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PC Caju

MARADONA FOI UM GÊNIO DA BOLA, NÃO UM DEUS ACIMA DO BEM E DO MAL

::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Juan Mabromata/AFP

Nunca fiquei em cima do muro e não seria agora, aos 71 anos, que eu ficaria. Maradona foi um monstro jogando bola e até uma vovozinha que não acompanha futebol sabe disso. Mas, sinceramente, acho essa idolatria exagerada. E nem falo dos argentinos, mas dos brasileiros. O que o Maradona fez, além de jogar um belo futebol, para estar sendo tratado como santo? Por que ele vem sendo reverenciado como um Deus, acima do bem e do mal?

Quando falam do Pelé nas redes sociais sempre aparece uma turma que, mesmo sem conhecer a real versão do caso, vem lembrar de uma filha não assumida pelo Rei. É incrível como pisoteamos nossos ídolos e admiramos a grama do vizinho. Maradona fez gol de mão, atuou dopado e “envenenou” os jogadores brasileiros, tudo em Copas do Mundo. Depois ainda deu entrevista em rede nacional divertindo-se com a situação, gozando do lateral Branco que bebeu a água batizada.

Maradona apareceu em público, incontáveis vezes, drogado, pagando mico, tirando onda com os brasileiros. Que exemplo Maradona foi para os jovens? O exemplo que deve ficar para os jovens é que ele poderia estar aqui até hoje, se não fosse o efeito devastador das drogas. Acho que essa idolatria deve ir até a página dois. Garrincha também teve problemas com alcoolismo e a mídia nunca o tratou com a devida relevância.

Se Maradona ganhou uma Copa sozinho, o “bêbado” Garrincha, o Charles Chaplin dos gramados, também. Garrincha até hoje é tratado como um coitadinho, como um matuto, um idiota, que achava que a Copa do Mundo era um torneiozinho de merda, me desculpem a expressão. Garrincha foi anos luz mais genial do que Maradona e morreu pobre. Pelé nunca fez um gol de mão, nunca batizou água dos adversários, nunca jogou dopado e, apesar de único, incomparável, sem igual, ainda é esculhambado por torcedores.

Na internet, quando são exibidos vídeos com as jogadas preciosas do Rei muita gente diz que os marcadores eram ingênuos, que isso, que aquilo. Mas nos vídeos do Maradona fazendo embaixadinhas no treino, óóóó, que gênio!!! Vejam os vídeos de Ronaldinho Gaúcho e entendam o que é habilidade. O próprio Zico é massacrado nas redes sociais por nunca ter vencido uma Copa do Mundo, o chamam de amarelão e outros nomes impublicáveis.

Eu mesmo fui viciado por quase vinte anos, já parei há dezoito e continuam me chamando de drogado. Se o Maradona é considerado um ídolo de carne e osso, que cometeu erros e tem fraquezas como todos nós, que seja tratado como somos, sem idolatrias e histerias. E lembrem-se, nossa grama não é sintética, não é de plástico, como a do vizinho. Nossa grama é raiz e nela surgiram gênios que encantaram o mundo, ídolos BRASILEIROS que merecem respeito. O argentino Maradona tem o meu máximo respeito. O problema é que não estamos regando nossa grama e ela vem morrendo aos poucos.

O FUTEBOL PIOROU E O RACISMO TRIPLICOU

::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::


Na década de 60, em uma excursão pelo Sul, com o time do Botafogo, me deparei com um cartaz na porta do restaurante em que íamos almoçar: É PROIBIDA A ENTRADA DE NEGROS. Claro que até hoje essa mensagem retorna à minha mente, volta a me atormentar. Se eu insistisse em entrar, gritasse com o porteiro, talvez tivesse o mesmo cruel destino de João Alberto Silveira Freitas, assassinado há alguns dias por seguranças do Carrefour, também no Sul do país. O que mudou de lá para cá? O futebol piorou e o racismo triplicou.

O americano George Floyd foi assassinado em maio desse ano e o mundo se mobilizou. Manifestações, discursos, planos de marketing, palanques e muitas camisas com a inscrição VIDAS NEGRAS IMPORTAM inundaram as ruas. Camisetas com o design bonito, cores chamativas, o velho e bom oportunismo de sempre. Aí vendem adesivos, plásticos para carros, canecas, uma farra. Os negros devem se mobilizar, se candidatarem, vencerem as eleições e criarem leis justas e eficientes. Os jogadores de futebol nada falam e vivem seu mundo de fantasia, alheios a tudo e a todos. E de depoimentos também já estou cheio!

As empresas estão pouco se lixando e agem como os times que vão jogar na casa dos adversários: seguram a pressão dos primeiros quinze minutos, depois tudo volta ao normal. Mas o que esperar do mundo do futebol se em plena pandemia os jogos acontecem naturalmente? Pior são os locutores e repórteres de campo trocando informações sobre o tema com a maior naturalidade…. ‘’O Santos entra em campo desfalcado de 10 jogadores…”. Mas o minuto de silêncio no início da partida não pode faltar, afinal é importante passar uma imagem de pesar para o telespectador.

Os sindicatos não falam nada e os jogadores nunca falaram mesmo. Quem é a liderança dos jogadores, quem representa a classe? Quem representa os negros, quem nos representa? Os supermercados têm seus representantes e são poderosíssimos. Já já a classe artística vai preparar uma live sobre o tema Carrefour, algum gênio vai compor uma música que será cantada por celebridades e dessa forma poética vamos tapando o sol com a peneira. Nos faltam líderes, referências, ideias, luz. Não é só esse vírus que nos tranca em casa, mas o medo dessa truculência, o medo de estar só em um mundo de loucos.

PAGAR PARA VER A SELEÇÃO?

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Quando eu era pequeno me lembro claramente dos mais velhos se mobilizarem para assistir uma partida da seleção, mesmo os amistosos. Desde cedo, as resenhas aconteciam nos bares e ruas. Quem seriam os titulares, quem eram os destaques do time adversário? O clima era contagiante. Qual time teve o maior número de jogadores convocados? Normalmente, Botafogo, Cruzeiro e Santos venciam. Vasco teve uma época que cedeu vários. Quando o jogo era fora do Rio os radinhos de pilha não desgrudavam das orelhas.

Mesmo no trabalho, o torcedor dava seu jeito de ouvir. Na tevê, Bombril da ponta da antena para melhorar a imagem. Os locutores triplicavam a emoção e eram especialistas em palpitar nossos corações. Anos mais tarde, já profissional, acompanhei as ruas sendo pintadas e enfeitadas. Ontem, à noite, me liga um amigo, Guilherme Meireles, perguntando onde estava sendo exibido Brasil x Uruguai, jogo das Eliminatórias. Vou repetir, Brasil x Uruguai, clássico internacional, de lendária rivalidade.

Pouco me importa se eu não dou ibope para essa seleção, mas muitos torcedores gostam e deveriam ser respeitados. Zapeei pelo Sportv, Fox, ESPN, Band Sports, Globo, Record, TNT, SBT, PDT, PSOL, LSD, o escambau. Libertadores passa no SBT e outro dia um jogo da seleção foi transmitido pela TV Brasil. Os jogos do Athletico Paranaense ninguém consegue ver, os do Flamengo depende, uma avacalhação total.

Retornei a ligação para Guilherme perguntando se ele havia desvendado o mistério. Parece que a Globo não se acertou com a empresa dona dos direitos desse jogo, respondeu ele. Até aí, tudo bem. Mas em qual canal está passando? “Sei lá, um setencentos e tal, mas só pagando…”. Peraí, pagar para ver essa seleção, vou continuar vendo Animal Planet, disse e desliguei. É como comentou acertadamente Wilker Bento, um leitor da coluna: Não importa se a seleção é boa ou ruim, mas se é apaixonante. E essa está longe de nos emocionar e encantar.

SHOW DE MEDIOCRIDADE

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Sei que muita gente vai falar que o PC é rabugento, que nunca está satisfeito com nada, que acha que o futebol de verdade acabou na década de 70, blá, blá, blá, mas o que posso falar após Brasil x Venezuela e alguns jogos do Brasileirão? A atuação da seleção foi medíocre e o mais patético foi Everton Ribeiro e um outro jogador tabelando próximo à bandeirinha do corner, fazendo cera. E da beira do campo, Tite berrando “posicional, posicional”. Sem falar em Pedro errando uma bicicleta. Enfim, esse grupo não convence.

O lateral Danilo não pode ser titular de uma seleção brasileira. Na verdade, ele e vários. Infelizmente ainda dependemos de Neymar, mas é bom Tite saber que Neymar não é Maradona, nem Romário, Bebeto, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno e Rivaldo. Esses salvaram a pele de seus treinadores. Mas apostar no talento individual é um erro primário. Conjunto não existe e se a renovação vem sendo feita não surtiu efeito e, pior, ainda não deu esperança ao torcedor. A seleção não tem um líder, uma referência, e só lidera as Eliminatórias porque os adversários não existem. Vale lembrar que fomos eliminados por países europeus nas últimas quatro edições da Copa do Mundo e continuamos errando ao não enfrentar essas seleções durante a preparação.

Lembro perfeitamente das excursões que fazíamos na Europa e o resultado vocês já sabem! No Brasileirão, Ceni, a quem sempre elogiei, errou novamente ao abandonar o Fortaleza no meio do caminho. Ah, mas era para o poderoso Flamengo, vão argumentar alguns. E daí? Se tivesse ficado no Fortaleza sairia muito mais valorizado profissionalmente. E se por acaso não der certo? Vai pedir abrigo ao Fortaleza novamente? O Fluminense perdeu duas seguidas e o Vasco voltou a vencer. Dos técnicos estrangeiros, Sá Pinto é o que encarou o maior desafio. Se bem que Ramón Diaz terá muito trabalho pela frente. Teve um piripaque antes mesmo de assumir ou será que viu algum treino e passou mal, Kkkk!

E a Copa do Brasil vem provando o que já sabíamos, os times da Primeira e Segunda Divisão estão no mesmo nível. O VAR não deu um pênalti escandaloso a favor do Galo, beneficiando o Corinthians, que com um futebol horroroso, acabou perdendo mais uma. E vocês ainda esperam elogios da minha parte? Tudo bem, gostei das bermudas de Sá Pinto e Sampaoli. Os gringos encarnam nosso espírito melhor do que nós. Mais bermuda e menos ternos e camisas sociais. Mais molecagem, dribles e menos berros de “posicional”. Não merecemos isso.

VIROU BAGUNÇA

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Não sei para onde caminha o nosso futebol, mas rodada após rodada do Brasileirão e convocação após convocação para a seleção, imagino que seja um poço sem fundo. A seleção é uma depressão completa. Paquetá, Vinícius Júnior, Gabriel Jesus… sinceramente, para vencer essas Eliminatórias basta fazer um cata-cata de peladeiros que eles dão conta. A impressão que me dá é que virou bagunça. Jogadores medianos fazem dois, três gols e viram craques. Parece nossa cidade desgovernada, com bares loteando as calçadas com mesas e cadeiras, ruas esburacadas e sujas, carros estacionando em fila dupla, ciclistas na contramão.

Todos sabem que sou totalmente favorável ao intercâmbio no futebol, mas que seja com qualidade. Nunca vi tantos argentinos, colombianos, venezuelanos, angolanos e até japoneses sendo contratados, todos de nível baixíssimo. Claro que há exceções. Outra coisa, Honda, Luan, do Corinthians, e Ganso se arrastam em campo. Já fui fã dos três, mas não dá mais para defender. Não precisam ser velocistas, mas devem ser competitivos. Para andar em campo é preciso ser genial.

E também não dá para trazermos um caminhão de técnicos estrangeiros de gosto duvidoso. Por que não formamos técnicos? Também acho que muitos dos nossos treinadores estão desgastados, mas não temos capacidade de formarmos novos profissionais, que resgatem nossa forma de jogar? Está tudo errado! Já falei isso mil vezes, se não investirmos pesado na base vamos enxugar gelo.

Vejam o Tales Magno, do Vasco, sobe da base sem saber chutar e cabecear. Conhece de bola, mas ninguém o lapidou. Por isso, muitos vão para a Europa e voltam. O jogo inverteu e há anos são os europeus que dão as cartas. Compram e devolvem sem a menor cerimônia, como fizeram, por exemplo, com Gabigol, Gerson e Pedro, do Flamengo. Aqui deitam e rolam porque nosso campeonato é de quinta categoria. Já já Everton Cebolinha está de volta. E os que ficam por lá são meros figurantes. A verdade é essa, aceite quem quiser.

Chorei vendo Botafogo x Bahia! E Vasco x Palmeiras? E Inter x Coritiba? Os jogadores não sabem dominar uma bola. E esse Hudson, do Fluminense, um gladiador que deveria ser expulso no primeiro minuto de jogo. Já falam que Tiago Galhardo merece uma vaga na seleção. Devo estar ficando maluco. Se bem que nessa que está aí pode até ser. Mudo de canal e vejo que o Real Madrid também perdeu de quatro e Zidane, assim como Domènec Torrent, do Flamengo, também está sendo pressionado pela torcida.

É, talvez o mundo esteja de cabeça para baixo. Para não perder o costume, seguem as pérolas da semana disparadas pelos comentaristas: “jogador que joga por dentro ou por fora” e “escalar um jogador para chegar na rebentação”. Que onda!!