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Mesa Redonda

O GOL AINDA VALE ALGUMA COISA?

por Mateus Ribeiro


Já não é de hoje que eu não acompanho futebol com o mesmo afinco de outrora. Não consigo assistir muitas partidas, tampouco acompanhar o noticiário. Os jogos eu não acompanho por alguns fatores: falta de tempo e, sobretudo, de interesse, uma vez que esses jogadores que mais se parecem astros de novela teen dos anos 2000, com um comportamento tão maduro quanto o comportamento do personagem Quico, do Chaves, conseguem transformar o ambiente do futebol em algo difícil de aturar. Para ser bem sincero, eu fico tremendamente irritado ao ver esses caras que se preocupam com contratos de propaganda, com o corte de cabelo, com as contas nas redes sociais, e se esquecem do que DEVERIA ser o principal: jogar bola.

Porém, existe algo que me deixa mais chateado do que isso: o comportamento de parte da imprensa esportiva de tempos pra cá. Longe de qualquer exagero, assistir algum programa esportivo para mim nos dias atuais é um programa tão divertido e revigorante quanto tomar chuva segunda-feira de manhã. Como se já não bastasse a onda engaçadinha que invadiu a tevê e a Internet de anos para cá, os entendidos, tal qual os jogadores, parece que não se preocupam mais com o básico. Vem comigo que no caminho eu te explico!


Nós sabemos que para uma mesa redonda render precisa de assunto, já que são quase três horas (ou mais) de debate. E um desses assuntos me chamou bastante a atenção nos últimos tempos: parece que o gol e as vitórias não são mais tão importantes quanto eram até um tempo atrás. Não tem erro, pode fazer o teste. Ligue a tevê depois de uma rodada de qualquer campeonato. Você verá que a famigerada posse de bola virou a queridinha dos entendidos. Eu não sei até onde eu entendo de futebol, mas eu entendo que com a maior posse de bola, a chance de uma equipe ganhar uma partida é teoricamente maior. Desde que esse time saiba o que fazer com a bola (o que parece não ser via de regra dentre os clubes brasileiros).

Parece que vencer e marcar gols já não é mais primordial. Pode se perder, desde que se perca com a posse de bola, já que ela parece ser o atual objetivo do jogo. Ah, também é importante ter algum jogador para atuar como porta voz após as derrotas. Nem que você pague milhões de reais por ele, se ele não render em campo, suas belas palavras pós jogo irão confortar o coração dos torcedores, e acalmar os ânimos dos comentaristas sedentos por banalidade.

Outro ponto que joga pra escanteio a importância dos gols e das vitorias: o tal do “jogo bonito”. Como se o conceito do que é belo fosse absoluto, e não relativo, os peritos em futebol e beleza decretam sem medo de feliz que tal time jogou feio, e outro, bonito. E parece que quem “jogou bonito” e tem mais posse de bola é quem leva os três pontos pra casa. Ganhar jogando de maneira mais cautelosa parece ter virado o oitavo pecado capital.


Meu chapa, bonito é ganhar. Seja com gol de bico, seja com meio por cento de posse de bola, seja jogando feio ou bonito. Apesar de ter virado um esporte moderno, as regras do futebol ainda beneficiam quem faz mais gols, e não quem agrada mais comentarista que nunca chutou uma bola na vida, e acha que o esporte bretão é um jogo de rpg. Se posse de bola fosse importante, a chuteira viria com cola no bico.

Quanto aos que acham que o tal jogo plástico e bonito é o que realmente interessa, dois recados: existem inúmeros programas de tevê que falam de estética, design, e diversos temas onde a beleza pode ser discutida, e não adianta esperar que os jogos daqui sejam a oitava maravilha do mundo, já que os times daqui estão mais pra Corinthians de 2007 do que pro Ajax de 1995.