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O PULSO AINDA PULSA

por Mateus Ribeiro

A música “O pulso ainda pulsa” é um dos grandes sucessos dos Titãs, uma das maiores e mais importantes bandas do rock nacional. A letra da canção, lançada no final dos anos 80, enumera uma quantidade gigantesca de enfermidades, mas no final de toda estrofe, relembra que existe esperança, através do verso que nomeia a música.

Você deve estar se perguntando o motivo de eu começar um texto sobre futebol falando sobre música. Acredite se quiser, existe uma conexão com a seleção argentina de futebol. Dessa forma, digamos que o nome do texto poderia ser “El pulso todavía pulsa”, mas vamos deixar em português mesmo.

Antes de qualquer coisa, é importante ressaltar que em nenhum momento comparo os jogadores da seleção, ou qualquer outro profissional da AFA com as doenças citadas na canção, pois seria ofensivo. Minha intenção é mostrar que mesmo com todas as adversidades, a Argentina conseguiu se manter viva, e mostrar par aseu povo que ainda há esperança. Para quem não se lembra da música, basta clicar no link abaixo:

Todos devidamente apresentados, vamos lá.


A seleção da Argentina apresenta inúmeros problemas, e quem acompanha o mínimo de futebol sabe disso. Não é de hoje que os resultados não aparecem, ao contrário das decepções, que surgem com a mesma facilidade que Higuaín perde gols. Basta lembrar as duas edições da Copa América que foram perdidas para a tradicionalíssima seleção do Chile (que por sinal, nem para a Copa 2018 conseguiu se classificar). Isso pra não falar de algumas outras derrotas para Brasil, Uruguai, e alguns outros tropeços que foram pesados demais para os torcedores argentinos. A última (e talvez a pior) dessas cacetadas foi a derrota para a Alemanha na final da Copa de 2014. Ganhar o tri mundial no Brasil seria uma redenção para uma geração capitaneada por Messi. Seria. Pena que Gotze acabou com o sonho.

De qualquer forma, ser finalista de um Mundial poderia servir de incentivo. O ponto chave é que depois da final da Copa, um caminhão de desgraça estacionou na garagem dos hermanos, e parece que não tem hora pra sair. Além das já citadas derrotas para o Chile, a classificação para a Copa 2018 foi um trabalho de Hércules. Além da habitual bagunça proporcionada pela cartolagem argentina (que deve ter estudado junto da cartolagem tupiniquim), treinadores foram contratados e demitidos durante as eliminatórias, jogadores de qualidade duvidosa foram convocados, e em nenhum momento, a Argentina passou perto de ter um time apresentável. A sorte dos nossos vizinhos é que na última rodada, quando o boi já estava com três patas atoladas, Messi decidiu, e colocou a Albiceleste na Copa. A pulga mostrou que o pulso ainda pulsava.

Enfim, a Copa chegou. E logo na primeira rodada, um empate inesperado diante da Islândia. Dúvidas sobre a capacidade técnica do time começaram a pipocar. E essas dúvidas quase se tornaram certezas depois da sapatada aplicada pela Croácia. Depois dos 3 a 0, Messi não prestava mais. Sampaoli já não era mais o salvador da Pátria (nunca foi, aliás, apesar do amor que a imprensa brasileira nutre pelo cover de Marcelo Bielsa). A eliminação estava por um fio.


E a vergonha absoluta de ser eliminada na primeira fase não foi concretizada por minutos. No final do jogo, Rojo usou sua perna direita para tirar a Argentina do vermelho.

O drama argentino estava acabado. Maradona estava (ainda deve estar) alucinado. Messi acordou. Sampaoli continua contestado, porém, está aliviado. Mascherano, um dos pilares da equipe, teve sua pele salva, já que seus erros quase custaram a vida da Argentina na Copa. Apesar de todas as adversidades, o pulso ainda pulsa.

Agora, a Argentina pega a França. Teoricamente, os franceses são favoritos. Mas não se pode subestimar os argentinos. Nunca, em hipótese alguma. Até porque não é novidade para eles chegarem tropeçando nas fases finais. Podem perder e voltar pra casa. Mas também podem ganhar e embalar. Afinal, enquanto há vida, há esperança. E apesar de parecer o contrário, existe muita vida ali. Apesar da dificuldade, o pulso ainda pulsa.

Mesmo com toda a bagunça administrativa, mesmo com um treinador que está longe de ser unanimidade, mesmo com alguns jogadores contestados, mesmo com uma bagunça tática gigantesca, a Argentina está nas oitavas de final. E todo o cuidado do mundo é pouco quando se trata da Argentina.

Talvez, Messi enfim encarne o espírito de Maradona em 1986, e leve o time nas costas. Talvez, tal qual em 1990, a Argentina chegue ganhando aqui, empatando ali, e batendo pênaltis acolá.

O cenário do drama está montado. E tudo pode acontecer. Afinal, estamos falando de futebol, e da Argentina. El pulso todavía pulsa.

RESUMO DA PRIMEIRA RODADA

por Mateus Ribeiro

Depois de seis dias e dezesseis partidas, a primeira rodada da Copa do Mundo chegou ao seu final. Foram muitos gols, alguns resultados inesperados, diversos jogos ruins e outros mais legais. No frigir dos ovos, o mundial teve seus bons momentos. Sem mais conversas, vamos falar um pouco de tudo o que aconteceu.

Grupo A


A honra de abrir o mundial caiu no colo de duas das piores seleções desta Copa: os donos da casa e a Arábia Saudita. Nem o mais otimista dos espectadores imaginava que a partida pudesse ser um espetáculo. E realmente não foi.

Apesar da Rússia ter feito impiedosos cinco gols, a Arábia Saudita mostrou um futebol sem o mínimo traço de organização e/ou talento. Quanto aos russos, pelo menos sua torcida ganhou um pouco mais de esperança.

Egito e Uruguai não ficaram longe do circo de horrores da partida inaugural. Vale ressaltar que o Egito se segurou bravamente até o final do jogo, mas mostrou que sem Salah, é uma Arábia com um pouco mais de noção. Já nossos vizinhos devem melhorar muito se quiserem sonhar com algo além das oitavas de final. E Suárez não pode perder os gols que perdeu.

Grupo B


A primeira partida do grupo B foi Irã x Marrocos e é meio óbvio que não podia se esperar muita coisa. O gol contra no final deu uma pitada de emoção na partida, que foi um tanto quanto sonolenta durante praticamente toda a sua duração.

O primeiro grande duelo da Copa ficou reservado para o último jogo da sexta feira. Portugal e Espanha proporcionaram o melhor jogo até então. Cristiano Ronaldo marcou três vezes (uma delas contando com a generosa ajuda de De Gea), e garantiu o empate nos minutos finais. Além disso, mostrou que ao contrário dos dois últimos mundiais, os lusos tem reais condições de fazer barulho na Copa. Diego Costa foi muito bem, e mostrou que apesar da desconfiança gerada pela demissão de Lopetegui, a Espanha continua forte. Duas seleções que merecem atenção.

Grupo C


A dificuldade que a França encontrou para vencer a Austrália é um pouco preocupante. De qualquer forma, começar vencendo é sempre importante, e o gol esquisito de Pogba (que parece estar focado em jogar bola, o que é quase inacreditável) deu um pouco mais de tranquilidade para os campeões de 1998. Já a Austrália é esforçada, tem boa intenção, mas deve ficar pela primeira fase mesmo.

Depois de tanto alarde e todo o auê que foi feito por causa de Paolo Guerrero, o Peru estreou. Os peruanos mostraram um futebol bacana, jogaram legal, mas apesar de toda a modernidade que tentam implantar no futebol, o gol ainda é o fator que decide o vencedor. Melhor pra Dinamarca, que ao contrário da seleção peruana, não perdeu um caminhão de gols, e com a vitória pelo placar mínimo, ocupa o segundo lugar do grupo.

As vagas estão abertas, e a impressão que se tem é a de que  a Austrália será o fiel da balança.

Grupo D


O calvário da Argentina parece não ter fim. Os amigos de Messi apenas empataram com a valente Islândia. Os escandinavos fizeram uma grande partida, com destaque para o goleiro  Halldórsson, que entre outras coisas, defendeu um pênalti cobrado pelo camisa 10 argentino. De um lado, a Islândia sonha com vôos maiores. Do outro, a Argentina deve mudar muito as peças do time (e a mentalidade) se quiser pensar em fases mais agudas da Copa. Se continuar com esse espírito (e com nomes como Rojo), corre grande risco de não passar nem de fase.

A Croácia, sempre badalada, parece que dessa vez vai justificar todo o oba oba criado por alguns internautas entendidos e por alguns comentaristas de mesa quadrada (ou redonda, como queiram). Uma exibição segura e muito sólida diante de uma Nigéria que está bem longe de seus melhores momentos, e se continuar com esse futebol engessado, tem tudo para ser uma das últimas colocadas do Mundial.

Grupo E


Costa Rica e Sérvia fizeram um jogo fraco, com cara de manhã de domingo mesmo. A Sérvia foi um pouco melhor, e o gol de falta de Kolarov salvou uma partida fraca e sem emoções. De qualquer forma, a Sérvia é mais time que a Costa Rica, e o time que surpreendeu o mundo na última Copa parece que em 2018 vai apenas fazer figuração.

O Brasil ficou no empate com a Suíça. Apesar do lance de falta no gol dos suíços, não se deve esquecer que na hora do tento, OITO jogadores de linha brasileiros estavam na área quando Zuber subiu sozinho para empatar a partida. Além disso, o individualismo exagerado de algumas peças do time deve ser encarado com um pouco mais de seriedade. Quanto ao treinador, tratado como um deus intocável por parte da imprensa e da torcida, faltou um pouco de ousadia, ou apenas fazer algo diferente de trocar seis por meia dúzia nas alterações. O Brasil continua sendo favorito ao caneco, muito pela ruindade da maioria das seleções. Mas se continuar com essa postura arrogante, pode rodar antes do esperado.

Quanto ao time da Suíça, a escrita de ser uma das seleções mais terríveis de ser enfrentadas se manteve. Um time coeso, que joga firme na defesa, e sabe tocar a bola. Se tivesse um atacante um pouco mais eficaz que Seferovic, talvez estivesse comemorando uma vitoria sobre o Brasil. Deve brigar forte para passar de fase.

Grupo F


O México foi GIGANTESCO. A Seleção mais simpática do planeta fez um primeiro tempo muito bom contra a Alemanha. Já na segunda etapa, o professor Pardal Osório recuou demais o time, e a retranca excessiva somada aos gols perdidos pelos atacantes aztecas por pouco não custaram caro demais. Enfim, após muito tempo, os mexicanos jogaram e venceram como nunca!

Já os alemães precisam abrir o olho. As falhas defensivas foram constantes, e faltou sangue nos olhos. O sinal amarelo está aceso, e não é de hoje.

Suécia e Coréia do Sul fizeram um jogo que foi decidido pelo polêmico e famigerado árbitro de vídeo. Fora isso, nada de muito grandioso foi apresentado pelos times, a não ser os penteados extravagantes de alguns coreanos, que pareciam recém saídos de uma gravação de um clipe de alguma boyband. Aparentemente, a Suécia é ligeiramente mais organizada, e vai dar o sangue para tentar arrancar um empate com a Alemanha, o que deixaria os germânicos com a calça nas mãos. A Coréia pelo visto, mais uma vez, não vai longe.

Grupo G


O grupo mais óbvio do mundial até agora. A Bélgica fez o que se espera de uma seleção superior, e passou o carro em cima do pobre Panamá. Nada que deva deixar os belgas animados, uma vez que ganhar do Panamá é obrigação moral de qualquer equipe do grupo. De qualquer forma, a Bélgica fez uma partida tranquila, o que muitos favoritos não conseguiram. Está certo que o adversário não era dos mais fortes, mas os belgas possuem muitos méritos. Olho neles!

A Inglaterra fez o que costuma fazer: transformou uma partida teoricamente fácil em um drama. A diferença é que desta vez, ganhou o jogo. Harry Kane mostrou ter estrela, e o zagueiro Maguire é o mapa da mina para os adversários.

Ficou claro que Bélgica e Inglaterra lutarão pelo primeiro lugar.

Grupo H


Aqui a zebra passeou bastante. A começar pela vitoria do Japão sobre a Colômbia. Apresentando uma disciplina tática impressionante, e se aproveitando de um erro capital dos colombianos logo no início da partida, o Japão venceu por 2 a 1, e largou muito bem no grupo mais aberto da Copa.

Completando o grupo (e a primeira rodada), Senegal venceu a Polônia por 2 a 1. Os africanos mostraram uma surpreendente postura tática, sem os erros defensivos que muitas equipes do continente cometeram em outros mundiais. Com um futebol baseado na força e na velocidade, a vaga nas oitavas já é um sonho não tão distante. Quanto ao time polonês, temos mais uma prova de que escolher os cabeças de chave de acordo apenas com o ranking da Fifa é uma tremenda bobagem.

Para a segunda rodada, podemos esperar mais emoção, polêmica, além de algumas equipes avançando para a segunda fase, enquanto outras já comprarão a passagem de volta. Ah, e o VAR vai dar as caras, não tenha dúvidas!

Qual o seu palpite?

Um abraço, e até a próxima!

ANÁLISE DA FRANÇA

por Mateus Ribeiro


A expectativa é grande. Bons nomes não faltam para a França. Alguns são revelações, outros já são realidade. Porém, em 2016, muito se esperava na Eurocopa, e todos se lembram do que aconteceu na final: derrota na prorrogação, dentro de casa, para Portugal, que jogou praticamente a partida toda sem Cristiano Ronaldo. E que me desculpem os jogadores portugueses, mas se a França foi capaz de perder para a Seleção lusitana sem Cristiano Ronaldo, pode se esperar tudo dos Azuis. Inclusive um papelão.

O grupo não é lá dos mais difíceis, o que pode ajudar bastante. É bem verdade que o time tem bons valores, mas a impressão que se tem é que com um pouco mais de “sangue no olho”, a França poderá ir longe.

CAMPANHA NAS ELIMINATÓRIAS


O grupo era difícil, e contava com Holanda e Suécia, lutando por uma vaga direta, e outra na repescagem. A França passou em primeiro lugar, mas para provar que é um time inconstante, goleou a Holanda , mas conseguiu empatar com Belarus e Luxemburgo (com o último, dentro de casa). Foram sete vitorias, dois empates e uma derrota. Boa campanha.

TIME

O time tem boas peças em todos os setores. Lloris é um bom goleiro, e invariavelmente, pratica alguns milagres. A defesa conta com jogadores que são titulares no Real Madrid e no Barcelona. O meio tem o incansável Kanté, que dentre outras coisas, tem a missão de correr por Pogba. Pogba, aliás, que é um dos jogadores mais supervalorizados do planeta, mas que tem seus bons momentos. A questão é saber se ele vai querer jogar bola pro time, ou se vai querer entrar em campo pra desfilar seu novo corte de cabelo.


Os principais jogadores estão no ataque. Griezmann e Mbappé são dois dos melhores atacantes do mundo nos últimos anos. Além de muita velocidade e raciocínio rápido, possuem um arremate de muita qualidade. Giroud, apesar de bastante contestado, faz lá seus gols. Quem sabe em algum momento importante, a bola não bate na sua canela e decide uma partida, né?

Pelo fato do time ter muita qualidade técnica, podemos esperar um jogo de muito toque de bola, e muita velocidade, já que os citados atacantes estão com todo o gás.

Segue a lista dos convocados:

Goleiros: Aréola (Paris Saint-Germain), Lloris (Tottenham) e Mandanda (Olympique de Marselha)

Defensores: Lucas Hernández (Atlético de Madrid), Kimpembe (Paris Saint-Germain), Mendy (Manchester City), Pavard (Stuttgart), Rami (Olympique de Marselha), Sidibé (Monaco), Umtiti (Barcelona) e Varane (Real Madrid)

Meio-campistas: Kanté (Chelsea), Matuidi (Juventus), N’Zonzi (Sevilla), Pogba (Manchester United) e Tolisso (Bayern de Munique).

Atacantes: Dembélé (Barcelona), Fekir (Lyon), Giroud (Chelsea), Griezmann (Atlético de Madrid), Lemar (Monaco), Mbappé (Paris Saint-Germain) e Thauvin (Olympique de Marselha).

Como a sina da França é ter treinadores polêmicos, algumas ausências na convocação fizeram chover críticas em cima de Deschamps. O nome mais comentado foi o do meio campista Rabiot, do PSG. Além dele, Benzema também não vai. Mas o caso do atacante vai além das questões técnicas, e parece longe de ter um final feliz.

De qualquer forma, a França corre por fora, e pode sonhar com algo além das quartas de final (onde parou na última Copa). Resta saber se o time vai negar fogo na hora H, como fez na Eurocopa 2016.

O FUTEBOL NÃO É O ÓPIO DO POVO

por Mateus Ribeiro


O Brasil passa por um momento difícil. Como sempre passou, é bom lembrar.

Passamos por uma crise econômica e política que está se arrastando por longos anos, e parece não ter fim. A atual paralisação parece ter sido o ápice dessa montanha que passou anos sendo construída, abusando da paciência do povo brasileiro.

Povo brasileiro, aliás, que chegou no seu nível máximo de estresse na última década. Algumas pessoas, um pouco mais exageradas, chegaram a perder amizades antigas por divergências políticas e ideológicas. Outras, um pouco mais sensatas, tentavam manter um debate. E no meio de tudo isso, algo me chamou a atenção: o número de pessoas escolhendo o futebol (mais precisamente a Copa do Mundo) como bode expiatório.

O Facebook se tornou uma Universidade de críticas ao papel do esporte bretão: “O Brasil falindo e a população preocupada com a Copa do Mundo”; “O brasileiro só quer saber de bola e mais nada”, e mais algumas frases prontas foram compartilhadas em grande número.

Depois de ler tanta besteira, em um certo momento, meus olhos não estavam ardendo mais, e resolvi explicar um pouco o óbvio: ao contrário do que muita gente tenta cravar, o futebol não é o ópio do povo. Está bem longe disso, aliás. Apesar de não ser necessário, alguns fatores podem explicar melhor o que quero dizer. Vamos lá!


1- Futebol é lazer: Antes de qualquer coisa, o futebol é uma forma de lazer. Seja acompanhando na sua casa, em uma padaria, um bar, ou entre amigos. Acredite você ou não, ver meu time do coração (ou qualquer outro) representa a mesma coisa que assistir aquele filme que você esperou meses para sair (e passou mais outros bons meses comentando), ou então, ir até o show daquele artista que você tanto gosta. Vale lembrar que o lazer é um direito social, de acordo com a Constituição de 1988.

Imagina só se todo mundo deixasse de assistir futebol, assistir filmes, ver shows, assistir peças de teatro, sair de casa para jantar, como o Brasil seria um lugar melhor pra se viver?

Já pensou como a vida seria se nossos dias fossem resumidos em 90% trabalho e 10% “descanso”?

2- O futebol não atrasa o País: Talvez você fique chocado com essa informação, mas o futebol está longe de atrasar o País, seja social, economicamente, ou em qualquer outra esfera. Não vai ser o fato de uma grande parcela assistir um jogo de futebol que vai fazer uma nação ir direto ao abismo. Não precisa ser muito esperto para saber disso.
Agora, se o camarada “deixa de colocar comida em casa pra ver o time jogar” (o que eu nunca presenciei, em 25 anos de futebol), aí o problema é dele, e não do futebol.

3- Ser fanático por futebol não é “coisa de terceiro mundo”: Mais um fato que vai chocar a parcela anti chuteiras. Antes de tudo, peço que quem está lendo observe as fotos abaixo:

As imagens mostram estádios da Alemanha, Espanha, Holanda, Suíça, Noruega e Dinamarca, respectivamente. Note que todos os estádios estão cheios de torcedores.

O que quero dizer com isso? Países com alto índice de desenvolvimento social e econômico são habitados por pessoas que amam futebol. É SÉRIO! O PRIMEIRO MUNDO TAMBÉM GOSTA DE FUTEBOL. Isso para não falar de Itália, Inglaterra, França, Japão, Suécia, Bélgica e mais uma infinidade de países de primeiro mundo que amam o futebol.

4- O Futebol movimenta a economia: Um clube de futebol não é composto apenas por jogadores e comissão técnica. Profissionais de muitas áreas trabalham ali: auxiliares de cozinha, auxiliares de limpeza, economistas, administradores, o pessoal que cuida da grama,  os roupeiros, e todo tipo de trabalhador está ali para fazer a roda girar.

A partida de futebol também mobiliza muita gente: a galera que fica vendendo espetinho, salgado, e todo tipo de quitute nas proximidades do estádio, com o intuito de fazer uma renda extra. E tem também a turma dos aplicativos de carona, o aumento de pessoas comprando bilhetes para utilizar o transporte público.

E quando é um time grande jogando em cidade pequena então? Um fenômeno que acontece todo ano, principalmente em torneios continentais e nacionais que fazem times dos mais variados níveis se enfrentarem. Jogos de times gigantes em cidades minúsculas não são nenhuma novidade, e fazem com que a cidade fique em evidência. Por consequência, é dinheiro que entra na rede hoteleira, em restaurantes, e tudo o mais.

Bom, acho que falar sobre pessoas que ganham seu sustento com o jornalismo esportivo não é necessário, né? Próximo tópico.

5- “Enquanto você grita gol, te exploram”: Essa afirmação, que é uma das mais sem nexo que já ouvi (e não sei quem criou), visa pegar o futebol como bode expiatório, e símbolo de alienação. Basicamente, consideram o futebol o circo da política do pão e circo.

Sinto informar, tenho uma péssima notícia para você que é mais culto que o fã de futebol, e passa o dia ouvindo Chopin, estudando as obras de Sheakspeare e assistindo cinema cult Russo. O sistema te explora também.

6 – “Futebol é diversão de quem não é tão inteligente”: Acho que não preciso falar sobre o número de pessoas influentes que gostam de futebol, não é mesmo? Seja na política, na música, no cinema, existem MILHÕES de pessoas com muito talento, que são fanáticas por futebol. Muito mais talento, aliás, do que o “talento” que foi necessário na cabeça de quem criou, ou segue a teoria de que futebol é coisa de “gente burra”.

Dito isso, acho que consegui deixar mais claro que o futebol não é uma forma de alienação. Ao menos, não na sua essência. Agora, se as pessoas se deixam alienar, é uma pena. Seja o lazer, seja a religião, seja ideologia, o importante é que usemos essas armas para melhorar nossa vida, e não que sejamos usados.

Espero que tenham entendido o contexto. Agora vou pegar fila para pagar contas, e depois, acompanhar os preparativos para a Copa do Mundo, afinal, ninguém é de ferro, né?

Um abraço, e até a próxima!

MÚSICA E FUTEBOL

por Mateus Ribeiro


Um dia desses, estava conversando com meu parceiro Sergio Pugliese sobre duas das melhores coisas da vida: futebol e música. Só faltou um copo de cerveja para completar a trinca das três maiores invenções do homem (ou dos deuses, vai saber).

No meio da conversa, o grande Sergio enviou uma foto fantástica, onde estavam duas lendas, uma do mundo da bola e outra do universo da música: Paulo César Caju e Peter Frampton, lado a lado. Demorei um tempo para me recuperar, depois de sofrer um choque ao ver um registro desse encontro gigantesco.

Logo após me recuperar, comecei a refletir sobre a forte ligação que o futebol sempre teve com a música. Dessa forma, nasceu a ideia de fazer uma lista de artistas (e bandas) que escreveram músicas sobre o nosso amado esporte bretão. Tem desde MPB até Heavy metal, passando por vários outros estilos. Divirta se!

1 – “Fio Maravilha” (ou “Filho Maravilha”) – Jorge Ben Jor: Gravada em 1972 pelo grande Jorge Ben Jor, em homenagem ao atacante folclórico do Flamengo, muito querido pela torcida.

O jogador ganhou a música de maneira inusitada. Conhecido por não ser exatamente um primor de técnica, era xodó da torcida do Flamengo. Em um amistoso contra o Benfica, no Maracanã, os torcedores começaram a pedir pela entrada de Fio. Zagallo, então treinador do Flamengo, colocou o centroavante, que fez um golaço aos 33 minutos do segundo tempo.

Ganhou a música em sua homenagem, mas tempos depois entrou em uma batalha judicial contra Jorge Ben Jor, pedindo direitos autorais. Perdeu a ação, se arrependeu e pediu desculpas pelo mal entendido.

Apesar de todo esse imbróglio, sorte a nossa desse gol ter sido a origem dessa grande música.

2 – “Forza SGE” – Tankard: O grupo alemão de Thrash Metal Tankard é apaixonado por cerveja e pelo Eintracht Frankfurt, tradicional clube alemão, que já chegou a ser vice campeão da atual Liga dos Campeões da Europa em 1960, e tem uma Copa da Uefa em seu currículo.

A música é uma declaração de amor ao time, e o clipe mostra bem isso, de forma desconstraída e apaixonada. Se você não conhece o trabalho da banda, essa é uma boa oportunidade!

3 – “O Futebol” – Chico Buarque: Uma música que, dentre outras coisas, narra uma jogada imaginária entre Pelé, Pagão, Didi e Garrincha não poderia ser menos que genial. Chico Buarque, apaixonado pelo futebol, não decepcionou, e gravou uma obra, tão bela quanto essa jogada entre esses quatro monstros.

4 – “É Uma Partida de Futebol” – Skank: Se você tem mais de vinte anos, e não passou os últimos anos do Século Passado na Lua, já ouviu essa música.

O clip da música traz cenas de um Cruzeiro x Atlético Mineiro, um dos maiores clássicos do futebol brasileiro. Já a letra fala sobre toda a emoção que uma partida de futebol proporciona. Destaque para o trecho “…que emocionante é uma partida de futebol…”. Bom, tá certo que naqueles dias, o futebol era muito mais interessante, né? Mas vale ouvir a música como forma de relembrar aqueles dias melhores.

5 – “The Beautiful Game” – New Model Army:  Em 2014, a banda Inglesa gravou uma música em parceria com a ONG Spirit Of Football, que visa aproximar as pessoas através do esporte mais popular do mundo.

Uma grande música, e um vídeo muito bacana, ambos com belas mensagens!

6 – “BiCampeão Mundial” – Tião Carreiro e Pardinho: A maior dupla de violeiros do Brasil não poderia ficar de fora.

A música, como o título diz, fala sobre a campanha do Brasil na Copa de 1962, quando a Canarinho conquistou pela segunda vez o título Mundial. É dar o play e viajar no tempo.

7 – “Vexamão” – Elis Regina & Pelé: A música não fala exatamente sobre futebol. Mas um encontro entre uma das maiores vozes femininas do nosso Brasil e o Rei do Futebol não poderia passar em branco.

Vale lembrar que a inesquecível Elis Regina ainda gravou “Aqui é o país do futebol”, no disco Transversal do Tempo (1978). A música, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant, fala muito bem sobre a relação que o torcedor tem com o futebol, e como o futebol afeta (ou afetava) a vida do brasileiro. Vale ouvir ambas!

8 – “Ponta de Lança Africano” (Umbabarauma) – Soulfly: Max Cavalera é um grande fã de futebol, e invariavelmente é visto com camisas de algum clube. Uma das provas de seu amor pelo futebol é a regravação da música “Ponta de Lança Africano”, composta por Jorge Ben Jor (olha ele aí de novo).

A canção, que faz parte do disco de estreia do Soulfly, mistura a música pesada com muitas influências variadas, características sempre presentes no trabalho de Max.

9 – “Camisa Dez” – Luiz Américo: Escrita tempos depois do tri mundial, questionava quem seria o substituto de Pelé como o camisa dez da Seleção.

Mal sabia o sambista que décadas depois, a camisa dez estaria quase morta e enterrada…

10 – “Replay” – Grupo Esperança: A última da lista é especial demais, e me faz lembrar quem me inspirou a escrever o texto.

Ouvir futebol no rádio é uma das coisas mais emocionantes na vida de um ser humano. E quem nunca chorou ao ouvir o gol de seu time com o maravilhoso refrão “é gol, que felicidade…” ao fundo?

Agradeço ao Trio Esperança, formado pelos irmãos Mário, Regina e Evinha, que gravou essa maravilha. A música narra um gol fictício de PC Caju, o monstro que além de ter inspirado esse texto, é uma das pessoas que eu mais admiro na arte de escrever sobre futebol.

Muita coisa boa ficou de fora, mas por questão de espaço, resolvi listar só dez. E você, quais músicas sobre futebol te despertam mais emoções?

Até a próxima, pessoal. Um abraço!