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Palmeiras

ANIVERSÁRIO DO CAMISA 9 PALMEIRENSE

por Marcelo Mendez


Eram cabelos compridos, de um semblante revolto, que usava camisa 9, que usava chutes precisos como versos e com uma fúria que contradizia a academia que era o time do Palmeiras…

Nos saudosos anos 70, ataque alviverde tinha um puma, rápido, mordaz, incisivo, infalível, para finalizar suas jogadas. O futebol o levou à seleção, lhe conduziu até a Copa do Mundo de 1974. O jeito livre e a personalidade forte de ser lhe renderam a alcunha que lhe perdurou por toda vida:

César Maluco

Acontece que César Lemos foi muito mais que tão somente um maluco…

Chegou no Palmeiras em 1967 e por aqui, em 325 jogos, marcou 182 gols, os tantos necessários para fazer dele o segundo maior artilheiro da história do Verde de Parque Antártica e isso é muita coisa.

Ganhou tudo, jogou tudo, amou muito, detestou outros tantos. Intenso como a poesia, verdadeiro como um Blues, César sempre foi muito César pelo tempo que ficou conosco no Palmeiras. Fez de tudo…

Meteu gol de tudo que foi jeito, correu atrás de cartola do São Paulo na final de um Campeonato Paulista, peitou zagueiro, diretor ruim, tudo!

No dia do seu aniversário, tive que aparecer aqui para lhe dar um feliz aniversário e, muito mais do que parabenizar, lhe agradecer:

Obrigado, César!

O CLÁSSICO DA JUSTIÇA

por Marcelo Mendez


(Foto: Reprodução)

O que falo aqui é de uma lembrança totalmente afetiva, liberta de todas as preocupações que acometem o Jornalista que sou hoje. O texto fala do Marcelo molecão, em 1986.

No Morumbi lotado, o Palmeiras martelava e amassava o Corinthians.

Carlos, o goleiro, pegava bolas e mais bolas em defesas espetaculares e as coisas não iam bem. Na antiga numerada inferior onde ficávamos todos misturados, as esperanças iam ruindo até que chegamos ao ápice da coisa, aos 42 minutos do segundo tempo. Meu pai, puto com tudo, virou e me falou.

– Chega, vamos embora!

– O que? Ta doido, Pai?? Ainda não acabou não!!

– Vai acontecer o que vem acontecendo por esses 10 anos. Vamos…

Nisso, um corintiano ao lado que acompanhava a cena se meteu na história:

– Menino… Ouve seu Pai, vai ficar pra passar mais raiva? Vai assistir nossa festa?

– Marcelo… vamos!

– Espera, Pai…

– Cê vai ficar aí? Fica, eu to indo!


(Foto: Antonio Gaudério)

– Então vai, Pai! Vá pra porra! O senhor é palmeirense porra nenhuma! Vai embora, eu me viro!

Após a gente quebrar o pau, o Velho virou as costas e foi indo embora. Eu tinha 16 anos de idade em 1986. Na ocasião num tinha uma moeda no bolso e quando meu pai começou a ir embora, eu nem pensei em nada. O corintiano do meu lado se meteu de novo:

– Garoto, melhor você ir embora hein? Ah lá… faz como seu Pai que aqui o Coringão já levou…”

Nesse momento, Jorginho se encaminhou para bater uma falta. Bola na área, Vagner Bacharel cabeceia, o goleiro Carlos espalma e a bola acha a barriga, as pernas e tudo de Mirandinha, que a empurra como dá para o fundo das redes.

GOOOOOOOOOOOLLLLLL!!!!!

Eu já gritei vários gols na vida. Mas eu duvido que algum deles tenha tido a força que teve aquele berro na cara do corintiano desenxabido ali na minha frente. Eu o peguei pela camisa e gritava… “Golllllllll”. Meu pai que estava indo embora voltou e quando vi estava meio que me abraçando, meio que me tirando em cima do corintiano.

– Ainda falta a prorrogação, o Timão vai virar…

– Vai virar é o caralho! Vai embora você, arrombado!

E nesse clima “hospitaleiro”, fomos à prorrogação. O regulamento previa que após os resultados iguais, com a melhor campanha, o Palmeiras precisaria empatar com o Corinthians na prorrogação para a final. A peleja começou:

E no primeiro ataque do Palmeiras, Mirandinha pega uma bola, entorta Edivaldo e bate pra rede.

“GOOOOOOOOOOOOLLLLL”

Nesse momento, o corintiano foi levantando pra ir embora e eu corri atrás dele falando um milhão de impropérios. Meu pai correu atrás de mim e disse pra esquecer o cara e fazer a festa. Eu fiz.

De quebra, teve gol olímpico de Éder e uma festança de 3×0.

O Palmeiras não saiu da fila naquele ano. Perdemos a final drasticamente para a Inter de Limeira e claro que sofri. Mas em 1986 teve um derby e isso aliviou muito a dor.

O maior derby da minha vida…

SOCO NO QUEIXO

:::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Não sei para onde caminha a humanidade mas ando preocupado com o desenrolar dessa história. O que mais tenho ouvido é gente dizendo que está indo morar em Portugal. Eu mesmo troquei Leblon por Florianópolis. O mundo anda truculento demais e os líderes ameaçam, intimidam, bombardeiam. É Trump, é Bolsonaro, é pau, é pedra, é o fim do caminho.

Exagero? Então, reparem em duas situações que aconteceram recentemente no futebol e digam se estou maluco.

A primeira. O Palmeiras vira em cima do Peñarol e o herói da partida é o boxeador Felipe Melo. Nem vi o jogo, mas andando pelo calçadão só ouvia os comentários: “viu o soco do Felipe?”, “o Felipe acertou o goleiro uruguaio”.

A VEZ DOS XERIFÕES

Não sei de quem foram os gols e se foram bonitos, nem quem foi o destaque da partida, mas sei que o Felipe Melo distribuiu pancadas, como sempre, afinal essa é a sua especialidade. O segundo caso foi o do Rodrigo Caio sendo acusado de ter praticado fair play. Acusado, sim senhor, porque a maioria dos torcedores achou sua atitude ridícula, infantil, desnecessária.


Contratem o Ibope, façam uma pesquisa e confirmarão que o negão aqui não está doido. A pergunta do Ibope pode ser essa: quem você prefere no seu time, Felipe Melo ou Rodrigo Caio? Anotem aí, Felipe Melo ganhará disparado apesar de não jogar metade do que o zagueiro são-paulino.

O cuidado e a generosidade perderam o espaço. Hoje, ganha-se no grito, é a vez é dos xerifões, dos generais, do soco no queixo e, por isso, Felipe Melo caminha a passos largos para ser elevado ao posto de herói nacional.

Me desculpe, garoto, pode me chamar de saudosista, mas sou do tempo em que os brigões também não levavam desaforo para casa e tínhamos personagens lendários como Almir Pernambuquinho, capaz de derrubar um time inteiro, mas que apesar de toda aquela fúria acima de tudo tratava a bola com muito carinho.   

CULPA DA BOLA

 

por André Felipe de Lima


Em outubro de 1998, estava este jornalista de repórter da Folha de S.Paulo, no gramado do estádio Caio Martins, em Niterói, acompanhando um “chuvoso” clássico entre Botafogo e Palmeiras, treinado, na época, pelo Luiz Felipe Scolari.

O Botafogo enfiou 3 a 1 goela adentro do Verdão. Por milagre, o Alvinegro não sapecou mais gols na “peneira” palmeirense. No papel, é verdade, o time paulista estava em melhor fase, mas era dia do Fogão.

Como repórter de um jornal paulistano, tive de postar-me ao lado do banco de reservas do Palmeiras. Felipão estava louco da vida com o time em campo. Gritava ensurdecedoramente. Eu, quietinho, sofria com a intensa chuva que jorrava sobre mim. Sem capa, sem nada. Resfriado iminente. E foi, na mosca, dias depois. Mas voltemos à peleja.

A cada ataque do Botafogo, Felipão gritava e, em seguida, virava-se para mim com um olhar de reprovação. Jamais saberei se ele me definiu como um seca-pimenteira (completamente encharcado, frise-se) ou se olhava-me como se pedisse um ombro amigo. Considerando o estilo “mimoso” do Felipão, confio mais na primeira hipótese.


(Foto: Gazeta Press)

Mas vamos lá. Terminou o primeiro tempo com o Fogão metendo dois gols (França e Túlio). Paulo Nunes descontou no segundo tempo para o Verdão, mas ainda coube mais um do Botafogo, com Bebeto.

Fim de papo, corri imediatamente atrás dos jogadores do Palmeiras para obter “explicações” para a pífia performance em campo.

Felipão falou educadamente comigo e disse, evidentemente sem citar nomes, embora eu perguntasse insistentemente para que desse nomes aos bois, que o time foi um bagaço. “Não é assim que se joga futebol. Vi muita coisa que não gostei e não admito isso no Palmeiras. A bola (vejam bem, leitores, a “bola”…) é redonda para todos, e o Botafogo estava mais ligado no jogo.”


Felipão estava injuriado, e com inteira razão. Saquei imediatamente que a figura mais polêmica — aos olhos do treinador palmeirense — era o zagueirão Júnior Baiano. Corri até ele e emendei a clássica pergunta de repórter boleiro: “Ô, Júnior Baiano, a que você atribui um jogo tão ruim do Palmeiras?”. Baiano não se fez de rogado. Foi rápido na resposta como se estivesse dando um carrinho em um desavisado: “A bola. A bola foi a culpada. Estavam todas murchas”.

Foi a primeira vez que vi um jogador culpar a bola após uma derrota. Esse é o grande Júnior Baiano. Zagueirão, boa praça e, queiram ou não, ídolo de muitos palmeirenses e, também, de rubro-negros, sãopaulinos e até mesmo de alguns vascaínos.

Hoje é aniversário do zagueiro Júnior Baiano. Parabéns ao ídolo!

A BOLA E O RÁDIO, OSMAR SANTOS

por Marcelo Mendez


Os rádios de pilha eram amigos inseparáveis dos torcedores

Houve um tempo em que não havia jogos transmitidos ao vivo.

Aliás, houve um tempo que a vida era vivida, que ninguém ficava com a fuça enterrada numa tela de celular ou de TV, as pessoas se freqüentavam, se abraçavam, não havia essa interatividade toda e vejam, ainda assim todo mundo se ajeitava muito bem.

Por esses tempos, para nós que gostávamos de futebol, tinha o rádio, a boa e velha Rádio AM para cuidar de nossas emoções e nos guiar rumo ao gol do outro time, para jogar de zagueiro quando éramos atacados e afins. 

Para homenagear esses tempos e esses caras, estamos aqui a começar a coluna “A Bola e o Rádio” e relembrar desses momentos onde o gol não seria tão gol se não fossem esses caras.

Então vamos começar os trabalhos…

OSMAR SANTOS, O PAI DA MATÉRIA

De moleque eu me recordo do Osmar…


Osmar Santos

Em São Paulo, nos anos 80, não poderia ter futebol se não tivesse o Osmar Santos a narrar os jogos pelo canhão que era a Rádio Globo 1100 AM. Sempre acompanhei as suas milhares de gags, suas tiradas sensacionais, sua velocidade para narrar e toda a emoção a milhão que ele passava. 

Não demorou para a gente protagonizar nossa história…

O ano era 1986.

O meu Palmeiras amargava o décimo ano de uma fila que começava a incomodar e ali, com aquele nosso time que tinha entre outros Eder, Jorginho, Wagner Bacharel, Edu e Edmar, havia a possibilidade de acabar com isso. No meio do caminho, na semifinal, nosso maior rival; Corinthians. Um time bem ruim, com jogadores como os zagueiros Edivaldo, Paulo, os meias Cristovão, Biro Biro e afins.

No primeiro jogo, eles venceram o Palmeiras por 1×0 em uma arbitragem desastrosa de um maldito de nome Ulisses Tavares da Silva, que entre outras coisas deu escanteio em uma jogada que o zagueiro do Corinthians espalmou um chute de Mirandinha pela linha de fundo!!

Mas tudo bem…

Quando o jogo acabou meu pai veio a meu quarto e falou; “Quarta feira, vamos ao jogo”.

Opaaa!!! Era questão de honra e fomos!

No Morumbi lotado até as tampas, o jogo começou. Palmeiras em cima e Carlos, goleiro da seleção pegando tudo. Ficamos na numerada inferior com todo mundo junto e um corinthiano me enchendo o saco até a hora que Mirandinha entrou. Daí pra frente, ele deitou em cima da zaga corinthiana, meteu gols e bom, agora é com o Osmar. 

Segue a narração do Pai do matéria, para imortalizar o que seria só um jogo de bola, mas virou, então, “O Clássico da Justiça”