Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Palmeiras

FUI CLEAR???

por Eduardo Semblano


Fãs acampam para o show de Justin Bieber

1 – Fila de dias, semanas, meses pra assistir um show? Já tem gente dormindo na porta da Sapucaí e o show é em Março??? Cracudos e ladrões, por favor, passem por lá, têm todo meu apoio contra esse retardo mental de quem está lá, e dos pais que deixaram!!! Aquele pessoalzinho do “bem”que botou fogo nos índios já estão soltos??? Podem passar lá também! TUDO LIBERADO!

2 – Quanto a Marisa pagou pra Gabi Amarantus fazer sua propaganda televisiva??? Alguém passa a comprar porque ELA USA? Repito, não estou falando da Ivete, tá? Tõ falando da Gabi Amarantuuuus, uma espécie de Joelma PÓS rodízio de massas! 

3 – Gretchen reclamou em seu canal na internet de sofrer bullying!! Segundo ela, as pessoas falam que ela tem boca de coringa e/ou boca de dinossauro… Ela queria o quê??? Ser chamada de Brigitte Bardot tupiniquim? Ou então de Madonna sul-americana??? Tá parecendo uma virilha de Rei Momo, porra! 7265 plásticas, daqui a pouco está de cavanhaque! 

4 – Cariacica > Maracanã 


Flamengo fez bons jogos no Estádio Kleber Andrade, em Cariacica

5 – O Flamengo está jogando abaixo de sua posição não é de hoje! O time fez mais do que o provável e mais do que o esperado! Uma hora a conta chegaria… Você comprou o que a grande mídia te vendeu, se cegou pros fatos e agora tá sentindo o cheirinho de azedo, né ? Se fosse normal, estaria aplaudindo de pé! O Flamengo tem apenas um time regular, com um muito bom técnico e faz uma super digna campanha, que poderá ser fechada entre a 2ª e a 4ª posição… TÁ RUIM???

6 – E o São Paulo??? Sem mídia, sem apito amigo, sem oba-oba e em crise, na verdade a maior da história, vence o maior rival por goleada, e mostra seu tamanho! Sim, o maior do Brasil! De fato e de direito! 

7 – O que será do Vasco em 2017???

8 – Que babaca o Alex do Inter! Tinha que tomar um surra dos companheiros, fazer aquilo com o massagista é covardia! Essas pessoas estão ali pra atender os jogadores, servem de baba e um filho da puta desse faz isso??? Pediu perdão, mas estamos de olho! 

9 – Derrubaram o Levir… Somos muito amadores mesmo! O que muda há quatro jogos do fim? Perderam um grande técnico pra 2017! POLITICAGEM ELEITOREIRA NA DECISÃO! Foda ainda foi ver o Peter comentando sobre padrão tático etc… Vergonha alheia!

10 – 2×1 Brasil na Argentina! Dois do Neygênio!!! 


11 – Quanto custaria o passe do baixinho hoje??? Partam do princípio que o CR7 acaba de renovar seu contrato por seis milhões de reais por mês com o Real… 

12 – Falcão está pela 14ª vez na SEMI-FINAL da Liga Nacional! Pelé que é o Falcão dos gramados! 

13 – #cheirodemerda tem 13 letras! Sábio Velho Lobo

14 – O Galo vai fazendo a mesma merda que o Santos fez ano passado! Vai acabar perdendo a final da Copa do Brasil e saindo da briga do G6 de forma definitiva! Pra que poupar tanto??? 

15 – Espelho, espelho meu, existe programa mais babaca que o Extraordinários da SporTV??? Capitaneado pelo no mínimo bobo Peninha, uma espécie de Lobão com Jean Willians, com pitadas de Galvão Bueno e bigode de Fred Mercury! De bom, só a interminável Maitê sabor!


16 – Quando Cuca Montava times pra frente, com toque de bola, três atacantes, laterais jogando lá dentro, meias e não volantes cegos, criticavam e chamavam ele de azarado, pé frio entre outros devaneios. Agora o cara É CAMPEÃO BRASILEIRO e reclamam que ele está jogando com bolas alçadas e chutões! POVO BURRO DOS INFERNOS! Existem no máximo cinco times no mundo que você pode montar o esquema e mandar comprar o jogador que quiser pro esquema já estabelecido, o resto do planeta precisa montar o esquema de acordo com o que tem em seu plantel. ENTENDEU??? Cuca soube vencer com todos os méritos e deméritos de um PUTA TÉCNICO!!! Tirando o implante capilar, parabéns, Alex Stival !!! CAMPEÃO BRASILEIRO DE 2016!

17 – Felipe Massa vai parar de correr Fórmula 1 e sua ausência não será sentida! INFELIZMENTE!!! Assim como o Rubinho, me parecem serem pessoas incríveis, de verdade, grandes homens, porém MICRO PILOTOS! 

Fui CLEAR???
 

DESCULPA, BARONINHO!

por Marcelo Mendez


Da minha mais tenra lembrança de torcedor Verde, consta o sofrimento no ano da graça de 1981, quando o time de todo mundo só tinha craque e o meu, pobre e velho Alviverde, que outrora havia sido imponente em um passado que naquela altura nem era tão longínquo assim, só tinha ele: Baroninho.

Em meio a todas as dragas de Darinta, Toni Gato, Benazzi, Sena, Deda da vida, Baroninho jogava muito com sua perna esquerda e sua impávida camisa 11. O quanto podia. No afã dos 11 anos, eu o xingava como se fosse do mesmo tacho dos caneleiros, naquele velho ímpeto de menino torcedor. O tempo passou…

Veio o Setembro de 2016, agora tenho 44 e cuido da saúde ora veja…

Correndo ali pelo Campo do Nacional, perto de minha casa, eu vi Baroninho treinando o sub-alguma coisa do Santo André no campo ao lado, do Nacional. Ele é o técnico da molecada e por ali, passava treinos de fundamento para seus atacantes imberbes. Então, lá pelas tantas, cansado de tanto ver coisa ruim, ele resolveu bater na bola.


Com a velha canhota, dos dez chutes que deu, guardou oito no ângulo, no trinco mesmo. Deu bronca no seu atacante, riu do seu goleiro e como que se soubesse de meu passado de seu difamador, me lançou um sorriso e um desafio ao me ver sozinho na arquibancada do campo do Nacional, onde acontecia o treino.

– Viu como faz, Barbudo? Gosta disso? Dá uns chutes aqui com a gente…

Desafiado como um milhão de amantes perdidos, lá fui eu. Junto dele, bati na bola. Dos cinco chutes que o músculo da minha coxa deixou dar, guardei quatro. No final ele comentou.

– Olha que para o tamanho da sua barba e da sua pança, até que você manja da coisa.


Sorri. Era o fim do treino. Ele pegou uma garrafinha de Gatorade e me ofereceu um gole. Aceitei. Saímos do campo conversando, caminhando juntos como se fossemos amigos que as coisas do ludopédio não nos deixou ter sido.

Ao me despedir, ele me deu a mão. Eu apertei e como que por impulso eu disse a ele

– Desculpa, Baroninho!

Sem entender nada, ele me desculpou…

PALMEIRAS DE SANGUE

por Marcelo Mendez


O ano de 1997 foi duro…

Meu pai, cansado de lutas, das coisas da vida, doente, duramente doente, lutava contra todas as suas infecções renais, suas dores, suas mazelas de mortal que um homem da grandeza de meu velho não merecia ser. Meu pai merecia mais, muito mais…

Em uma daquelas noites de visita no Hospital Jardim em Santo André, enquanto eu me apertava numa poltrona ao lado de seu leito, o velho me chamou:

– Ei, Barbudo…

– Fala pai, que foi?!

– Quanto foi o último jogo do Palmeiras nosso??

– Ah! Se liga, pai! Dorme aí…

– Deixa de ser tonto, rapaz. Me diz! Ganhamos?

– Pai, o senhor já tá aí todo macumbado. Melhor deixar o Palmeiras pra lá, vai por mim…

Velho riu do jeito que podia e insistiu:

– Não se nega um pedido para um homem nessa minha condição. Diga quanto foi o jogo?

– Tá bom; Foi 0×0 os dois últimos jogos. O time tá uma merda. Agora dorme!

– Não!

– Que?! Como assim, “não”? Dorme aí caralho, quer morrer??

Nessa hora, meu pai fez toda a força do mundo, se levantou da cama, me pegou pelo braço e disse com a velha firmeza de sempre:

– Escuta aqui, moleque: eu sou teu pai e te criei para ser feliz. Te preparei para suportar as porradas da vida sim, mas não pra se render assim feito um boi lambão pra tudo que é dureza que aparecer. Que mais você quer? Que eu meta uma faca no meu peito? Você não tá vendo meu estado? Se eu tô te perguntando pelo nosso time é porque isso me da alegria e não importa o resultado de nada. Eu quero falar de futebol com meu filho, posso?

– Pai…

– Cala a boca! Promete a mim: domingo você vai lá no Palestra, vai torcer, vai gritar, vai tomar uma cerveja, vai abraçar um estranho na hora do gol e vai ser feliz…

– Pai, deita nessa porra!!

– Promete!!

– Tá bom, prometo!

Assim meu pai deitou e dormiu. Olhando pro velho torci muito pro meu Palmeiras contra o Paraná Clube uns dias depois e aí, depois do 3×1 quis muito contar pra ele. Corri pro hospital depois do jogo na hora da visita, mas ele não estava mais no quarto. Quando o médico chamou a mim e minha mana pra conversar, nos desenganou e nosso mundo acabou. Dois dias depois o velho morreu. Tristeza sim, mas não definitiva.

Em horas onde o sofrimento é latente, que a poesia ganha força de um milhão de exércitos pra ajudar o Poeta a suportar. Lembrei de tudo, do Palmeiras em mim, em nós.

Foi chorando na arquibancada do Parque Antártica em 1985 após a derrota de virada para o XV De Jaú por 3×2 que descobri que amava meu clube. Após a derrota para a Inter De Limeira, por 2×1 na final do Campeonato Paulista de 1986, que senti forte a dor de uma perda, por algo que você ama muito. Depois de um implacável 3×0 metido pelo Bragantino em um timaço nosso em 1989, eu entendi a complexidade, a dureza de manter um amor por toda a vida. Chorei demais em 1997 quando meu pai cansou dessa chatice e decidiu descansar desse mundo chato.

No dia do enterro do meu pai, fui ao Palestra Itália como eu o havia prometido alguns dias antes. E lá, vi o Palmeiras golear o Grêmio por 5×0, o que me fez me sentir um pouquinho menos triste.

Chorei.

 Chorei num misto de alegria e tristeza, mas, não tive mais dúvidas; Eu sou Palmeirense. Sou porque foi na miséria ludopédica plena que esse amor se consolidou. Amor de Trapo e Farrapo, minha bandeira de guerra, meu pé de briga na terra, meu direito de ser gente, como cantou Paulo Vanzolini. O Palmeiras é isso na minha vida; “Meu direito de ser gente”. E fui…

 

Pelo Palmeiras eu vivi tudo; Eu ri, chorei, xinguei, amei, odiei… Vivi a plenitude da existência e entendi que isso faz parte não só do esporte, mas da vida. Por isso, mais do que qualquer outro vivente do mundo, eu sei o gosto bom de ser Verde no coração. Sei pelo paradoxo disso tudo, do contrário que pode acontecer ou seja; Sei porque não preciso de nada… de mais nada além da paixão, para me sentir Feliz pelo meu Palmeiras.

Sei, porque o Palmeiras é muito mais que um clube de futebol para mim.

Sei porque entendi há muito tempo que o Palmeiras é um pouco de tudo que há no futebol. O Palmeiras é um drama, como na Cavaleria Rusticana, o Palmeiras é um sonho como num filme de Akira Kurosawa, o Palmeiras é uma tragédia como Carmen de Bizet, o Palmeiras é lindo como a Nona Sinfonia de Bethoveen, como a peça Jesus Alegria Dos Homens de Bach, é triste como o fim do primeiro namoro, é pleno como a fúria de uma paixão.

Aos teus 102 anos de vida, de grande vida Palmeiras, aqui está menino que tu criaste. Que jamais deixará de ser o menino palmeirense.

Hoje, homem de seus 45 anos, escritor, jornalista, apaixonado por Sandra, jamais deixará de ser o menino lá dos anos 70. Tudo que faço tudo, tudo que sinto tudo que eu sou vem do menino. O jeito latino, a malandragem do bem, incessante disposição na busca por encanto, o Palmeiras… Tudo é o menino.

Tudo é Palmeiras, tudo é festa pelo teu aniversário e ao invés de Parabéns, te digo o que direi por todo sempre:

Palmeiras, eu te amo…

FUI CLEAR????

por Eduardo Semblano


1- Merecida escolha do Vanderlei para o maior momento da cerimônia, não só pelo fato de ter seguido em sua prova após o ocorrido (ele não ganharia mesmo sem o problema) e sim por ter entendido que ele ganhou sem ser o primeiro!!!

2- Pelé não merece NADA além do seu valor como atleta (INQUESTIONÁVEL) e ponto final!!! Um cara que renega filha até em leito de morte e netos ainda vivos, não merece honraria alguma… Ainda bem que não aceitou!

3- Guga > Pelé

4- Fiquei com vontade de apertar as bochechas do Felipe Wu, do tiro… Moleque fofo e pegador hein… Belíssima companheira!


5– Já Parreira, que portava vastas bochechas, chegavam a brilhar, hoje mais parecem dois sovacos faciais!!!

6- A mãe do ginasta brasileiro chorando de alegria é de uma emoção e serenidade de dar um nó na garganta… Orgulho lindo do filho, que choro incrível! Quem tem filho sabe o que é isso! FODA!!!

7- Podem falar mal da Globo, mas SÓ eles são capazes de tal cobertura, organização e GABARITO técnico pra cobrir um evento desse porte no Brasil! 
 
8- Tudo seria melhor sem a insuportável presença e voz do Galvão Bueno!!! Ele se supera a cada dia! 


9- As holandesas, suecas, russas, alemãs e dinamarquesas poderiam ganhar medalhas de ouro somente por existirem. Tipo um honra ao mérito!!! QUE SABOR!!!

10- Imaginem o sururu que está na Vila Olímpica… Tem atleta que vem pra passar o cerol fino no amiguinho de outro continente… Quero ver segurar a rapaziada da África com suas berinjelas atômicas! 


11- Inteligente manifestação da torcida brasileira contra a goleira americana do futebol, gritavam ZICA em todos os lances que a palhaça participava… Eu posso falar mal, você não!!! Zicaaaaaaaa!

12- E o Brasil no basquete masculino??? Parece que fazem de sacanagem… Que irritação ver esse time jogar!

13- Cancelaram o primeiro dia da canoagem por causa dos ventos fortes na Lagoa… Literalmente seria jogar merda no ventilador!

14- Michael Phelps – Pegou atrás o revezamento, entregou com quase um corpo de diferença à frente, usou todos os tipos de droga neste ciclo olímpico, tem 31 anos, foi pego bêbado dirigindo, não competiu durante três anos pós olimpíada de 2012, chegou a parar de nadar após o feito épico de 8 ouros em uma mesma olimpíada, nasceu pra brilhar, nasceu pra vencer, contemplemos o maior atleta da história olímpica e porque não de todos os esportes??? VIVA, PHELPS!

15- O quanto estamos certos em cobrar resultados dos nossos atletas??? Assunto complexo demais, sou crítico ferrenho de “pipocadas” de favoritos brasileiros na hora que a onça bebe água, mas será que só o fato de já se credenciarem como favoritos por campeonatos anteriores já não é um milagre ??? 


16- Futebol
 
A – Goleiro com medo
B – Time nervoso
C – Neymar fora de forma, muito mal, irritando até seus defensores (sou um deles)
D – Renato Augusto abaixo do que pode render
E – Gabigol tenta pelo menos
F – Gabriel Jesus enganador
G – Rafinha fora de forma
H – Micale mal nas substituições e nas escalações, time aberto com espações entre os setores, saída de bola lenta, meias e atacantes jogando longe uns dos outros, laterais lentos, não parece treinado esse jovem time nacional! 
 
17- Tite errou! A seleção tinha que ser ele, foda-se que o Micale estava lá, ele teria que assumir essa bomba e teria peso pra segurar! ERROU COM O BRASIL, se escondeu!
 
18- Que saudades… 1,67 e 1002 gols!  


19- Pior do que está, seria ouvir o Zagallo falando merda sobre os resultados do Brasil, palpites cegos e sem propósito do tipo: “A amarelinha vai vencer no final”.


20- Se tem algo que tem minha torcida, esse esporte é o Futebol Feminino… Como merecem! Recebem espinhos da CBF e retribuem com FLORES!!!

21- Falcão merecia uma olimpíada, não há explicação para o futsal não estar presente nos jogos! Alguém de peso precisa assumir essa missão! Futsal OLÍMPICO!!!
 
Chega, estou bem puto com o futebol brasileiro!
 
Fui CLEAR?????

EX-AMORES DE UM ESTÁDIO QUE NÃO EXISTE MAIS, O FIM DAS EMOÇÕES DE VERDADE

por Marcelo Mendez


O Palestra Itália antes de passar por reforma

E vivíamos o ano da graça de 1976…

Era sábado à noite e com meus tenros seis anos de idade sentia que alguma coisa estava acontecendo na minha casa.

Minha mãe, Dona Claudete, preocupadíssima questionava a decisão de meu pai e de meu tio Bida, que estavam presentes naquela reunião, regada à vinho e berinjela de forno. Dizia minha mãe:

– Mas é uma loucura! Vai levar o menino desse tamanho pra ver jogo no estádio? Vocês dois tomam uns goles e mal cuidam de vocês mesmos!.

Meu pai, homem safo, calmo, sereno e já lindamente bêbado, ria suavemente e respondia com aquela paciência que só os que são do conceito podem ter:

– Fica tranquila, mulher. Eu e seu irmão vamos levar o menino para viver a maior experiência da vida dele. Depois que ele ver o Verdão, no Parque Antártica lotado, o garoto vai ser pra sempre, muito mais feliz. E a gente nem vai ter que cuidar tanto dele. A vida fará isso por ele. Vai por mim que vai dar tudo certo…


Não posso dizer que a filosofia cachacística de meu velho convenceu minha mãe. Nas minhas memórias também sei lá se isso a tranquilizou, mas o fato foi que no domingo eu, meu pai e meu tio Bida embarcamos no Fusca azul de meu tio rumo ao Pacaembu para assistir Palmeiras x Botafogo-SP, em um daqueles dias lindos.

De mão dada com o velho que me segurava com força, vestido de camisa 10 verde, caminhando com aquele montão de gente, eu já conseguia sentir que faria parte de algo muito grande. Paramos perto da entrada e enquanto tio Bida comprava os ingressos, meu pai me levou até um carrinho de cachorro-quente. Me comprou um e, pasmem, pagou um refrigerante, um guaraná Antárctica garrafa caçulinha! Uauuu!!! Tudo de gala!

Me recordo que na empolgação de comer o lanche, lambuzei toda minha camisa de molho, de catchup e tudo. Olhei pro velho com aquele olhar triste, meio que implorando pra não tomar bronca e aí já senti que esse lance de ir no estádio seria muito bom. Meu velho me olhou, deu risada e falou:

– Pode tirar a camisa filho, tá calor.

E quando meu tio Bida chegou com os ingressos entrei resoluto, todo sujo e feliz da vida.

Do jogo, me lembro de um 4×0 para meu Palmeiras com Ademir da Guia jogando tudo que um sujeito poderia jogar. Mas o que me marcou antes dos gols do eterno 10 do Palestra Itália foi um momento lá que o árbitro não deu uma falta clara para o Palmeiras. Nesse momento, a massa convicta do julgamento que estava fazendo ali do ocorrido se uniu e, em coro, mandou ver a resolução de sua indignação com um bem sincronizado coro endereçado ao bufão de preto: “Filho da puta! Filho da puta! Filho da puta…”.


Nessa hora, olhei assustadíssimo para meu pai. Quanta gente falando palavrão! Nossa senhora se minha mãe visse isso!! Aí, meu pai, nesse momento, comungando do mesmo sentimento que o povo todo em fúria santa vivia naquele instante, me olhou e disse:

– Filho, esse desgraçado desse juiz ladrão tá roubando a gente, você viu? É um filho da puta, meu filho!!.

E então, diante do inexorável argumento de meu pai, me fiz ser mais um daqueles e respondi a meu velho:

– É pai, é um filho da puta!.

– Isso mesmo meu filho! Xinga ele!!

E naquele momento, passei a gritar com todas minhas forças, de punho cerrado e tudo, os impropérios contra a progenitora do pobre cidadão de preto. E amigo leitor, lhe digo: Que poético era, xingar o “juiz ladrão” no estádio!

Mas não havia nada que pudesse ser mais onírico, mais dionisíaco, mais libertário para um menino de seis anos, do que um coro de vozes falando aberta e lindamente uns bons palavrões. Que delícia! Vivi aliaquele domingo meu primeiro assopro de liberdade, de alegria, de tudo que poderia ter de mais lindo. Sem camisa, sujo de catchup, esfregando um cachorro-quente na cara, vendo meu time jogar e falando um monte de palavrão! Pensei na hora: “Esse tal de estádio é o melhor lugar do mundo!” E foi.

Nas duras arquibancadas de concreto da vida, vivi de tudo: chorei, ri, xinguei, amei, vibrei, fiquei triste, fiquei feliz… Vivi como torcedor a plenitude e a vida só pode ser bela se for plena. E assim foi até uns tempos atrás, mas, o ano de 1976 passou…

SÃO PAULO, MAIO DE 2016

Foi um dia que resolvi ir ao velho Palestra de meu sonho de menino como torcedor, sem a necessidade da pauta. Não sabia muito bem o porquê daquela decisão, mas no trem que me levaria até a Estação Barra Funda, as coisas começaram a chegar perto de uma clareza. Ou algo parecido…

Tal e qual Marcel Proust, eu caminhava em Busca de Um Tempo Perdido. Uma época que de alguma forma eu sonhei. Tempo que fui menino, coisa muito maior, muito mais divina e bela do que o homem, o jornalista que sou hoje: cronista apaixonado, virado e transvirado a procura de amores, encantos, poesias e afins. Dessa forma, peguei minha mochila, meu ipod, meu coração e rumei ao Palestra. 

Da janela do trem, vi o mundo ao som de Neil Young cantando Out On The Weekend. Em um dos versos ele cantava “Veja o rapaz solitário/Saindo pro fim de semana/Tentando fazer valer a pena/Não se identifica com a alegria/Ele tenta falar/E não consegue começar a dizer”. Emoções…

Agora, com 46 anos de idade, homem feito, barba na cara, boca lindamente beijada. Olhar atento às coisas que cerca o que se diz por aí ser “o mundo moderno”. Na verdade, isso nada mais é que um grande nada, um vale vazio de emoções e sensações. Espaços preenchidos com a nulidade de PRÉDIOS, condomínios e seguranças. Muita tecnologia ao longo da minha caminhada e nenhum bom dia! Entre todas as novidades do mundo não consta a gentileza ou nada que seja humano. Cheguei perto do estádio.


Após reforma, o estádio mudou em diversos quesitos

Havia lá uns rostos diferentes, pessoas apressadas, com seus super celulares e quetais. Não achei por bem atrapalhar. Entrei no estádio:

Não chama mais Palestra Itália, agora o nome é uma tal de “Arena”.

Uma porcaria de plástico, sem vida, sem emoção, um rinoceronte, templo máximo da empáfia neoliberal a dilacerar todos os romances possíveis, uma ceifadora de tudo que é verdadeiro na vida. As pessoas pouco se importam com o jogo, sacam seus celulares e teclam freneticamente a vida via zap, não se falam, não se frequentam e a estes, pouco importa se o Palmeiras vai jogar contra o Santa Cruz, ou o Bambala…

São indiferentes ao mundo, dentro de sua tristeza tecnológica

Nada…

Dentro dessa tal Arena, não vi nada do que mais pulsava dos meus tempos de menino de arquibancada no velho Parque Antártica. Aliás, nem arquibancada tem mais por lá. Agora são “cadeiras”.

A alegria agora é “comedida”. O público mudou, não há mais muitos moleques do ABCD para comprar ingressos, os tais tempos modernos agora criaram uma coisa que chama “Programa de Fidelidade de Sócio-Torcedor”. Trata-se de uma espécie de cabresto “moderno” e “repaginado”. Os ingressos todos vão para estes, que pagam por uma mensalidade ou algo parecido, para ter algumas vantagens na aquisição de produtos referentes à marca que hoje é o clube.

Outra marca agora são os tais “Stewarts”. Uns sujeitos lá, de jaleco laranja, que ao invés de assistirem os jogos, bestamente ficam olhando pras nossas caras e enchendo o saco pra que se cumpram as normas imbecis das tais Arenas. Dado momento, onde estava, vi um desses em ação:


Placa na Arena Pernambuco (Foto: Diogo Amaral)

Um menino ali de seus 10 anos corria e cantava pelas cadeiras quando o idiota de colete veio perto e falou com a mãe:

– Senhora, nesse setor as crianças devem permanecer sentadas

Tristemente, o menino então sentou em sua cadeira. Fechei os olhos…

Na minha mente veio aquela tarde em 1976, veio meu Velho, meu Tio Bida. Ambos não estão mais aqui, não tiveram tempo de ver tudo virar essa coisa chata e modorrenta, não deixariam decerto o sujeito me dizer pra não correr, ou não falar palavrão, ou não fazer o que tivesse vontade.

Pensei que as coisas são doídas e todo desespero agora é moda, a gente vive se desesperando, assim como viemos perdendo tudo, tiram tudo da gente; Nossa grana, nosso emprego, nosso futebol, nosso direito de torcer como brasileiros torcem.

Abri os olhos e olhei bem pra cara do sujeito de jaleco e então ele veio à minha direção:

– Posso ajudá-lo senhor?

– Pode, me faz um favor; Vai pra o inferno seu arregado, bundão!

Me levantei, saí e não vi o jogo. Parei num buteco da Barra funda e enchi a cara.

Pela TV vi que o Palmeiras ganhou a coisa, mas não comemorei…