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PC Caju

O MELHOR DO MUNDO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Depois de assistir Bayern 1 x 0 PSG chego a uma triste conclusão: não existe um melhor jogador do mundo em atividade. Se tivesse que escolher um atleta para levar a Bola de Ouro meu voto seria para Manuel Neuer, o goleiro alemão. Não é de hoje que o camisa 1 faz a diferença e é o grande responsável por passar confiança ao time! Lewandowski e Neymar não jogaram bola o suficiente para ganharem o prêmio. A crise de talentos não se limita ao Brasil, mas o mundo não tem mais aquele tradicional camisa 10, o cérebro do time, o que encantava a torcida cada vez que pegava na bola. A tal evolução do futebol fez com que esse tipo de jogador desaparecesse do mapa.

O próprio Phillippe Coutinho, caso não tivesse saído do Liverpool, talvez fosse esse último romântico. O Arthur, que estava no Barcelona, já foi vendido e dificilmente surpreenderá em outro clube. No Brasil, os que poderiam cumprir esse papel perderam espaço, ou por falta de cuidado com a própria carreira ou pela falta de entendimento dos técnicos. Lucas Lima voltou a ser usado no Palmeiras, mas não deve durar porque logo um superatleta ocupará a sua vaga. Sobre Ganso cansei de falar, mas Gustavo Scarpa talvez devesse tentar a sorte em outro terreiro.

Gosto de ver um 10 que jogue de cabeça erguida, em busca do lançamento preciso, que consiga furar desequilibrar das barreiras com dribles desconcertantes, como Zico, Pelé, Rivellino, Dirceu Lopes, Ademir da Guia, Silva Batuta, Platini, Jairzinho, Samarone, Tostão, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. Aí, o São Paulo dá a 10 para o Daniel Alves. Está errado! Talvez esse seja o grande erro de Fernando Diniz. Daniel Alves sempre jogou em excelentes times, mas sempre foi coadjuvante. Não conseguirá ser o ator principal em um clube grandioso como o São Paulo. Na posição, Hernanes é muito melhor do que ele, mas amarga o banco de reservas.

Sabem um jogador que precisa ser tratado com mais carinho por seu técnico, pois é um diamante? Tales Magno, do Vasco. Ele tem o estilo muito parecido com o meu, mas não tem velocidade para ficar isolado na esquerda. É muito inteligente e precisa de alguém para tabelar. Tem que ir para o meio. Ele é o verdadeiro 10 do Vasco. Mas já já será chamado de lento, sonolento, irá para o banco e terminará vendido a preço de banana. O Tiago Galhardo está se destacando no Inter justamente por ter encontrado a posição e os parceiros certos. O treinador precisa estar de olho nisso.

No Flamengo, Gerson e Arrascaeta já namoram com o banco de reservas. Os “especialistas” dirão que os camisas 10 mais clássicos não se adaptaram ao futebol moderno. Mas esse não seria um erro? As camisas 10 estão desbotando e seria mais um crime contra o patrimônio do futebol se elas forem enquadradas e virarem peças de museu. Como de costume, não poderia esquecer dos chavões! A última que ouvi foi “linha alta”, agora só falta conseguir a agulha!

FASE FINAL DA CHAMPIONS

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Apesar da desclassificação do Manchester City estou bem feliz com os times que se classificaram na Champions League. Sou fã declarado de Guardiola e gostaria de vê-lo campeão. O gol perdido pelo Sterling poderia ter mudado o rumo da partida, assim como a desclassificação do Atalanta foi por detalhes, isso é o futebol. Ainda acho a Premier League a melhor do mundo e mesmo a França tendo dois times nas semifinais ela ainda está bem abaixo da inglesa e da alemã. Não tenho bola de cristal para cravar quem será o campeão, mas o Bayern tem muito mais time do que seus concorrentes.

Para mim, o Bayern é o maior clube do mundo. Sei que muitas pesquisas têm seus critérios para criar os rankings e, por isso, Real Madrid e Barcelona normalmente lideram por serem os mais ricos, mas o Bayern é uma potência, pois já venceu as principais competições europeias e a história de sua fundação é linda: nasceu, em 1900, após onze jogadores que rescindirem os contratos com sua equipe, o MTV 1879, por não concordarem com as condições de trabalho. Me lembrou o Afonsinho quando criou a Lei do Passe Livre e montou o time Trem da Alegria formado por atletas sem contrato e desempregados. Sem falar que o Bayern sempre teve ex-jogadores em sua diretoria e a Alemanha participou de oito finais de Copa do Mundo e venceu quatro.

A Espanha, com seus dois clubes milionários e badalados, só tem um título. Mas o Lyon tem seus trunfos, um deles é o pé-quente Juninho Pernambucano, que fez história no clube, e hoje é diretor de futebol, e o técnico Rudi Garcia, excelente treinador. Acompanhei de perto o trabalho que fez para levar o Lille a conquistar, em 2010/2011, o campeonato francês e Copa da França. Depois foi para o Olympique de Marseille, mas a diretoria não investiu em contratações. Nunca mais havia ouvido falar dele e fiquei feliz quando soube que estava no Lyon. O RB Lepzig é um time novo. Se a Red Bull continuar investindo certamente estará sempre disputando título e o melhor de tudo é que joga um futebol bonito de se ver. O PSG tem Neymar, o jogador mais técnico de todos da semifinal. Claro que ele pode desequilibrar e torcemos para isso, mas não será uma tarefa fácil.

De qualquer forma, estou feliz, com os semifinalistas porque sou fã do futebol alemão, sempre se reinventando, e tenho um carinho especial pela França pelos anos que morei lá. O Brasileiro continua morno, mas também estou contente por confirmar que Jorge Sampaoli não era nuvem passageira. É um treinador que consegue criar um estilo de jogo em pouquíssimo tempo e faz render jogadores que não estavam bem em seus clubes, como Marrony. Ele faz o básico, treina fundamentos. “E o seu Botafogo, PC?” perguntou o rapaz do quiosque do Leblon durante a minha caminhada. Se eu não estivesse sintonizado no meu “novo normal” talvez o quiosque não estivesse mais de pé, mas respirei fundo e segui em frente assoviando “Samba do Avião”. O que sigo sem engolir, e muito menos entender, são os chavões dos comentaristas, que continuam com “leitura de jogo”, “consistência”, “jogador agudo” e muito mais!

O BRASILEIRÃO SERÁ ESQUISITO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Discussões, debates, análises, esqueçam-se disso tudo quando se trata do amor da torcida pelo seu escudo. O torcedor pode esculhambar o seu clube de coração durante todo o campeonato, reclamar do meio-campo lento e até pedir a demissão do técnico, mas basta o time conquistar o título e a zoação com os adversários é imediata. E isso não pode acabar nunca, mas quando analisamos friamente não temos dúvidas em afirmar que o jogo Palmeiras x Corinthians foi um show de horrores e que o campeonato paulista de 2020 deveria ficar sem campeão. Já elogiei o trabalho de Vanderlei Luxemburgo e Tiago Nunes, mas os dois foram extremamente covardes, retranqueiros e nos proporcionaram o que de pior o futebol pode nos oferecer.

E para piorar o cenário tenebroso, Luxemburgo ainda foi citar o português Jorge Jesus, como se esse título paulista, pífio, magro e feio, o credenciasse para isso. Jorge Jesus realmente não inventou a roda, mas fez a roda girar, remou contra a maré, apostou no jogo ofensivo, uma tradição do futebol brasileiro. Claro que qualquer técnico pode fazer isso, mas qual faz? Jorge Jesus caiu no gosto do torcedor por transmitir emoção. Se era marketing ficar andando de um lado para o outro, gritando e gesticulando enquanto a partida rolava, não importa. O torcedor brasileiro gosta de personagens. Não por acaso Jorge Sampaoli tem a simpatia dos jogadores e da galera. Ambos são eficientes e passam emoção.


O que mais me chamou a atenção no estilo de Domènec Torrent foi seu bloquinho. Já já a torcida vai compará-lo a Joel Santana e sua prancheta! Claro que o Flamengo vai subir de produção, mas não dá para os comentaristas desmerecerem a vitória do Atlético alegando que o rubro-negro estava há 20 dias sem jogar. O time mineiro atua junto há pouquíssimo tempo e o entrosamento deve ser levado em consideração. Mas a grande verdade é que esse Brasileirão vai ser esquisito. Já teve partida suspensa por conta de jogadores contaminados pelo covid-19 e as arquibancadas seguirão com torcedores imaginários.

Buscar inspiração será uma tarefa árdua. Não consigo prever um favorito. Minhas apostas como técnicos não deslancharam e até Roger decepcionou no Bahia, outro torneio que deveria terminar sem vencedor, devido ao baixíssimo nível técnico. A prova disso, sem querer desmerecê-lo, é Magno Alves, do Atlético de Alagoinhas, aos 44 anos, eu falei 44, fez gol na decisão do campeonato baiano. E jogou a partida toda! Futebol é futebol, quem sabe, sabe. Isso é um bom incentivo para Nenê e D´Alessandro, que já já chegam aos 40 anos. Não tem esse papo de futebol moderno, antigo, queremos é um futebol bem jogado, mesmo que seja pela beirinha, jogadores flutuando, marcação alta no último terço do campo, com gol acertando a cara da bola, que vá parar na bochecha da rede, do jeitinho que os comentaristas “modernos” mais desejam.

FINAL DO PAULISTA PREMIA FUTEBOL SEM GRAÇA

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Nesse “novo normal” do futebol resolvi ser mais do contra do que sou normalmente. Não tem dado muito certo, mas preciso fazer a minha parte. Se é para ser novo que seja mesmo, então tenho torcido para que novos nomes surjam entre os campeões estaduais. No Paulista, minha reza falhou, mas não é preciso ser definido o campeão paulista para cravarmos que nenhuma boa novidade surgirá a partir disso. Os dois times são fracos e no Brasileiro, se nenhuma contratação for feita, serão apenas mais dois times cumprindo tabela. Venho destacando Vanderlei Luxemburgo e Tiago Nunes há algum tempo, mas corre o risco de não surpreenderem mais.

Na verdade, Luxemburgo está completando 40 anos de carreira e já demonstrou sua qualidade diversas vezes, no próprio Palmeiras, em décadas passadas, no Cruzeiro, Santos e Bragantino, em 90, quando foi campeão paulista. Não acompanhei a carreira de Tiago Nunes, mas dava gosto ver o Athletico Paranaense jogar sob seu comando. Apurei que foi campeão pelo Luverdense, de Mato Grosso, Rio Branco, do Acre, e em diversas categorias de base, ou seja, percorreu o caminho certo. Mas é Luxemburgo quem está apostando mais na garotada, como Gabriel Menino e Patrick. Luxemburgo tem isso de bom, não fica cheio de dedos para lançar jovens talentos, mesmo que para isso seja preciso barrar Bruno Henrique, Lucas Lima e Scarpa. Mas a verdade é que os dois times não apresentaram absolutamente nada de novo, futebol sem graça e gols achados.

Tiago Nunes sempre foi acadêmico em suas declarações e fala do jogo como se fosse um engenheiro explicando uma obra. Luxemburgo não era assim, mas nas últimas entrevistas tem entrado para o time dos explicadinhos e só fala “marcação no primeiro terço do campo”. É Luxa tentando se enquadrar no “novo normal”. Em busca dessas novidades, tenho apostado minhas fichas nos times do interior e, por isso, torci para o Novo Hamburgo contra o Grêmio. Fugir do óbvio é isso! No Paraná, fui vencido e se classificaram Athletico x Coritiba. Em Minas, ainda pode dar Tombense, onde está trabalhando meu amigo Edinho, que fez história na zaga tricolor.

Na Bahia, o Atlético, de Magno Alves, vai disputar com o Bahia, de Roger, para quem torço muito. Roger, mil perdões, mas ser um “novo normal” é cravar no Atlético. Em Pernambuco, minha mandinga funcionou e deu Santa Cruz x Salgueiro, assim como no catarinense, que ficará entre Juventus, Chapecoense, Brusque e Criciúma, com Figueirense e Avaí de fora. Essa vida de se transformar em “novo normal” não é fácil, não. O secador  precisa ser de última geração! E para quem pensava em secar o português, esquece, o Flamengo, malandro, o trocou por um espanhol. Por fim, aproveitando a onda, os comentaristas bem que poderiam aderir novos jargões, deixando de lado “jogador de beirinha”, “atacante agudo” e por aí vai!

A PUREZA EM PESSOA

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Talvez não interesse a ninguém o meu choro, mas choro a cada morte anunciada na tevê. O mundo mascarado, políticos roubando respiradores, estádios vazios e o vírus devastando famílias. Outro dia soube que um senhor do andar de baixo estava contaminado por esse vírus maldito. Claro que quando esses casos atingem pessoas mais próximas, vizinhos e familiares ficamos mais assombrados ainda. É sinal que ele existe mesmo e nos aniquila, esfrega na nossa cara o quão somos frágeis. O futebol não me serve mais como distração e fico zapeando até encontrar algo que me anestesie. Olha o Wilson Simonal! Um showman! Olha que apresentação com a diva Sarah Vaughan!! Simonal foi um artista fora de série, se nascesse nos Estados Unidos seria um astro de Hollywood, da Broadway, mas aqui foi só mais um morto pelo vírus, não o Corona, mas o da injustiça e maldade.

Mudei de canal e parei em uma apresentação dos festivais da canção, que fizeram sucesso nas décadas de 60 e 70. O cantor Sergio Ricardo, que nos deixou há alguns dias, estava prestes a se apresentar. Ia cantar “Beto Bom de Bola”, mas já no anúncio a platéia caiu na vaia. Chorei porque fui muito vaiado em minha carreira. E não foi pouco. Mas ele perdeu a paciência e quebrou o violão. A platéia estava tomada pelo vírus da falta de respeito e educação. Os vírus sempre nos rondaram, alguns matam, outros nos envergonham, nos corroem aos poucos. Quero dormir, mas tenho medo dos pesadelos. Acordado tento controlá-los. Nos meus tempos de doidão já teria cheirado várias carreiras e entornado duas garrafas de champanhe. Mas, hoje, encaro todos os vírus de frente, estou puro há 20 anos. Nada me abala, mas choro,  tenho chorado muito.

O jornalista Pedro Mota Gueiros me definiu como agridoce, um doce reclamão. Sou amigo de muitos jornalistas e discordo do pensamento de grande parte dos que habitam as mesas redondas atuais. Mas é apenas uma questão de ”gosto futebolístico”, assim como não aprovo a escola gaúcha e muitos deles a reverenciam. Prefiro Telê mesmo perdendo duas Copas a Felipão ganhando uma. Da mesma forma que muitos não gostavam do meu futebol. E por falar em mesa redonda, mudo de canal e me deparo com o anúncio da morte inaceitável do jornalista Rodrigo Rodrigues. Há tempos venho evitando os programas esportivos, mas quando ele estava apresentando eu sempre dava uma paradinha e acabava ficando porque ele carregava uma pureza, um ar juvenil, raro nos dias de hoje.

Era como se discutisse futebol em uma roda de amigos da faculdade. Não era um especialista, um sabe tudo ou um desses que buscam audiência a qualquer preço. Era um menino, não sei a idade, mas era um menino, sim. Misturava música com futebol e isso fazia toda a diferença. Por isso, admiro tanto o jornalista João Carlos Albuquerque, um Canalha agridoce, que enxerga o futebol como uma bela canção. Futebol é suingue, dança, balé. Desliguei a tevê e fui caminhar na praia, chorar mais um bocado. No banco do calçadão, um jovem tocava violão, uma afinação de aliviar a alma. Seria um violonista imaginário? Talvez. Sentei-me a seu lado. O músico parecia Rodrigo, talvez fosse. Me senti protegido, amparado e, juntos, miramos o mar por horas e horas.