Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

PC Caju

FUTEBOL OU ATLETISMO?

::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Não é novidade para ninguém que o futebol há tempos vem me irritando, mas essa irritação vem se transformando em boas gargalhadas, principalmente com os zaps que recebo e dos divertidos comentários de torcedores que me abordam na rua. O shortinho levantado é muito citado, a rapidez com que os técnicos são demitidos e contratados também. Marcelo Cabo saiu do Vasco e no dia seguinte já estava no Goiás e, agora, Péricles Chamusca saiu do Botafogo e já está no Náutico. São sempre os mesmos e, por isso, nosso futebol estacionou.

Semana passada, uma dessas cenas me chamou a atenção. O Confiança perdia, houve uma substituição e o jogador na beira do campo ansioso para entrar e uma pessoa do departamento técnico enrolada para instalar o GPS no atleta. Hoje, se o jogador não for maratonista não tem chance. Depois, para fechar com chave de ouro, a emissora mostra o mapa da movimentação, ou mapa do calor, uma espécie de aquarela, como as pinturas feitas por nossos filhos. E os lourinhos, PC? Verdade, o futebol está repleto de cabelos pintados. Para mim, não é moda, mas o símbolo da arrogância de uma geração que não joga nada e quer massagem. No meu tempo lourinho era Marinho Chagas e jogava uma barbaridade! Depois, lembro do Berg e do Rocha.

Impossível não lembrar também de Ademir da Guia e Samarone, o Diabo Loiro! Soube por amigos do Vasco que um jovem zagueiro renovou o contrato por R$ 200 mil. Sem qualquer tipo de menosprezo, mas quem no Vasco merece um salário desses? Quem no Botafogo ou na grande maioria dos clubes brasileiros merece? Estão brincando com a gente! E essa história de quebrar as linhas, PC? A turma gosta de me provocar. Os próprios “estudiosos” mecanizaram o futebol e agora quebram a cabeça para conseguir avançar. Ficam pulando de galho em galho para chegar ao “último terço” do campo.

O talento de um Ronaldo Fenômeno quebrava todos esses terços de uma tacada só, com aquelas arrancadas mágicas, e o de um Ronaldinho Gaúcho ia quebrando a base de ovinho e lençol. Se instalassem um GPS em Romário o equipamento teria pouquíssimo trabalho e talvez entendesse o significado de “atalho”. O tal mapa da movimentação só iria colorir as redes. Jairzinho, o Furacão, ia zerar o GPS e Dirceu Lopes ia mostrar o fino da bola.

Seguindo a mentalidade de nossos “professores” talvez fosse melhor substituir o campo de futebol por uma pista de atletismo com uma baliza na chegada. O primeiro a completar a prova estufaria a rede. Rivellino nem correria, faria o gol da largada, com uma batida linda e precisa. O futebol atual enterrou o improviso e agora não sabe quebrar linhas. Patético. Ainda ouvi o Lisca, técnico do Vasco, falar que o time precisa de mais força e imposição para alcançar os resultados! E o futebol? Nada? Estou de saco cheio dessa porcaria de escola!

O GENIAL GERD MÜLLER

:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::::


Impossível passar em branco, não falar sobre a morte do genial Gerhard “Gerd” Muller. Ainda após assistir mais uma rodada do Brasileirão e ouvir jornalistas sugerirem o ataque da seleção brasileira com Hulk e Gabigol. Se o He Man fizer mais um gol pelo Botafogo não duvido se o incluírem nessa lista, mas quem salvou o Botafogo ontem foi o zagueiro Joel Carli! O atacante do Mengão exibe os bíceps após seus tentos e os outros dois tem apelidos de super-heróis. É o mundo fantasia, do marketing, da ilusão, da enganação.

Gerd Muller, sem qualquer exagero, pode ser considerado o melhor centroavante da história do futebol alemão e um dos maiores do mundo. Teve enorme responsabilidade no título mundial, de 74, da Alemanha Ocidental e podem ter certeza que se o Bayern de Munique é o que é hoje muito deve-se a ele. Não era um centroavante estiloso e habilidoso como Coutinho, Quarentinha e Reinaldo, mas se destacava com uma eficiência de tirar o chapéu, metendo gol tudo que é jeito! Lembro com muita felicidade de Fluminense x Bayern, no Maracanã, 10 de junho de 1975, partida que marcava o meu retorno ao futebol brasileiro vindo do Olympique de Marseille, promovida pelo dirigente Francisco Horta.

O Flu entrou com Félix, Toninho, Silveira, Assis e Marco Antônio, Zé Mário, Kléber, Cafuringa, eu Rivellino e Mário Sergio. Tá ruim??? Mas o Bayern era bicampeão europeu e campeões mundiais: Sepp Maier era o maior goleiro do mundo, Franz Beckenbauer era o maior de todos os zagueiros e Gerd Muller era o maior artilheiro da história das Copas. E ainda tinham Rummenigge, Kapelmann… Mas deu tricolor, 1×0, gol contra dele mesmo, Gerd Muller. No final do jogo, fomos, Flu e Bayern, para uma boate, em Ipanema, alugada por Francisco Horta. Outros tempos!

Lembro com carinho também de quando fui convidado para participar da Seleção Master da Alemanha e atuei com a 10 ao lado dele, Breitner e cia. Não poderia esquecer também dos duelos em solo americano, quando Carlos Alberto Torres me chamou para jogar no California Surf! Quando deixou o futebol, em 82, Muller abriu um bar. Mas assim como eu o artilheiro alemão também sofreu graves problemas com o alcoolismo, perdeu dinheiro, bens e levou a família ao desespero. Tive a ajuda de amigos, ele também. Beckenbauer, além de pagar todo o seu tratamento ainda o colocou para treinar a base do Bayern. Morreu com dignidade e seria importante as novas gerações de jornalistas e torcedores pesquisarem sobre ele.

Vou dar um dica, ao invés de exaltarem os produtos de marketing escrevam Gerd Muller no Google e se deliciem. Sobre o Brasileirão, o Vasco perdeu para o Remo e deu sorte de não levar uma lavada, o Grêmio segue na zona de rebaixamento e, liderado pelo “valentão” Felipe Melo, o Palmeiras aplicou um jogo sujo e violento contra o Galo e saiu derrotado! Ainda tive ouvir em uma transmissão que o lateral entrou por dentro, no lado dominante, com o pé invertido! Não entendi nada e desliguei!

VIVA O NORDESTE

::::::: por Paulo Cezar Caju :::::::


Há um bom tempo venho escrevendo sobre a minha torcida pelos times do Nordeste e a belíssima vitória de 3×2 do Fortaleza sobre o Palmeiras alegrou o meu fim de semana. Alegrou porque há alguns anos esse resultado seria considerado zebra, mas o Fortaleza vem se organizando financeiramente, profissionalizando sua administração e montando times competitivos, agradáveis de assistir.

Nunca escondi que sou fã de Yago Pikachu, desde seus tempos de Paysandu. Para mim, melhor que todos os laterais convocados para a seleção brasileira na Era Tite. O técnico argentino Juan Pablo Vojvoda graças a Deus não integra a lista dos professores retranqueiros e vem nos brindando com excelentes apresentações. Apesar da goleada do Diego Aguirre, do Inter, gostava muito do trabalho do Miguel Ángel Ramírez, demitido precocemente!

Fernando Diniz, do Santos, e Maurício Barbieri, que deu continuidade ao bom trabalho que vem sendo feito no Bragantino, também merecem destaque. São treinadores que tentam fazer algo diferente nessa mesmice que virou nosso futebol. Mas estou em minha fase Nordeste e sabedor disso um amigo me enviou um balanço sobre as Olimpíadas: se fosse um país, a Bahia, contando apenas com atletas das modalidades individuais, estaria em 20º no quadro de medalhas, à frente de países de primeiro mundo, como Suécia, Dinamarca e Espanha.

Salve a Bahia, salve o Nordeste. Mas sou Botafogo e preciso dar uma olhadinha em sua performance. O time conseguiu vencer quatro jogos seguidos e espero que essa boa fase dure até o fim do campeonato! O adversário do fim de semana foi a Ponte Preta e o jogo muito fraco tecnicamente. A câmera focou em Gilson Kleina, técnico da Macaca e penso que deve ser a quinta ou sexta vez que ele volta para o clube. Nosso mercado vive nessa eterna dança das cadeiras, não evolui, dificilmente apresenta uma novidade interessante.

O locutor diz que Chay tem muita intimidade com a bola, a comentarista explica que o Botafogo baixa bem o bloco. Na minha época quem baixava bem o bloco era o Cacique de Ramos e o Bafo da Onça. Ela prossegue com “construção por baixo”. Na minha época isso era obra do Metrô. Segue com “cortador de bola”. Mudou, antes era cortador de grama. E para explicar o gol contra da Ponte Preta emendou com a pérola que fechou a minha noite: “o goleiro é moderno, não fica embaixo da baliza. É bom os zagueiros irem se acostumando com isso”. Nas minhas peladas, o goleirão já sairia berrando “É minha!” ou “Deixa!!!”. Preferi ir dormir a conviver com um jogo ruim analisado a base de caneladas.

CADÊ A DEMOCRATIZAÇÃO?

::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::


Confesso que não tenho ficado acordado a noite inteira para assistir as Olimpíadas, evento que acompanho desde dos lendários Adhemar Ferreira dos Santos, Aída dos Santos e João do Pulo. Lembro também da Heloísa Becker, o velocista César, o treinador Anunciato e sua esposa Neíde, representando o grupo do Botafogo, e José Telles, Sebastião Mendes e a campeão sul-americana Erika, representando o Flamengo.

Mesmo sem acompanhar atualmente, assim que acordo me informo sobre cada detalhe. E em todos esses anos a história vem se repetindo, ficamos do meio para baixo na tabela geral de classificação e só conquistamos medalhas por conta da superação de nossos atletas. Mas não falo da superação óbvia de superar o adversário, mas a de vencer todas as dificuldades que a vida os impõe desde o nascimento, a miséria, os dramas familiares, a falta de estudo, o treinamento em pistas e quadras inadequadas. E mesmo sem qualquer estrutura, ajuda financeira ou patrocinadores, esses heróis conseguem alcançar os índices necessários para disputar uma Olimpíada.

Aída dos Santos, em 1964, ficou em quarto lugar no salto em altura e foi a primeira brasileira a disputar uma final olímpica, mas viajou sem técnico e material para competir. O que mudou de lá para cá? Ouçam as histórias de nossos medalhistas atuais e verão que continuamos mendigando para competir. Por isso, a cada bronze, prata ou ouro a emoção é redobrada, o choro é mais intenso. Na verdade, essas feras não são atletas profissionais, são brasileiros profissionais.

O mais revoltante é que após a consagração surgem as grandes marcas, os políticos, os velhos oportunistas de sempre. Estou escrevendo enquanto assisto nosso time feminino de handball perder para a França. Por que o handball não recebe mais investimentos? Lembro que todos os colégios eram muito fortes nessa modalidade, não sei se ainda é assim. Mas falta um trabalho de popularização, de marketing, uma liga forte. Mas a verdade é que grande parte dessas ligas, federações e confederações vivem em guerra política.

Soube que tínhamos atletas nas finais de arremesso de disco e salto com varas. Se os esportes populares não recebem investimentos, imagine esses! Agora, na tevê, uma menina do atletismo chora durante a entrevista. Desclassificada, desabafa, diz que está sem patrocinador e com salários atrasados de seu clube. O jornalista não pergunta o nome do clube, não se surpreende, não se emociona, talvez considere mimimi de perdedor. As emissoras precisam da audiência e os louros da vitória, os novos ídolos, como Rebeca Andrade, Ítalo Ferreira e Rayssa Leal, a Fadinha, são chamarizes para publicidade, propagandas em seus canais.

Os derrotados que treinem mais, afinal os discursos clichês garantem que basta sonhar para a conquista ser alcançada. Eu, por exemplo, sonho com a verdadeira democratização do esporte, com chances iguais para todos e, dessa forma, eu ainda consiga ver negros disputando, por exemplo, natação, ciclismo, hipismo, vela e tênis. Sonhar não custa nada! Voltando para o futebol, ouvi um comentarista dizer que o jogador chapou a bola na vertical para achar um companheiro que estava entrando por dentro no ultimo terço do campo. É melhor eu continuar vendo as Olimpíadas!

A IMPRENSA É MANIPULADORA

::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Minha relação com a imprensa sempre foi de ruim para péssima e sei p quanto isso pode afetar na carreira. Nota-se pelos convidados dos programas esportivos, quase sempre os mesmos. Ah, também tem as avaliações das atuações dos jogadores nos jornais do dia seguinte. Os jornalistas pegam leve nos que apreciam fora das quatro linhas e sentam a mamona nos que tem simpatia ou não fazem parte do seu círculo de amizade. Sempre funcionou assim e sempre me irritou.

Da mesma forma acontece com os clubes, aqueles que a imprensa passa a mão na cabeça, na saúde, na doença, até que a morte os separe. A imprensa é manipuladora e tendenciosa. Se o treinador perde dois jogos o narrador, e nem falo do comentarista, já diz que ele está na corda bamba. Isso é de uma escancarada falta de profissionalismo. Basta comparar o tratamento que dão, por exemplo, ao Felipão e ao Roger.

Por onde passa o técnico do Fluminense imprime um estilo leve, bacana, de jogar bola, mas a imprensa o trata como mais um treinador. No par ou ímpar escolho fácil o Roger porque não é adepto do futebol covarde do Felipão. Mas Felipão é queridinho, assim como Vagner Mancini e Muricy. Se fosse Raí o gerente de futebol do São Paulo já estaria apanhando sem dó, nem piedade, mas com Murici a imprensa alivia.

Sinceramente, muito sinceramente, não gosto de queridinhos. Daniel Alves é outro exemplo. Na Europa, sempre foi lateral, mas aqui acha que é meio-campo, armador, apresentar ao mundo nossos novos valores. Na minha opinião, Olimpíada serve para escalar a garotada, fazê-la ganhar experiência. Algum lateral direito perdeu a chance de ser titular em um evento tão grandioso. Bato na tecla da renovação porque ela é necessária.

Há tempos vendo dizendo que está chegando a hora de um time do Nordeste ser campeão, mas a imprensa também não levanta a bola deles. Hoje, o argentino Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza, é o melhor estrangeiro em atividade no Brasil, mas a imprensa deve achar cedo para exaltá-lo. Se perder duas seguidas, o locutor já anunciará o seu destino e, se derem bobeira, ela dá o nome de seu indicado.

Agora, chega ao Rio mais um queridinho da imprensa, Lisca Doido. Sou do tempo em que o futebol era recheado de figuras folclóricas e eu adorava todas elas porque futebol é alegria. Mas pensando bem talvez o Lisca Doido esteja certo porque nosso futebol está de cabeça para baixo, coisa de doido, precisando de uma pitada de doideira.

Quer saber, acho que vou convidar o Lisca para um café comigo e meu parceiro César Maluco, artilheiro dos bons tempos, acho que vai dar samba, ah, eu tô maluco, ah eu tô maluco! E viva o futebol, viva Raul Seixas! Como a galera gosta, anotei mais umas pérolas que ouvi no fim de semana: “O time está fazendo ligação direta, tentando penetrar a zona colada da defesa adversária quebrando a bola”.