar a bola na casinha”.

“Com leitura de posicionamento, jogando pela ala direita, o jogador de beirinha tenta uma infiltração mecânica ofensiva, mordendo o tempo inteiro e revezando com o falso 9 para aproveitar a bola espetada”.

CERA, VAR, STREAMING

:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::


Seja no sofá ou nos estádios, está cada vez mais difícil assistir um jogo de futebol do início ao fim! Além de não ser mais aquele espetáculo que estávamos acostumados, uma série de fatores contribuem para que os 90 minutos pareçam mais de mil! Com raríssimas exceções, os jogos são muito desinteressantes. Ontem estive no Engenhão para ver Botafogo x Juventude e saí mais aborrecido com o comportamento dos jogadores do que com o desempenho em si. Perdi as contas de quantas vezes o goleiro caiu no chão e pediu atendimento.

Na minha opinião, o buraco é mais embaixo e a punicão tem que ser severa e aos dirigentes dos clubes. Não adianta punir sós os jogadores. Além disso, os árbitros, perdidos em campo, pedem o auxílio do VAR em qualquer lance e a análise demora longos minutos. Os analistas de computadores inventam um novo termo a cada rodada, tentando complicar aquilo que sempre foi muito fácil pra gente, as propagandas são infinitas e interrompem os lances a todo momento.

Se já não fosse o bastante, ninguém sabe mais em qual canal ou aplicativo serão transmitido os jogos. Ontem, por exemplo, não consegui assistir Altos-PI x Flamengo porque a transmissão era exclusiva de um serviço de streaming. Pelo que me falaram, o modesto time deu um calor no rubro-negro, com direito a gol de bicicleta e tudo, mas não perdi nada além disso. A realidade é que assistir um jogo até o fim virou um exercício de paciência e eu não tenho mais idade para isso!

A dança das cadeiras segue firme e forte no futebol brasileiro e o personagem da vez é Fernando Diniz. Para quem não se lembra, o treinador saiu humilhado do Fluminense há pouco tempo e agora retorna como salvador da pátria! Como explicar um negócio desse? Por falar no tricolor, abriu 2 a 0 contra o Coritiba, mas conseguiu levar a virada e saiu derrotado do Couto Pereira. Não será fácil a vida do Diniz por lá. Sigo dando tempo ao tempo, mas o Botafogo está demorando a engrenar com esse novo time e, dessa vez, empatou com o Juventude em casa. Por fim, Tombense x Vasco foi um grande exemplo do que falei no início da coluna sobre a dificuldade que é assistir os 90 minutos.

Pérolas da semana:

“Com uma filosofia de jogo moderna, o treinador implementa uma marcação de bloco alta, baixa e média, para surpreender o adversário nos variados terços do campo, aproveitando a superioridade numérica quantitativa e qualitativa”.

“Após fechar os lados dos campos, o volante deu uma chamada na bola para o atacante agudo agasalhar no peito, deixar o adversário desconfortável e dar uma chapada na costura de rede”.

ATITUDE COVARDE

::::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Confesso que conto as horas para chegar o dia da coluna e compartilhar com vocês tudo aquilo que penso. Quem me acompanha sabe que sempre fui um jogador de opinião, sem medo de falar e serei sempre assim. É claro que já apanhei e continuo apanhando muito por isso, mas não vou mudar meu jeito de ser!

Pelas minhas atuações e personalidade, recebi diversas homenagens ao longo da carreira e logo mais estarei no Copacabana Palace para mais uma delas, em um evento musical internacional, a convite do parceiro Ricardo de Castro. Esses encontros são sensacionais porque me remetem ao passado, aos anos gloriosos do futebol e da música. É uma forma de fechar os olhos para tudo de ruim que acompanhamos atualmente.

Queria ter fechado os olhos, por exemplo, para a atitude covarde de alguns torcedores do Vasco, que cercaram Zé Ricardo e o humilharam antes do embarque para o duelo contra a Chapecoense. Tudo bem que o trabalho do treinador não é nada bom, mas nada justifica essa atitude criminosa! Adiantou alguma coisa? Acho que foi uma das piores atuações que eu já vi do Vasco e, se continuar assim, o risco de cair para a Série C é enorme!


Na Série A, o tempo passa, mas a novela é a mesma! Mano Menezes de volta ao Sul, no Internacional, ganhando de 1 a 0 do Fluminense. Carille no Athletico-PR ganhando de 1 a 0 do Flamengo. Ninguém vai me convencer que jogar para não perder, ou esperando uma oportunidade, é um futebol bonito.

Sou do tempo em que os jogadores se divertiam e cada time tinha pelos uns três craques disputando para ver quem fazia mais gols. Também sou do tempo em que os locutores falavam a língua da Geral e a garotada imitava os gritos geniais dessas feras na pelada. Hoje, aprendi a me divertir com esse vocabulário vergonhoso dos analistas de computadores, que faço questão de compartilhar com vocês semanalmente.

Pérolas da semana:

“Com muita intensidade, o time ataca por dentro, subindo as linhas para abastecer o atacante que faz o facão e dá o tapa na orelha da bola”.

“O time é uma verdadeira montanha-russa e faz transições para reconstruir a filosofia de jogo e surpreender o adversário no último terço do campo”.