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O CAMISA 8 SEMPRE FOI MEU CAMISA 10

por Mateus Ribeiro


Quando era criança, todos os meus amigos que jogavam bola gostariam de ser alguém: os da minha idade imitavam o Raí, ou o Neto, alguns outros queriam ser o Rivaldo, ou o Giovanni. Os mais velhos se passavam pelo Zico, pelo Rivellino, pelo Ademir da Guia, até mesmo pelo Pelé, mesmo que muitos deles nunca tenha assistido um lance sequer dessas feras.

Todos os jogadores citados usavam a camisa 10, a mais emblemática da história do futebol (mesmo que hoje, com essa numeração de basquete, a lendária 10 tenha virado uma raridade, continua sendo um símbolo pesadíssimo).  Quanto ao Mateus (no caso, eu), esse não era ninguém na pelada, pois raramente era escolhido, visto seu minúsculo talento para a prática do chutebola.

Porém, sendo bem sincero, se eu pudesse escolher alguma camisa, eu escolheria a 8. Quer saber como tudo começou? Então, senta que lá vem história.

O primeiro campeonato que eu assisti sabendo o que era um médio volante, um beque central e um centroavante (se você tem menos de 20 anos e está acostumado com “winger”, “falso 9” e “enganche”, sinto muito) foi a Copa de 1994. E dois nomes ali me chamaram muito a atenção. Estou falando de Dunga e Stoichkov.

Ambos vestiam a camisa 8. E apesar do mesmo número, os estilos de jogo eram bem distintos um do outro. Eu gostava do jeito duro, porém leal, de Dunga jogar. Gostava da maneira dele comandar o time. E cabe lembrar de um detalhe: sua comemoração no pênalti convertido contra a Itália na final. Meu pai, até seus últimos dias de vida, via esse lance, chorava, e comemorava igual o capitão do tetra. Ah, e eu gostava pra caramba do cabelo dele, acredite se quiser.

Já o Stoichkov era mais habilidoso. Minha primeira lembrança dele foi o dia que Ronaldão quase o deixou sem respirar, na final do Mundial de 1992. Em 1994, pude rever o pequeno rapaz destruir seus adversários. Conseguiu levar a Bulgária (um país que eu nem sabia que existia) até a disputa de terceiro lugar da Copa do Mundo. Tempos depois, fui descobrir que apesar de ter Cristo como nome, ele estava bem longe de ser um santo, tanto dentro quanto fora de campo. Falador, polêmico, e não tão preocupado com sua forma física, Stoichkov foi um dos primeiros gringos que me identifiquei no futebol.

Tempos depois, comecei a acompanhar mais futebol, e vi que tinha camisa 8 bom a rodo, no Brasil e no mundo. Porém, por razões óbvias, nenhum outro chegou perto de Freddy Rincón como meu ídolo maior por anos. Rincón aliava a força de um caminhão sem freio com uma técnica pra lá de refinada. Sem contar seus chutes e passes, extremamente precisos. Por anos, foi meu jogador preferido. E esse sim, eu gostaria de ser. Inclusive no tamanho, o que me ajudaria muito em uma possível briga corriqueira da afolescência.

Durante a adolescência, eu vi muito camisa 8 que poderia vestir tranquilamente a 10. Desde Juninho fazendo gol atrás de gol no Lyon, até Gattuso descendo o sarrafo sem dó, eu gostava dessa versatilidade da camisa 8, que variava entre a qualidade absurda e a disposição de um puro sangue. Por vezes, misturava os dois. Um ponto triste é que eu sempre quis bater faltas como o Juninho, e ser bruto como Gattuso. Falhei miseravelmente nas duas missões.

Ah, também tive tempo de ver a carreira do Iniesta desde o começo (tá certo que ele começou usando a 24 no Barcelona e usava a 6 na seleção,mas todos se lembram dele com a 8 do Barça). E eu te garanto, que meus olhos presenciaram muita coisa boa saindo dos pés dele.

Isso pra não falar de Gerrard, que na final da Liga de Campeões da Europa 2004-05, teve uma das maiores atuações individuais que eu já vi na vida.

É muita gente boa pra uma camisa só. Sem contar os nomes do passado: Didi em 1958 e Gérson em 1970 são dois exemplos gigantescos. Mas existem muitos outros camisas 8 que marcaram a vida do torcedor: Adílio, Mengálvio, Leivinha, e tantos outros que variavam entre o carregador de piano e o cérebro do time. Dois desses ídolos do passado, aliás, são memoráveis pra mim.

Um deles marcou o gol mais emblemático do time do meu coração, pouco mais de 8 anos antes do meu nascimento: Basílio. Eu não era nascido, mas talvez, em uma vida passada, ajudei Basílio a empurrar aquela bola pro gol, pois cada vez que revejo o lance, sinto como se estivesse dentro do estádio.

Pra encerrar minha lista (eu sei que esqueci de inúmeras outras lendas, peço desculpas), Sócrates. E bom, esse homem dispensa apresentações.

Eu continuo apenas na vontade de ser um camisa 8 (do passado, já que do presente, poucos me agradam), mas como ainda não aprendi a chutar uma bola, fico apenas na vontade e na arquibancada da pelada.

E você, qual é o seu camisa 8 inesquecível???

JOGOS INESQUECÍVEIS

por Mateus Ribeiro


São Paulo x Corinthians (Semifinal do Campeonato Brasileiro 1999).

Clássicos são emocionantes na maioria das vezes. Se o clássico em questão valer algo grande, a tendência é que a emoção alcance níveis estratosféricos. E foi isso que aconteceu no dia 28 de novembro de 1999.

São Paulo e Corinthians se enfrentaram pela primeira partida da semifinal do Campeonato Brasileiro de 1999. De um lado, um São Paulo que vinha de uma década fantástica, com títulos nacionais, continentais e mundiais. Do outro, o Corinthians, que naqueles dias, vivia a melhor fase de sua história. Como se isso não bastasse, grandes nomes do futebol como França, Marcelinho, Rogério Ceni, Rincón, Ricardinho, Raí, Edílson, Jorginho, Dida e muitos outros estavam em campo. Não se poderia esperar algo diferente de um grande jogo.

A partida foi um lá e cá sem fim, do primeiro ao último minuto. Os treinadores deram uma bica na tal da cautela, e ambos os times atacavam sem medo de ser feliz.

O Corinthians saiu na frente, com gol do zagueiro Nenê. Alguns minutos depois, Raí, acostumado a ser carrasco do Corinthians, acertou um chute que nem dois Didas seriam capazes de defender. Eu, que já havia ficado muito chateado pelo tanto que Raí judiou do meu time do coração (acho que já deu pra perceber que torço para o Corinthians) em 1991 e 1998, senti um filme passando pela minha cabeça. Estava prevendo o pior.


Para a minha sorte, dois minutos depois, Ricardinho aproveitou um lançamento e colocou o Corinthians na frente de novo. Meu coração estava um pouco mais aliviado, e eu conseguia respirar. Até que Edmílson tratou de empatar a partida, e jogar um banho de água fria na torcida do Corinthians. O frenético e insano primeiro tempo terminou empatado em dois gols, e com muitas alternativas para ambos os lados. Eu tinha certeza que o segundo tempo seria uma loucura. E realmente foi.

Logo no início, Edílson deixou Wilson na saudade, e caiu dentro da área. Pênalti para o Corinthians. Na batida, o jogador que eu mais amei odiar na minha vida inteira: Marcelinho. Bola de um lado, goleiro do outro, e o Corinthians estava novamente em vantagem.

Alguns minutos depois, pênalti para o São Paulo. De um lado, um dos maiores jogadores da história do São Paulo. Do outro, um goleiro gigantesco, que estava pegando até pensamento em 1999. O Resultado? Nas palavras de Cléber Machado, “…Dida, o rei dos pênaltis, pega mais um…”.

Naquelas alturas, eu já estava quase tendo uma parada cardíaca. Teve bola na trave, bola tirada em cima da linha, e tudo mais que os deuses do futebol poderiam preparar para fazer meu coração parar.


Até que quando o jogo estava se aproximando do fim, mais uma surpresa. Desagradável, é lógico. Mais um pênalti para o São Paulo. Eu já achava que aquilo fosse perseguição. Meu coração, desde sempre, nunca foi de aguentar fortes emoções. Tanto que no segundo pênalti, fiquei de costa para a tevê, sabe se lá o motivo, com meu chinelo na mão. E o chinelo foi um personagem importante, já que o monstruoso Dida defendeu o pênalti do gigante Raí mais uma vez, e eu arremessei meu calçado na árvore de Natal, e destruí o adorno que enfeitava a sala da minha casa.

Antes do apito final, Maurício (que substituiu Dida) ainda fez uma grande defesa, garantindo a vantagem para o jogo de volta.

Um jogo emocionante, que consagrou Dida, e de certa forma, foi uma espécie de vingança minha contra Raí, que em muitas oportunidades me fez chorar. Vale ressaltar que o craque são paulino é o rival que eu mais admirei durante minha vida.

A vitória me deixou feliz, é claro. Porém, além dos três pontos e da vantagem para o jogo da volta, quase uma década depois, o que me deixa feliz (e triste) é ver que naqueles dias as torcidas dividiam o estádio, os times se enfrentavam em pé de igualdade, e os craques ainda passeavam pelos gramados.

Um dos dias mais emocionantes e insanos da minha vida. Agradeço aos grandes jogadores que me fazem lembrar daquele domingo como se fosse ontem. Agradeço também, você que leu até aqui, e dividiu essas lembranças comigo.

Um abraço, e até a próxima!

 

 

 

O MERCADO DA BOLA

por Mateus Ribeiro


A vida do ser humano adulto é repleta de desafios. Particularmente, um desses desafios que menos me empolga é ir até um supermercado fazer compras. E dia desses, fui obrigado a encarar essa missão, que para mim é um verdadeiro martírio.

Antes que vocês, leitores e leitoras, imaginem que eu estou louco, esse texto é para o Museu da Pelada mesmo. Acontece que para deixar o meu passeio dentro do mercado um pouco mais divertido, tentei comparar uma tarde de compras de mantimentos para a casa com uma partida de futebol. E acredite se quiser, existem muito mais coisas em comum entre um mercado em dia de pagamento e um jogo de chutebola do que você consiga imaginar.

O primeiro passo do trabalho de Hércules foi verificar as finanças. E as semelhanças começam por aí. Fui com o intuito de fazer uma comprinha básica (mais alguns luxos), e tive que preparar uma boa grana. Isso já me fez lembrar do preço pornográfico de um ingresso para assistir qualquer pelada aqui no Brasil. Se o pão custa caro, o circo não fica atrás.

Juntei as economias, e adentrei no gramado, digo, no mercado. Como de costume, fiz como os treinadores brasileiros, e decidi cuidar do básico primeiro: se o Mano Menezes, o Carille, o Aguirre, e tantos outros preferem arumar a casinha primeiro pra depois partir pro ataque, resolvi fazer como eles, e tratei de garantir o arroz e o feijão antes de tudo. O problema é que só ali, meu orçamento já sofreu um baita desfalque. Tal qual os times dos citados treinadores, consegui garantir o essencial, mas tinha certeza de que não iria conseguir mais do que uma vitória magra nessa luta contra a balança da economia. É feio? Não. É eficaz? Extremamente.


Feito o básico, chegou a hora de dar uma enfeitada no carrinho. Afinal, o arroz é importante, o feijão carrega o piano, mas um tomate, um alface e uma mandioquinha, apesar de aparecerem com menos frequência, sempre dão um toque de elegância. São tipo os camisas 8 do time. O problema é que procurar verduras e legumes no mercado se assemelha bastante ao trabalho de um dirigente procurar um jogador: pouco dinheiro, e as opções boas normalmente são caras. A vida é feita de escolhas, e da mesma forma que o gerente (ou diretor) de futebol tem que garimpar um jogador de nível, eu tive que tomar muito cuidado pra não pegar nenhum legume ou verdura bichados. A grana tá curta, não se pode tomar decisões erradas nestes momentos. Usei todos os conselhos que mamãe e papai me deram quando eu era um dente de leite dos mercados, e consegui cumprir bem a tarefa. Ponto pra mim, já posso ser o diretor de futebol de algum time da cidade.

No meio do caminho, resolvi comprar uns ovos também. Só pra garantir. Estavam baratos, e sabe aquela vitória magra, contra o lanterna do campeonato, que você se esforça o mínimo possível? Pois bem, ia sobrar uns trocos, e investi ali. Se eu não compro, iria sentir falta de mistura no final do mês. E se o time do lado de cima da tabela perde pontos contra o último colocado, no fim do campeonato, os pontos fazem falta. Já estava começando a me divertir, quando cheguei em uma parte que eu simplesmente abomino: comprar carne.

Pensei em dar uma de Neymar (dar um migué), e furar a fila do açougue. Mas eu me sentiria mal, e preferi ir nas bandejas que ficam no freezer. Olhando para aquilo, pensei: aqui no freezer, temos o futebol atual. Plastificado, feito para ser vendido da maneira mais bonita possível. Até perdi a vontade de comprar. Fiz como o Karius, e comprei um frango.

Eis que eu chego na área de bebidas. Ali, havia refrigerantes e cervejas para todos os gostos. Como sou um Atleta de Cristo, fui para a parte dos refrigerantes. Fiquei assustado com o preço. Mas não com o preço dos refrigerantes de marcas maiores, mas com alguns que nem de longe justificam o valor estipulado. Digamos que Lucas Lima, Ganso, Gabigol estavam custando quase a mesma coisa que o Messi. Já que iria gastar dinheiro de qualquer forma, resolvi levar uma Messi Cola pra casa.


No final das contas, gastei o que não tinha, o que não poderia, e certamente não conseguiria agradar meus familiares com a compra que fiz. Certamente, eu iria ficar com cara de dirigente megalomaníaco que  contrata Deus e o Mundo, mas no final das contas, não consegue entregar nenhum resultado para os torcedores. Torcedores nunca ficam satisfeitos.

Sabe quem se dá bem nessas historias? Os donos dos mercados, os empresários de jogadores, e todo mundo que fatura nessa história. Quanto a nós, pobres torcedores e clientes, só nos resta gastar nosso rico dinheirinho, e ser feliz com o pouco que conseguimos comprar (e assistir).

Ainda bem que depois de pouco mais de 90 minutos, eu já estava voltando pra casa. O futebol, esse infelizmente não está voltando. E parece que dificilmente vai voltar.

Um abraço, e até a próxima!

LIÇÕES QUE NUNCA SÃO APLICADAS

por Mateus Ribeiro


Não é a primeira vez que vejo isso. Na verdade, é a quarta. A quarta vez SEGUIDA que a seleção brasileira é eliminada de uma Copa antes da final. Até aí, não há nenhum problema, já que pra cada time campeão, existem outros 31 que não são campeões.

O ponto é que desde 2006, após a eliminação da seleção, inicia-se o mesmo ciclo: caça às bruxas – imprensa limpando a barra de alguns (e arrebentando com outros) – promessas de mudanças – processo de ilusão do torcedor cego – vitórias que são obrigação se tornando a oitava maravilha do mundo – Copa do Mundo – eliminação.

A caça às bruxas começou minutos após a derrota. Fernandinho (que definitivamente, jogou mal) foi o escolhido. Além do tribunal futebolístico ter o escolhido como principal culpado pela derrota, alguns mais exaltados colocaram pra fora o que tinham dentro do peito, e proferiram ofensas racistas ao meio campo. Um fato triste, mas infelizmente, longe de ser isolado. 


Paulinho, Fagner e Gabriel Jesus foram os demais escolhidos. De fato, não fizeram uma Copa impecável. Mas quem fez? Nem os venerados e intocáveis Neymar, Marcelo e Coutinho fizeram o que deles era esperado. Mas aí, no caso deles, “tem que dar tempo ao tempo”; “não é hora de crucificar”; “daqui quatro anos tudo será diferente”, e por aí vai. 

Essa conversa pra boi dormir é o núcleo da operação passa pano. O grande Edu Gaspar, fiel escudeiro de Tite, inclusive, começou a blitz com o papinho de que “não é fácil ser o Neymar”. Meu amigo, se não é fácil ganhar trilhões, destratar adversário, ter milhões de fãs (que o camisa 10 faz questão de desprezar ou ignorar), viver com 90% da imprensa passando a mão na cabeça, sair sempre ileso de derrotas grandiosas e ser o ícone das grandes vitórias, definitivamente, eu não sei o que é fácil ou difícil. E tenham certeza que daqui a pouco começarão a pipocar reportagens emocionantes contando como o craque deu a volta por cima fazendo 450 gols contra os gigantes do Campeonato Francês.

Até a Copa de 2022, o destruído e pobre Neymar já se tornará candidato ao jogador da Copa, ao prêmio de melhor jogador do mundo. Mas se perder, volta a se esconder atrás de belos textos em suas redes sociais. Bom, melhor isso do que falar palavrões para torcedores, como aconteceu nas Olimpíadas de 2016.


Depois disso, vai começar o processo de endeusamento do time. Foi assim em 2006. Em que pese que o time era bom, o fato do brasileiro achar que só nós sabemos jogar bola atrapalhou um pouco. Além disso, a concentração, que mais parecia um programa de auditório dominical, não colaborou muito para o sucesso daquele time. No ciclo pós Copa da Alemanha, vieram as costumeiras vitórias em Copa América e Copa das Confederações. Com os títulos, vieram juntos os tradicionais oba oba e favoritismo. Favoritismo que a valente Holanda mandou pra Lua.

Sobre a Copa passada, é melhor eu nem falar nada. Já em 2018, novamente endeusaram uma geração que tem ótimos nomes, mas que está devendo em diversos fatores. Falta alma, falta gana, e sobra soberba. Tudo isso apareceu nas Copas anteriores. E o que foi aprendido? Nada.

Nosso treinador vai continuar sendo venerado, nossos jogadores continuarão sendo tratados como crianças indefesas, ou como uma parcela oprimida da sociedade. Não estou falando que devam ser crucificados. Longe disso. Mas a tática de se vangloriar o fracasso, e buscar méritos onde não existe, já torrou a paciência.


Que nossos torcedores entendam que para um vencer, outro tem que perder. É inevitável. Derrotas fazem parte do jogo. E algumas vezes, o único culpado pela tristeza do derrotado é a competência do vencedor. Em 2006, foi a França, em 2010 a Holanda, 2014 a Alemanha, e dessa vez, a Bélgica. Nenhum deles foi tão levado a sério antes do jogo. Nenhum deles teve o devido reconhecimento após as derrotas. Em 2022, em caso de eliminação, acontecerá a mesma coisa. Nunca o mérito é do adversário. 

Para a próxima Copa, que todas as lições que as derrotas anteriores deveriam trazer, sejam realmente aprendidas e aplicadas. E que os que caçam bruxas, os que passam a mão na cabeça de marmanjo, e os que endeusam quem nunca cumpriu o que prometeu sejam um pouco mais realistas.

O caminho é longo. Muitas lições devem ser aprendidas. E aplicadas. Só assim, quem sabe, o Hexa vem.

A COPA DO MUNDO LADO B

por Mateus Ribeiro


Imagina só se antes da Copa, alguém te falasse que Croácia, Rússia, Inglaterra ou Suécia iriam ser finalistas. Você provavelmente deixaria a pessoa falando sozinha, ou iria a chamar de louca. Confesso que faria o mesmo.

Porém, essa é a realidade. Quatro times que não estavam cotados no início da Copa possuem chances reais de disputar a final contra algum medalhão. É bem verdade que a Inglaterra já foi campeã, que a Suécia já foi finalista, que a Croácia fez uma ótima campanha 20 anos atrás, e que a Rússia é a dona da casa (e a torcida está sendo um grande fator). Mas de maneira nenhuma dava pra cravar alguma dessas quatro seleções como possíveis finalistas.

É claro que todas chegaram entre as oito com total merecimento. Seja pela aplicação tática sueca, seja pela entrega dos jogadores russos, seja pela surpreendente renovação inglesa, seja pelo talento dos croatas, todas essas seleções merecem todo o mérito.


E esse lado da chave é a tônica da Copa, a mais “lado B” dos últimos tempos. Se já não bastasse Holanda e Itália de fora, vimos a Alemanha sendo eliminada (e acabando com o bolão de meio mundo) na primeira fase. Além disso, tivemos a Rússia goleando na primeira rodada (era a Arábia, mas a Rússia marcar cinco gols sempre será surpreendente), e depois eliminando bravamente a sonolenta Espanha. De esperado nesta Copa, acredito que só a campanha do Brasil, e a vaca deitando para as duas “seleções de um homem só”, e vocês sabem de quem estou hablando, ó pá!

Do outro lado, temos times mais tradicionais. O Brasil, que tem a maior camisa do futebol mundial, França e Uruguai (dois dos maiores traumas do Brasil em Copas) e a Bélgica, que pode complicar também.


De qualquer forma, se não for Brasil x Suécia, a final será inédita. Dificilmente teremos um campeão inédito, mas seria legal ver, por exemplo, a Croácia campeã. Ou a Bélgica, ou a Suécia. Em um futebol que anda tão monótono, tão monopolizado, essa Copa, que para alguns está sendo tratada como bizarra, é um sopro de esperança. Da mesma forma que seleções com menos cartaz estão chegando longe nesta Copa (coisa que já aconteceu em outras edições, mas em 2018 tudo parece estar de cabeça pra baixo), espero que a Champions League, por exemplo, deixe de ser um clubinho fechado entre Real Madrid e seus amigos.

Eu, como amante das terceiras músicas dos lados B dos discos de vinil, estou curtindo demais esses resultados alternativos. E você, qual a sua opinião?