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Palmeiras

RENATO E O PALMEIRAS

por Paulo Escobar


Do lado de baixo, onde quase nada se tem a não ser a palavra, se vive e respira futebol de um jeito especial. Pois as vezes a paixão proibida para aqueles que não tem grana, vide as arenas ou preço das camisetas, se vive de um jeito aonde a única alegria em dias tristes pode ser um gol do seu time.

Nas ruas e favelas de São Paulo, convivendo há quase duas décadas com a população de rua, tenho o prazer de ter presenciado cenas das mais emocionantes envolvendo o futebol. E um pouquinho do que vi lhes contarei nesta série.

Nesta primeira história falarei do amor de um palmeirense, que viveu e morreu a paixão pelo seu time até o último dia. Camisas doadas e surradas pelo uso e pelo tempo faziam parte do seu vestiário e a cada beijo no símbolo um grito:

– Vai Palmeiras!!!

Renato foi morar nas rua e viveu um amor com uma inglesa torcedora do Chelsea. No seu barraco viveram juntos suas paixões até ela ter que voltar forçadamente ao seu país. Mecânico de profissão, viu a pobreza chegar até sua porta e lhe tirar tudo o que tinha, a pobreza tem a capacidade de te roubar tudo, mas as paixões são coisas que a pobreza não leva.

Vi Renato vibrar e sofrer pelo Palmeiras, vi ele chorar pelo seu time e ser provocado pelos corintianos. Tiveram vezes que chegou a sumir no meio das derrotas, e naquela final recente de paulista perdida para o Corinthians o vi entrar em depressão.

Tinha no goleiro Marcos um de seus ídolos, e era justamente o nome do goleiro que ele gritava nas defesas que fazia nas peladas das quadras do viaduto Alcântara. E justamente naquelas peladas ele revivia lembranças de quando jogou na várzea no ABC paulista.

Renato chegou a ser técnico de várzea, do time do Corote Molotov, onde tinha que ser retirado de dentro de campo a cada cinco minutos. Era chamado de Sampaoli já naquela época, pois não parava de andar na lateral de campo, e a calvície também o assemelhava.

Na radial leste não era raro ver Renato puxando sua carroça acompanhado de muitos cachorros, vestindo sua camisa do Palmeiras. Muitas vezes o vi com a sete do Edmundo, e pensei em como teria sido bacana ele ter abraçado o animal.

O coração palmeirense decidiu parar de bater um dia, debaixo de um viaduto do Brás, a ambulância jamais chegou, pois pra quem mora nas ruas a saúde dificilmente chega. E ali deu seus últimos respiros, diante do desespero dos seus amigos, e numa tarde Renato deixou as ruas do Brás e as tardes de futebol um pouco mais tristes.

Renato foi chorado numa tarde de várzea antes de um jogo, em meio a pobreza foi fiel a sua paixão pelo Palmeiras. E posso dizer que muitas vezes, em meio a tristeza e a exclusão, o seu time lhe deu felicidades.

Renato nunca entrou na arena do Palmeiras, mas na sua TV debaixo de um viaduto foi devoto ao seu time, e quem dera se os jogadores tivessem sabido da vida daquele que mesmo sem nada amou muitos deles.

A SUPERVALORIZAÇÃO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Confesso, ando muito impaciente. Minha natureza é essa, mas o futebol tem contribuído muito para minha intolerância atingir níveis estratosféricos. Agradeço imensamente aos amigos e leitores que pedem para eu pegar leve nas críticas, mas como aliviar, principalmente após ver as primeiras rodadas dos estaduais?

O mais irritante é a velha lenga lenga de sempre, com os “professores” culpando o início de temporada. O pior é que quando chega o final da temporada o chororô é o mesmo. Como o Zé Ricardo tem a cara de pau de citar Copa do Brasil e Sul Americana? O Botafogo não tem elenco para disputar mais do que uma competição. Com o time completo também perderia.

O que tem se visto no geral são jogadores para lá de medianos elevados ao topo da pirâmide. A supervalorização é uma estratégia dos empresários, está destruindo o futebol e tentando nos fazer de idiotas. Volto ao tema para deixar clara a minha opinião. Não quero ofender ninguém, é apenas a minha opinião.

O Arrascaeta é bom de bola? Claro que é!!!! Vale todos esses milhões? Claro que não!!!! Conversei com amigos cruzeirenses bons de mandinga que disseram que o Montillo agiu da mesma forma e não arrumou mais nada em clube nenhum…a macumba da nêga é boa, Kkkk!!! O Diego quando chegou ao Flamengo parecia o Papa! Na época, critiquei. Errei? Acho que não. O que ele fez de tão maravilhoso desde que chegou? Lembram-se do Cirino? Contratação milionária, cheia de mais mais mais. Cadê ele?


O Vitinho já começou a ser vaiado. Culpa dele ou de quem o supervalorizou? E o Fábio Carille, “professor” do Corinthians, que fala igual ao mestre Tite? Foi para um “projeto” no futebol árabe, estava no pé da tabela e volta como o salvador da pátria! Chupou laranja com quem??? Os comentaristas tem muita culpa nisso por embarcarem nessa conversa mole e criarem falsos heróis. Muitos deveriam fazer curso de técnico.

Aí, alguém me criticou: “Mas, PC, o Gabigol foi o artilheiro do Brasileiro!”. E daí??? O Henrique Dourado foi artilheiro do Brasil e a torcida até se arrepia quando ele é escalado. O cara faz uma penca de gols de pênalti, imita um ceifador na comemoração e vira gênio. Prefiro ficar vendo o veterano Ricardo Oliveira fazer seus golzinhos. Vai jogar até os 50! Também gosto de ver o Pablo, ótimo centroavante! Olha aí, como não critico tudo!!! Mas a verdade é que estou amargo mesmo, mas a culpa não é minha! É do que está aí.

O Flamengo anuncia mais uma contratação, a do Rafinha, que está há anos na Europa e não joga mais por lá. Não seria mais inteligente a CBF rever essa divisão de cotas? Dessa forma, talvez seja melhor organizar um triangular e Flamengo, Palmeiras e Corinthians ficarem jogando entre si. É tanto dinheiro rolando e o Carioca começa com aquele gramado horrível do Madureira. É uma falta de respeito generalizada, com torcedor e jogadores. Mas vai ficar por isso mesmo. Será que foi o gramado ruim que fez o jovem Marrony brigar com a bola antes de dar o passe para o gol da vitória? Tomara!


Uma dúvida. O que o Tite estava fazendo no jogo do Fluminense? Deve estar com a agenda tranquila nesse início de temporada, Kkkkkk!!!! É preciso rir muito porque anuncia-se mais um ano complicadíssimo para os cariocas. “Mas, PC, o Flamengo não pode entrar nessa lista…”, me repreendeu um amigo, no quiosque do Leblon, onde costumo parar. A obrigação do título é um peso tremendo.

O Palmeiras com um elenco gigante não ganhou a sonhada Libertadores. Essa história de muitas “estrelas” azeda de vez em quando. Mas se o torcedor do Flamengo se contenta com o time disputando finais e não levando aí é outro papo. Se o torcedor comprou a ideia de o que importa é o clube sanado, mas sem títulos importantes, e os empresários cada vez mais enchendo os bolsos e querendo nos vender gato por lebre, aí tudo bem.

Me perdoem a acidez, mas sou do tempo em que aquela frase no muro da Gávea, “craque o Flamengo faz em casa”, era praticamente um mantra.

COLETIVIDADE ESPORTIVA: ILUSÃO OU REALIDADE?

por Eliezer Cunha


Esportes coletivos nos submetem ao raciocínio de uma alta dependência do exercício e desempenho da excelência da coletividade. Futebol, basquete, vôlei entre outros. Realidade ou ilusão? Bem, vamos aos fatos. Jogo decisivo, bola nos pés de um atacante, ponta, ala, etc. Oportunidade clara de gol, cesta de três pontos ou uma cravada de uma bola na quadra adversária, criada pelo coletivo, time ou equipe: Realidade.

Porém, alguém precisa decidir, definir e concluir a finalização com êxito. Está aí a grande oportunidade de glória de uma equipe ou atleta. Porém, nos pés ou mãos de apenas um, um. Como lhe dar com isso, louvando ou punindo, afinal foi o destino esportivo que o escolheu para tal e aí a expressão “E SE….” volta a atacar friamente. Vejamos a história: Copa de 82, Cerezo. Copa de 86, Zico. Copa de 90, Alemão. E por aí vai….

No Campeonato Brasileiro deste ano, temos o Palmeiras como grande campeão seguido do Flamengo. Flamengo…. Podia ter chegado? Sim. Voltamos ao destino escolhido: Paquetá’ faltando 8 minutos, desperdiça uma clara oportunidade de gol da vitória, em cima do concorrente maior, Palmeiras.

Vitinho instantes finais contra o São Paulo desperdiça o gol da vitória, quase debaixo da baliza, bola na arquibancada. Somados os pontos…Flamengo ultrapassaria o Palmeiras e poderia eternizar uma conquista valorizando o coletivo e confirmado por um só personagem.

Voltamos à ciência exata, sobretudo a estatística. A porcentagem de uma equipe de vencer uma partida devem ser medidas pelas quantidades de oportunidades que a equipe propicia durante os 90 minutos aliado à competência individual.

Treinos táticos e secretos, pranchetas, quadros, análises técnicas, todos esses recursos são dispensáveis se um apenas um atleta tem a responsabilidade de decidir uma partida.

Deixamos menos a valorização das ações coletivas e valorizamos mais o desenvolvimento individual.


Zico e Roberto aperfeiçoaram suas técnicas individuais de cobrar falta e pênalti treinando sozinho. Não dá para entender um jogador na pequena área efetuar uma cabeçada que não seja em direção ao chão, não dá pra aceitar que um jogador não consiga finalizar uma jogada porque não chuta bem de esquerda ou de direita. Com isso criamos deuses que ficam debaixo do gol e atribuímos a eles defesas incríveis, quando na realidade a suposta defesa “impossível”, se deu por falta de competência clara da aplicação dos fundamentos básicos do futebol.

Os treinadores brasileiros devem cobrar mais de seus operários.

Esporte coletivo: Realidade ou Ilusão..

O DIA DE LAVAR A ALMA DE VERDE E A NOITE MAIS LINDA DO MUNDO

por Marcelo Mendez

Era um dia frio em São Paulo.

Aos meus 23 anos de idade, já sem muita inocência, nada de pueril em mim, um homem que é santo sem abrir mão de seus pequenos pecados, de suas tantas heresias, de suas paixões avassaladoras que tantas madrugadas lhe custava.

Esse era eu, naquele 12 de junho de 1993. Um sábado pela manhã que acordei triste, mas que por conta de uma trajetória de fé, de vida toda, precisei trocá-la por uma ansiedade. Coisas da vida. Eu tinha um namoro capengante com Cecília, por culpa de todas as minhas cagadas, uma relação que beijou o vento do precipício, um domingo antes, no dia 06 de junho.


Pela primeira partida da final do Paulistão de 93 o Palmeiras perdeu para o Corinthians por 1×0, gol do Viola. Na comemoração, ele abaixou, imitou um porco, tirou sua onda e novamente os fantasmas todos na cuca, novamente a volta do trio, Eu, Meu Pai, Tio Bida, tristes, solitários nas emoções, sem ter o que fazer da vida.

Pedi pro Tio me deixar na casa dela. Cheguei, entrei, ele ouvia uma musica de uma banda inglesa, daquelas que num tinha saco pra ouvir; Inspiral Carpets. Entrei acabado e ela falou:

– Sério mesmo? Você tá assim por conta dessa porcaria desse jogo? Você, cara culto, bem informado, sujeito inteligente… Por causa de um jogo??

Foi o fim:

– O que? O que você tá me falando? Cê tá comigo há um ano e meio, sabe de mim, da minha história, do que eu sinto, do que eu sei… Porra; Olha pra minha cara, caralho! Você acha que se fosse só isso aí que você está dizendo, eu estaria assim, desse jeito?

A discussão foi grande demais para o relato. Basta saber que saí de lá com dois discos do Lou Reed, um livro do Paul Verlaine fui pra casa lamber minhas feridas.

Assim o fiz a semana toda, a pior semana para ser Palmeirense. Muita tiração, muita onda dos outros times, muita duvida. A semana de 06 até 12 de Junho de 1993 parece ter durado 20 séculos. Mas passou.

A manhã se inicia em 12 de junho. Naquelas primeiras horas, tudo era tão somente, incerto…


Sábado, 07h30min da manhã:

Meu pai me acordou com umas batidas na porta.

Sábado, 07h30min da manhã:

Meu pai me acordou com umas batidas na porta.

Sábado, 07h30min da manhã:

Meu pai me acordou com umas batidas na porta.

Na noite anterior, eu enchi a cara de campary, de dor de amor e de tudo para ver se conseguia dormir. Desmaiei. Mas quando o Velho me acordou eu nem tive tempo de ter ressaca:

– Toma (Me falou esticando meu ingresso em minha direção) Dessa vez a gente não vai junto.

– Como assim, Pai? Ta maluco? Vamo como sempre fomos já falei com Tio Bida…

– Não. Olha, filho, você me conhece, sabe que num acredito nessas coisas, mas não é possível, deve ser a gente. Dessa vez, vamos separados para não dar azar!

– Mas, Pai, isso é ridículo!

– Vindo o título, que seja assim ridículo!

Sem muito poder argumentar, meio que topei a coisa. Peguei meu ingresso da numerada inferior, com a promessa de por lá, não ver o jogo ao lado de meu Pai e meu Tio. Era uma agonia enorme, de um dia que não passava, de um tormento que insistia em existir. Mas mudaria.

Dessa vez, seria diferente.

Foda-se a Combinação!

Eu não quis sofrer com a espera do jogo.

Meti o fone de ouvido do Walkman, com uma fita cassete do Lou Reed no ouvido e entrei num transe que acabou quando a bola rolou. Que acabou quando o Antonio Carlos ganhou uma dividida com o Neto, que quase gritou gol numa jogada de fundo que o Edmundo não concluiu bem. Que viu o paraíso…

Quando a perna direita do canhotíssimo Zinho meteu a bola para o fundo das redes, eu fui feliz como poucas vezes na vida. Era um peso que saía das costas, uma perspectiva de felicidade no caminho, que carreguei ao longo do jogo que acabou 3×0.

Faltava apenas um empate na prorrogação para o Palmeiras ser campeão.

Ser campeão…

Edmundo sofreu um pênalti que ele não queria sofrer. Tentou ficar de pé de todas as formas, mas não deu. O zagueiro Ricardo o levou ao chão. Agora era vez e Evair, o nosso matador Evair fazer o que ele sempre fez muito bem. Na hora, pensei:

– Vai dar errado!

Sim. Eu era do Palmeiras que perdia para o Bragantino, Pra Inter de Limeira, pro Xv de Jaú, pra Ferroviária. Eu era parte daquele Palmeiras que nasceu para não dar certo. Tudo aquilo de bom não era pra mim. Abaixei a cabeça e sentei. Eu não queria ver, num queria sofrer de novo, até que no meio daquilo tudo, senti alguém me batendo no ombro. Levantei a cabeça e vi:

– Pai!


– Pênalti pra nós, filho!

– Mas a gente num tinha combinado…

– Foda-se a combinação! Agora é hora da gente ser feliz!

– Tá, mas eu num quero ver…

– O que? Depois de tudo que a gente passou, depois das tantas vezes que saímos daqui tristes, você não vai querer ver o Palmeiras ser campeão?

– Vai bater!!!

Era meu Tio Bida que também havia chegado, avisando a gente.

Naquele momento, Evair começou a corrida em direção a bola a impressão que tínhamos é que aquela corrida havia começado em 1976 e que ao chegar na bola, aí sim, em 1993.

“GOOOOOOOOOOOOOOOLLLLL” o barulho em uníssono de uma torcida que cantava e vibrava pra valer. Um grito que eu não ajudei, não participei.

Na hora que Evair balançou a rede do goleiro Wilson, ao invés de gritar gol, eu abracei meu pai. Abracei Seu Mauro com força, com um choro que veio da alma, pra descarregar tudo aquilo que tava me doendo desde sempre. Tio Bida abraçou a gente e assim a gente comemorou aquele gol.

Depois dele, eu só chorei. Chorei até o fim do jogo, mas um choro de emoção pura, alegre, feliz.

O Palmeiras é campeão!

Como era gostoso gritar aquilo! Como foi boa aquela noite. Posso dizer seguramente que uma das maiores alegrias da minha vida.

Ao longo dos tempos tive outras, tantas outras. Mas peço licença a estas outras pra eleger o 12 de junho de 1993 como a noite mais importante da minha vida. Por conta de tudo, e por conta de algo que faltava:

Tendo a Lua…

Madrugada alta, 04h40min e eu bêbado na frente da casa da Cecilia:

– Ceciliaaaaaaa!!! – a luz se acendeu, a mãe dela me chamou pra dentro, mas não quis. Eu queria a rua e mundo todo para mim. Cecilia entendeu e saiu:

– Oi, Marcelo, que foi? – perguntou com um riso na cara:

– Cecília, olha só. Eu te amo. Não mais que o Palmeiras, claro. Mas te amo. Então cê me perdoa e fica comigo? Prometo nunca mais fazer merda!

– Marcelo, você ta bêbado…

– Claro que sim, caralho, o Palmeiras foi campeão! Que mundo cê vive?

– Um outro, bem diferente desse seu.

– Então deixa eu ser o ET da sua vida!

Ela gargalhou nessa hora e eu aproveitei:

– Para de brigar comigo e me amaaa. Beija eu, Ceciliaaaaaaaa!

Ela me abraçou rindo.

Bom, o que aconteceu depois disso importa sim, mas não pra esse momento. Não nos casamos, não ficamos juntos, somos grandes amigos até hoje, mas nada disso importa como falei.

Abraçados entramos na casa da Cecília. Assim ficamos. Os Paralamas do Sucesso cantavam “Tendo a Lua” no cd player e pronto.

A maior noite da minha vida em 1993…

OS SUPERCAMPEÕES DO BRASIL

por Fabio Lacerda


No gramado em que a luta o aguarda, no solo que tem suas cores, o Palmeiras mais uma vez chegou ao título de campeão brasileiro. Para os alviverdes, “tomar” a faixa do arquival, que havia “tomado” em 2017 do Palmeiras, é outro saboroso ingrediente na história do sexto título Brasileiro desde 1971. Pela primeira vez, o Palmeiras não conquistou o campeonato mais importante do país de forma consecutiva.

Dentro de campo, a redenção de Luiz Felipe Scolari, que por ironia do destino ou maldade, é lembrado pela goleada sofrida para a Alemanha, no Mineirão, na Copa do Mundo de 2014. Mas nossa memória é curta e não lembra do título de 2002 sobre a própria Alemanha. A chegada de Luiz Felipe Scolari reduz a zero qualquer distúrbio ou conflitos dentro de um grupo. Ele não permite. E diante de seus comandados, transforma a lealdade em padrão. A irretocável campanha verde deflagra uma gestão nos bastidores e dentro das quatro linhas sustentável.

Nesta campanha invicta desde a 17ª rodada, o Palmeiras rateou. Muito em razão do calendário, já que disputou muitas competições ao longo do ano como é de praxe para os grandes clubes bem geridos. As derrotas para Corinthians, Sport e Cruzeiro, nas 5ª, 7ª e 8ª rodadas, respectivamente, assim como os três empates consecutivos contra Ceará, Flamengo e Santos, e em seguida, a derrota para o Fluminense, na 15ª jornada, acenderam o sinal de alerta. Chega Luiz Felipe Scolari e arruma a casa. Uma característica marcante de um profissional vencedor. Um senhor do futebol brasileiro. Já colocado na mesma prateleira de imortais palmeirenses junto de Osvaldo Brandão. E por quê não, Vanderlei Luxemburgo? Aí é papo para mais de dois dias.


“Defesa que ninguém passa”. O primeiro verso da terceira estrofe do hino diz um pouco do sistema defensivo do clube, ainda mais após a chegada do Felipão que assumiu a equipe após a derrota para o Fluminense, e tem o privilégio de fechar o certame invicto. O Palmeiras tem a melhor defesa do Brasileiro, sofrendo 24 gols. Desde que Luiz Felipe Scolari assumiu na 16ª rodada, a defesa palmeirense, que fez rodízio de zagueiros e laterais em função da Libertadores da América. sofreu apenas nove gols. Outro informação interessante desconstrói a taxação de técnico defensivo pelo fato de ser da escola gaúcha. Dos 64 gols marcados pelo Palmeiras, 42 foram marcados sob o comando do técnico. Até ele assumir, a equipe tinha marcado 22 vezes.

Dentro de campo, o conjunto fez a diferença, e o plantel, idem. E ter no grupo jogadores acostumados a sagrarem-se campeões é um diferencial competitivo que faz a diferença na hora da decisão, na hora de separar os meninos dos homens, de separar os craques dos bons jogadores. Sem dúvida, Dudu fecha o campeonato como o melhor jogador da competição. O atacante Deyverson (oito gols sendo reserva), quando acionado, deu conta do recado além das expectativas. Felipe Melo e Bruno Henrique (oito gols), volantes que formam barreiras quase intransponíveis à frente da zaga, mas também são capazes de fazerem lançamentos de 50, 60 metros. Os gols do Borja, que apareceu muito bem na temporada, também foram determinantes.


Mas destaco três jogadores que estão comemorando o quarto título Brasileiro. E por coincidência, esses jogadores têm seus títulos em três clubes diferentes. Jean, o polivalente jogador que atua no meio de campo e lateral-direita, foi pelo São Paulo, Fluminense, e duas vezes no Palmeiras. Edu Dracena, aos 37 anos, também conquista o Brasileiro pela segunda vez pelo Palmeiras. Anteriormente, Cruzeiro, em 2003, na equipe que conquistou a Tríplice Coroa, e em 2015, pelo Corinthians. Nos últimos quatro Brasileiros, Edu Dracena conquistou três. Ano que vem, se por ventura for campeão Brasileiro novamente, pode ser o encerramento de uma carreira vitoriosa no seu 20º ano de carreira. E Willian Bigode, um dos jogadores mais versáteis do futebol brasileiro desde que ganhou seu primeiro Brasileiro pelo Corinthians (2011). Dois anos depois, chegou ao Cruzeiro para ser bicampeão Brasileiro nas temporadas 2013 e 2014, sendo determinante para o sucesso celeste das Alterosas. Agora, é campeão pelo Palmeiras. Este jogador ainda não teve a chance de vestir a camisa amarela da seleção brasileira. E uma oportunidade é merecida desde 2011.

Na próxima temporada, os três jogadores têm grande chance de escrever mais capítulos honrosos em suas carreiras. Podem juntar-se a Andrade e Zinho como os maiores vencedores de Campeonatos Brasileiros. Porém, Willian Bigode e Jean ainda têm lenha a queimar e, mediante uma estratégia planejada junto a seus staffs, podem tornar-se os maiores vencedores do futebol brasileiro em todos os tempos. É acompanhar para saber.


Então, Luiz Felipe Scolari, Edu Dracena, Jean e Wilian Bigode, têm motivos de sobra para sorrirem nessa reta final de ano. E Dudu, que pela segunda vez consagra-se pelo Palmeiras. Se em 2016 ele foi eleito o melhor jogador do Brasileiro que culminou com o título palmeirense, não resta dúvida quem será apontado como o craque do campeonato. Fez apenas sete gols. Mesmo assim será eleito. E é outro jogador que merece uma chance na seleção.

Wéverton, Luan, Diogo Barbosa, Cláudio Gomez e Borja, cinco dos 11 últimos titulares na partida que sagrou o Palmeiras campeão Brasileiro em São Januário, conquistam o Brasileiro pela primeira vez. Sendo que Weverton e Luan haviam sido medalhas de ouro nas Olimpíadas, e Diogo Barbosa conquistara um título nacional (Copa do Brasil) com o Cruzeiro. Ou seja, um time com cancha para grandes decisões.