por Israel Cayo Campos
“O que finalmente eu mais sei sobre a moral e as obrigações do homem devo ao futebol…”
A frase, embora nunca comprovada, é atribuída ao Prêmio Nobel de literatura franco-argelino Albert Camus. O que se sabe é que Camus era fã de futebol, e que a frase, seja dele ou não, se encaixa perfeitamente com Martin Palermo, que hoje completa 46 anos.
Palermo ficou famoso aqui no Brasil na Copa América do Paraguai, em 1999, após um jogo contra a Colômbia onde o argentino conseguiu a façanha, até onde sei inédita, de perder três penalidades máximas em tempo normal.
Curiosamente, com um chute para fora, um na trave e outro defendido pelo goleiro colombiano.
Mas o garoto nascido em La Plata, e que teve o início de sua carreira no possante Estudiantes, de sua cidade natal, foi muito mais do que essa fatídica partida, pelo Boca Juniors, clube pelo qual se destacou, é o maior artilheiro da história do clube. São 235 gols com a camisa do time de Buenos Aires, superando a lenda dos anos 1930, Roberto Cherro.
Palermo chegou ao Boca Juniors em 1997, a pedido de nada mais nada menos que Dom Diego Armando Maradona. E não decepcionou com a camisa gigante de “La Bombonera”, conquistando dois títulos argentinos em três anos, e sendo artilheiro da equipe nessas conquistas, em 1997 e 1999.
Em 2000, o auge. Dois gols na final do Mundial contra o poderoso Real Madrid, eleito o melhor jogador em campo, e o título do campeonato mundial de clubes daquele ano. Eu sei, os corintianos vão discordar!
Longe de ser um primor técnico, a raça e o faro de gol o tornaram ídolo da torcida, o que em um futebol já globalizado, fez com que clubes da Europa logo se interessassem por seu futebol. Entre 2001 e 2004, perambulou por clubes espanhóis como Villarreal, Real Bétis e Alavés sem muito destaque. Era hora de voltar ao seu grande amor, em 2004 estava de volta ao Boca Juniors.
Em sua volta, fez times brasileiros sofrerem. O Internacional na Sulamericana de 2004, O São Paulo na Recopa Sul-americana de 2006, e o Grêmio na final da Copa Libertadores de 2007. Ao lado da lenda Riquelme, esteve na fase mais vencedora do Boca Juniors.
Em 2010, teve uma nova chance na seleção albiceleste. Maradona, então técnico da Argentina o convocou para a Copa do Mundo, onde marcou até um gol contra a Grécia, mas teve uma atuação discreta na Copa do Mundo da África do Sul. Um ano depois, em 2011, encerrava a carreira no seu “Boca” de coração.
Apesar das chacotas que viveu pelo jogo já citado contra a Colômbia, Palermo teve uma carreira de muitos gols e títulos.
Se ele não entra como um dos maiores camisas nove da seleção argentina, marcou apenas nove gols pelo seu país, ser o maior artilheiro da história do maior time da América do Sul o coloca em um patamar de jogador respeitado. Sem contar os títulos: Seis campeonatos argentinos, duas Copas Libertadores (2000 e 2007), duas Copas Sulamericanas, três Recopas e um Mundial de Clubes em 2000.
Martin é o exemplo vivo da frase de Camus. A moral o tornou um jogador caneludo, principalmente para os brasileiros, mas as obrigações o tornaram um goleador respeitado e multicampeão, apesar das limitações técnicas que de fato possuía! Palermo é a metáfora perfeita de como o futebol imita a vida, ou seria o contrário?
De qualquer forma, parabéns, Palermo, pela sua vitoriosa carreira em mais uma primavera completa. Por mais que para o mundo você seja o homem dos três penais perdidos em um jogo, para torcida Boca, você sempre terá um espaço reservado no coração xeneize como um dos maiores ídolos do clube! E ser ídolo de um clube como o Boca Juniors, uma das mais apaixonadas do mundo, é um motivo para se orgulhar, com toda certeza!