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PC Caju

ANÁLISES INSUPORTÁVEIS

::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::


Agora chegou a minha vez de perguntar! Chega de me enviarem enquetes, desafios, me abordarem na rua com questões diversas, me entupirem de questionamentos. Respondam-me: o que mais te irrita no futebol atual? São tantas que não saberia dizer. O comentarista afirma que para vencer o Flamengo é preciso marcar um gol no primeiro tempo. Ou seja, o rubro-negro não tem time para reverter um placar. A geração de comentaristas é a pior de todos os tempos, sem dúvida! Por falar nisso, amigos da coluna me enviaram algumas expressões ditas por eles. Vai aí!

O parceiro Walter Duarte ouviu um deles falar que “tal jogador coloca pressão na bola”. Tem que tomar cuidado pra não estourar! Kkkkk! O Sergio Roberto Souza lembrou de uma clássica: “O time gosta de jogar com a bola”. E quem não gosta? Teve também o Vicente Francisco lembrando que um desses doidos inventou a “descompactação obstrutiva do campo adversário”. Não entendi nada! Ainda separei uma que ouvi ontem: “Os laterais apoiam para alargar o campo”. Deixa pra lá…

Alguém me explique o Cruzeiro, em casa, jogando de verde e o CSA de azul. Também me irrita o goleiro que faz uma defesa e alega contusão. O jogador que recebe uma braçada no ombro e cai como se tivesse sido no rosto. Me irrita o técnico que após o seu time levar um gol busca explicações no mini tabuleiro de botão. Me irrita o jogador que dá entrevista no intervalo dizendo “vamos ver o que o professor tem para nos dizer”. Me irrita o jogador que já cai no chão retirando a chuteira, como se fosse um caso de hospital e depois levanta-se e joga normalmente. Me irritou profundamente o lateral Léo Matos, do Vasco, que em três cobranças de lateral arremessou todas para o seu próprio campo de defesa. Me irrita o goleiro que não sabe sair jogando. Me irrita massagistas, gerentes de futebol, preparadores físicos e jogadores reservas serem expulsos e não serem advertidos pelo técnico o único que deveria reclamar.

Fábio Carille, do Santos, e Felipão, do Grêmio, perderam feio, isso não me irrita, mas me irrita essa escola de treinadores que seguem nos enganando no futebol. Me irrita o VAR depois de tantos anos seguir provando que só no Brasil a tecnologia não sabe ser aproveitada. Tentei ser monge budista, mas essa é uma missão impossível. E comentaristas entendam que a bola não está viva, ela segue murchando devido aos maus tratos ao dominá-la, passá-la e tocá-la!

FUTEBOL SONOLENTO

:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::


Não sei vocês, mas prefiro mil vezes quando o Botafogo descobre um talento na base e coloca para jogar do que quando traz um veterano, prestes a se aposentar! Mas é bom o torcedor brasileiro ir se acostumando a ver o seu time recheado de másters porque como as jovens revelações saem cedo para o exterior a solução será essa. Realmente não consigo me encantar, por exemplo, com o Corinthians trazendo Renato Augusto, Giuliano, Willian e, agora, Paulinho….parece até a seleção do Luciano do Valle!!! E é bom o engomadinho técnico Silvinho colocar as barbas de molho, afinal do jeito que o Coringão gosta de reviver antigos amores já já vai reconvocar o professor Mano Menezes, recém-demitido, na Arábia Saudita.

Mas sobre essa história de times mesclados, claro que já atuei em alguns repletos de forasteiros, mas, no fundo, prefiro os com maioria de jogadores formados na base, como o Botafogo, da década de 60, e o Flamengo arrasador dos anos 80. O Fluminense também teve uma época maravilhosa quando tinha Edinho, Pintinho, Rubens Galaxie, Gilson Gênio, Edvaldo, Kleber, Erivelton e uma série de outros jogadores que subiram juntos e permaneceram durante um período no time de cima.

O Vasco teve Dinamite, Romário e Edmundo. A torcida teve o privilégio de curti-los durante um bom tempo até serem vendidos. Hoje, quando os jovens não são vendidos para a Europa são emprestados para pegar experiência. Ué, mas não podem pegar rodagem jogando pelo próprio clube. O São Paulo vendeu Brenner sei lá para onde e emprestou Helinho para o Bragantino. O Bragantino também pegou Praxedes, do Inter. E você assiste o Inter jogando e não vê ninguém melhor que o Praxedes, vai entender.

Mas, PC, e o gol do Vasco batizado de “isso a Globo não mostra”? Não falta mais nada!!! O desinteresse pelos jogos é tanto que até a turma que transmite tem dado suas cochiladas. Ontem, após o fim de Grêmio 1 x 0 Fla, por engano colocaram na tela a classificação da Segunda Divisão e vi meu Botafogo super bem colocado, mas era só mais uma pegadinha e assim como os vascaínos fui dormir frustrado com a nossa triste realidade.

Já ia me esquecendo das pérolas da rodada! Neste fim de semana, ouvi que a bola estava viva, o jogo estava sendo desenhado e que o jogador encaixotado tabelava com o ponta agudo. Se já não fosse o bastante, teve analista de computador falando que a briga era pela segunda bola! Se com uma bola já está ruim, imagina com duas?! Não quero nem ver!

SAUDADE DOS FOMINHAS

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Na jogada do gol do Corinthians contra o Atlético Goianiense Roger Guedes abriu para receber a bola, mas o menino Gabriel Pereira preferiu arriscar o drible, se livrou de dois adversários e fez o gol. Se perdesse certamente reclamariam. O fominha tem feito falta ao futebol atual porque o fominha costuma ser ousado e rebelde, não ouve ninguém e arrisca. E em muitos casos é melhor ser surdo que ficar ouvindo as baboseiras dos professores à beira do campo.

Os atacantes normalmente são mais fominhas e me lembro do Mirandinha, que passou pelo Botafogo e foi o primeiro jogador a defender um clube inglês. Luisinho, do América, também era. E os pontas, por eles, não dariam a bola para ninguém. Existiu alguém mais fominha que o Garrincha? Ia, voltava, ia, voltava e fazia a felicidade da torcida. Gosto de ver o Pimentinha, do Sampaio Correia, e dois que se destacaram nessa rodada, Ferreirinha, do Grêmio, e Michael, do Flamengo.

O Michael só passa a bola porque a tabela faz parte do jogo, mas nota-se o prazer que tem pelo drible. E o drible continua sendo a maior arma contra as retrancas que os treinadores armam durante as partidas. Na Copa de 70, tínhamos o Jairzinho Furacão. O Edu, do Santos, estava no banco e desarmava qualquer defesa. Cada clube tinha seu fominha, seu ponta abusado. Sem pensar muito cito Natal, Rogério, Julio Cesar Uri Geller, os Joãos Paulos, do Santos e Guarani, Zé Sergio, Éder, Nilton Batata, Cafuringa, Zezé, Robertinho…e seguiria aqui até amanhã.

Esse tipo de jogador foi perdendo relevância, mas é sempre a ele que os treinadores recorrem quando o bicho pega. E por falar em fominha, no sábado, assisti dois gols do Tulio contra o Fluminense, que disputam um torneio de máster. Por sinal, Carlos Roberto, meu grande amigo, é o treinador do Botafogo. Rever essa turma da antiga é sempre bom demais, mesmo que os pontinhas estejam enferrujados, correndo em câmera lenta nos moldes no inesquecível Canal 100.

Por falar em Canal 100, o Brasil virou um museu de veteranos: goleiro Fábio, Daniel Alves, Diego Costa, Rafinha, Filipe Luis, Miranda, Hulk… Encerro com as pérolas dos analistas de computadores e prefiro nem comentar: “O goleiro falhou e colocou gasolina na fogueira do jogo”, “O lateral atacou o espaço”, “O Remo está amassando o adversário” e “Os treinadores que estão chegando são timoneiros”.

O PAÍS DAS PALHAÇADAS

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


No calçadão do Leblon, passa um leitor da coluna e, de passagem, me aconselha: “PC, não se aborreça mais com o futebol, divirta-se!”. Ele andava rápido, nem deu tempo de agradecê-lo, mas aviso que virei monge budista. Do contrário, estaria soltando os cachorros com essa palhaçada que aconteceu no Brasil x Argentina. De um lado, falsificação de documentos e do outro uma ação desastrosa das autoridades brasileiras, afinal os culpados nem deveriam ter saído do aeroporto, ou do hotel, ou do vestiário, mas vamos deixar isso de lado porque meu Botafogo venceu mais uma e já tem um “novo” ídolo, Joel Carli.

O Brasil virou o paraíso dos cisnes, vários deles vem exibir o seu último canto em nossos campos e aproveitar para ganhar um dinheirinho dos clubes falidos. Antes eu me irritaria, mas, hoje, monge, acho que eles estão certíssimos! De cabeça, lembro de alguns, como Diego Costa, Hulk, Filipe Luís, Willian, Douglas Costa, Taison, Renato Augusto, Paolo Guerrero, Carlos Sánchez, Borja, Miranda e vários outros que perderam espaço na Europa, foram para China, para o mundo árabe e voltam ao Brasil como ídolos, salvadores da pátria.

Como pagá-los, não importa, as próximas administrações que resolvam, afinal grande parte dos clubes que trazem esses cisnes estão enroscados em dívidas impagáveis. Mas já temos problemas demais, Covid etc etc etc, deixa contratar! Se não renovamos, vamos usar quem ainda tem lenha para queimar! Fico assistindo as Eliminatórias e fica claro a fragilidade de nossos adversários. O Sornoza é titular do Equador, Na Colômbia, o Borja jogava quando foi substituído pelo Falcão Garcia. O Falcão seria ídolo em qualquer clube do Brasil. Isso é bom ou sinal do nivelamento por baixo que vive o futebol brasileiro? Como virei monge, prefiro que vocês respondam.

Ah, fique sabendo que o Botafogo está sondando os laterais, irmãos gêmeos, Rafael e Fábio. Vão virar ídolos, com certeza! Que o Brasil siga sendo o paraíso dos trintões, o porto-seguro dos cisnes e eu continue valorizando o bom-humor, afinal rir é o melhor remédio! Por falar em risada, gargalhei quando ouvi um analista de computador falando que o jogador do Boca fez a recomposição por dentro da defesa, espetando o adversário! Virou esgrima? Se já não fosse o bastante, ainda falaram que fulano é um jogador de lado que entra com intensidade por dentro e aplica um X1 no marcador! Kkkkk!

HAJA PACIÊNCIA

:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::::


Talvez a letra “Paciência”, de Lenine, seja a que mais retrate esse longo período de pandemia enfrentado por todos nós. Um dos trechos diz: “enquanto todo mundo espera a cura do mal e a loucura finge que isso tudo é normal eu finjo ter paciência”. E é exatamente isso. Nessa última semana tive que buscar forças, o equilíbrio mental, para suportar as notícias sobre as internações de três amigos, praticamente irmãos, Marco Antônio e Jairzinho, parceiros de Copa 70, e meu compadre Búfalo Gil, da Máquina Tricolor. Todos vacinados, “protegidos” pela segunda dose, mas ainda não é o suficiente porque surgiu a variante Delta e sabe-se lá quantas outras surgirão.

“Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não para”. Sigo com a máscara e rezando por dias melhores. O futebol sempre distrai e é o meu companheiro de todas as horas. Assisti poucas partidas nos últimos dias, mas fui premiado pela belíssima vitória de 5×0 do Manchester City sobre o Arsenal. Sou fã do Manchester e do Guardiola, já falei mil vezes. Soube que o meu Botafogo venceu o Coritiba e o Vasco a Ponte Preta. Será que sobem?

Como se não bastasse esse vírus maldito ainda ter que aturar esses analistas de computador comentando é osso duro de roer. Nesse fim de semana, ouvi que o jogador driblou por dentro e saiu na contramão! Inter e Atlético-GO protagonizaram um show de horror, com mais de oitenta passes errados. Que vergonha! Assisti também Bragantino x Galo e ouvi que o time de Bragança tem a virtude de alargar o campo! É cada uma! O Bragantino é um de meus candidatos azarões ao título, o outro é o Fortaleza.

Decidi que vou torcer para tudo que surpreenda e nos tire desse marasmo futebolístico. O locutor diz que Hulk está de volta à seleção. Verde não deu certo, será que amadureceu? Diego Costa foi resgatado pelo Atlético e já já vira Rei em nossas terras, afinal todos que não deram certo na Europa, ou já deram o que tinham que dar por lá, dão as cartas por aqui. A verdade é que o nosso futebol segue descendo ladeira abaixo e até mesmo a turma da praia parou no tempo. Quem diria, perdemos para Suíça e Senegal. No vôlei, nas Olimpíadas, já havia sido assim e vimos a banda passar.

Ah, PC, mas os outros países evoluíram! Tá bom, e nós vamos continuar chupando dedo. No sofá, sozinho e pensando em meus amigos internados, vejo Savarino driblar um monte de gente. Ele é abusado! Me lembrei de Osni, Katinha, Manoel Maria, Edu, Eduardo, Joãozinho, Rogério, Cafuringa e Nilton Batata, nossos pontinhas do passado. Só falta o estádio cheio para exaltá-los. Na verdade, falta muita coisa. “Será que é tempo que lhe falta pra perceber? Será que temos esse tempo pra perder? E quem quer saber? A vida é tão rara. Tão rara”. Salve, Lenine! Salve a arte!