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PC Caju

VIVA A HOLANDA

:::::::: por Paulo Cezar Caju :::::::


A crise é mundial e afirmo isso após assistir alguns jogos da Eurocopa. Falo com tristeza, afinal é na Europa que meu controle remoto vem estacionando há alguns anos, uma forma de fugir da mediocridade em que se transformou o futebol brasileiro. Mas a notícia não é 100% ruim porque as minhas seleções favoritas, Holanda e Bélgica, continuam me agradando muito. Treinada por De Boer, a Holanda, ao contrário do Brasil, nunca abandonou sua essência mesmo após não se classificar para uma Copa do Mundo. Sou fã de Rinus Michels, que criou essa forma de jogar, chamada por muitos de “Futebol total”.

Na verdade, eu deveria ter trauma dessa seleção holandesa, de 74, pois nessa Copa do Mundo perdi um gol contra eles que poderia ter mudado nosso destino. Mas perdemos para um grande time, como Rensenbrink, Neeskens e o genial Cruyff, sucessor de Rinus. Na Euro, de 1988, Rinus foi eleito pela FIFA como o melhor treinador do mundo e brindado com o título comandando um grupo espetacular, com Rijkaard, Van Basten E Gullit. Seguirei torcendo por eles e pela Bélgica. Também acredito na Itália de Mancini, bem mais leve e ofensiva, na França de Didier Deschamps e tenho que parabenizar a Ucrânia de Shevchenko, mas a Inglaterra me decepcionou.

Mas, na verdade, o grande show que a Eurocopa vem dando é na educação e civilidade. Não se ouvem gritos da área técnica, xingamento aos árbitros, simulações e violência em campo. No Brasil, a ausência de público expôs a qualidade das comissões técnicas, uma vergonha. No fim da partida entre Vasco x Brasil, os técnicos quase saem no tapa. Mas alguém vai dizer que na Segundona só se salvam os bons de briga, os que não se intimidam. Também falam isso da Libertadores. E é por conta dessa filosofia que nos afundamos cada vez mais. Tem que vencer o que jogar mais bola!

Sobre a seleção, sem comentários, ruim de doer, mas a mídia prefere dizer que Tite segue com 100% de aproveitamento, como se isso fosse um feito extraordinário, nenhuma crítica, só afagos. Pelo menos os times do Nordeste seguem bem na Copa do Brasil e no Brasileirão. Se o campeonato terminasse hoje o Fortaleza seria o campeão! Tenho sonhado com um time do Nordeste vencendo o Brasileiro e um africano levando a Copa do Mundo. Acorda, PC!!! Pior que acordei e dei de cara com Palmeiras x Corinthians. Santos x Juventude também foi de doer e não vou nem comentar de Cruzeiro x Goiás…meu Deus, onde está esse maldito controle remoto? Por falar em comentar, tive que ouvir um dos “analistas” dizer que a Holanda tinha perdido a intensidade, mas seguia tentando fazer a leitura do jogo, entrando pela diagonal. Deixa pra lá!!

JOGO DE INTERESSES

::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::


Meu Deus, chega, basta, alguém puxe o freio desse trem descontrolado do futebol brasileiro!!! Dentro de campo apresentações de fazer chorar. Alguém viu Vasco x Ponte Preta? Juro, sem exagero, em peladas do Aterro o nível é melhor. Pelo menos os times do Nordeste, meus preferidos, continuam aprontando. O CRB contra o Cruzeiro foi lindo e a goleada do Fortaleza no Inter melhor ainda. Mas e fora de campo? Sinceramente, nunca vi nada igual e me sinto enojado!

Vou pular a parte do presidente da CBF sendo acusado de assédio sexual porque o caso está sendo apurado, mas essa história de os jogadores se negarem a jogar a Copa América porque não teriam sido avisados sobre a mudança do país sede é uma grande palhaçada. Não acredito em nada do que falam. Os jogadores que moram fora do país não se interessam mais pela seleção, não tem qualquer comprometimento e já falei isso em outras ocasiões. Se não se interessam por Copa do Mundo vão lá se importar com Copa América?

O futebol está nojento, virou um bordel, um jogo de interesses próprios, uma guerra política, um balcão de negócios. O coronel Nunes assume o cargo de presidente da CBF pela terceira vez e não vejo nenhum jogador se posicionando sobre isso. Vale lembrar que ele esteve na presidência de 2017 a 2019, após Marco Polo Del Nero ser banido do futebol. Acreditem, não há santos nessa história. De um lado uma emissora de tevê que desvaloriza os produtos que não transmite, do outro o governo, inimigo número 1 dessa emissora, e ainda há a CBF que há anos vem sendo manchete de páginas policiais. E o futebol virou uma marionete nas mãos desses personagens. Ainda há os empresários que mandam e desmandam. Se não fosse assim qual o motivo de Gabigol ter iniciado como titular? Os clubes precisam vender os seus jogadores e a seleção é a melhor vitrine. E vender gato por lebre virou uma rotina. E assim como nossa seleção principal a olímpica também é dirigida por um gaúcho, André Jardine, de Porto Alegre. Me perdoe a pergunta, mas o André Jardine jogou “aonde”, “chupou laranja” com quem? Essa escola já deu, chega. Perdemos vergonhosamente para Cabo Verde, com Gerson, Pedro, Arana e vários outros considerados craques pela mídia, essa mídia que adora o último terço do campo. Já ouvi até falarem…

INJUSTIÇAS DO FUTEBOL

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Eu estava em Sarriá quando o Brasil perdeu para a Itália, um dos dias mais tristes da minha vida. Triste porque vi a arte ser colocada sob suspeita, vi artistas chorando, vi uma orquestra desmoronar do palco. Aquela geração merecia um título. Logo depois Parreira venceu uma Copa valendo-se da filosofia de que o importante é vencer a qualquer custo, mesmo jogando feio, de forma covarde. Claro que é sempre agradável ver Romário e Bebeto jogarem, mas aquela seleção não me convenceu. Senti uma sensação bem parecida com a derrota do Manchester City para o Chelsea porque também saíram perdendo o futebol coletivo e de qualidade. E, além do mais, não dá para considerar o Chelsea o melhor time do mundo. E só falta acharem que o Kanté merece a Bola de Ouro.

Gosto da escola alemã, mas Thomas Tuchel não é um adepto do jogo ofensivo. Torci demais por Guardiola, mas muito mesmo, porque ele tenta resgatar aquele futebol dos bons tempos. Da mesma forma, no Brasileirão, torço pelos times do Nordeste, que usam muito as pontas e sempre lançam jogadores velozes, que arriscam dribles e desarmam defesas. Bahia, Ceará e Fortaleza me agradam, são bons de assistir e não me decepcionaram na primeira rodada. O Sport está alguns bons degraus abaixo, mas o Confiança, na Segundona, cresce a cada ano e não venceu o Cruzeiro por acaso. Também sou fã do Bragantino e do Claudinho.

Sobre o Clube dos Riquinhos, apenas o Flamengo venceu. Palmeiras e Galo precisam investir o dinheiro com mais critério. No mais, sigo me irritando com a avalanche de estatísticas e informações desinteressantes passadas pelos comentaristas, que seguem inventando “times reativos”, “ligação direta”, “falso nove por dentro” e muito mais! Quando Rodrigo Lindoso fez o gol contra o Sport, fiquei sabendo que ele era o décimo nono jogador diferente a marcar na temporada. Bem interessante. A estatística divertida seria descobrir quantas mulheres de jogadores estão grávidas porque quase todos comemoram colocando a bola por baixo da camisa ou chupando o dedo. Lindoso foi um desses.

E Vasco e Botafogo, PC? Prefiro nem me alongar, mas posso garantir que 80% dos times da Série A que caíssem para a Segundona teriam dificuldades para voltar. Também sou bom em estatísticas! Peraí, o André Balada vai entrar no Sport. Deve ser a décima vez que ele volta ao clube! Mais uma estatística! Gol do Balada! É hora de dormir. Boa noite!

FUTEBOL É ESPETÁCULO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Não é segredo para ninguém que tenho minhas convicções e por isso fiquei muito feliz quando vi o lateral Daniel Alves, durante uma transmissão ao vivo, dedicar o título paulista a Fernando Diniz. A verdade é que a escolha do técnico argentino Hernán Crespo foi acertadíssima porque ele é adepto da escola de Marcelo Gallardo, que, assim como Diniz, investe em times vistosos, ousados e com bom toque de bola. Ou seja, Crespo pegou um grupo pronto, disposto a vencer e teve o trabalho facilitado. Torço muito por ele, assim como continuo torcendo para que Diniz siga montando times agradáveis de se ver. Os títulos serão consequência.

Quando critiquei as atuações do Palmeiras mesmo após a conquista da Libertadores é porque vencer sem convencer não me agrada. Ou será que os vascaínos comemoraram a vitória sobre o Botafogo? Nem Rogério Ceni está em condições de comemorar porque o rubro-negro não tem sido convincente como na época de Jorge Jesus. Totalmente o oposto de Guardiola que vem mantendo uma maravilhosa performance há anos, sempre apostando na filosofia de jogo, que também é a minha, a de que é possível conciliar força física, alta produtividade com arte e suingue. Futebol é um espetáculo, como uma orquestra, um balé, um desfile carnavalesco.

Mas outro dia vi um tetracampeão do mundo, que hoje é comentarista, afirmar que o importante é vencer mesmo jogando feio. Discordo com todas as minhas forças e justamente por conta desse pensamento pequeno é que nosso futebol perdeu a essência, sua forma de jogar, e está entupido de retranqueiros. Daniel Alves, ao vivo, disse que Fernando Diniz “é foda”. E é mesmo! É um incompreendido, mas deixa sua marca por onde passa. Por isso, o torcedor deve reconhecer isso.

Na Copa de 70, João Saldanha deveria ter sido reconhecido com mais veemência por sua participação naquele título. Reconhecer é um ato de nobreza. Daniel Alves atuou por vários anos na Europa, ganhou uma série de títulos e sua opinião tem peso. Mas assim como o tetra-comentarista, que diz que para vencer vale praticar um futebol covarde, muitos não reconhecem o valor da seleção e ouro, de 82, desdenham de quem nunca venceu uma Copa do Mundo e vão espinafrar Guardiola caso não vença a Liga.

Listo uma serie de pernas de pau que não mereciam ter uma Copa e dou mil vivas a Zico e os comandados de Telê Santana! Salve, Falcão! Salve, Leandro! Salve, Leandro! Salve, Oscar! Salve, Sócrates! Salve, Júnior! Salve, Éder! Salve, Cerezo! Salve, Luizinho! Salve, Paulo Isidoro! Salvem o nosso verdadeiro futebol!

Para contrariar os comentaristas atuais, trago uma tradução simples dos termos utilizados: primeira linha é, na verdade, a defesa, composta pelos laterais, beque central e quarto zagueiro; a segunda linha é o famoso meio-campo, formado pelo centro-média, meia-direita e meia-esquerda; por fim, o ataque virou a terceira linha, que reúne os pontas e o centroavante! Precisa complicar tanto?

RENOVAÇÃO JÁ

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


A convocação de Daniel Alves pode ter sido considerada justa aos chamados analistas de futebol, mas para mim ela é danosa e retrata com precisão a dificuldade, ou a falta de ousadia, em renovar esse grupo para lá de desgastado. Não vou nem falar em Thiago Silva, Gabriel Jesus, Firmino, Casemiro e Fernandinho, mas da filosofia que vem sendo usada. Essa seria uma oportunidade fantástica de investirmos em outros nomes, dar uma arejada nessa rodinha de amigos. Porque fico pensando se o Daniel Alves foi chamado novamente pela qualidade de seu futebol ou por pressão dos ‘’parças”.

Se classificar para a Copa do Mundo é a missão mais fácil da vida de um treinador. Mesmo fazendo muita bobagem os adversários são fraquíssimos e nos ajudarão a cumprir essa tarefa. O Lucas Veríssimo, do Benfica, foi a única novidade, um absurdo. É muito pouco. Se insistirmos nessa mesmice continuaremos andando para trás, sendo ridicularizados. Mas, quem levar, PC? Qualquer um que realmente sinta orgulho de vestir a amarelinha porque a verdade verdadeira é que os jogadores que atuam na Europa não fazem mais essa questão. Preferem uma Liga dos Campeões e competições regionais.

A falta de ousadia, pressão de empresários e meninos robotizados na base são ingredientes de nossa receita de insucesso. Recebi uma mensagem de Marcelo Carrara que reflete bem isso. O filho dele, de 10 anos, desistiu dos treinamentos por pressão do treinador da escolinha. Vários outros, de sete, também. Nessa idade, a garotada precisa ser totalmente livre, desenvolver suas qualidades, ser feliz. Aplicar fundamentos nessa fase é quase um crime contra o futebol-arte. No mais, quero agradecer a bela mensagem de Marcelo Fernandes, que me enviou a minha foto com Kubala, Puskás e Di Stéfano, um dos momentos maravilhosos de minha carreira.

O futebol pode ser maravilhoso, temos potencial para isso, mas não funcionamos com rédeas. Nos livrem dessas amarras e entenderão o que digo. Por fim, fico imaginando os geraldinos do antigo Maracanã, com ouvidos colados no radinho de pilha, escutando os comentaristas atuais: “O zagueiro zerou a bola, o ala amaciou, entrou por dentro, saiu por fora, fez a ligação direta e o atacante chapou a cara ou a orelha da bola em direção à bochecha da rede”. Teria cabimento um negócio desse?