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PC Caju

NÃO BERREM, ENSINEM!

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Com os estádios vazios e os microfones das tevês abertos descortina-se o baixíssimo nível dos chamados líderes dos jogadores. Treinadores e integrantes da comissão técnica escancaram que são péssimos exemplos, pois xingam escancaradamente a equipe de arbitragem e em alguns casos os próprios atletas.

Essa história de os treinadores ficarem à beira do campo foi mais um dos retrocessos do futebol. Em toda a minha carreira, no Brasil e na Europa, nunca um treinador ficou berrando e dizendo o que o nosso time deveria fazer. Se essas orientações, que só servem para contribuir com a poluição sonora, fossem eficazes o meu Botafogo não estaria nessa situação porque o que o Barroco grita: “avança a linha”, “trabalha a bola”, “põe no chão”, “pega o corredor”……

Essa história de treinador jogar com o time não existe. O momento de conversar é no vestiário. O treinador não pode ser a estrela do espetáculo. No aterrorizante Fluminense x Botafogo com 30 minutos de jogo já eram contabilizados 47 passes errados e os “professores” Barroca e Marcão continuavam incentivando “boa”, “acredita”. Chega a ser patético. Ao invés de berrarem, ensinem. Definitivamente, os jogadores mais experientes não estão nem aí para essas “orientações” e os mais jovens, sem estrutura psicológica, podem ser prejudicados.

É uma pressão desnecessária. Mas virou moda. No currículo os treinadores devem destacar seus predicados: grito o jogo todo, suo muito e sempre preciso trocar de camisa, fico rouco ao longo da partida, xingo o árbitro e sou bom em chutar copinhos de água mineral. E nosso futebol só despenca. Os líderes perdem para os últimos colocados e os comentaristas dizem que o campeonato é o mais equilibrado do mundo. O Atlético-MG perdeu para o Vasco, o São Paulo empatou com o Coritiba, o Santos perdeu para o Goiás, o Flamengo perdeu para o Athletico e por aí vai!

Deveriam dizer que o torneio é nivelado por baixo e ganha quem souber se aproveitar disso! A verdade é que a crise técnica é mundial. Bayern de Munique e Real Madrid foram desclassificados por equipes de segunda e terceira divisões. Os gigantes Barcelona e Liverpool também não vão bem das pernas e o Atletico Madri, do xerifão Simeone, se destaca. Santos e Palmeiras estarem disputando a final da Libertadores é outro exemplo. Estou exagerando?

Na tevê, prossegue Flu x Botafogo. O goleiro Cavalieri leva um frango. Ninguém reclamou ou foi consolá-lo. Minutos depois, a bola sai pela lateral, talvez tentando fugir daquilo que pode ser tudo, menos futebol. Barroca reclamou do gandula. Barroca suava, estava rouco, orientou, xingou, andou de um lado para o outro, usou e abusou de todos os requisitos do manual de um técnico moderno, mas não surtiu efeito e o Botafogo, assim como o futebol em geral, despencam do abismo empurrados por seus próprios líderes.

A ARTE LEVOU VERMELHO

::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Existem algumas teclas do piano do futebol que já devem estar gastas de tanto que eu toco, mas repetirei quantas vezes forem necessárias porque não dá para ouvir certas coisas e ficar calado. Ontem, por exemplo, em mais uma atuação desastrosa do Botafogo, o “professor” Eduardo Barroca advertiu um jogador, não lembro qual, por ele ter dado um passe de efeito. Quem entende de futebol, na prática e não apenas na teoria, sabe que não foi uma firula, mas recurso.

Não sei, sinceramente, se Barroca já jogou na várzea, na praia, em quadras de cimento ou no paralelepípedo, mas sei que vários treinadores do futebol brasileiro nunca chutaram uma bola na vida. Ficam berrando à beira do campo: “ataca a bola!”, “ataca o espaço!”. E os comentaristas, que também nunca assinaram uma súmula, nos metralham com uma série de “quebra a bola”, “quebra a linha”, uma chatice. Os ex-jogadores que hoje analisam os jogos rezam a cartilha de algum cursinho e transformam as transmissões em um programa intragável.

Imaginem um técnico reclamando com Rivellino no momento em que ele aplicou o cinematográfico elástico em Alcir. A ousadia não pode ser censurada. Lembram do cruzamento de letra do Léo Lima? Se não fosse o improviso a bicicleta jamais teria sido inventada por Leônidas. E a folha seca de Didi? A arte e a rebeldia devem conviver em harmonia no futebol. Loco Abreu foi irresponsável quando arriscou cavadinhas em final de campeonato e até em Copa do Mundo? Para mim, foi um artista em dia de pura inspiração.

Já fiz embaixadinhas em frente ao Zé Dias, do Vasco, gol olímpico em Raul e deixei descadeirado muitos xerifões. E na final de uma Libertadores quando Joãozinho bateu uma falta furando a fila de Nelinho? E as “firulas” do genial Ronaldinho Gaúcho e a coleção de canetas de Fenômeno? Pedir para atacar a bola seria a mesma coisa que exigir de Zico um pancadão na cobrança de falta. Cesar Maluco certa vez, fez um gol, escalou o alambrado, pegou o copo de cerveja de um torcedor, bebeu e voltou ao campo. A galera endoidava!

Bira Burro fez um gol e foi abraçar Dadá Maravilha, seu adversário, tudo por conta de uma aposta. Hoje, o jogador corre para comemorar com a torcida e recebe cartão amarelo. Infelizmente, a arte, o improviso e a rebeldia levaram cartão vermelho e os treinadores viraram fiscais que ficam “na beirinha do campo” reprimindo os artistas e premiando os cavalos corredores e os cães de guarda.

BOTAFOGO SEGUE O CAMINHO DO CRUZEIRO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Quando o Vasco fez 1 x 0 fui dormir porque sei que o Botafogo não tem time para reverter um resultado e, pela manhã, não fiquei surpreso ao concluir o placar final: 3×0. Tenho 71 anos e ao longo dessa estrada venho acompanhando as destruições causadas pelos dirigentes, sanguessugas, destruidores de patrimônio, coveiros da memória. Vocês têm notícia de algum presidente, diretor, gerente, conselheiro ou vice preso? Não estão encarcerados e, pior, aproveitam-se da popularidade de alguns desses clubes, candidatam-se a cargos políticos. E me expliquem o que leva alguém a querer administrar, presidir, um clube falido?

Os clubes trocam de técnico como se bebe água, acumulam dívidas e deixam o abacaxi para as administrações seguintes. A CBF deveria dar uma freada nessa dança de cadeiras, pois é um jogo de interesses que só prejudica as instituições porque de alguma forma essas dívidas terão que ser pagas. E aí começa a dilapidação do patrimônio. Na Segunda Divisão, isso foi vergonhoso. Outro dia, vi a Portuguesa de Desportos comemorar a vitória em um torneiozinho. Portuguesa, de Enéas, Leivinha, Marinho Peres, Ivair, Badeco, Elói, Dener, Zé Maria, Djalma Santos, Julinho e Servilho. Jairzinho, o Furacão da Copa, já atuou pelo Noroeste. Por anda esse clube?

Muitos jogadores em fim de carreira atuaram pelo Nacional e Rio Negro, ambos de Manaus, pelo Operário, de Mato Grosso, e tantos outros. Os clubes estão minguando, a história se esvai pelos bueiros e ninguém faz nada. Os estádios são reduzidos, a torcida migra para outras modalidades e só nos restam as lembranças. O Cruzeiro correu o risco de cair para a Terceira Divisão, os times do subúrbio carioca foram soterrados por administrações desastrosas.

O Botafogo vinha falando de clube empresa e aguardava cair do céu a ajuda de uma família rica. “Quem dorme sonha, quem trabalha conquista” ensina a mensagem que vem colada aos pacotes de balas, que os meninos penduram nos retrovisores dos carros, nos sinais de trânsito. Botafogo, Portuguesa e Cruzeiro já conquistaram, viveram dias de glória, mas pelo jeito seus últimos presidentes não seguiram os ensinamentos da garotada dos sinais e agora estão engarrafados, sem saída, presos em um sinal vermelho que talvez não fique verde nunca mais.

OTIMISMO EM 2021?

::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Sei que o correto é iniciar o ano transbordando de otimismo. E tenho me esforçado para isso, mas foi duro demais ver a Praia de Copacabana completamente vazia nesse réveillon. Torço para que os prefeitos eleitos cumpram suas promessas e para que essa vacina chegue logo. No caso dos cariocas, eles precisam de duas injeções, a primeira, esperada pelo mundo todo, e que enxotará esse vírus maldito de nossas vidas, e a segunda, de ânimo, pois a Cidade Maravilhosa está entregue às baratas.

Sinceramente, acredito na vacina e em um Rio de Janeiro mais feliz. Isso, se deixarmos o futebol de lado, afinal existe a seríssima possibilidade de Vasco e Botafogo caírem para a Segunda Divisão, o que seria catastrófico, humilhante, inaceitável. E como tem coisas que só acontecessem com o Botafogo vi pela classificação da Segundona que o CSA, de Rodrigo Pimpão, e o Juventude, de Bochecha, dois ex-alvinegros, podem subir. E ainda sou obrigado a ouvir gracinhas de amigos dizendo que isso é praga e que essa dupla não poderia ter sido dispensada do clube. Só faltava essa!

Como o Cruzeiro não deve subir imagina-se uma Segunda Divisão bem complicada nesse ano. Esse foi o destino de, por exemplo, América e Portuguesa, de São Paulo. Ou profissionalizam-se ou somem do mapa. Sobre a Libertadores, posso estar enganado, mas está com toda a pinta que será vencida por Boca ou River mais uma vez. Gosto muito do trabalho de Marcelo Gallardo, do River, para mim um dos melhores treinadores do mundo, assim como Guardiola, eleito o melhor do século. A escola de Guardiola é uma luz no fim do túnel, afinal ele preza por um futebol ofensivo, de toque de bola, bonito de se ver. E no Brasil conta-se nos dedos os treinadores que apostam nessa filosofia.

Aqui a cartilha seguida é a do jogo feio, mas garanto o meu emprego. Ou seja, em 2021 a vacina chegará, o corona desaparecerá do mapa, mas o vírus da retranca continuará promovendo o distanciamento social dos torcedores do estádio. Sem falar do bando de almofadinhas inventando um linguajar insuportável nas nossas caras e afastando o telespectador do futebol. Chega!

O DIA EM QUE CAJU ZANGOU COM A GENTE

por Zé Roberto Padilha


O PSG, tendo Johan Cruijff como atração como seu camisa 10 para potencializar o quadrangular, Fluminense, Atlético de Madrid e Porto foram os convidados para disputar o Torneio de Paris. Em 1975.

No intervalo, eu e Carlos Alberto Pintinho, que estávamos no banco, atravessamos correndo o Parc des Princes em busca do autógrafo daquele que era considerado o maior jogador em atividade no planeta.

Um ano antes, sua Laranja Mecânica revolucionara o futebol e ele, Cruyff, era o capitão da Holanda. E fez um dos gols que eliminara a nossa seleção por 2×0.

Paulo Cézar Caju viu o nosso pique, o autográfo concedido e, na volta, não nos poupou diante do elenco. O termo mais simples que usou foi “seus juvenis” e o mais pesado “cabaçudos”. 

Segundo Caju, ele que deveria atravessar o campo e buscar o nosso autógrafo, especialmente dele e de Rivelino que foram tricampeões mundiais. 

45 anos depois, com a flâmula intacta e o autógrafo quase desaparecido, acho que todos estavam certos: PC por valorizar o futebol brasileiro, os juvenis cabaçudos por buscar uma lembrança do maior do mundo, e o Cruijff por jogar uma barbaridade naquela tarde e nos derrotar.

Fomos disputar o terceiro lugar e a flâmula autografada ganhou um brilho especial na estante porque o PSG ganhou o torneio. 

Quanto vale? No meu tempo tinha um leiloeiro, Ernâni, que resolvia. Será que ainda tem? Hoje, o juvenil cabaçudo tem 4 filhos, 4 netos e uma beirada pro Leite Ninho sempre ajuda. 

Quanto ao Pintinho…pode responder de Sevilha.