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PC Caju

OS NOVOS “MISTERS”

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Muito se falou da saída do técnico Jorge Jesus, do Flamengo, e fui observar o desempenho de outro português, Jesualdo Ferreira, técnico do Santos, contratado do Al Sadd, do Qatar.

O time começou bem, com Marinho fazendo dois gols, mas o resultado final foi 3×2 para o Novorizontino. Temos que levar em consideração o fato de o Santos já estar classificado, mas fica claro que para os próximos jogos será fundamental Marinho e Soteldo estarem inspirados, muito inspirados.

“Mas, PC, quem você gostaria de ver campeão paulista?”, perguntou o entregador de pizza, nascido em Bauru. Para ser coerente deveria falar Palmeiras, Corinthians ou São Paulo, afinal lá estão Luxemburgo, Tiago Nunes e Fernando Diniz, três treinadores que costumo elogiar, mas respondi Bragantino.

Gostei muito do América-MG que vi sob o comando de Felipe Conceição e lamentei muito quando, na última rodada, o time deixou escapar a chance de seguir na Primeira Divisão do Brasileiro. O Bragantino segue a mesma linha, um time leve, de bom toque de bola e bom de ver jogar.

Na verdade, vou torcer para que algum time do interior seja campeão. Vai ser bom para dar uma renovada. E quem são os técnicos de Mirassol, Santo André e Ponte Preta? O do Mirassol é Ricardo Catalá e, sinceramente, não conhecia.

O da Ponte Preta é João Brigatti, que substitui Gilson Kleina, e o do Santo André é Paulo Roberto Santos, ex-jogador de Botafogo, América, Bonsucesso e vários outros. Chutem quantos clubes ele treinou até chegar ao Santo André? Dez? Quinze? Vinte e cinco? Trinta e cinco? Quarenta e cinco?

Não! Passou por 47 clubes, entre eles Unaí, Fabril, Batatais e Araxá. Não é fácil a vida de treinador. Meu pai foi e viajava sem parar e a vida familiar acaba ficando em segundo plano. Mas isso me fez refletir. O que é preciso para um treinador ter o respeito da opinião pública? Títulos de expressão? Tempo de carreira? Relacionamento? Fazer o curso da CBF?

Qualquer alternativa estará errada se lembrarmos que Dunga foi convidado para assumir a seleção brasileira sem nunca ter treinado nenhum clube, nenhumzinho, zero. Foi convidado pelo seu espírito de liderança como jogador. Será que tinha esse curso da CBF naquela época?

Hoje, Tite comanda nossa seleção. Apesar de sido campeão mundial de clubes pelo Corinthians o que o levou ao cargo de treinador da seleção foi sua boa relação com a mídia, seus ternos e seu estilo palestrante de ser. Futebol que é bom, nada.

Fico observando o futebol e fico imaginando o que poderia acontecer para sairmos dessa mesmice. Se algum time do interior vencer será bom pela novidade, se o Santos vencer será um português mostrar que não estão aqui de passagem, se o São Paulo ganhar ficarei contente demais pelo esforço solitário de Fernando Diniz, que está longe de ser um queridinho da imprensa.

E, ontem, zapeando, parei em Afogados e Retrô, pelo campeonato pernambucano, e me surpreendi com o bom toque de bola do Retrô, um time da Série D, do Brasileiro. O passe de peito que um atacante deu para o outro, que acabou perdendo o gol, já valeu por ter estacionado o controle remoto no sofá.

O futebol brasileiro de hoje tem que ser encontrado nos detalhes, ele ainda sobrevive, mas precisa ser libertado dessas amarras que nos impede de voltarmos a sermos os maiores do mundo.

OS EXAGEROS SOBRE JORGE JESUS

::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


É inegável que Jorge Jesus fez um ótimo trabalho no Flamengo e chacoalhou o mercado de treinadores, mas não o suficiente para as mesas-redondas, absolutamente todas, gastarem 80% do tempo na cobertura de sua ida para o Benfica. Elogiei sua postura algumas vezes, mas até a página dois. Jorge Jesus é um treinador mediano e pegou um elenco grande e de qualidade bem superior a maioria de seus rivais. E há uma grande diferença entre inovar e resgatar. O que Jorge Jesus fez foi escalar os jogadores em suas posições de origem e apostar no futebol ofensivo. Um colírio para os olhos do torcedor cansado de assistir shows e mais shows de retranca. Um time bem preparado fisicamente, com bons salários em dia e empolgados com a chegada de um treinador europeu. Jorge Jesus estava na hora certa, no lugar certo.

E que lugar era esse? Na Ásia. Nem ele mesmo deve ter entendido quando foi procurado pelo Flamengo. Mas teve o mérito de fazer Gabigol, Bruno Henrique e Gerson jogarem bola. E não custa lembrar que nenhum dos três deu certo na Europa. O que não dá é para a imprensa brasileira ser pautada pelo futebol português. E será que o Flamengo trará um outro português? Por isso, o Brasil não avança. Será que os portugueses realmente estão revolucionando o futebol? Só faltava essa, termos que aprender com a escola portuguesa!!! Respeito a história de Benfica, Porto, Sporting e todos os outros clubes. Qual representatividade o futebol português tem na Europa? Mas a imprensa transformou Jorge Jesus em um superstar. A carência de ídolos é impressionante. Por que essa imprensa, que só fala o óbvio, não pega o Paulo César Carpegiani e o convida para dar um passeio pela Rua da Carioca? Aposto que muitos torcedores da nova geração não o conhecerão e ele foi mais longe do que Jorge Jesus, além de ter jogado muito mais bola.

Sem falar que aquele timaço do Flamengo, da década de 80, era quase todo de crias da base. Mas o pior é imaginar que nos próximos meses ficaremos sabendo tudo sobre o Benfica, suas contratações, demissões, fofocas, tudo por conta de Jorge Jesus, o novo Deus do futebol. Olha que se fizerem uma pesquisa no Brasil sobre o português mais famoso do futebol Jorge Jesus barrará Eusébio e Cristiano Ronaldo. Como costuma dizer o locutor Sílvio Luiz, “pelo amor dos meus filhinhos”, paramos no tempo, idolatramos quem trabalha melhor o marketing pessoal.

Bom, o campeonato paulista vai começar e por lá estão Vanderlei Luxemburgo, Fernando Diniz e Tiago Nunes, três treinadores que elogiei muito em campeonatos passados. Os outros foram Roger Machado, do Bahia, e Sampaoli, do Galo. Que Jorge Jesus seja feliz no Benfica, que o novo técnico da Flamengo siga papando-títulos, e que algum especialista em futebol me aponte alguma revolução ocorrida em nosso futebol, além do melhor preparo físico, nos últimos 50 anos. Eu só vi retrocesso. E que Jesus, o de verdade, me castigue se estiver falado alguma besteira. 

O SUBSTITUTO IDEAL PARA JORGE JESUS

::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Ouvi em alguma tevê que Jorge Jesus foi sondado pelo Benfica e que estaria balançado. Vamos supor que seja verdade, quem seria o seu substituto? Pela filosofia do Flamengo dificilmente será um brasileiro. Se me pedissem uma opinião não pensaria duas vezes em sugerir o italiano Gian Piero Gasperini, do Atalanta, que não carrega títulos no currículo, mas sabe armar um time e detectar os pontos fortes de cada jogador. Jorge Jesus fez isso muito bem no Flamengo, encontrou a posição ideal para seus atletas e o rendimento veio naturalmente. O condicionamento físico é outro ponto forte do rubro-negro.

Acompanho Gian Piero Gasperini desde sua chegada ao Atalanta, em 2016. Quem me conhece sabe que assisto até segunda divisão do campeonato indiano e leio tudo sobre futebol. Sempre fui um fominha por informação. O Atalanta evolui ano a ano, vai muito bem no campeonato italiano e pode surpreender na Liga dos Campeões. Gosto de ver o Atalanta jogar. Jorge Jesus também não tinha uma carreira espetacular na Europa quando chegou ao Flamengo. Muitos duvidaram de sua capacidade e, hoje, ele é uma unanimidade no clube. Mais do que isso, o torcedor se identificou com ele e até seus sósias são contratados para eventos. Sabemos que isso é muito difícil de ser conquistado no Brasil. Quantas vezes já ouvimos gritos de torcida reverenciando treinadores?

Gian Piero Gasperini está há quatro anos no Atalanta e o tempo de casa também faz a diferença. Esse tempo é justamente o mais difícil de ser conquistado porque se os resultados não aparecem a diretoria dificilmente compra o barulho do treinador. Fernando Diniz, outro técnico que admiro, sempre reclama dessa falta de tempo implementar sua filosofia de trabalho. E quem vê seus times percebe nitidamente sua mão ali. O Flamengo já havia pensado em trocar um Jorge pelo outro, caso Jesus não ficasse. Seria o argentino Sampaoli, outro que também gosto bastante porque é adepto do futebol ofensivo. Nesse último Fla x Flu, apesar de o tricolor ter saído para o jogo, nota-se que Gabigol, Pedro e Michael se movimentam o tempo todo. Não é fácil marcar um ataque que se desloca sem parar. O Fluminense sabe se defender bem porque essa é a escola de seu treinador, mas precisa de um jogador que desarme e saiba sair jogando com qualidade e um bom definidor. Não entendi, Fred vai operar o olho? Bom, deixa para lá.

Ainda não dá para avaliar o técnico Ramon, do Vasco, mas gosto porque era um bom jogador, que estava cuidando da base. O Botafogo, que já tinha o japonês Honda agora trouxe o marfinense Kalou. Dois jogadores de Copa do Mundo, o que é ótimo para o marketing do clube. Eu disse para o marketing! Mesmo com essa confusão toda, briga de emissora com clubes e federação, torço pela retomada do campeonato carioca, que já foi considerado o melhor do Brasil e hoje é tratado com total desprezo e desrespeito. Lamento muito que os chavões dos analistas de computadores voltaram com tudo: jogador agudo, consistência de jogo, linha de cinco e por aí vai…

NOSSO FUTEBOL VIROU CHACOTA

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Demorou, mas consegui descobrir porque o futebol brasileiro despenca ladeira abaixo! Durante a transmissão de Fluminense x Botafogo, o locutor, certamente contaminado pelo “titês”, vírus das expressões criadas pelo “professor” Tite, disse que o Botafogo era um time “híbrido”. Já tinha ouvido a expressão “sistema híbrido”, na última Copa do Mundo. Os jornalistas amam essas bobagens e comentam como se fosse a nova revolução do futebol.

Na época, fui tentar entender do que se tratava e encontrei um texto que explicava: “trata-se de adotar uma formação tática quando seu time tem a bola e outra quando está se defendendo. Fez sucesso na Copa. Contra México e Bélgica, Tite recorreu a essa mudança ao se ver em apuros. A Bélgica derrotou o Brasil nesse formato”. Peraí, a Bélgica venceu o Brasil porque era muito melhor e tinha um futebol bem mais vistoso. Se dois times adotarem o tal sistema híbrido como ficará? E esse sistema híbrido nada mais é do que o “maré, maré, jacaré, jacaré” criado pelo campeoníssimo Jair Pereira, que por sinal está desempregado há tempos.

Percam um tempinho, coloquem o nome de Jair Pereira no Google e vejam sua lista de títulos. Foi campeão em quase todas as regiões do país, pela seleção brasileira, além de ter jogado muita bola. O “maré, maré, jacaré, jacaré” era isso, táticas diferentes para quando o time ataca e quando precisa se defender. Linguagem de boleiro, exatamente o que falta nesse futebol engomadinho atual. O futebol virou um produto de marketing de péssima qualidade, liderado por palestrantes especializados em auto-ajuda. Basta você entrar em uma livraria e ver os livros que estão expostos, os que chamam mais atenção, e talvez sejam os mais vendidos: “A sutil arte de ligar o foda-se”, “Pense e enriqueça”. Já já vão lançar o “Vença atuando pelo sistema híbrido”.

Nosso futebol entrou no salão de cabeleireiros e não encontrou mais a saída. Os jogadores querem ser lindos. A disputa do clássico desse domingo foi entre Gilberto, do Flu, e Danilo Barcelos, do Botafogo, qual dos dois levantava mais o shortinho. Qual seria a perna mais torneada? O problema é que as pernas não chutam a gol, tanto que a jogada mais perigosa foi uma cabeçada do grandalhão Pedro Raul, no fim do jogo. O comentarista tentava explicar: “o time joga na vertical, mas também na horizontal…”. O futebol virou palavras cruzadas. Na livraria virtual achei um livro “Como sair do labirinto”. Será que funciona, será que o Tite já leu esse?

Sinto falta da dor da derrota nas expressões dos jogadores. A impressão é que não estão nem aí, ganhando ou perdendo. Mas no início do texto falei que havia descoberto as razões para nosso futebol hoje ser motivo de chacota. O “sistema híbrido” já sabemos o que é, mas e o híbrido, como está definido no dicionário? Fui conferir e descobri o mistério: “diz-se de ou organismo formado pelo cruzamento de dois progenitores de raças, linhagens, variedades, espécies ou gêneros. O hibridismo, natural ou manipulado, é comum entre as plantas, mas o exemplo mais conhecido é o burro ou mula, cruza entre o cavalo e a jumenta ou entre a égua e o jumento.”, Ou seja, nosso futebol está sendo recriado através do cruzamento do burro com a mula, Kkkkk, está explicado, Kkkkk, desculpe mas não consigo mais escrever, Kkkkk!!!

O “VELHO NORMAL” NO FUTEBOL CARIOCA

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Tenho ouvido muito a expressão “novo normal’’ durante essa pandemia, mas não acredito que as partidas de futebol do Campeonato Carioca se enquadrem nesse padrão pós-Corona. Se alguém assistiu Resende 2×0 Madureira vai entender o que digo. Caramba, PC, mas escolheu logo essa partida para avaliar, questionarão alguns. Tudo bem, vamos para o meu Botafogo que venceu a Cabofriense por 6×2. Não posso estar feliz quando vejo Cícero sendo eleito o melhor em campo. Fico imaginando a frustração dos olheiros – isso existe, ainda? – destacados  para acompanhar esses dois jogos. Na verdade, eu, com 71 anos, não desperdiço o gol que o Cano perdeu na vitória do Vasco por 3×1 sobre o Macaé. Fez três, mas perdeu um caminhão. Pelo jeito, o campeonato vai seguir no padrão “velho normal”.

Se a diretoria do Botafogo me colocar em um spa e melhorar meu condicionamento físico em dois meses volto aos gramados. Quem me acompanha sabe que sempre fui um defensor do futebol do Ganso, mas ele tem andado em campo. Não é possível um atleta se descuidar tanto da parte física até porque ela influencia na técnica. Sempre adorei treinar, tinha prazer, de verdade! Sem essa força não conseguiria dar um drible da vaca e pegar do outo lado, seria inviável ganhar na corrida dos brutamontes que tentavam me atingir. O Cristiano Ronaldo joga em alto nível até hoje porque é uma máquina de treinar. Para você dar uma bicicleta tem que estar bem preparado fisicamente. Os craques devem treinar mais do que os dobermanns ou serão presas fáceis.

Acho um desrespeito ao clube os jogadores que engordam e andam em campo. O Nenê vem conseguindo manter esse equilíbrio, afinal já está perto dos 40. Romário foi artilheiro do Brasileiro já quarentão porque era um fora de série e sabia usar a energia no momento certo. Na minha época, vários craques fumavam, o ponta Joãozinho, do Cruzeiro, Gerson e Aílton Lira, entre outros. A ponto de Telê Santana avisar, na convocação, que daria prioridade aos não fumantes. Mesmo assim se dobrou ao talento de Sócrates e Éder. O técnico Procópio colocava um cartaz no vestiário avisando que era proibido fumar no local. E mesmo com os pulmões podres aquela geração fez o que fez. Hoje, graças a Deus, o fumo foi praticamente banido do futebol, existem técnicas eficazes de emagrecimento e a tecnologia cria super-homens. Ou seja, não há desculpas para estar fora de forma.

Justamente por isso os raros bons de bola do futebol atual devem se preparar como nunca para esse “novo normal” do futebol. Fred, o rei do marketing, veio de bicicleta, de Minas ao Rio, para provar que estava em ótimas condições físicas, mas não fez nem cosquinha na defesa do Volta Redonda, na derrota por 3×0. Muitos irão dizer que estou sendo rigoroso, mas há quantas temporadas Fred vem mal? Será que uma crise como essa valia o investimento? Olha, a verdade é que os jogadores podem se descuidar a vontade porque seus empresários, esses, sim, sempre em plena forma, conseguem vender gato por lebre ou pintar listras em cavalos e transformá-los em zebras. E assim vamos nos iludindo com esse “novo normal”, que para mim não passa de mais uma versão do popular “me engana que eu gosto”.