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PC Caju

COMBINADO QUE DEU CALDO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


O esquadrão que vestiu o uniforme do Vitória: Andrada, Carlos Alberto Torres, pintinho, Joãozinho, altivo e Rodrigues Neto. Em baixo, Osni, Rivelino, PC Caju, Fischer e Dirceu ./Reprodução

Ronaldo Fenômeno ou Romário? Figueiroa ou Reyes? Leandro ou Carlos Alberto Torres? Vivo fugindo desses desafios, na verdade nessas tentativas de provocações. Mas o que seria das resenhas se não fossem essas brincadeiras. Ontem, por exemplo, estava trocando ideias com Dr. Rômulo, rubro-negro, a cruzeirense Maria Celinha, conselheira do Juventus, da Mooca, quando recebi pelo zap uma foto, de 1976, de um combinado montado entre Fluminense e Vitória para jogar um amistoso contra uma seleção estrangeira. Vencemos por 3×1. Abri o link, rimos juntos e, claro, surgiu o inevitável questionamento: PC, esse combinado é melhor que a seleção do Brasileirão 2020?

Não lembrava dos eleitos, conferi e apostaria todas as fichas no combinado. O grupo atual é Weverton, Fagner, Cuesta, Gustavo Goméz, Guilherme Arana, Edenílson, Gerson, Claudinho, Vina, Gabigol e Marinho. O combinado era Andrada, Carlos Alberto Torres, Joãozinho, Altivo e Rodrigues Neto, Carlos Alberto Pintinho, Rivellino e Dirceuzinho, Osni, Fischer e eu. Olha, um timaço! Podem chamar de nostalgia, do que for, mas essa foto retrata, de forma incontestável, como o nível do futebol vem despencando ao longo dos anos. Nessa época, a nossa querida Revista Placar montava até três seleções se quisesse.

E é bom deixar claro que no combinado foram escalados jogadores de apenas dois times, sendo um do Nordeste. O Osni, baixinho daquele jeito, seria barrado em todas as peneiras de hoje. Era um excepcional atacante! Não vou comparar jogador por jogador porque não tínhamos posições fixas. Por exemplo, eu, Rivellino e Dirceuzinho podíamos jogar tanto na ponta-esquerda quanto no meio. Imagine esse jogo no campo antigo, com as dimensões maiores!! Os velocistas iam cansar rápido, hein! Mas deixa para lá….me despedi dos amigos, entrei no Uber e abri a foto novamente.

Estava totalmente mergulhado no túnel do tempo quando fui despertado pelo motorista, que me reconheceu: PC, desculpa incomodar, mas no seu time joga Gabigol ou Cláudio Adão? E a resenha continuou, afinal ela é o combustível do torcedor. Para fechar, os estaduais começaram e já ouvi uma pérola do comentarista: “o São Paulo é um time horizontal que tem um estilo de jogo vertical”. Como explicar?

ABRAÇADOS EM UM ATOLEIRO SEM FIM

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Se fizermos uma enquete para saber quem inventou o futebol acho que a grande maioria responderá Inglaterra, mas os pesquisadores garantem que a bola já rolava na China, Japão e Grécia há 2 mil anos e que os ingleses apenas criaram as regras, organizaram a casa. A verdade é que chineses, japoneses e gregos não evoluíram e, hoje, considero a Liga Inglesa a melhor do mundo. Salve, Guardiola!

Há muitos anos, o Brasil aprimorou e popularizou essa invenção. De nossos campos de várzea nasceram os melhores jogadores do planeta, os mais temidos, respeitados e admirados. Sempre fomos copiados, éramos referência e ao longo dos anos perdemos a credibilidade, o encanto, a magia, o suingue e até a vergonha.

Vasco, Botafogo e Cruzeiro, três potências do futebol, estão abraçados em um atoleiro sem fim. O trio junta-se a Ponte Preta e Guarani, duas máquinas de futebol da década de 70/80, Goiás, Coritiba, clubes tradicionais e de imensas e apaixonadas torcidas. A imprensa nunca se aprofundou para entender, esclarecer todo esse retrocesso e limita-se a apontar a falta de profissionalismo das administrações. Será que as tevês, federações e confederações não beneficiaram determinados clubes e levaram outros à penúria?

No Vasco, apontavam Eurico Miranda como o grande responsável, mas nada mudou desde a sua morte. O América desfez-se de seu patrimônio e praticamente sumiu do mapa. Queria entender o que foi, efetivamente, feito para salvar essa marca e tantas outras. No Brasil, 90% dos clubes devem estar endividados e o futebol é um mercado milionário, tão rico que o Inter pagou R$ 1 milhão para garantir a escalação de Rodinei. Não foi do Leandro, Carlos Alberto Torres ou Nelinho, mas do Rodinei. Sem querer menosprezar o atleta, mas isso só demonstra o abismo técnico que vivemos. Por ser muito atabalhoado, acabou chegando atrasado e foi expulso ontem, mas não considerei maldade.

São muitos pontos a serem discutidos, mas a imprensa insiste em exaltar falsos ídolos e apostar suas fichas em um ou dois clubes. Já até perdi as contas de quantos times assumiram a liderança neste Brasileirão! Estamos sem rumo, sem cabeças pensantes, doente. Podíamos pedir ajuda a três médicos que já brilharam em nossos campos, mas Dr.Sócrates está em outra dimensão, Tostão, recluso em Minas, e Afonsinho, aposentado, jogando peladas em Paquetá. Ou seja, sem vacina, nosso futebol seguirá sem previsão de alta, respirando com ajuda de aparelhos, nas UPAs nossas de cada dia.

MEU AMIGO MANGA

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


O Brasileirão está em sua reta final e meu Botafogo já garantiu sua vaga na Segunda Divisão. O Vasco deve seguir o mesmo caminho e alguns torcedores, irados, apedrejaram a entrada social de São Januário. O VAR continua gerando dúvida e os estádios não tem previsão de serem abertos ao público. A polêmica da vez foi uma falha no sistema no jogo entre Vasco x Internacional! Os comentaristas continuam me irritando e até quando teremos Leonardo Gaciba como diretor de arbitragem?

O próximo campeão desse campeonato medonho não terá nada de novo para nos apresentar, assim como o campeão da Libertadores não teve. Continuo na torcida por Guardiola, que há anos vem remando contra a maré. Mas não estou com ânimo para falar sobre esse futebol atual, ainda mais depois do sábado especialíssimo que vivi ao reencontrar o lendário goleiro Manga, o maior que vi em toda a minha carreira. Está no Retiro dos Artistas acompanhado de sua mulher, a equatoriana Maria Cecília.

É difícil explicar às novas gerações quem foi Haílton Corrêa de Arruda, o Manga, e todo aquele grupo espetacular do Botafogo, na década de 60, do qual depois, orgulhosamente, fiz parte: Paulistinha, Zé Maria, Nilton Santos, Ayrton Povil, Rildo, Garrincha, Didi, Amarildo, Quarentinha e Zagallo. Meu pai treinou esse timaço. Não quero desmerecer o Botafogo de hoje, mas me entristece demais ver toda essa história soterrada, manchada, tratada com desleixo. Ali, sentado, ouvi Manga reviver várias histórias que nem lembrava mais. Não usava luvas e chegou a jogar com dedos quebrados, cabeça rachada e diversos problemas físicos.

Não me peçam para comentar a vitória do Flamengo, me deixem mirar os dedos retorcidos de Manga e ouvi-lo contar sobre o dia que defendeu um chutaço de Nelinho com apenas uma das mãos. Manga foi campeão no Sport, Botafogo, Nacional, do Uruguai, Internacional, Coritiba, Grêmio e Barcelona, do Equador. É ídolo do Operário, de Mato Grosso. Me deixem pensar em Manga porque ele não dá para ser explicado. História linda, mas pouco reconhecida, o que não é de se admirar no Brasil.

Saí do Retiro com a alma aliviada e fui com os amigos Rodrigues e Leo Russo para o Bar do Helinho, ali perto. Helinho, esse mesmo, ponta ensaboado de Botafogo e Vasco. Pelo celular, falei com Edson, outro ponta do Botafogo. Daqueles que quando pegava a bola a torcida levantava. Por favor, não me peçam para falar do futebol atual, me deem uma trégua e me deixem sonhar.

PERDEMOS O PRESTÍGIO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


A eliminação do Palmeiras só foi novidade para os comentaristas clubistas que torcem ao invés de analisar. A final da Libertadores, uma das piores de todos os tempos, evidenciou um time covarde, apagado e que só venceu por conta de um erro individual. Mas essa estratégia medonha de jogar por uma bola nem sempre dá certo e dessa forma o elenco milionário do Palmeiras perdeu para o Tigres, que não está nem entre os quatro primeiros colocados do campeonato mexicano.

Foi a vitória da escolinha do Neca, lendário professor do Botafogo, que lançou muitos craques, entre eles Carlos Roberto, Nei Conceição e os irmãos Ferretti, Victor, Bruno e Tuca, técnico do Tigres. A verdade é que o Brasil vem perdendo espaço, prestígio, no cenário mundial do futebol. Uma prova contundente disso foi a compra do atacante Brenner pelo FC Cincinnati, dos Estados Unidos. Quando apenas a Europa levava nossos talentos considerávamos isso algo inevitável, mas a partir do momento em que mercados secundários fazem abordagens agressivas só vai sobrar o bagaço da laranja.

Já, já Austrália, Nova Zelândia e Islândia baterão à nossa porta. Dessa forma, o nível de nossos campeonatos será esse que estamos acompanhando. Até o Flamengo que vinha embalado Rogério Ceni conseguiu frear. A queda do Botafogo me deixou realmente assustado porque o time em nenhum momento pareceu estar jogando para escapar do rebaixamento. Certamente o pior grupo da história do clube e mesmo assim alguns “atletas” chegavam atrasados no treino e outros andavam em campo.

Em determinado momento da partida, o Botafogo precisando empatar, um alvinegro cai querendo atendimento médico. Não joga nada e quer massagem!!! Meu Deus, nessa hora é para comer grama, jogar de muleta e vai cair por causa de câimbra!!! Essas pessoas não podem passar pelo portão de General Severiano!!! Foi arrastado por dois parceiros porque não existe mais o maqueiro Mike Tyson, foi arrastado como o nosso futebol vem sendo há anos, tratado como entulho, jogado para escanteio. E, olha, se Mike Tyson ainda estivesse em atividade talvez se negasse a entrar em campo, pedisse substituição, se sentasse à beira do campo e chorasse conosco com saudade do que já fomos.

JOGUINHO FEIO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


“Que joguinho feio” talvez tenha sido a frase que mais ouvi durante a transmissão da final da Libertadores da América. Não do locutor da tevê, claro, mas de pessoas me ligando de cinco em cinco minutos. Sei que pode soar como bairrismo criticar uma decisão entre times paulistas, no Maracanã, mas sou obrigado a concordar: que joguinho feio! Na verdade, feio é pouco, a partida foi medonha! É o retrato do futebol na América Latina, nível baixíssimo. É inadmissível que Santos e Palmeiras sejam os melhores times do Brasil. Cuca até fez milagre com um Santos endividado, mergulhado em uma crise financeira gravíssima, mas o Palmeiras gastou uma fortuna para montar um elenco milionário que venceu, mas não convenceu.

O torcedor não está nem aí e tem mais é que comemorar, mas o português Abel Ferreira adotou uma postura covarde, típica dos retranqueiros brasileiros. O Palmeiras é um time sem novidades, que não nos surpreende, como são praticamente todos os times que disputam o Brasileirão. A crise técnica é preocupante e agora virou moda dizer que “fulano mordeu o adversário” ao citar uma marcação mais firme. A última grande novidade do futebol brasileiro continua sendo a passagem avassaladora de Jorge Jesus, que apostou todas as suas fichas em um futebol ofensivo e animou a galera. Nenhum treinador brasileiro, da nova geração, despontou e continuamos colocando em prática ideias ultrapassadas, praticando esse “joguinho feio”.

Estava no Maracanã acompanhado de alguns campeões do mundo e a falta de educação dos torcedores também foi outro ponto negativo: em pé nas cadeiras, cantando durante o hino nacional e sem máscaras. Cuca, após expulsão patética, juntou-se a eles e dali assistiu o lateral Pará falhar no gol do Palmeiras. O futebol da beirinha, posicional e que ataca a bola agoniza. “Que joguinho feio”, o torcedor está certíssimo. Ainda bem que não teve prorrogação, pois do contrário eu teria que ser deselegante e sair de fininho. Me despedi de Jairzinho e Brito e me deu uma saudade que vocês não fazem ideia…