por Zé Roberto Padilha
Sabe aquela jogada que você faz, no cotidiano do seu ofício, para cumprir tabela sabendo que ela pouco ou nada vai lhe ajudar? Como ir cobrar um cliente que nunca vai lhe pagar? Levar um freguês ao pátio de carros usados e tentar lhe vender um Ford K, primeira geração, o carro mais feio já fabricado no mundo?
No futebol tem essa jogada. Realizada nos campinhos de pelada, no futebol soçaite e, principalmente, no Maracanã. É a número 1 em perda de tempo e dinheiro: os zagueiros, apertados, atrasam a bola para os goleiros e os cabeçudos que vestem a 9, hábeis em concluir, não raciocinar, como Ribamar e outros Tanques, dão piques em sua direção. Mesmos os Ricardos Oliveiras a realizam jogando em casa para “fazer pressão”.
Mesmo todo mundo sabendo que em 99,9% dos casos não conseguem roubar esta bola. É a chamada jogada “para mostrar serviço ao patrão”.
Ontem, na decisão entre PSG x Bayern de Munich, o “sábio” treinador da equipe francesa inverteu sua maior arma: escalou o Mbappé pelo lado esquerdo e centralizou o Neymar. E quem passou a dar piques inúteis em direção ao goleiro alemão, se desgastando à toa quando mais sua equipe precisava de suas arrancadas com a bola?
Mbappé é mais novo, faria esse papel inútil com a natural obrigação. E Neymar iria crescendo com os dribles e jogadas que faria tendo ao lado a cumplicidade de um objeto que domina como poucos.
A ordem dos fatores, uma simples troca de função, alterou seu desempenho e prejudicou o produto PSG que pela primeira vez alcançava uma final de Champions League. E tirou do melhor do mundo a força, a velocidade e a oportunidade de carregar seu talento em direção ao prêmio de melhor jogador do futebol do mundo.
Que tanto merecia.