por Motta Balboa
Caiu a ficha nessa semana. Não sou mais criança ou adolescente. Pelé e Dinamite foram tabelando para o céu deixando para trás nós, moleques, que deixávamos os jogadores do futebol de botão de galalite e íamos ao Maracanã, desde 1974, torcer para os craques de carne e osso. Luizinho do meu AMERICA, Zico do Fla e Roberto do Vasco eram alguns dos que carregavam multidões. O Flu estava ficando para trás e trouxe, no ano seguinte, o Rivelino. Um futebol mágico.
O Pelé estava em outro patamar, mas como cariocas não tínhamos facilidade de ver o futebol paulista e, consequentemente, sua Majestade ao vivo. Pelé era reverenciado por nós, garotos cariocas, pelas imagens das Copas, do moleque campeão arrebentando aos 17 anos em 58, da contusão de 62, do recital de gols feitos e não feitos e passes sagrados no Tri em 70. A desistência da Copa na Alemanha e o recreio no Cosmos. Das despedidas e da presença constante em programas e comerciais com seu sorriso único e natural. Uma marca mundial. Conseguiu ser lenda em vida, e sinônimo do esporte que o imortalizou.
Por infelicidade dolosa do homem político, o Maracanã raiz foi destruído, e Roberto, Luizinho e Pelé não pisarão no seu gramado, agora por vontade de Deus, nem para homenagens ou pontapés iniciais. Não haverá mais entrevistas, resenhas, opiniões deles. Claro que tiveram muitos outros frequentadores do meu universo futebolístico de menino que já foram para o estádio do paraíso, mas Pelé e Roberto, cada qual no seu quadrado de história, partirem juntos foi emblemático para eu ver que a chave virou mesmo, e não volta.
Sempre acreditaria que eles poderiam uma hora ou outra surgir na mídia, e nós, inconscientemente, esperávamos deles uma recordação de um lance, de um gol ou de uma curiosidade da carreira. Não teremos mais, só aquilo que se tem em acervo na mídia em geral e na a saudade da memória afetiva. Eita, vazio!!!
Como dizia outro saudoso, o narrador Waldyr Amaral, “está deserto e adormecido o estádio do Maracanã”. Também está deserto e adormecido aquele futebol que crescemos admirando, torcendo, chorando, tietando e “pendurando posters na parede do quarto”.
Obs: agradeço a Deus por termos o Zico na vida e ainda na grama nos jogos beneficentes! Obrigado, Senhor, por nos mostrar assim nos dias atuais que todo aquele mundo que vivi realmente existiu.