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PC Caju

SALVE FERNANDO DINIZ

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Vamos falar sinceramente? Então, vamos. Existem os torcedores que debatem o futebol de forma consciente, justa, sem clubismo, e os que gostam de zoar, provocar os rivais, criar polêmicas, incendiar as resenhas. Falo desses que, por exemplo, chamam Zico de pé frio e esculhambam os jogadores, alguns cracaços, que nunca venceram uma Copa. Só posso considerar isso uma piada, afinal Zico foi um dos maiores de todos os tempos. Essa introdução é para falar sobre o trabalho de Fernando Diniz.

Há alguns anos venho destacando isso, mas a imprensa o menospreza e até, em alguns casos, falta com o respeito, o ironiza, alega que seus times não tem consistência e todas essas baboseiras vindas desses comentaristas que nunca chutaram uma bola. Mas, nesse domingo, após a vitória maiúscula do São Paulo por 4×1 no Flamengo, os comentaristas, um em especial, disse que, agora sim, o São Paulo estava credenciando a ser um dos candidatos ao título. Isso é uma grande palhaçada. Isso não é um elogio ao São Paulo, mas ao Flamengo. O rubro-negro já sofreu algumas goleadas exatamente pela forma ofensiva com que joga. Levará outras. O São Paulo também já foi goleado e mesmo assim nunca deixei de elogiar o trabalho do Diniz, assim como exaltava o de Jorge Jesus.

O trabalho que Diniz faz com os jogadores é básico, mas importantíssimo para suas carreiras. Diniz treina exaustivamente os fundamentos, o que, claramente, não vem ocorrendo com o Galo, de Sampaoli, que também gosto. Se o Volpi pegou dois pênaltis é sinal de treinamento. Diniz vive na corda bamba porque arrisca, ousa, totalmente ao contrário de Odair Hellmann, técnico do Fluminense, que vem conseguindo avançar usando a velha e ultrapassada estratégia da escola gaúcha. Me perdoem os tricolores, mas o Fluminense joga feio.

O time do São Paulo não é milionário e alguns garotos já se destacam. Ainda cometem erros primários, mas por conta dessa ousadia vimos surgir Brenner. Por isso, desaconselho que os comentaristas repitam que só agora, após vencer o Flamengo, Diniz surge como candidato ao título. Outro dia, um locutor, que agora também é comentarista _ mas quem não é comentarista? _ afirmou que Pedro já é melhor do que Lewandowski. Como levar a sério essa turma que prefere, a todo custo, ficar bem com os rubro-negros, mesmo que de forma constrangedora, do que debater futebol de forma consciente. Nesta semana, meus ouvidos doeram quando um narrador disse que o jogador “ligou o piloto automático”. Por um segundo achei que estava assistindo Fórmula 1! Pior que até os jogadores estão se contaminando com esse vocabulário e, durante uma entrevista, um deles disparou que “o time joga no X1 e está sem identidade”. Melhor parar por aqui!

ELES ACHAM QUE SOMOS IMBECIS?

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Flamengo, Galo ou Inter, tudo leva a crer que um desses três seja o campeão brasileiro. Três treinadores estrangeiros, três estilos diferentes. Flamengo, o mais técnico e ofensivo, Inter provando que dá para conciliar técnica e força, e Atlético, time que aposta na intensidade, mas que ainda não me convenceu.

Adoro o Sampaoli, mas mesmo sendo o clube com mais tempo para treinar, por disputar apenas uma competição, é o que mais peca nos fundamentos. Keno, o principal jogador, erra demais e contra um esquema defensivo bem armado, como aconteceu com o Sport, o time fica rodando de um lado para o outro, insistindo nas mesmas jogadas, sem sucesso.

Inter e Flamengo estão muito mais bem treinados e o Flamengo tem a vantagem de ter jogadores de mais qualidade, como Everton Ribeiro, Gerson e Pedro. E ao Inter falta um jogador de velocidade para ajudar nos contra-ataques.

Mas para não dizerem que gosto apenas de treinadores estrangeiros, assisti o ótimo jogo entre São Paulo x Fortaleza, de dois técnicos que admiro, Fernando Diniz e Rogério Ceni. Dá gosto ver times bem treinados. Deu Diniz, após uma disputa de pênaltis eletrizante! Bom ver surgir Brenner, um bom atacante. Outro bom de ver jogar é Claudinho, do Bragantino. Tomara que vinguem.

O que continua chato demais, beirando o insuportável, são os comentaristas querendo dar aula de futebol. Tem dois ex-jogadores que estão passando dos limites. No excelente jogo entre Flamengo x Inter o locutor, a pedido dos internautas, pediu para o comentarista explicar o que significava a expressão “quebrar a bola”, que ele já havia usado umas duzentas vezes. A resposta deve ter deixado o pessoal mais confuso ainda.

Tem uma comentarista que segue a mesma linha, se acha, e é posicional para lá, marcação alta para cá. O que eles acham, que somos imbecis? Falem a linguagem do torcedor! Se está precisando de tradutor é porque tem algo de errado. Vamos entrar na geração do futebol com legenda. Vou seguir os conselhos de amigos que se cansaram de ouvir tantas baboseiras, deixar a tevê no mudo e ouvir pelo rádio. Genial, adeus último terço!

Em tempo, falamos do VAR na última coluna, mas é importante ressaltar que na Inglaterra ele também falha! No clássico entre Manchester United x Chelsea, o árbitro de vídeo ignorou um pênalti escandaloso para os visitantes!

ESSE PAÍS NÃO É PARA AMADORES

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Nessa semana, Leonardo Gaciba, chefe de arbitragem da CBF, viu-se em maus lençóis, após assumir que já houve erro humano na aplicação das linhas de impedimento do VAR. Para piorar, mudou o quadro de árbitros do jogo entre São Paulo x Grêmio e está sendo metralhado pela diretoria de alguns clubes. Já era esperado, claro. A manipulação de resultados é algo que precisa ser investigado urgentemente pelo Ministério Público e Polícia Federal.

Em outubro de 82, quando eu jogava na França, a revista Placar estremeceu os pilares do futebol com uma matéria espetacular, que trazia na capa uma bomba: DESVENDAMOS A MÁFIA DA LOTERIA ESPORTIVA. Foi um trabalho criterioso, maravilhoso, do jornalista Sérgio Martins, que revelou o envolvimento de 125 pessoas, entre jogadores, dirigentes, árbitros, técnicos e personalidades no esquema de resultados. Foi estarrecedor porque havia muitos amigos envolvidos, inclusive dois campeões do mundo. Anos depois alguém duvida de uma possível manipulação de resultados? Eu, não. E falo muito sério quando peço a intervenção do Ministério Público, Polícia Federal e jornalistas investigativos.

É inadmissível que sites de apostas patrocinem clubes. Se vocês não sabem, no final do ano passado 13 clubes estampavam em suas camisas o patrocínio de empresas de apostas, incluindo gigantes, como Flamengo (Sportsbet.io), Corinthians (Major Sports), São Paulo (Betsul) e Botafogo (Casa de Apostas). Mas ainda tem Betsul, NetBet, PPPoker, Pansudo Poker e tantos outros. Antes eram proibidos, mas foram regulamentados. Vários jogadores são garotos propagandas dessas empresas de apostas, como pode isso? Como não acreditar em manipulação?


Pelo que me informei os jogos de azar já são o sexto colocado em investimento em clubes, atrás das áreas de saúde, alimentação, construtoras, instituições financeiras e material esportivo. Mas alguém vai falar que isso faz parte da modernidade do futebol, que tenho que me conformar. O futebol virou um grande balcão de negócios. Treinadores empresariam jogadores e ex-jogadores são consultores de clubes e comentaristas. Hoje, ex-jogadores são comentaristas e apóiam campanhas para presidência de clubes, tudo na maior cara de pau.

Como dizia Tim Maia aqui vale tudo. Na verdade, Tim Maia dizia que esse país não podia dar certo, afinal aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme e traficante é viciado. Ele não podia imaginar que sites de apostas patrocinariam clubes de futebol. Definitivamente, esse país não é para amadores.

SHOW DE HORRORES

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Nesse fim de semana, o VAR nos proporcionou um show de horrores. Já não basta o torcedor estar frustrado com a qualidade das partidas e o VAR ainda consegue piorar tudo. Várias vezes, escancaradamente, quiseram interferir na decisão do árbitro e em algumas, como no pênalti marcado para o Fluminense, conseguiram. Algumas mãos dentro da área foram marcadas e outras não, zero de critério. Os próprios analistas da Central do Apito, da Globo, entraram em desacordo com as decisões dos árbitros. E sem falar nessa história de anular gol por meia unha. Isso pode funcionar para tênis, vôlei, mas para futebol não tem nada a ver. Que coloquem pelo menos um corpo à frente, mas do jeito que está é injusto.

“PC, O VAR é uma máquina de forjar resultados”, reclamou comigo o flanelinha que trabalha em frente ao meu prédio. Na Europa, não é assim, mas no Brasil a população desconfia de tudo, afinal aqui o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) manda libertar o traficante mais perigoso do país. É realmente uma pena, mas a realidade é essa. No Brasil, as torcidas organizadas continuam agindo impunemente, já invadiram o treinamento do Figueirense, já agrediram jogadores do Corinthians e, agora, pedem a cabeça de Vanderlei Luxemburgo, a tal da Mancha Verde.

Nesse país, um técnico como Mano Menezes, que já foi de seleção brasileira e que deveria ser um líder, uma referência para os jogadores, chama um árbitro de “vagabundo” sem qualquer constrangimento. Isso é uma vergonha para as cores do Bahia. Mano deveria ser punido. Mas aqui é o país do vale-tudo e só por conta disso o ex-presidente do Cruzeiro continua solto por aí, circulando com o seu carrão, mesmo após ter quebrado o clube, que nessa última rodada sequer conseguiu vencer o Oeste, último colocado da Série B. Na verdade, os dirigentes que detonaram com o patrimônio de Portuguesa, América e tantos outros continuam na área. No futebol, ninguém é preso.

Não por acaso, a audiência em outros esportes está crescendo. O NBA fatura cada vez mais e olha que o público é bem menor. Isso chama-se organização. Na sala de um amigo meu, seus dois filhos jogavam FIFA e achei curioso porque a narração e os comentários eram feitos por profissionais, como Silvio Luiz e Caio Ribeiro. “PC, em poucos anos o E-Sports terá mais público do que o futebol profissional”, profetizou o pai dos meninos, especializado em tecnologia. Não duvido, afinal a dupla jogava no exato horário de Brasil x Bolívia, jogo em que os comentaristas vibraram com a atuação da seleção e chegaram a chamar de atuação de gala, mesmo sendo contra um time de funcionários públicos bolivianos. Esse país é muito estranho.

O ARQUITETO DO LÍDER

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Agora, com os estádios vazios fica fácil ouvir as orientações dos treinadores. Durante Corinthians x Bragantino, sem qualquer constrangimento, Maurício Barbieri e Coelho pediam aos jogadores: “Agride a bola!”, “Ataca a bola!”. O resultado foi um dos piores jogos dos últimos tempos. Só não foi pior do que Fluminense x Botafogo, com 170 passes errados. Mas ao fim da partida tanto Odair Helmann quanto Bruno Lazaroni consideraram os desempenhos satisfatórios. Odair poderia ter saído com a vitória, mas, novamente, deu um tiro certeiro e correu para trás das barricadas, buscou abrigo. E, aí, o louco é Jorge Sampaoli, que dispara a metralhadora giratória e salve-se quem puder.

Jogar bonito, ofensivamente, virou sinônimo de loucura e irresponsabilidade. Jorge Jesus fez isso e mudou de patamar, passou de Jesus a Deus. Já falei isso e repito, Sampaoli é aluno de Bielsa. Vejam o Leeds, de Marcelo Bielsa, jogar. Dá gosto! Observem os volantes de Leeds e Atlético mineiro. Nem devem ser chamados de volantes porque não são cães de guarda, distribuidores de pancadas. Sinceramente, tenho dó de certos profissionais que, nota-se, sabem jogar bola, mas por total falta de orientação entram em campo para desarmar, bater e só. Veja o caso de Andrei, do Vasco. É um cartão por jogo, seja vermelho ou amarelo. Hudson, do Flu, é outro. Isso prejudica o time, o grupo, a evolução de um trabalho. Ramon foi um jogador maravilhoso, esbanjava técnica, mas será que está conversando com os jogadores, isoladamente, entendendo os pontos fracos de cada um?

Coelho ficava andando de um lado para o outro, fazendo caras e bocas. Isso não funciona. Não é porque Jorge Jesus e Sampaoli fazem que deva fazer. Isso não é uma modinha. Marcelo Chamusca está há 1 ano no Cuiabá e, não por acaso, o time é o líder da Segunda Divisão e apresenta um conjunto bem interessante. Ganhou de um Cruzeiro, que já teve uma penca de treinadores e está desfigurado. Vocês vão me ver reclamando sempre por aqui porque o que se tem para elogiar é muito pouco. Mas os comentaristas tentam, de forma acadêmica, mostrar que não é bem assim. No domingo, durante a transmissão de um desses shows de horrores, um ex-jogador, que certamente fez o curso para treinadores, e hoje é comentarista, em menos de um minuto falou três vezes “posicional”. Não é pegar no pé, não, mas posicional é o……Kkkkk!!! Jogo ruim é jogo ruim.

Na Rádio Tupi, após Flu x Bota, perguntaram o que Gerson, Canhotinha de Ouro, achara da partida. O Papagaio disse “Boa tarde” e foi embora. Para fechar, vou sugerir aos treinadores que mandam os jogadores agredirem e atacarem a bola, e que não conheceram Armando Nogueira, para lerem um texto seu chamado “A Bola”, que narrado pelo saudoso Paulo José fica mais lindo ainda: “Brincar contigo é descobrir a harmonia e o equilíbrio do Universo. Brincar contigo é brincar com Deus, de cuja plenitude nasce a esfera – a inspiração da bola. Bola é magia, bola é movimento….”.