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Neymar

LEILÃO SOLIDÁRIO


Localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o projeto Faixa Preta de Jesus assiste 400 jovens e mostra, através da luta, a capacidade da criança em se opor ao adversário, combatendo as adversidade com determinação e fazendo florescer uma força interior.

Comovido com a causa, o craque Neymar doou duas camisas e um par de chuteiras autografados para serem leiloados. Vale destacar que o valor arrecadado será revertido para o projeto que, no total, já atendeu cerca de 25 mil jovens nesses dez anos de existência.

O “Leilão Solidário” em prol da instituição vai até o dia 15 de dezembro e, para participar, os interessados deverão se cadastrar no site (https://leiloar.net/cadast), se habilitar para o leilão e inserir seus lances. Visto pelos colecionadores e amantes do futebol como verdadeiras relíquias, as camisas e a chuteira são do tempo que o atleta jogava no Barcelona. Toda a ação será realizada com apoio da Piraquê, do Museu da Pelada e da Leiloar.net.

Além do leilão, você pode ajudar de diversas maneiras, basta entrar em contato e começar a fazer a diferença. 

     Nova Iguaçu
     Instituto Brasil
     Avenida Roberto Silveira 1050
     Centro – Nova Iguaçu
     Rio de Janeiro
     Telefone: (021) 3488-5928

FUTEBOL MECÂNICO

por Walter Duarte


Dia desses, em uma dessas intermináveis resenhas no “escritório” (bar do Vicente), debatemos sobre os talentos do futebol cada vez mais raros, apesar de toda estrutura disponível e campos sintéticos espalhado país a fora e as famosas “escolinhas”. Aliás, é um tema recorrente nos dias de hoje, onde a quantidade de jogadores revelados e com muito mercado não traduz necessariamente em qualidade, pelo menos para aqueles que entendem o futebol como uma arte, além do esporte.

Saudosismos à parte, falamos sobre o Zico, PC Caju, Adílio, Didi, Amarildo, Rivelino, Maradona, Pelé e tantos outros craques, como exemplos de jogadores diferenciados e que pensavam o jogo com muita classe. Muitas destas feras começaram seus primeiros dribles e passes, certamente, nas ruas de terra e campos de várzea em uma época em que a cada esquina deparávamos com um campinho de futebol.


Não poderia afirmar categoricamente que fatores genéticos e sociais determinam a formação do craque, ou pelo menos facilita, entendendo que a maioria deles têm origens humildes e enxergam o futebol como possibilidade de melhores dias, diante de um contexto de exclusão social. Acho, porém que algum estudioso das ciências sociais ou da Antropologia deverá ter alguma tese sobre o tema (quem sabe??) e tecer comentários mais fundamentados, longe da mesa de bar.

Pois bem, o bate papo se desenvolvia e colocávamos novas questões à mesa e o objeto da nossa resenha começou a derivar ou “viajar” para outras vertentes e todo mundo se sentindo um pouco dono da verdade. Certamente o craque não se fabrica em laboratório, ou se PROCESSA numa fábrica como um sorvete, apesar de podermos aperfeiçoar o talento com técnicas já conhecidas pelos “professores”, onde a parte física, e mecânica do jogador (movimentos repetitivos) são exploradas à exaustão.

Me veio em mente um paralelo com organização científica do trabalho, iniciada lá no início do século passado (Taylorismo e Fordismo) que promoveram mudanças significativas na produção industrial, diante das necessidades cada vez maiores de consumo de países do primeiro mundo e, por conseguinte, maximizar o lucro. Sem nenhuma conotação política e ideológica imagino que com a passar do tempo e com as “novas“ estratégias de jogo, as pressões de não perder dinheiro, bem como o mercantilismo do futebol, fizeram o jogador a se“despersonalizar”, e corromper sua criatividade, tal como o trabalhador das fábricas de automóveis na linha de produção em seus movimentos repetitivos e cadenciados.


Ao se mecanizar e acreditar que é apenas um dente da engrenagem, o jogador, em tese, perderia aquilo que é mais instintivo e natural, ou seja, a essência do futebol “moleque”, tal como um trabalhador robotizado no seu modo operatório. Ao final dessa teoria maluca muitos devem estar pensando – esse cara está inventando moda, suspende o chopp dele!!!

Chegamos a algumas conclusões um pouco alinhadas e de senso comum, e parafraseando o mestre e craque PC Caju (me permita Caju!!!), “engessaram a nossa arte”, motivo de entender aquele filme clássico do Charles Chaplin “ Tempos Modernos”, que antevia os efeitos da divisão do trabalho intelectual e de quem realmente executa, ou seja,  o jogador, que poderia induzir a alienação…


Imaginemos Garrincha, o próprio Neymar ou Messi inibidos a apresentar dos seus instintos criativos, do imponderável não combinados nas frias táticas de jogo. Até mesmo a temida Laranja Mecânica (Holanda de 74) tinha algo de especial, e por que não dizer anárquico para conduzir aquela permutação contínua e irresistível em campo sem posições definidas. O futebol mecânico e pouco criativo,me parece ter origens na praticidade e na imposição de produtividade, sem nenhum pudor e compromissos com o encantamento. A estatística de jogo tornou-se uma grande ferramenta de avaliação de performance (não se pode excluí-la), porém virou quase que uma compulsão por números.

As seleções de 70 e 82 representaram uma MAGIA e algo que me parece intangível nos dias de hoje, tornando o clássico futebol brasileiro uma UTOPIA para os europeus, e a algum tempo copiado. É claro que grandes treinadores como Guardiola e outros com a mente mais arejada e que possuem talentos “a peso de ouro”, conseguem adaptar um estilo mais solto e de toque de bola, sobrepujando as retrancas jogando bonito.

Sem a menor pretensão de encerrar o assunto tão complexo para nós pobres mortais e “palpiteiros da bola”, repasso uma questão para vocês: o futebol mecânico, previsível, com ênfase na parte física, e de“resultado” é a nossa realidade??? Com certeza a polêmica alimentará nosso imaginário, pelo sonho do futebol que minha geração aprendeu a amar.

 

ATLETA OSTENTAÇÃO

por Idel Halfen


Certamente cada um de nós tem em seu círculo de conhecidos alguém que, mesmo que não tenha boas performances na modalidade esportiva a que se propõe a praticar, está sempre bem equipado para treinos e competições, o que é ótimo em termos de conforto e segurança, ainda que possa parecer estranho aos olhos do pessoal da old school daquele esporte.

As marcas esportivas atentas a esse nicho não medem esforços para desenvolver e lançar produtos destinados a esse público, lembrando que a parte relativa ao desenvolvimento é algo natural ao segmento, vide o forte investimento em pesquisa e inovação por parte das grandes marcas que usam seus atletas patrocinados para testar e endossar seus produtos.

Atuando dessa forma, as marcas não apenas trabalham o aspecto de evolução dos produtos, como também atingem o lado aspiracional do consumidor em busca de performance, de conforto e de possuir algo de um campeão, ainda que seja apenas o equipamento.


Um case que ilustra bem esse conceito do aspecto aspiracional como fator influenciador ocorreu numa empresa que ao implantar um programa de qualidade de vida para seus colaboradores não teve a adesão esperada no início, mesmo disponibilizando locais e modalidades variadas como opções. O quadro mudou positivamente quando a empresa começou a divulgar mais fortemente os patrocínios a atletas e mostrá-los em algumas situações de treinamento com a mesma camisa fornecida ao funcionário para a prática das atividades. Paralelamente foram criadas ações que propiciavam aos colaboradores a possibilidade de participarem de eventos externos, dentre os quais maratonas em outros países.

Assinale-se que se trata de uma estratégia de posicionamento bastante óbvia e eficaz, ainda que alguns “especialistas” critiquem as empresas de produtos esportivos alegando que as mesmas não dão atenção ao consumidor por ofertarem bens utilizados também pelos atletas de alto rendimento. Pasmem!


Os argumentos para justificarem tal ponto de vista – bastante míope, por sinal – vão desde a alegação de que o mesmo modelo de camisa utilizado pelos jogadores de futebol não deveria ser comercializado, até a de que praticantes de corridas não poderiam usar os mesmos calçados dos atletas de ponta, deixando assim evidente a ignorância a respeito das diferenças existentes entre tênis para competição e para treinamento, sendo mandatório esclarecer aqui que ambos são eficazes, evidentemente, se calçados para os objetivos a que se propõem. 

Se tais especialistas fizessem um exercício de reflexão sobre o que significa escrever publicamente como donos da verdade acerca de um tema que não dominam o suficiente, constatariam a importância do aspecto aspiracional na vida das pessoas, afinal, tentam através de um meio/equipamento parecer ser o que não são, mas têm vontade de ser.
Algo bem similar aos que usam o mesmo produto de seus ídolos.

QUEM BATE? QUEM FAZ?

por Idel Halfen


Serve como ilustração para o desenvolvimento do artigo, a discussão ocorrida em pleno campo de jogo entre o brasileiro Neymar e o uruguaio Cavani pelo direito de ser o cobrador de um pênalti. 

É necessário que fique claro que o citado episódio não guarda nenhum ineditismo, talvez ele seja o mais lembrado em função do bombardeio feito pela mídia e por ter acontecido recentemente. Tampouco se trata de exclusividade do meio esportivo, aliás, muito pelo contrário.

Tanto no esporte como no mundo corporativo, o problema é relativamente comum e tem como causa principal a falta de uma definição prévia das responsabilidades de cada profissional e de cada setor. Complementa o diagnóstico a resposta para a pergunta: qual a dificuldade de se estabelecer tais definições? Afinal de contas na maioria das vezes não se tratam de situações inusitadas, e sim o oposto, já que fazem parte do cotidiano da atividade.


São duas as possibilidades de resposta: fragilidade/ incompetência do gestor responsável e/ou carência de processos que estabeleçam os limites de alçada para cada parte da organização. 

É óbvio que qualquer decisão que envolva a escolha de um “lado” pode trazer consequências não muito agradáveis, contudo, essas são mais fáceis de administrar do que a contínua “briga pelo espaço”, a qual tem o poder de contaminar toda a organização e costuma deixar sequelas graves, tais como a formação “panelas” e desvios de foco do objetivo macro da organização.

A opção de esperar o tempo passar para acomodar a situação é, nesse caso, a pior alternativa possível, visto que dessa forma o ambiente fica ainda mais desarrumado e pior, ambos os lados da “contenda” ganham a certeza de que quem deve decidir é despreparado para a função.

De antemão aviso que a célebre citação de Maquiavel: “dividir para governar”, é totalmente fora de contexto nesse caso, pois quando se trata de equipes a união é fundamental.


No caso do clube francês bastava estabelecer, em função de algum critério coerente, quem seria o responsável pelas cobranças da penalidade máxima, cabendo ao que fosse preterido argumentar internamente e, se mesmo assim não convencesse o “comandante”, aceitar e trabalhar para reverter a situação treinando e demonstrando comprometimento com o grupo. Na verdade, nem sei se a adoção agora dessa medida conseguirá consertar o ambiente, pois, como escrevi acima, o comandante deixou evidente sua falta de firmeza, o que é péssimo, afinal uma das características mais importantes de um líder é ter a confiança dos seus liderados.

Em tempo, é importante explicitar que todo esse discurso expondo a responsabilidade do “comandante” não exime de forma nenhuma aqueles que, ao invés de resolverem os eventuais conflitos de forma discreta e internamente, demonstram em público suas insatisfações, deixando claro que os interesses individuais estão acima do coletivo.

RENÊ SIMÕES TINHA RAZÃO

por Mateus Ribeiro

Voltemos no tempo. Sete anos atrás, mais precisamente. Setembro de 2010.

Em partida válida pelo Campeonato Brasileiro, o Santos bateu o Atlético Goianiense por4a 2. Porém, o placar não importa muito.

Já no final da segunda etapa, com o placar marcando 3 a 2 para o Peixe, o time da Vila Belmiro teve um pênalti marcado a seu favor. O treinador Dorival Junior ordenou que Marcel cobrasse. Neymar, em sua segunda temporada como profissional, bateu o pé, deu escândalo e falou cobras e lagartos para Dorival. Tudo isso porque queria bater a penalidade. Dorival não cedeu, Marcel fez o gol, e o atual atacante do PSG saiu de campo extremamente irritado, soltando inúmeros impropérios pra cima de Dorival.

O técnico do time adversário, Renê Simões, que viu tudo de perto, previu o futuro. Para quem não se lembra, vale refrescar a memória.

Pois bem. Sete anos se passaram. Na verdade, sete anos e dois dias, já que Santos e Atlético Goianiense jogaram dia 15 de setembro de 2010, e o PSG recebeu o Lyon dia 17 de setembro de 2017.

Tinha tudo pra ser mais um jogo sem graça do campeonato mais insosso do planeta. É bem verdade que o único time do futebol francês venceu por 2 a 0. Mas poderia ser 3. Só não foi porque Cavani desperdiçou uma cobrança de pênalti. Seria um lance normal de jogo, afinal, quem nunca errou? Só que não foi normal.


Daniel Alves entrega a bola para Neymar

Tal qual sete anos atrás, o queridinho do futebol brasileiro fez biquinho porque queria cobrar o pênalti. Esqueceu por um momento que o treinador havia determinado que o uruguaio é o cobrador oficial do time. Um pouco antes, um lance parecido (e constrangedor): o PSG tinha uma cobrança de falta perto da grande área. Cavani quis bater. Eis que entra em ação um dos maiores PANACAS da historia do futebol, o tal de Daniel Alves. O lateral, provando que é “parça” de Neymar, segurou a bola, como se a estivesse escondendo de Cavani, e entregou para o atacante brasileiro perder. Uma cena típica de futebol na escola. Uma atitude patética, egoísta e desnecessária. Qualidades estas, aliás, que se encaixam bem na citada dupla de amigos.

Renê Simões estava coberto de razão. Criaram um monstro. É claro que Neymar é o melhor jogador brasileiro em anos, e um dos melhores do planeta, isso é indiscutível. Porém, sua postura como profissional sempre foi contestável. Desde o começo de sua carreira, Neymar se mostrou um tanto quanto arrogante, e se não for o centro das atenções, desce do salto.


Neymar pede a bola para Cavani

Ontem, deu mais uma prova de que o tempo não muda ninguém. Ainda mais se nesse meio tempo, todo mundo passar a mão na cabeça a cada erro cometido. Assim foi com Neymar. Sempre quis ter o mundo a seus pés. Com o apoio da maior rede de televisão do Brasil, ajudando um povo alienado por natureza a transformar esse cara com o mesmo carisma de um copo plástico em ídolo, tudo ficou mais fácil. Em sete anos, fez, aconteceu, se mostrou apenas um mimado desacostumado a ouvir não, e que não respeita ninguém.

Pode se tornar o maior jogador do mundo, depois que os dois postulantes eternos ao duvidoso prêmio pendurarem as chuteiras. Pode ser o nome do hexacampeonato. Pode até fazer mais gols que Pelé, já que foi jogar naquele campeonato amador gourmet (com todo respeito aos campeonatos amadores pelo mundo), justamente para ser o centro das atenções, fazer um milhão de gols e continuar sendo o dono da bola. Ele pode ser tudo isso. Mas vai continuar sendo um profissional da pior qualidade.

Renê Simões tentou avisar. Ninguém deu ouvidos. Agora, que durmam com esse barulho.