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PC Caju

FUTEBOL DECADENTE

::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::


Os campeonatos estão chegando ao fim e Hulk, certamente, será eleito o jogador do ano. O Galo, por sinal está repleto de super-heróis, porque também tem o Homem-Arana e o Capitão América Réver, por conta da conquista da Libertadores da América. E ainda teve o Dadá Peito de Aço entregando a taça! A criatividade do torcedor é e sempre será o ponto alto da festa. Bom demais ver os estádios cheios e, agora, é torcer para que essa nova variante não seja devastadora e nos deixe seguir em paz porque para encarar a Covid e suas variantes só incorporando algum super-herói mesmo.

Mas, sobre o Hulk ele acaba sendo um personagem interessante porque simboliza o futebol-força, saiu cedo do Brasil, não tinha identificação com o torcedor brasileiro e transformou o seu pesadelo pessoal, do 7×1 contra a Alemanha, em um belo título, no mesmo Mineirão da tragédia. Agora, cogita-se a volta de Hulk à seleção. Esse exagero é que me irrita. Aquela turma do 7×1 deve ser esquecida. Nas partidas do Corinthians tem sido comum um cartaz exigindo o afastamento dos veteranos. Claro que os jogadores acima dos 35 devem seguir jogando só que eles não podem ser encarados como os salvadores da pátria porque estão aí para curtir uma aposentadoria milionária.

David Luiz voltou e se já havia chorado no 7×1 voltou a derramar lágrimas em território brasileiro. Estão tirando onda conosco. Os técnicos portugueses viraram os astros e Jorge Jesus, que não ganha nada lá fora, já já desembarca na Gávea dando as cartas. Mas aí o Vasco vai e traz o Zé Ricardo. Nada contra ele, mas são treinadores que ficam pulando de galho em galho sem nunca terem surpreendido. Por isso, não quero estragar a festa de ninguém, mas acho que Hulk ter sido o craque do campeonato só aumenta a minha certeza que o nosso futebol precisa ser revisto, virado do avesso, ou continuaremos lustrando as chuteiras de quem já deveria estar aposentado.

A turma do dez a um (7 da Alemanha e 3 da Holanda) caprichou nesse fim de semana: “O time joga com uma linha de cinco, com três zagueiros espetados fazendo a ligação direta para os alas correrem pela beirinha do campo”. Pensa que acabou? “Assistência para o atacante agudo chapar na cara da bola viva e estufar a bochecha da rede”. Só rindo mesmo!

DECISÃO SEM BRILHO

::::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::::


Qual conclusão podemos tirar após assistirmos a final entre Palmeiras x Flamengo? Que os clubes são milionários, mas oferecem um espetáculo pobríssimo. O Palmeiras foi bicampeão com dois jogos estratégicos, de pouca ousadia, apesar de ter vários jogadores ofensivos. A partida contra o Santos, no bi da Libertadores, foi tétrica e essa melhorou um pouco até porque o adversário era melhor. Mas é inadmissível que dois clubes com essa mega estrtura não consigam fazer brilhar os olhos da torcida. E ela vai, prestigia, lota os estádios, viaja quilômetros e, claro, tem que comemorar o título e zoar o adversário, mas tem que reconhecer que há tempos vem comprando gato por lebre.

Por falar em torcida, a do Flamengo zombou da palmeirense cantando “cadê você?” e a felicidade acabou sendo mesmo da minoria! Fiquei com pena do Andreas Pereira porque sabe jogar bola e não merecia esse castigo. Os atacantes do Flamengo perderam vários gols, o goleiro não estava em um bom dia, mas o cruficicado será o Andreas e o herói, Dayverson. Mas isso é bem o retrato de nosso futebol. Estive na entrega do troféu ao Botafogo e fiquei feliz com a volta do meu clube à Primeira Divisão, mas tenho que admitir, e falo isso porque assisti grande parte da competição, que o Botafogo foi campeão, mas seu futebol não é diferente de Sampaio Correia, CRB ou Guarani.

Os times da Segunda Divisão são muito parecidos tecnicamente, mas após assistir o VT de Vasco x Londrina fica difícil entender como o Gigante da Colina não caiu. Talvez seja o pior time da história do Vasco. Mas é o que temos para hoje. Também conferi Atlético Mineiro x Flu. Um pênalti duvidoso e uma torcida seca por um título que não vê há 50 anos. A criançada fantasiada de Hulk, adoro a festa da torcida. Mas, sinceramente, o que mais me emocionou nessas imagens foi quando a câmera passou e parou em Reinaldo, o maior artilheiro da história do Galo, emocionado e de punho cerrado. Ah, que saudade me deu de quando ele estava em campo e a torcida sabia que mesmo como uma perna só o show do artilheiro estava garantido.

Preparados para a pérola da semana? Lá vai: “Apesar da marcação alta e com muita intensidade, o jogador de beirinha furou a espaçada linha de cinco do campo adversário e chapou a segunda bola, que estava viva!”.

NOVA ORDEM DO FUTEBOL

:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::


Em nenhum país do mundo nascem tantas crianças com o dom natural para o futebol como no Brasil. Se com o decorrer dos anos os “professores” não lapidam esses diamantes corretamente aí é outro papo. Sempre fui favorável ao equilíbrio entre o talento e o investimento em tecnologia, pesquisas e preparação física. Sempre treinei muito, exaustivamente. Adorava minhas farras, mas nunca, em momento algum de minha carreira, deixei de investir em meu condicionamento.

Em 1970, muitos jogadores fumavam e precisavam de um reforço na musculatura. Se a CBD não tivesse promovido uma revolução nessa área a parada seria mais dura porque os europeus no quesito disposição sempre lideraram. Os brasileiros bem preparados fisicamente sem perder o suingue são imbatíveis! Hoje, nota-se claramente os clubes que estão fazendo o dever de casa direitinho, montando seus CT’s e se organizando administrativa e financeiramente. Um clube bem estruturado, que pague em dia sua folha salarial, terá um rendimento superior aos que insistirem no blá blá blá de sempre.

Vários jogadores preferiram jogar nos clubes do Nordeste ao invés de se transferirem, por exemplo, para o Vasco. Quando isso aconteceria no passado??? Nunca!!! Hoje você vê o Fortaleza disputando as primeiras colocações, um Cuiabá surgindo pelas beiradas, o Athletico Paranaense volta e meia papando um título, o Red Bull Bragantino tentando provar que não é nuvem passageira. O Botafogo subiu e está prometendo seguir a cartilha do profissionalismo. Vencendo a torcida ressurge, faz a sua parte. Caso contrário, viveremos eternamente nesse sobe e desce.

O necessário, agora, é investirmos pesadíssimo na base, nos fundamentos, para termos campeonatos de qualidade. Ninguém suporta mais jogadores bem preparados fisicamente, Robocops, essa correria insana e raros lances de qualidade. Um amigo, Guido Ferreira, comentou algo que achei interessante: do jeito que está e com a chance de o Maracanã ganhar grama sintética, essa modalidade pode ser rebatizada. A Suderj…

Como de costume, separei as pérolas dos analistas: “O time tem um estilo de jogo seguro, com jogadores que fatiam a bola, dando assistência para entrar na vertical, penetrando nas defesas com linhas mais baixas”.

PARADOS NO TEMPO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Fica fácil perceber que nossos comentaristas pararam no tempo, são fracos, não conhecem nada sobre o tema e não contribuem para uma mudança de cenário quando um deles se derrama em elogios ao futebol de….David Luiz. Não deve ter jogado nem quatro partidas e já merece esse destaque todo? Ontem, não foi diferente com Renato Augusto. Já pedem Diego Costa na seleção e para eles a 10 já é do Hulk, sem falar nos fãs de Douglas Costa, William e Paulinho, que está de volta.

Na Europa, nenhum clube se interessa mais por eles, mas aqui mandam e desmandam. Ou é carência, efeito da pandemia, ou total desconhecimento. Os comentaristas atuais adoram falar sobre estratégias, esquemas de jogo, mas o torcedor conhece muito mais que eles e não está interessado em ficar ouvindo 90 minutos de abobrinhas. Na última rodada voltei a ouvir consistência de jogo, intensidade, jogador de beirinha, etc. Nossos técnicos, a mesma coisa. Vejam o Mancini, que trocou o América Mineiro para ser o salvador da pátria gremista e ontem tomou uma cipoada do ex-clube.

Rogério Ceni, um que já elogiei muito, não se acerta porque quer inventar e fica pulando de galho em galho. O treinador tem que pegar um trabalho no início de temporada, mas os aventureiros topam tudo. Dessa forma, nosso futebol continuará estacionado. Mas, diga-se de passagem, na Europa existem alguns casos bem parecidos, como a seleção portuguesa, que foi derrotada pela Sérvia e vai para a repescagem. Ah, PC, mas ela foi campeã da Europa. Foi mais um daqueles casos que venceu sem convencer, sem encantar, jogando na retranca. O futebol covarde merece ser castigado.

Sai Cristiano Ronaldo e Ibrahimovic, que também foi para a repescagem depois de ver sua Suécia perder para a Espanha. E a Rússia foi derrotada pela Croácia! Eu, sinceramente, quero ver novos nomes, novos ídolos, novos treinadores, novas formas de jogar. Imagine nossa seleção ir para a Copa com David Luiz, Hulk, Renato Augusto e todos esses outros queridinhos da imprensa? O Brasil virou um depósito de ferro-velho, mas sem o charme da tradicional Kombi que azucrina o nosso sono…”compro ferro-velho, metal velho, ar-condicionado velho…”.

ENCARNAÇÃO NO FUTEBOL

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Acho que a encarnação faz parte do futebol. Na década de 80, com ajuda do Jornal dos Sports e da Revista Placar, essas provocações ficaram mais acirradas. Os jogadores adversários posavam para a capa desses veículos promovendo os clássicos. Pouco antes disso, o troca-troca do Francisco Horta era uma forma de dar visibilidade ao espetáculo. Joel Santana, Jairzinho e eu disputávamos o título de Rei do Rio, e isso foi até capa da Revista Placar de 1972, quando fui campeão pelo Flamengo.

Na década de 90, tinha jogador que imitava um porco e outro que usava máscara nas comemorações dos gols, uma tremenda zoação. Antes de Edílson Capetinha fazer aquelas embaixadinhas que geraram grande confusão, eu já havia feito contra o Vasco e o Buglê partiu cima de mim. Já na década de 60, o goleiro Manga avisava que o bicho já estava garantido em jogos contra o Flamengo. Ontem mesmo, após a vitória do meu Botafogo, liguei para alguns amigos vascaínos. É irresistível! Mas no Sul, a rivalidade e essas encarnações há tempos passaram do ponto.

Ontem, Patrick exibiu um caixão de papelão após a vitória sobre o Grêmio. Nos últimos clássicos vários jogadores foram expulsos e pouco futebol se viu. A imprensa incentiva e trata a partida como guerra, a torcida entra na onda, e em uma época de pandemia, todos mais sensibilizados e cansados de ouvir falar em caixão a história não poderia acabar bem, como não acabou. Os jogadores comemoraram como se fosse um título se esquecendo que, hoje, o Inter é apenas um time de médio para ruim. Assim como é o meu Olympique de Marseille.


Nessa rodada, empatou com o Metz, último colocado. Gerson e Luís Henrique não vão bem. E como o futebol é provocação saudável, sigo torcendo pelas zebras. O West Ham venceu o Liverpool, o Atletico de Madrid não passou pelo Valencia, o Veneza venceu a Roma, o Napoli empatou em casa e o Lyon perdeu feio. Não, por acaso, sempre gostei da zebrinha, do Fantástico.

É importante saber ganhar e perder. Na verdade, o caixão de Patrick é o retrato do futebol atual, que não convence dentro de campo e nem na dose das comemorações. Desliguei o mute nesse fim de semana para rir um pouco do linguajar e separei uma pérola para vocês: “Um time com consistência e intensidade, que joga por dentro e briga pela bola viva”.